PrólogoSteffano— Steffano, o que me diz? Você sabe que não pode continuar com essa vida de Don Juan barato, não sabe? — A voz do meu pai soa como um eco na minha cabeça, porque, no fundo, eu sei que isso não é uma pergunta de verdade. Ele está deixando bem claro o que ele quer: uma nora. Eu sabia desde o início que o meu velho não ia deixar isso barato. Não. Ele teve muito trabalho para resolver o casamento de Bella, principalmente por conta do imbecil que resolveu se meter no relacionamento da minha irmã e até mesmo tentou matar Thomas — talvez tenha sido por isso que ele me deixou livre por tanto tempo — então, como era a minha vez, ele não ia pensar duas vezes antes de me empurrar para um casamento. Tive esperanças de que pudesse continuar a minha vida sem problemas, ao menos por algum tempo, enquanto ele relutava em casar a minha irmã Donna, mas claro, como herdeiro direto, meu pai estava bem mais preocupado em me enfiar em um casamento do que em garantir a Donna um marido que
CecíliaContas e mais contas estavam chegando até as nossas mãos, revelando a realidade de que, mais uma vez, estávamos atrasados com a hipoteca da casa, mas sinceramente, esse podia ser o menor dos nossos problemas. E saber disso fazia a minha cabeça latejar. — Ceci, venha me ajudar! — Saí do meu devaneio quando ouvi minha mãe me chamando, o meu corpo se levantando logo após. Deixei a carta da hipoteca em cima da cômoda e, pegando a minha bolsa, saí do meu quarto para descer as escadas. — Já estou aqui — falei quando cheguei ao último degrau, os meus olhos procurando pela minha mãe enquanto eu andava pela casa, para finalmente encontrá-la na cozinha. — Bom dia, minha princesa! — ela disse com um sorriso nos lábios, os seus braços se abrindo para me receber. — Bom dia, mamãe. — Me aproximei e a abracei. — Que cheiro gostoso — falei enquanto as minhas narinas se inflaram com o cheiro delicioso da massa de panquecas recém-pronta. — Em que você quer que eu ajude? — Sirva a mes
CecíliaA loja trocaria de dono, todos os funcionários aviam sido avisados disso, o que fez uma certa preocupação pairar por todos nós. O motivo? Que nem sempre os novos patrões mantinham os funcionários antigos, e se esse fosse o caso da minha alma azarada, eu perderia o emprego, também o dinheiro que era tão necessário dentro da minha casa. Minha mãe não sabia de nada disso — claro, por mim, continuaria não sabendo na verdade, porque eu estava à procura de um novo emprego, de um jeito quase frenético. Um dos clientes até tentou ajudar, oferecendo uma vaga em seu estabelecimento — que, se eu não me engano, se chamava valete[1] —, mas… mesmo que ele fosse amigo do dono da loja, ainda era uma proposta um tanto quanto difícil de se aceitar. Claire veio toda animada me contar — por saber que eu precisava de dinheiro — e eu também fiquei feliz ao ouvir, porém… trabalhar como stripper? Eu não sabia se conseguiria. Ela até tentou me convencer, dizendo que sexo não estava envolvido no pa
SteffanoDepois de ser empurrado contra a parede e basicamente forçado pelo meu velho a arrumar uma bendita noiva, a questão que ficava era: como diabos eu ia conseguir isso e ainda “um amor” dentro de seis meses? Era quase como se ele simplesmente tivesse resolvido me vetar do meu lugar de direito, por puro mal humor. Eu sabia que tinha vacilado em alguns momentos, e que transar com a filha de um dos amigos dele não era exatamente a melhor coisa a se fazer, mas, em minha defesa, eu nunca tinha esperado que ela acabasse confundido o nosso caso de uma noite com um romance de algum tipo de livro idiota. A culpa não era minha, afinal, eu nunca enganei nenhuma das mulheres com quem dormi. Então, depois de vagar de um lado para o outro, com a minha cabeça cheia e o meu pai me olhando torto sempre que me via voltando tarde durantes as noites, finalmente resolvi recorrer à minha carta na manga. Entrei no escritório de Thomas Kuhn com uma expressão séria em meu rosto, enquanto fechava
