Bella McNight
Meus irmãos gêmeos, Donna e Tefo vinham logo atrás dela. Eles definitivamente não eram idênticos. Mas agiam como uma unidade. Nós tínhamos quase três anos de diferença, e talvez isso tenha influenciado também com que eu os visse como realmente são unidos, mas totalmente diferentes, no físico e personalidade. Stefano sempre teve os traços da minha mãe. nariz fino, mas do tamanho perfeito. Olhos verdes, orelhas pequenas, os lábios carnudos, cabelo loiro escuro. Mas ele sempre foi genioso como nosso pai. Donna por outro lado, tem olhos verdes, assim como os meus, cabelo longo e loiro claro. O nariz fino igual ao da nossa mãe, e como eu, ela tem algumas sardas de leve no rosto.
Essas diferenças tornava os gêmeos tão únicos e também, era o que me fazia amá-los, — porque eu amava todos na minha família e por isso também, pensei que poderia negociar meu casamento com o meu pai, mas obviamente me enganei, eu teria que ir além. Teria que conseguir que Vicente me ouvisse e aí, — talvez, — eu pudesse ter o meu final feliz.
Eu passei tanto tempo pensando nisso, que nem vi o tempo passar, e quando me dei conta, o nosso carro estava parado em frente a uma enorme mansão.
— Todos prontos? — Pai pergunta me tirando dos meus pensamentos e me trazendo de volta a vida real, aos meus irmãos e a minha mãe que desciam sem preocupações. Ele sorriu, e então, estendendo a mão para mim, me pergunta, — e você, minha pequena?
— Eu vou ficar bem, papá. — Falei e no fundo eu nem sabia se estava falando aquilo para tranquilizar ele ou a mim mesma, porque a verdade, era que eu estava cheia de medos em relação a esse casamento arranjado.
As borboletas começam a crescer dentro da minha barriga. E uma parte minha, não consegue evitar a ansiedade de tudo isso estar se tornando real. Mas era hora de ser forte, de fazer algo importante pela família e não pensar em um futuro que não irá se concretizar — eu Charles e tudo o que desejamos para nós dois —, e eu não vou falhar.
Eu vi meu pai entregar a chave do nosso carro para um manobrista e enquanto tomava o braço da minha mãe, eu via Jenny, Pietro e Dante, vindo atrás dos meus tios, Paola e Hendrick, que tinham nos acompanhados em outro carro.
Quanto todos nós colocamos os pés na entrada daquela mansão, eu soube que não havia volta, — porque todos os convidados ficaram em silêncio e olharam para nós. Para… o verdadeiro centro das atenções.
Com naturalidade, meu pai sorriu e enquanto ele ia em direção a um homem de cabelo grisalho, terno azul e olhos escuros, — eu via uma linda mulher vir em direção a minha mãe e a mim.
— Oh Deus! Essa é a Bella, não é? Que menina mais linda! — Aquela mulher disse olhando para mim, como se eu fosse algo precioso, e quando sorri, sem graça, mamãe se adiantou em perguntar:
— Sim, e onde está o noivo?
— Ele já está descendo... Entre fiquem à vontade em minha casa, em breve seremos apenas uma família.
A mulher loira sorriu alegremente.
O grande salão da mansão dos Kuhn parece majestoso, e entrar aqui pela primeira vez me causa calafrios, nossas mães praticamente enlouqueceram, e decidiram entre si que cada uma faria um evento, Francesca faria o noivado e minha mãe, Liz, faria o casamento.
Ao percorrer meus olhos pelo ambiente, minha atenção é arrebatada pelo homem sobre o mezanino. Sua pose máscula e forte, sua aura sombria, seus olhos de um tom azuis penetrantes se prenderam nos meus, sugando todo o ar de meus pulmões. Seus passos firmes sobre a escada entalhada de cristais – como se ele estivesse sugando minha alma para si, ele era o diabo em forma física de anjo – e por alguns segundos eu apenas quis que ele envolvesse minha cintura com suas mãos que imagino serem grandes por estarem escondidas nos bolsos de sua calça escura, que abraça perfeitamente suas pernas tonificadas. O terno de três peças elegante, o sorriso sedutor e os cabelos perfeitamente alinhados, penteados para trás. Porra, o homem mais lindo que já vi em minha vida.
— Ah, aí está ele. — Francesca anuncia apontando para o homem que caminha em nossa direção, sem desviar os olhos dos meus.
Não pode ser ele. Deus, eu estou perdida.
No que eu estava pensando?
— Suponho que a senhorita seja a minha prometida, Srta. McNight, — ele disse estendendo para mim, uma de suas mãos, — é um prazer conhecê-la, Bella.
Eu senti meu corpo inteiro estremecer quando minha mão tocou a sua, e pude jurar que meu coração idiota, errou uma batida, antes que eu pudesse responder.
— É um prazer conhecê-lo, senhor Kuhn — eu tentei impregnar a minha voz com calmaria, mas a verdade, era que eu estava perdida, desconsertada, e os olhos profundamente azuis de Thomas, pareciam enxergar dentro da minha alma. É claro que para piorar a situação, todos ali nos encaravam, como se fossemos algum tipo de espetáculo.
