PARTE 4

Apesar de algumas frustrações e assuntos que não trouxeram nada que agregasse alegrias para aquele momento, outros foram bastante envolventes e divertidos como a hora que Derek lhe deu os presentes. Um broxe de madre perola para sua mãe e o disco dos Platters para o pai, além de uma caixa de música a Dolores. Todos comprados na feira de antiguidades. Ferris comentou que o broche era bem parecido com um modelo que a rainha da Inglaterra usou, por este motivo ele comprou;

_Ah meu filho! Que gesto carinhoso o seu!       

_Calma! Que tem mais!

O filho de Sarah diz que já faz um tempo que vinha guardando algo com ele e que também havia comprado há alguns meses. Só o teria adquirido, para ter a sensação do que era presentear alguém com grande estilo. Então ao passar pela porta de uma joalheria, decidiu comprá-la, colocando a mão no bolso anuncia;

_Ela deveria estar dentro de uma caixa, mas ai estragaria a surpresa. Então coloquei neste pacotinho amassado pelo meu bolso. Mas lhe garanto mamãe. Isso não é uma bijuteria.

_Filho! Isso não custou barato! E você deve ter pensado na futura mulher da sua vida!

Derek disse que enquanto não aparece à futura mulher de sua vida, presenteará a única mulher da vida dele. Pedindo para que Sarah se virasse, para colocar a gargantilha de ouro em seu pescoço.

A senhora Walters, comunica-o que não era justo ele não aceitar o dinheiro e presentes que ela queria dar a ele, lamentando que somente o filho queira gastar com os pais.

Talvez aquela fosse à forma de que encontrou para mostrar, que poderia viver bem, sem a ajuda deles!

 

Um corpo aparece na praia...

 

Assim como depois do almoço o resto da tarde nas conversas e assuntos cotidianos, foram muito compensadores também. Derek falava sobre seus amigos, as baladas os bares e festas e apesar da família não ver em seu trabalho algo promissor, ele dizia aos pais o quanto era feliz naquele lugar. Para compensar a saudades que sentia de sua família ele se divertia muito com Paul Brant e suas piadas durante as entregas e das tiradas engraçadas de Nickolas Palmer.

O papo foi longo e a conversa se estendeu. Eles falaram sobre diversos assuntos. Toben e Derek jogaram uma partida de poker, depois assistiram uma série de TV ao lado da sua mãe também. O clima confraternizado foi o mesmo durante o café-da-tarde e depois também na hora do jantar, onde todos riram juntos e algumas vezes até se emocionaram com as histórias de família.

Já se fazia tarde; e naquela noite após o jantar Derek despede-se de seus pais e sobe para seu quarto. Toben convidou seu filho para ir pescar pela manhã, caso ele quisesse, apesar de saber que ele não recusaria. Aceitando como previsto, pediu para acordá-lo, se viesse passar da hora de acordar.

Já em seu quarto, não demorou muito para que ele pegasse no sono, como de praxe; na madrugada, as mesmas visões invadiam seus sonhos. Trechos maiores das mesmas lembranças que ele acreditava ter vivido ou viria viver. Quem sabe! Naquelas nítidas visões a moça loura, tinha acabado de servir umas canecas de chope em duas das mesas do salão, quando volta para o balcão à outra garçonete de pele negra, estava de perfil. Como em todas as vezes que ela aparecia junto a sua musa. O barman chama seu nome, mas não da para entender direito por conta do intenso barulho. Alguns clientes estão pedindo para que ela cante. Ele está numa das mesas, ele sabe disto. Pois reconhece o relógio em seu pulso. Relógio aquele que ganhara de sua mãe em um de seus aniversários, disso Ferris consegue se lembrar! Menos, o qual dos aniversários.

Todos gritam;

_Canta...canta...canta!   

_Vai lá! Mas não demora a casa esta cheia hoje. Não vamos dar conta de atender a todos sem você! Avisa o Barman.

A garota olha para o cara do bar, faz um sinal de ok e depois acena para o público que a chamava de linda. E era linda mesmo com aqueles cabelos loiros lisos e ondulados nas pontas, olhos da cor do céu uma pele clara bochechas rosadas, lábios finos e levemente avermelhados. Sua voz era como brisa que se chocava com o vento quente até que os seus agudos vibravam como trovão. Ela se ajeita, pega um violão, regula o pedestal para que o microfone ficasse próximo daquela linda boca de sorrisos tímidos, faz um sinal para a banda, assinalando as notas (Dó e Sol maior) e começa tocar e cantar.

Trechos do sonho mostram-na olhando para a mesa onde Ferris estava, e da uma piscada. Depois alguns flashes apagam aquela visão que muda para outra de repente. Quando ela esta colocando uns copos com gelo na bandeja e depois servindo uísque neles provavelmente, até que a amiga cochicha em seu ouvido, por conta do barulho, apontando com a cabeça a mesa de onde estava o seu admirador;

_Ele está apaixonado por você!

