PARTE 5

_Houve uma versão de 2008 com Keanu Reevers, lembro bem deste filme! Comenta Derek;

_Sim este mesmo! Eu acho comum sonhar com coisas as vezes que jamais vão existir, que mesmo parecendo reais elas não têm fundamentos.

_Mas os sonhos são provenientes de algo que aconteceu ou que vimos. O que eu venho sonhando pode bem ter acontecido e só eu estava lá para testemunhar.

Toben não tinha como argumentar com seu filho já que em tese ele estava absolutamente certo, então resolveu encerrar o assunto. Derek olha no relógio e comenta que está perto da hora do almoço enquanto Toben avisa que sua mãe pediu para que os dois aproveitassem ao máximo daquele dia, pois o almoço poderia sair até mais tarde. No momento em que a linha dele começa puxar;

_Derek me ajuda aqui! Está puxando e este parece grande!

Ele larga sua vara e ajuda seu pai puxar a linha com força, quando o peixe começa a aparecer eles notaram como realmente era grande, depois ele desenrosca o peixe do anzol, colocando-o na caixa. Em um dado momento ele senta na beira da praia. Ao longe em meio às rochas ele parece avistar algo que deveria ter sido arrastado para areia, como se fosse um corpo, enquanto as aguas batiam na rocha;

_Pai! Pai!

_O que filho!

_Aquilo é um corpo na água!

Ele correu imediato, até a direção das rochas e grita para seu pai que era uma mulher. Seu pai tenta se apressar ao máximo para alcançá-lo Derek olha assustado quando chega próximo e fica assombrado com o que vê. Fica ali estático olhando para aquela garota de aproximadamente uns 27 anos e que aparentemente estava apenas inconsciente. Toben não era muito rápido por conta da idade, mas procurou chegar depressa. Derek ainda estava confuso e assustado, apenas levantando a cabeça da moça para que ficasse fora da água, já que ela estava em um pequeno banco de areia;

_Ela está respirando meu filho? Pergunta ofegante seu pai!

_Sim! Responde Ferris com os pés na água e com a cabeça da moça sobre suas pernas ajoelhadas na areia. Na testa da jovem inconsciente havia um corte superficial, mas que ainda sangrava. Derek retira sua camisa e enrola sobe a cabeça dela;

_Que tá esperando? Vamos retirar ela da água! Exclama Toben.

Derek pega ela no colo e leva mais para cima da areia enquanto Toben molha a mão num cantil e passa no rosto dela e depois molha os lábios. Derek não para de olhar assombrado para a moça;

_O que foi meu filho?

_Pai! O senhor não irá acreditar! É esta a garota que eu vejo em meus sonhos!

_Tem certeza? Pergunta seu pai curvando-se com as mãos no joelho!

_Sim! Absoluta! Como foi que ela veio parar aqui?

A garota em questão era a mesma mulher com quem Ferris constantemente sonhava e teria as visões. Trajando o que parecia um uniforme, parte da blusa rasgada onde havia um bordado com uma identificação do local onde trabalhava ou possivelmente seu nome. O corte na cabeça era superficial realmente. Talvez por bater na rocha ou porque teria levado uma pancada. Derek vendo que a garota só estava desacordada sugere ao pai que a levasse a um hospital. Toben diz ao filho que devera levá-la para casa e deixar aos cuidados de sua mãe, pois ela saberia o que fazer e poderia dar as primeiras assistências.

Ambos a pegam nos braços e levam para dentro da camionete e rumo para casa deles.

Ferris fala para seu pai ir mais rápido. E ele acelera o que pode sua 4x4, até que alguns minutos adentra o portão, freando bem perto da área de sua casa.

No interior da casa já bem perto da porta, Sarah assustada com a freada do carro e o barulho do veículo, sai no momento em que seu filho vem com a moça nos braços;

_Mãe ajude aqui! A encontramos na praia! Meu pai achou melhor trazê-la para você examiná-la primeiro.

_Fez bem meu filho! Entre lá coloque ela ali no tapete da sala arrume umas toalhas secas! Dolores! Suba ao meu quarto e pegue minha maleta, por favor!

Em menos de dois minutos Ferris vem com as toalhas e a empregada com a maleta de primeiros socorros. Sarah checa os pulsos coloca o aparelho no peito testa os batimentos cardíacos e depois estanca o sangue sob o corte em sua cabeça!