— Se me dão licença… — Thomas disse, me pegando de surpresa, e obviamente, também aos seus pais, — minha noiva parece precisar de um pouco de ar fresco, então se me permitem, eu a acompanharei, — ele simplesmente sugeriu, ainda segurando minha mão.
— Claro, — Vicente disse como se não fosse nada, — leve a Srta. McNight para tomar um ar, será bom para vocês dois.
Uma parte minha, queria recusar pela simples ousadia de Thomas ao me usar para sair daquela situação, mas a outra, estava agradecida demais para isso, então, eu me contive em dizer.
— Obrigada, — enquanto nos afastávamos da multidão e entravamos em uma das grandes varandas da mansão Kuhn. — Uau… — me ouvi dizer, encarando aquele gigantesco jardim, que era obviamente bem maior que o nosso.
Thomas que antes tinha uma postura elegante e sorridente, educado como um verdadeiro diplomata, agora parecia mais despojado, enquanto se debruçava sobre a varanda, com um cigarro pendendo entre os dedos, prestes a acender. Alguns fios rebeldes caiam sobre seu rosto quando ele me encarou, e o olhar daquele homem… me fazia perder o ar.
— Então, Srta. McNight… — ele me chamou outra vez e eu estremeci, — o que pensa sobre esse casamento? — Thomas me questionou, seu tom agora, parecia menos cavaleiro, menos… cortes. Era sagaz e direto, quase… sarcástico.
Bella McNightQuando eu ouvi ele me perguntar o que eu pensava sobre o casamento, tive vontade de simplesmente falar a verdade, mas uma parte minha, estava indecisa. Afinal, tudo isso era novo e eu não tinha certeza se podia ou não confiar em Thomas. — É o que é, faz parte do nosso dever., — dei de ombros, encarando o jardim que tínhamos à frente, e Thomas me surpreendeu ao bufar, como se a minha resposta não fosse realmente boa. — Céus… — ele resmungou, tragando o cigarro, — se esses velhos não fossem tão teimosos, as coisas poderiam ser diferentes, mas não há mesmo o que se fazer a respeito, o que talvez poderíamos fazer, é tornar as coisas mais… agradáveis para nós dois, não acha? — ele disse e o seu tom parecia… lascivo. — Como assim, o que você quer dizer com tornar as coisas agradáveis? — A primeira coisa que temos que concordar, querida, é jamais mentir um para o outro. É claro que estamos nos casando apenas para um benefício de terceiros, eu ganho mais força com meus h
Bella McNightPor um momento, tive a impressão de que os olhos de Thomas tinham se tornado mais escuros, mas ele ainda assim, sorriu. — Então você gostaria de mantê-lo? — Ele perguntou, com os lábios arqueados e aquela expressão de que ainda desejava saber mais. Sorri, — se ele queria saber mais, eu poderia falar. — Sinceramente, sim, mas isso não depende apenas de mim. Eu o conheci no ensino médio, — confessei, — foi algo… mágico. Eu queria ter apresentado ele pra família, queria ter… feito muitas coisas, mas como você disse, não é tão fácil, certo? Mas… ele nem faz ideia do nosso casamento, do motivo pelo qual eu fui criada, e eu nem sei como ele vai reagir, — murmurei, — talvez, nem mesmo aceitei a ideia de que eu preciso me casar com um outro homem… e eu nem posso julgá-lo por isso. — Querida, ele seria um idiota se não entendesse você, — ouvi Thomas dizer e de alguma forma, seu tom parecia diferente. — Não é tão simples assim. — Na verdade é, — ele falou, — e nós podemos
Bella McNightDepois do pedido de Thomas, nós tivemos que agir como o que éramos: o motivo daquela festa estar acontecendo, e por uns trinta minutos, ficamos presos entre os convidados e os sorrisos de felicitações pelo noivado, — mas logo depois, todos voltaram ao que realmente queriam fazer: beber e tratar de negócios. Graças a isso, Thomas e eu nos esquivamos dali, e tomando uma das salas daquela mansão, nos sentamos para conversar. Cada detalhe do nosso acordo foi estabelecido, e Thomas até mesmo sugeriu redigir um contrato, caso isso me deixasse um pouco mais segura, — mas se tinha algo que eu tinha aprendido sobre a máfia, era que não se mantinha provas de algo que você não quer que descubram. Então, eu cuidadosamente neguei. Afinal, nosso acordo consistia em manter as aparências, então beijos, contato físico e interações intimas em público, era claramente algo necessário, mas não havia motivos para isso acontecer quando estivéssemos sozinhos. Então, enfim, pude retornar para
