LiamQuando Cecília finalmente chega ao apartamento, não consigo mais conter a inquietação que se acumulou durante a sua ausência prolongada. Olho-a nos olhos e pergunto diretamente onde ela esteve. Embora já tenha uma ideia da resposta, algo dentro de mim anseia pela confirmação, pela honestidade que deveria existir da parte da mulher que se tornou minha esposa. Se não havia nada de errado em suas ações, por que ela mentiria para mim?No entanto, para minha surpresa, Cecília mente de maneira descarada, afirmando que estava na casa de sua mãe. Uma sensação de desconfiança toma conta de mim. A luz de alerta acende em minha mente, questionando se essa não seria a primeira de muitas mentiras que ela poderia ter contado.Sem conseguir conter a frustração, pergunto de maneira direta, como se estivesse queimando etapas:— Por que está mentindo para mim, Cecília?A seriedade em meu tom reflete a profundidade da minha decepção. A espera se prolonga, e minha paciência começa a esgotar-se. O mo
LiamAo voltar do escritório, uma onda de irritação me envolveu. A frieza constante de Cecília estava se tornando insuportável, e a vontade de confrontar Caíque tornava-se quase incontrolável. A ligação de Teresa naquela manhã só alimentou ainda mais minha raiva. As tentativas dela de se justificar e se isentar de qualquer responsabilidade sobre o que aconteceu só contribuíram para aumentar a tempestade de emoções dentro de mim. Segundo Teresa, Caíque a contatou com uma proposta de trabalho em Angra, e por esse motivo ela acabou indo para a casa dos meus pais na ilha.Apesar da raiva que pulsava em minhas veias diante dessa revelação, a verdade não surpreendeu. Já desconfiava de algum tipo de armação por parte de Caíque, mas ter a confirmação dos fatos trouxe à tona uma mistura intensa de emoções.Caminhei pela casa com passos pesados, minha mente turbulenta com pensamentos conflitantes. Sentia-me um leão enjaulado, sem direito a extravazar toda aquela turbulência.Ao testar a maçanet
CecíliaApós a orientação rápida de Liam, sigo apressadamente em direção ao quarto de hóspedes. O nervosismo toma conta de mim à medida que abro a porta e me deparo com o espaço que, até então, era meu refúgio temporário. Rapidamente, começo a retirar minhas coisas do closet, e só agora percebo a quantidade considerável de roupas e pertences que acumulei desde minha chegada.A cada peça de roupa retirada, sinto a pressa se misturar com a tensão do momento. É como se cada movimento evidenciasse a urgência em esconder a verdade. Quando entro no quarto de Liam pela primeira vez, sinto-me invadindo seu espaço pessoal. No entanto, não há tempo para ponderações ou análises. Preciso agir com rapidez.Deixo a primeira leva de roupas sobre uma poltrona no canto do quarto, repetindo o processo com as demais. Os calçados são jogados no chão do closet, e os itens de perfumaria e acessórios acabam de qualquer maneira sobre a bancada do banheiro. Cada segundo parece uma eternidade, e meu nervosismo
LiamVejo Cecília se afastar em direção ao quarto, e uma enxurrada de sentimentos conflitantes me invade. Se fôssemos apenas um casal normal, eu não a deixaria caminhar sozinha. Estaríamos juntos, antecipando mais uma noite de amor. Contudo, a nossa relação está longe de ser normal, e agora Cecília me detesta. As chances de ela me aceitar como marido são praticamente nulas, e a responsabilidade por essa situação recai totalmente sobre mim. Lamento cada escolha que me trouxe a esse ponto.Caminho em direção à sala, um lugar onde já vivi vários momentos em que extravasei meus sentimentos de uma maneira nada correta. Não posso me permitir recair nesse erro hoje. Preciso manter a compostura. Meus passos são pesados, carregados com o peso da consciência das minhas próprias falhas. As palavras não ditas entre nós ressoam no ambiente, enchendo a sala com um silêncio incômodo.Sento-me no sofá, olhando para o vazio, enquanto me afundo em pensamentos sobre o que poderia ter sido e o que se tor
CecíliaDesperto de maneira repentina no meio da noite, tentando mudar minha posição para encontrar um pouco mais de conforto nas condições adversas. Estou deitada no chão do quarto de Liam, e a necessidade de ajeitar meu corpo torna-se inevitável. Ao procurar uma posição mais aconchegante, meu joelho se choca com algo sólido e, ao mesmo tempo, macio.Ainda sonolenta, forço o movimento, e percebo que acertei algo que, rapidamente, concluo não ser uma parede. Minha mente meio adormecida tenta processar a situação, e a confusão aumenta quando percebo que é um corpo. Um corpo sólido e macio, que não deveria estar ali, no chão do quarto.Com um movimento cauteloso, levanto-me um pouco, tentando entender a presença inesperada ao meu lado. Meus olhos se ajustam à escuridão, e percebo que é Liam, deitado ao meu lado no chão. A surpresa inicial cede lugar a uma mistura de emoções. Uma parte de mim questiona por que ele escolheu este lugar, no chão ao meu lado, quando a cama está à disposição.