_Querido! Preciso que você e seu pai leve ela para meu quarto e Dolores encha a banheira e procure num dos guarda-roupas um pijama. Primeiro vamos tirar estas roupas molhadas e dar um banho nela para tirar o salitro.

No quarto após ter sido colocada com roupa e tudo na banheira pede para os dois descerem e esperassem ela chamar para levá-la ao quarto de hóspedes;

_Acá estas as ropas de dormir, señora!

_Isso me ajude a despi-la, por favor, obrigada!

Lá embaixo Derek pergunta a seu pai se não seria melhor ter levado a um hospital. Ele responde que sua mãe sabia bem o que estava fazendo e que confiasse nela, porque conhecia os procedimentos, para acalmá-lo Toben aconselhou o filho aguardar. Caso ela sentisse que precisaria, iria chamar uma ambulância e levaria a garota ao hospital.

Após ter terminado todos os procedimentos com o banho, o ponteado do corte, depois de esterilizá-lo e feito o curativo; a garota já estava de roupas secas e colocadas sobre a cama do quarto de hóspedes, coberta e aquecida. Foi testada a temperatura e pressão, ela não apresentou nenhum quadro de febre e nem pressão alta ou baixa.  Só restando  a todos esperar.

Ferris ficou um tempo com ela, sentado numa cadeira próximo à cama tentando entender o que haveria de ter acontecido e como o destino trouxe sua amada daquela forma para seus braços. Ele não imaginava como ela ia acordar nem quando. Aquela situação o deixava mais nervoso, pois ele não fazia a menor ideia de sua reação ao acordar, e se saberia de sua existência ou de ter um dia estado com ele. Pensava Derek que agora teria as respostas para aqueles sonhos. Porém mal sabia ele que os mistérios só estariam começando.

Após meia hora de reflexão e em meio seus próprios questionamentos, no tempo que passara com a nova hóspede no quarto, Derek desce, enquanto seus pais estão lá embaixo fazendo as refeições atrasadas, mas ele dizia não sentir fome;

_Ela vai ficar bem! Comenta Sarah.

_Aqui em casa sem precisar ir a um hospital? E como à senhora tem tanta certeza? Questiona o filho em tom de arrogância.

Sarah diz ao seu filho que ela é médica e modestamente uma das melhores no que fazia e se o filho não tivesse desistido dos dois últimos anos de medicina ao invés de optar por ser motorista de uma transportadora, também saberia.

Apesar da bronca pesada e o rapaz ter sido muitas vezes alvo de críticas a este respeito, a doutora não deixa de ter alguma razão.  Seguindo sua linha de entendimento.

Sarah era uma neurocirurgiã conceituada, mas que por um erro em seu registro de nascimento, em anos atrás, teve que ser afastada, quando colocada em dúvida sua formação. Porém depois de solucionado o equívoco, ela não só foi readmitida do afastamento, como se tornou uma das mais competentes médicas da sua área. Atuando neste campo, graças à influência de alguns amigos importantes na Inglaterra. E do diretor do “Memorial Sharp Hospital” em San Diego Califórnia U.S. Gregory Howstof;

Enquanto seu filho estava na faculdade, arrumou uma vaga de enfermeiro neste hospital onde ela trabalhava, para que fosse se adaptando a rotina, caso ele viesse se formar. O que não aconteceu!

As mudanças de turnos estavam o estressando e quase não conseguia um tempo para suas saídas e passeios aos finais de semana. Para não envergonhar sua mãe e não vê-la com aquela cara de decepcionada, falando repetidamente da sua conduta, trancou o ultimo ano da faculdade e resolveu se mudar para São Francisco, pegar o emprego que houvesse disponível e que garantisse um pouco mais de liberdade.

A atividade de motorista na “Express Route” não era o que ele teria em mente e nem este era o emprego ideal que sua mãe esperava que encontrasse, mas lhe pagava um bom salário e mais horas extras, além de algumas gorjetas e seu final de semana praticamente livre. Com a amizade que fez com Paul e Nick as coisas foram ficando divertidas por cinco anos. Até que no último ano, quando comemoravam uma festa de aniversário de sua mãe, bateu a cabeça provocando uma lesão no cérebro. Lesão esta, que até então desconhecida, e que fez Derek deixar de se lembrar de boa parte recente de sua vida, incluindo dois dos anos anteriores dela. A partir a daí, começar a ter sonhos, como os que vinham tendo com a garota que apareceu na praia.

