"Por Ava"Os dias que antecedem a cirurgia da minha mãe passam voando. Entre a agitação do trabalho e da universidade, raramente vejo Noah; ocasionalmente, coincidimos no café da manhã ou no jantar. E isso está bem, porque eu não aguento mais suas provocações.Finalmente, chega o dia que tanto espero. O dia em que minha mãe vai passar pela tão aguardada cirurgia cardíaca. Acordo animada, tomo um longo banho e me maquio para disfarçar as olheiras, fruto do nervosismo. Escolher a minha roupa é a parte mais difícil, já que a cada dia pareço estar ainda mais magra.Pego minhas coisas e desço as escadas, respirando fundo para enfrentar Noah e seu mau-humor. Dou-lhe um educado "bom dia" ao me sentar à mesa, mas como sempre, ele não responde.— Hoje vamos almoçar com a minha mãe, Ava. — ele afirma, depois de alguns minutos de silêncio.— Não posso, Noah. Já tenho compromissos hoje.— Então cancele. Não estou te perguntando se você pode ou não.— Mas estou te dizendo que não posso, Noah! — fal
Me apoio contra a parede em frente à porta e meu corpo escorrega até o chão sem que eu tenha controle sobre ele. Choro por alguns minutos antes de ser auxiliada por uma enfermeira que me leva para fora da UTI.Não sei quanto tempo fiquei praticamente imóvel na sala de espera, mas quando consigo controlar o choro e voltar a pensar com clareza, procuro meu celular na bolsa para ligar para tia Ada, Emma ou qualquer outra pessoa que possa me acalmar.— Você não... — Sussurro ao ver as inúmeras chamadas de Noah. E como se o estivesse atraindo, meu celular vibra novamente em minhas mãos, me obrigando a atender. — O que você quer, Noah?— Como assim "o que eu quero", Ava? Onde você se meteu? Minha mãe cansou de te esperar para o jantar.— Sinto muito por ela, Noah. Te pedi para me avisar sobre seus planos. Além disso, deixei bem claro que tinha um compromisso. — Respondo, sem me preocupar com a voz trêmula.— Compromisso? Você não pode estar falando sério! Ava, juro por Deus que se você...—
"Por Noah"Após perder a paciência com Ava e agir como um idiota com ela, vou até o bar na minha sala de estar e me sirvo uma dose de uísque. Bebo lentamente, tentando entender por que Ava está me afetando tanto. Digo a mim mesmo que é apenas porque ela é muito atrevida. Após terminar a quarta dose, me sirvo outra e decido ligar para Taylor."Pelo amor de Deus, Noah!" — Taylor diz com a voz sonolenta ao atender a chamada. — "São duas da manhã! Você não sente sono?""Sentiria, se não estivesse à beira de um ataque de nervos. Onde diabos você está?""Onde estou? Na minha cama! Onde mais estaria? O que precisa agora? Ava sumiu de novo?""Taylor, ela voltou, mas tivemos uma briga e eu…" — Suspiro profundamente e esfrego o rosto, lembrando do que fiz com ela — "Esqueça! Quero que mande alguém vir aqui para instalar um rastreador no carro de Ava.""Não seria mais fácil conversar com ela e perguntar o que está acontecendo, Noah?""E ouvir mentiras?" — Indago após forçar uma risada amarga. — "
Depois da discussão no pub, finalmente, consegui passar uma noite sem as perturbações e acusações de Noah. No entanto, a ansiedade por ver minha mãe logo não me permitiu dormir muito bem; acordei assim que amanheceu.Cheguei ao hospital em poucos minutos e suspirei aliviada ao saber que minha mãe recebeu alta médica. Com a ajuda das minhas amigas, organizei tudo para recebê-la no meu antigo apartamento.Optei também por contratar algumas pessoas para auxiliá-la. Um sorriso de satisfação surgiu em meu rosto ao vê-la deixar o hospital, quando partimos no início da noite.Após tomar todas as precauções para deixá-la o mais confortável possível, ajudei minha mãe a jantar e decidi ficar um pouco mais com ela antes de ir embora.— Você está se sentindo confortável, mãe? — Pergunto, após ajustar o travesseiro pela milésima vez.— Estou bem, filha, assim vou logo me acostumar.— Minha paciente favorita tem esse privilégio. É bom tê-la de volta em casa.— Agradeço por tudo, meu amor. Sem você a