SteffanoThomas suspira e, virando o MacBook para mim, ponderou. — Nesse caso, tem a Morgana. — Não. — Aproximei-me da sua mesa e observei a foto da mulher loira, de olhos verdes, cabelo curto e com um sorriso lindo, ela era bonita, mas não era o suficiente. — Ela tem vinte cinco anos. — Thomas começou a ler a ficha dela. — Está no último período de odontologia, seus pais são americanos. — Pesquise mulheres mais jovens. Ele suspirou. — Tem essa. — Olhei para a tela e dessa vez era uma mulher ruiva, olhos cor caramelo, cabelos longos. — Vinte e três anos, está no segundo ano de veterinária. — Também não. Meu cunhado coçou a cabeça, mas alguns segundos depois de estalar a língua no céu da boca, exclamou. — Pronto! Cecilia Blackwood, vinte e um anos, primeiro semestre de medicina, bolsista. Vinte e um anos, sim, era bom. — Deixe-me ver — pedi e Thomas me entregou seu MacBook, apenas para que eu pudesse ver aquela foto anexada. Os olhos azuis, tão profundos quanto o mar, ca
CecíliaAquilo tudo, definitivamente, me pegou de surpresa, mesmo já estando acostumada a clientes indo e vindo, essa foi a primeira vez que um cliente havia me deixado tão… absorta em sua conversa, mas assim que ele se foi, tive que voltar à realidade. — Cecilia — ouvi a voz da Pietra me chamando, tirando-me do meu devaneio —, era um dos McNight? — Sim, Steffano McNight — respondi, pigarreando enquanto arrumava as peças de volta ao lugar de origem. — Deus, como ele pode ser melhor do que nas revistas? — Pietra perguntou, suspirando pelos cantos, e eu me lembrei bem do que as revistas e tabloides diziam sobre Steffano McNight, um completo canalha. Pietra trabalhava há mais tempo na joalheria, seu horário era mais flexível devido à faculdade e por ser sobrinha da dona, talvez apenas por isso, ela sempre foi mais intima com os clientes, e se fosse ela a atendê-lo… talvez tivesse uma chance de parar na próxima polêmica envolvendo o sr. McNight. — É, ele é bonito, também é carism
Cecília— Logo ele chega. — Tentei confortá-lo junto de um suspiro, um que era completamente cansado. — Ontem, ele chegou com o olho roxo — espirei fundo, porque Brandon era apenas uma criança, uma que não merecia passar por isso, ter qualquer preocupação que fosse —, mas ele me pediu segredo. — Segredo? — Arqueei uma das minhas sobrancelhas. — Sim, ele disse que vai me dar uma bicicleta se você não ficar sabendo — disse empolgado, pulando o último degrau da escada. — Promete guardar segredo? Comecei a massagear as minhas têmporas naquele momento, porque a falta de responsabilidade do meu pai parecia não ter limites. — Claro. — Sorri para disfarçar a minha insatisfação. Afinal, eu não queria ser a pessoa que acabaria com a pequena felicidade que Brandon havia conseguido. — Jura de dedinho? — Ergueu uma das suas mãos e me mostrou seu dedinho, para fazermos o juramento. — Eu juro. — Selamos nosso acordo e ele correu para a sala, praticamente saltitando. Não havia mais dúvidas
SteffanoApós o primeiro contato com Cecilia, ela dominou meus pensamentos por dias. Eu gostaria de dizer que consegui viver normalmente e que ela estar em meus pensamentos, não mudou muita coisa, mas mesmo enquanto tentava focar no trabalho, era aquele sorriso que me vinha à mente. Eu deveria ter dito a ela sobre a traição. Deveria ter contado a ela toda a verdade sobre aquele traste que ela chamava de namorado. Mas como eu poderia estragar aquele sorriso tão doce? [Pappa]: Não pense que a minha paciência vai durar para sempre, Steffano. Você não tem muito tempo. Outra mensagem do meu pai chegou, e eu senti minha cabeça latejar. Eu queria ter tempo. Queria poder fazer as coisas com mais paciência e, principalmente, mais tato, mas a verdade era que eu precisava da droga de uma noite, se quisesse amenizar a situação com o Sr. Henry, e se não arrumasse uma mulher que ele aprovasse de uma vez, eu acabaria me metendo em problemas e tendo que me casar com alguma herdeira que fosse ú