Bella McNightEu estava ficando tão cansada disso. Era tão errado mentir para Charles, e eu sinceramente não sabia até quando ia conseguir levar essa mentira, mas no momento, eu só precisava me preocupar com o contrato entre meu pai e Vicente, e também… o meu acordo com Thomas. — Hoje vai ter uma festinha, na minha casa. — Charles fala todo empolgado, me tirando do meu devaneio, e me encarando com expectativa, — você vem, não é? Eu vou ficar triste se a minha namorada não aparecer, — ele falou, e Jenny e eu nos entreolhamos, porque era naqueles momentos que o fato de termos crescido juntas, ajudava muito. Um olhar era suficiente para ela saber que outra vez, eu vou precisar de ajuda. — Claro que sim, meu amor, — eu acabo dizendo, beijando Charles e acariciando seu rosto, — eu nunca te deixaria sozinho. Ele sorriu, parecendo satisfeito com a minha resposta e graças a isso, nós podemos terminar o nosso lanche a tempo de voltarmos para nossas salas. ***Assim que as minhas aulas aca
Thomas KuhnAquele garoto era tão medíocre, que eu me perguntava como ele teve a ousadia de se aproximar da minha noiva, mas aparentemente, pessoas como ele estavam sempre desesperadas para subir de patamar e ele faria de tudo, para estar onde Bella poderia levá-lo. Obviamente aquele infeliz não sabia nada sobre o submundo, sobre a máfia ou sobre a verdadeira identidade de Bella, mas ele sabia do que importava: que a família McNight, era poderosa. Idiota. Ele provavelmente nem gostava da garota, e agora, ela estava preocupada com ele. Estalei a língua no céu da boca e quando Brian terminou de folhear o dossiê que eu tinha preparado com tanto cuidado, ele riu. — Sério, você é maluco, — ele disse com descaso, colocando os pés sobre a mesa de mogno que eu tinha no meu escritório e eu o fuzilei com os olhos. — Eu estou cuidando do que me pertence. Brian sorriu. — Te pertence? Não era você quem estava puto por ter que se casar com uma criança? — Ele perguntou, zombando de mim e da
Bella McNight— Isso mesmo que ouviu, então sim… nós temos algo aqui também, — ele soltou de um jeito despreocupado, um que me deu inveja. — Só porque eu achei que tinha conseguido chegar até a casa de Charles sem… tudo isso. — Suspirei ao jogar os meus fios para trás, os meus olhos indo até o chão enquanto eu me apoiava no balcão da cozinha. — Quem é Charles? — ele perguntou, apenas para fazer aquela expressão de quem tinha descoberto a América, — oh… creio que eu entendi. — Você veio em uma festa sem saber quem era o anfitrião? — Falei com uma das minhas sobrancelhas arqueadas, — céus… — Meu amigo apenas me chamou, não me culpe, — ele deu de ombros, apenas para eu ver Charles caminhando em minha direção. — Bella! Você veio! — Ele me abraçou, mas quando ele foi me beijar, eu tive que dar um jeito de desviar, e apenas dar um breve beijo em sua bochecha como forma de "cumprimento", — e quem é esse? Você conhece? — Ele simplesmente olhou Thomas de cima a baixo ao dizer aquilo,
Bella McNight— Querida, se acalme. — Ele falou junto de um tom aveludado, — não deixe tão óbvio a sua surpresa em ser eu, está bem? Não se esqueça… tem olhos demais por aqui. Revolta tomou conta do meu ser, mas infelizmente… ele estava certo. O que apenas me fez virar e ficar de cara com ele. Ele simplesmente me olhou com aqueles olhos azuis tão profundos como o mar, que consegue hipnotizar qualquer pessoa que se coloque na sua frente. Um sorriso surge, e ele me puxa para si novamente. — O que faz aqui? E se Charles… — Não tem problema. — Ele me interrompe ao sussurrar em meu ouvido. — O seu namorado é fraco para a bebida. — E o que isso tem haver? — questionei indignada, — mesmo bêbado ele pode nos ver! — Ele está dormindo em um dos quartos, eu o ajudei. — Ele pareceu dizer com certo descaso, o que me fez bufar. — Isso não importa, nós estamos mais perto do que deveríamos, — eu comecei a me sentir culpada de certo modo, até porque, eu estava na casa do meu namorado, enqu
Bella McNight Assim que eu despertei por conta do sol que chegou aos meus olhos, o que queria dizer que o dia estava lindo, e que talvez… esse dia que estava se iniciando, não fosse ser tão ruim quanto o anterior, o que me deu até que certo ânimo para começar o meu dia, e a minha rotina. Tomei o meu tempo para me arrumar para o café da manhã, e quando eu desci, vi apenas a minha mãe sentada na mesa. — Bom dia, mãe. — Sorri ao dizer, e a minha mãe por sua vez, sorriu. — Bom dia, princesa. — Ela abriu os braços para eu me aproximar, e quando eu o fiz, ela me deu um beijo na testa. — Cadê o papai? — Pergunto. — E a vovó? — O seu pai foi para a sede, e os seus avós, ainda não voltaram. — Gente, eles ainda não voltaram? — perguntei surpresa, — eles devem estar aproveitando bastante. — Mas assim que é bom. — A minha mãe falou entre risos. — Ah! Antes que eu me esqueça, seu pai pediu para avisar que vamos jantar na casa dos Kuhn essa noite. — Perdão? — Eu disse, para ver se e