_Ah eu não sei! Ele é bonitinho, mas está trajado feito um gangster dos anos 50. É tão estranho!

_Ah! Pare! Até que é estiloso! Diz a mulher negra; _Parece mais um gangster do futuro!

E as duas riam muito, enquanto se dirigiam para servir as mesas. Os sonhos variam entre várias vezes que ela passa perto de onde estava. E depois em outro lugar fora dali, talvez em sua casa ou um quarto de hotel, tendo que pareciam bem mais  íntimos. Ele acredita que em vários momentos do sonho ele já tenha passado muitos outros dias com ela, que até havia uma casa aconchegante, talvez fosse sua família e nas ruas luzes de Natal. Concluindo ele, que se tratava de um fim de ano; e eles eram mais que meros amantes.

Ele se vê na porta daquele mesmo bar, mas não da para ver o letreiro em neon. Tem um nome bordado em seu uniforme, tal qual o painel luminoso. Depois ele está com um carro encostado à frente, aparentemente um sedã azul claro metálico e sua amada loura vai para fora. De repente tudo muda. Ele se vê debaixo de uma árvore desaparecendo em seguida, após tocar em algo brilhante azul. Ele acorda e vê o dia clareando. E sua mãe na beira da cama novamente;

_Bom dia! Não resisti acordei mais cedo e vim olhar você dormir. Pensei em lhe chamar, mas você estava num sono tão bom.

_Você pode olhar eu dormir quantas vezes quiser! Você adorava fazer isso quando eu era mais jovem lembra?

_Lembro sim! Responde sua mãe; _você acordava e dizia que eu parecia um anjo!

_Verdade! Tenho saudades às vezes;

_Sei que tem! E estou percebendo que você está tendo pesadelos também!

_Sim! Agora no meio dos sonhos tenho tido alguns pesadelos mesmo! Tem sempre algo novo, desta vez eu também estava aqui. E tinha uma segunda árvore na frente da casa eu toquei em alguma coisa e desapareci.

Sarah parecia bem mais preocupada agora, quando das últimas vezes que seu filho relatara seus sonhos, ficara estática quando ele teria mencionado que despareceu naquele último sonho e que o teria feito despertar de repente;

_O que foi mamãe? Quer me dizer alguma coisa?  

_Não, não! Lembrei que você gostava muito de sentar debaixo daquela árvore e eu mandei cortá-la, para dar mais espaço no quintal, acho que fiquei com remorso só isso!

O rapaz abraça-a pedindo para ela não se preocupar com a árvore e que as outras que estavam ao redor também faziam sombras e que ele não vai ficar triste por isso. Ele se levanta e avisa que já desceria para o café. Afinal teria uma pescaria com seu pai para fazer. Sarah da um beijo em seu filho e passa a mão em seu rosto, descendo, o alertou, para que não demorasse também. Para o café não esfriar.

Instantes depois de colocar uma bermuda, tênis uma camiseta e um boné vem para o café. Após uma caneca de leite, alguns biscoitos, então, saíram e embarcaram com seu pai na camionete até outra praia. Não tão longe dali e bem mais tranquila. Longe dos olhos dos turistas; segundo o comentário de Toben. Crendo que os turistas espantariam os peixes.

Na beira d’água os dois colocam suas iscas no anzol e lançam suas varas no ar até que o molinete esticasse a linha a uma distância boa para o anzol mergulhar. Com o peso do pequeno chumbo até o fundo, depois era só espera para sentir a fisgada dos peixes. Enquanto ficam naquele vai e vem de suas linhas de pesca, girando a manivela do molinete, aproveitam e conversam bastante sobre os bons momentos que passaram juntos, antes de ter ido embora para São Francisco. Derek lembra o pai quando ajudou a aumentar o tamanho da casa e quando a mãe preferia comprar outra e mudar-se dali. Enquanto Toben a convenceu ficar. O filho questiona apesar de saber que sua mãe, por cota da profissão, sempre foi mais remunerada financeiramente que o pai, mesmo ele sendo bem mais velho, ainda assim sempre foi apaixonada por ele. Lembranças que veio em sua cabeça quando se lembrou da ultima conversa na feira com seu amigo Paul;

_Pai! O senhor tinha a idade da mamãe hoje mais ou menos quando casou com ela. E você nunca se interessou por alguém antes dela?

 _Ah é complicado! Eu até arranjei uma namoradinha, depois que saí do exército. Namoramos um tempo e quando estávamos prestes a nos casar ela resolveu ir embora.

_Mas o porque?