Foi uma noite bem tensa aquela. Algumas vezes durante a madrugada, quando perdeu o sono, Derek ia até o quarto admirá-la, quase não conseguia acreditar que seria possível. Ele comentou com sua mãe sobre o fato antes, durante o jantar, que a tal moça deitada em sua cama seria a mesma que ele via em seus sonhos e que por uma ajuda do destino, suas súplicas tornaram possível encontrá-la. Mas lamentava que fosse daquela forma horrível;

_Está me olhando assim por quê? Pergunta Sarah.

_Você não vai falar nada?

_Falar o que?

_Sei lá que estou louco! Que eu estava tão ansioso por encontrar a garota, que a primeira que aparece do nada eu afirmo que é ela.

Sarah Walters diz ao filho que de acordo com as características e o modo com que a descreveu, tantas e tantas vezes seja ela mesma! E que por mais que sua mãe não acreditasse em coisas místicas, tudo levava a crer que se tratava realmente da tal jovem. Só torcia para que quando a moça acordasse, os dois demonstrasse algum afeto um pelo outro. Justificando os sonhos e as coisas que apareciam em sua mente. Além de que, sua crença de realmente existir um resquício de um envolvimento entre o filho e aquela moça.

A desconfiança não era uma característica de Ferris, como crenças boatos, e cura espiritual, não eram a de Sarah, porem Derek estava com “a pulga atrás da orelha” com o fato de sua mãe não parecer nenhum pouco surpresa com a história dele com a moça e ela fazer questão de tratar em casa e não no hospital. Claro que após a dedução levou em conta a história toda contada por ela e que podia fazer algum sentido. Já quanto ela aceitar que a moça fosse mesmo à garota de suas visões e ter acolhido em função disto, fá-lo-ia pensar que talvez ela quisesse tanto que o filho encontrasse alguém para sua vida que não via importância quem a garota fosse. Por isso fingiu acreditar nele;

_Mãe! Por acaso a senhora não a conhecia de algum lugar? Ou conhecia?

_Que pergunta besta é esta agora? Nós no conhecemos em algum lugar lhe apresentei, mas você a largou pora aí, até que a moça veio a nado atrás de você e quase se afogou? É isso que pensou?

_Não! Claro que não! Eu seria um idiota se pensasse isso!

_Então não me faça pergunta idiota! Espere ela acordar! Se ela lhe reconhecer, ela dirá a você.

Pensando nisto, mesmo com a resposta arrogante de sua mãe esboçou um sorriso e terminou sua refeição.

Ferris não fazia ideia do que ainda estaria por vir e o segredo que existia sobre sua vida e o caso da moça que ele via nos sonhos e agora estava ali diante de seus olhos. Por mais que ele acreditasse que um dia, ele a encontraria era difícil descrever aquela sensação de estar realmente pertinho dela. Julgando seus sentimentos.

Já passara da três da matina e enfim depois dos sonhos e devaneios, Derek pega no sono. Com a chegada da tal garota parte de suas visões durante o sono sessaram-se, porém havia ainda alguns flashes em sua cabeça dos dois sendo separados por algum tipo de ondas de vibrações e buracos no espelho. Luzes azuis de um possível cristal reluzente ofuscava sua visão e de repente ele acordava num hospital deitado em uma maca. Ao lado dele a mulher ainda desacordada. Ele se remexia muito algumas horas daquela fatídica madrugada e acordava repentinamente perto do amanhecer, ou quando o sol vinha raiando.

E foi quando o sol despontava no horizonte e perto das seis e meia da manhã, como Sarah previu ou imaginava, a moça foi despertando aos poucos. A garota olha para o teto vira a cabeça para ambos os lados se perguntando onde ela havia de estar; colocando a mão sobre a testa e percebendo o curativo. Admirava as coisas a sua volta e depois senta na cama. Rapidamente olhando para o pijama que vestia. Sarah do seu quarto, também desperta e ouvindo os ruídos vindos do outro quarto ao lado; levantou e foi verificar, supondo que a jovem já havia despertado também. De “pé em pé”, seguiu pelo corredor bem devagar, abrindo lentamente a porta, no momento em que se depara com a garota já extremamente assustada;

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