"Por Noah" Saio do quarto de Ava em silêncio, sentindo-me o pior dos homens por ser tão insensível. Ouvir o relato do seu sofrimento despertou um sentimento novo em mim, e tudo o que eu desejava enquanto ela chorava era abraçá-la e mostrar que ela não estava mais sozinha.Incapaz de fechar os olhos e dormir, decidi sair e ir para a casa de Taylor. Agora, a única coisa em minha mente é encontrar uma maneira de corrigir o erro que cometi.— Noah? — Taylor me olha surpreso ao me ver entrar em sua casa sem ser convidado. — O que você está fazendo aqui?— Preciso conversar. — Caminho até o pequeno bar, pego uma dose de uísque e me acomodo no sofá. — Não posso acreditar que vou dizer isso, mas preciso da sua ajuda!— Quer conversar… Precisa da minha ajuda... — Ele passa a mão pela testa por alguns segundos, soltando um suspiro com os olhos semicerrados. — Noah, não me diga que você matou a Ava?— O quê?! Não! — Respondo, e percebo seu olhar constante no topo da escada. — Estou atrapalhando
“Por Noah” Apesar de compreender que Ava tem todo o direito de estar chateada, a forma como ela me tratou antes de partir me deixou desconfortável. Isso me fez ponderar sobre as palavras de Taylor - talvez eu esteja realmente me apaixonando por ela. Após o café da manhã, decidi seguir o conselho de Mia e convidei Taylor para vir à minha casa e me dar uma mãozinha com isso. — Noah, meu amigo, — Taylor diz assim que me encontra na sala de estar —, você precisa urgentemente fazer sexo! Essa nova personalidade de homem casado está me deixando louco, nem me lembro da última vez que pude dormir em paz porque você estava de ressaca em casa. — Não se esqueça que eu te pago para fazer tudo isso. — E lá está, o mesmo Noah de sempre! — ele debocha e se senta ao meu lado no sofá. — Onde está aquele garoto melancólico que apareceu na minha casa durante a madrugada? — Vá se foder, Taylor! Aquilo foi efeito do álcool. — Eu acredito, senhor apaixonado. Me diga, em que posso te ajudar, chefe? —
Nos últimos dias, tenho notado uma mudança surpreendente em Noah. Embora isso me alivie um pouco, ainda prefiro manter minha distância o máximo possível. No entanto, apesar de seus esforços para demonstrar alguma transformação, Noah tem uma reunião de negócios em Nova York e, mesmo contra a minha vontade, não hesitou em me levar com ele, como se eu fosse um troféu para exibir. — Ava, vai continuar em silêncio? — Noah indaga quando entramos no quarto do hotel, depois de algumas horas de um silêncio ensurdecedor. — O que quer que eu diga? Não estamos em público, então não preciso fingir que estou feliz ao seu lado. — Pensei que estávamos nos dando bem. — Por que pensou isso? Por que está fingindo uma mudança? Noah, por favor, você age assim porque me vê como uma pobre coitada. Porque se não fosse por isso, continuaria me enxergando como uma oportunista! — Talvez se tivesse sido honesta e não tivesse pegado algo que não era seu, não teria tido essa impressão de você. — meu marido di
Ao despertar pela manhã, encontro Noah ainda adormecido ao meu lado, me abraçando. Com cuidado, retiro seu braço que envolve minha cintura e tento me levantar sem acordá-lo. No entanto, ao ficar de pé, encontro seu olhar indecifrável fixo em mim. — Não queria te acordar, desculpe! — Digo em voz baixa, e ele se senta na cama. — Tudo bem. Sei que não combinamos como iríamos dormir, mas não queria te deixar sozinha e.. — Isso não importa. — Interrompo suas palavras e me sento ao seu lado. — Agradeço por ter me defendido. Mas há algo que preciso perguntar. Como me encontrou? — Te rastreei, Ava. Não quero nem imaginar o que teria acontecido se esse idiota egocêntrico aqui, ou seja, eu mesmo, não tivesse estado lá. — Noah diz, com um olhar sombrio, e passa a mão pelo cabelo, exatamente como faz quando está nervoso. — Você deveria ter me avisado ao menos sobre seus planos de ir lá, ao invés de agir como uma menina mimada. — Eu sei, mas estava cansada e não queria interromper sua noite. —