_Eu acho que devido algumas dificuldades ela preferiu não enfrentar aquela vida comigo. Depois disto eu fui trabalhar com seus avós numa plantação de feijão lá em Nevada, e sabe como é né! Ninguém queria ficar com um camponês sem muita cultura e pouco dinheiro.

Pondera Derek que quando o pai veio para Califórnia ele bem que poderia ter arrumado uma garota. E aquilo não era desculpa para não ter um relacionamento com alguém. Seu pai comentou que quando chegou à Califórnia, ou as garotas eram muito ricas e mimadas ou eram fáceis demais; expondo suas bundas ao sol, coberta apenas por um pequeno biquíni para receber assobios dos caras.

_E aí? Pegunta Derek!

_Aí eu resolvi esperar! Respondeu ele. Explicando que o problema; era que ele já estava com mais de quarenta e cinco anos e as mulheres da idade dele estavam todas casadas;      

_Foi ai que você cedeu à investida da mamãe?

_É!... Demorei um pouco para aceitar a ideia de me envolver com a filha dos meus falecidos patrões que e eu acabei de criar. Mas ela já estava com 18 anos e não resisti. Passou um tempo, ela fez 20, eu a engravidei; Nasceu você. 

_Dezoito anos pai!... Dezoito anos? Nem eu saio com uma garota de dezoito anos! 

_Ah para com isso! Eu me casei com ela na igreja e no papel e olha o filho lindo que sua mãe me deu!

Derek da umas rizadas e concorda com seu pai, retirando aquele olhar de desaprovação. Mas sorrindo disse a ele que se ele não tivesse assumido ela, certamente iria atrás dele pegá-lo pelo colarinho. Voltando ha mais algumas gargalhadas.

Na casa, Dolores vai até a lavanderia levar algumas roupas para lavar e encontra roupas recém-molhadas ao chão. Largou o cesto de lado pegou as roupas molhadas que eram de sua patroa, cheirou e percebeu que se tratava de água do mar. Ficou ali parada pensando. Pois Sarah, não tinha o hábito de largar roupas pelo caminho. Levantou os ombros, as levou até a máquina depois as jogou dentro para b**er. Enquanto deixou as roupas girando, Dolores vai até o quarto, b**e na porta e chama por Sarah, mas ela não escuta, porém a porta estava entre aberta e percebeu que sua patroa estava no banho. Alguns minutos depois a Senhora Walters Ferris sai enrolada numa toalha e enxugando o cabelo com outra, no momento que se assusta com Dolores parada no meio do quarto;

_Aiiii! Que susto Dolores!

_Mil perdones, señora! No quis asustarte. Encontre unas de tus ropas mojada con agua de mar y subi a ver si estaba bien!

_Roupas molhadas? Pergunta Sarah!

_ Si! Con agua de mar!

_Ah claro! Eu fui lá aos fundos da casa agora a pouco subi entre as pedras pra ver se dava para enxergar de lá meu marido e meu filho pescando, mas parece que eles estão bem mais distantes e ao descer escorreguei e cai na água. E me perdoe esquecer de juntá-las.

Dolores se vira para descer, torce os lábios como quem não havia aceitado bem a desculpa e se volta novamente à patroa para questioná-la dando outro susto;

 _Aiii Dolores! De novo? O que você quer?

_Creo que deberias tener, más cuidado señora Sarah! Si te haces algun daño yo no puedo hacer mucho porque tú eres el médica yo no. Y yo solo soy uma cocinera.

_Eu sei que eu sou uma médica e vou me cuidar da próxima vez okay? E se você sabe que é uma cozinheira volte para seu trabalho e pare de falar tanto! Que me irrita este seu espanhol no meu ouvido.

Sarah vai empurrando Dolores para fora de seu quarto, mas ela continua a falar gritando no corredor;

 _Yo sólo estoy a hablando com la señora tostadora  com cuidado. Si no me escuchas. Bueno! Entonces no diga que no te lo adverti. Hable, mas no me escutcha me.

Na pescaria, Ferris se encontra um pouco calado. Enquanto é observado pelo seu pai, segurando a vara com um olho na água outro no filho. E não deixa de indagá-lo;

_Você está bem pensativo meu filho! O que está pensando!

Explica Derek a seu pai que conversara com sua mãe mais cedo sobre os sonhos qual vinha tendo a algumas semanas. Diz que naquele sonho, apareceu perto de uma árvore que foi cortada e no momento que toca numa coisa brilhante azul ele desaparece. Toben pensa um pouco para responder e depois fala que sonhos não eram para fazer sentido. Ferris escuta atentamente, enquanto seu pai conta que um dia ele foi ao cinema e depois de assistir a primeira versão de “O Dia Em Que A Terra Parou” de 1951, (The Day the Earth Stood Still) passou a sonhar várias vezes, que ele era capturado por alienígenas que o levara para o espaço;

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