CecíliaA pergunta de Liam pegou-me totalmente de surpresa. Naquele momento, eu já nem estava mais prestando atenção a nada ao meu redor. A ideia de que tínhamos nos entregado à paixão no chão duro, quando poderíamos ter aproveitado o conforto do colchão certamente macio de Liam, fez-me rir da tolice da situação. Sim, éramos dois bobos.Entre risos, olhei para Liam e percebi que sua expressão era uma mistura de confusão e diversão. A cena começou a fazer sentido, e a incredulidade tomou conta de nós dois.— E por que continuamos no chão, Cecília? — Ele perguntou novamente, agora também rindo.A sensação de estar completamente sem roupa não me incomoda; ao contrário, desfruto da liberdade que esse momento proporciona. Como uma forma de provocar Liam, me levanto de supetão, exibindo a ousadia com um sorriso travesso.— Parece que agora você é o único no chão, Liam — digo de maneira brincalhona, intensificando a provocação. Sem esperar por uma resposta, pego alguns lençóis e caminho des
LiamNós seguimos juntos em direção à garagem, e ao abrir a porta do carro para Cecília, não pude deixar de notar que suas bochechas se tingiram de cor, um sinal curioso após a noite intensa que compartilhamos. Contive um sorriso, optando por não comentar sobre isso. Ao sairmos da garagem, já dentro do carro, quebrei o silêncio, perguntando a Cecília como ela estava, estendendo minha mão para segurar a dela. No entanto, Cecília puxou bruscamente a mão, deixando-me perplexo. Encarei-a, sem entender, e questionei:— Alguma coisa errada?— Está tudo bem. — Respondeu Cecília, mas sua expressão contradizia suas palavras.— Não parece. Você parece evitar meu toque. Há algo errado. — Insisti, tentando desvendar o motivo de sua mudança de atitude.Cecília me encarou, visivelmente em conflito. Abriu a boca algumas vezes, como se estivesse prestes a falar algo, mas acabou desistindo. Repetiu que estava tudo bem, mas a tensão persistia. Decidi mudar o foco da conversa.— A noite passada foi incr
CecíliaEstava apreensiva diante da proposta de Liam de envolver Adriel na situação com Manu. Contudo, ao chegarmos à mansão de Adriel, que se assemelhava mais a uma base militar dada a intensidade da segurança ao redor da residência, comecei a reconsiderar. Talvez Liam estivesse correto. Não poderíamos simplesmente permanecer à mercê de bandidos como Marcão, que explorava a vulnerabilidade de Manu da mesma forma como fizera comigo, buscando se impor.Ao adentrar a sala de estar da casa de Adriel, senti uma mistura de respeito e nervosismo. A decoração extremamente luxuosa contrastava com a tranquilidade de Adriel, calmamente sentado em uma poltrona elegante, usando apenas uma bermuda e camisa, completamente à vontade em seus domínios.— Liam, Cecília, o que os traz até aqui? — perguntou Adriel, um sorriso tranquilo em seu rosto.Liam explicou a delicada condição de Manu e o envolvimento de Marcão. Ao observar a expressão decidida de Adriel, comecei a sentir uma ponta de esperança. Ta