Marcos estreitou os olhos, com um semblante frio que se apoderou dele. A vendedora percebeu que cometeu um erro, mas já era tarde demais.— É assim que você se refere aos seus clientes? — Marcos perguntou com a voz grave e cortante. — Sua sorte que estou sem tempo agora, mas saiba que isso não vai ficar assim. Pode preparar suas coisas, que aqui você não trabalha mais!A vendedora olhou para sua colega sem entender por que Marcos ameaçava seu emprego, já que os donos não tinham nada a ver com a família Collen.Marcos saiu para a rua e começou a caminhar em busca de Beatriz. Sua cabeça estava transtornada; ele sabia que precisava ir, mas não queria. Seus olhos vagavam por cada rosto que passava, por algum motivo, ele achou que veria Beatriz ali novamente, mas suas buscas foram sem sucesso.Ele encostou na parede com um sentimento de tristeza e fracasso. Frances, que observava ele de longe, parou com o carro na sua frente e abriu a porta.— Senhor, já está ficando tarde. Se não sair ago
A chuva continuou a cair intensamente sobre a cidade, criando um véu de mistério e melancolia, Beatriz chegou no apartamento com os pensamentos em Marcos. Ela não entendia por que aquele olhar que trocaram era tão diferente, como se o destino quisesse reuní-los uma última vez, como se fosse um adeus silencioso. A forma que Marcos a olhou despertou sentimentos jamais sentindos antes.Beatriz lembrava de quando ela trabalhava para ele, apesar de Marcos sempre ser mandão e sem paciência com os outros funcionários, com ela, ele era paciente e sempre buscava tirar sorrisos sinceros dela. Sem querer seus pensamentos a levaram para noite que passaram juntos, por fração de segundos ela gostou de estar em seus braços, mas a culpa e o desespero do momento fez com que ela se esquecesse disso.Alguns dias se passaram e cada momento sozinha Beatriz suspirava fundo, tentando afastar os sentimentos que ressurgiam cada vez mais forte. Ela jurou para si mesma que não se renderia ao passado, mas o pass
Beatriz sentou na cadeira de frente para Maicon, pensativa. A menção da informação sobre Leona e Dimitri a deixou intrigada. Quem eram eles, realmente?— Você conhece alguém que tenha dito que trabalhou com meu irmão?— Ele pergunta tirando Beatriz dos seus pensamentos. — Acredito que não conheço... — Beatriz respondeu, hesitante.— Se souber de algo, avise-me, preciso encontrar essa mulher, se meu irmão está preocupado em meio ao turbilhão de coisas que está acontecendo com ele, é por que essa pessoa é importante— Maicon falou, um pouco sério.Beatriz sorriu sem conseguir esconder seu nervosismo, saber que Marcos investigou seus chefes por causa dela, fez com que seu coração disparasse. Ela se levantou e olhou para Maicon.— Tenho que ir, mas antes, posso usar seu banheiro? Esses bebês ainda vão me fazer passar vergonha.— ela brinca tentando descontrair sua tensão.— Claro, Bia. Fica a vontade.Beatriz se apressa e ao fechar a porta suspira pesadamente.— Se você continuar assim, ele
Beatriz passou o resto do dia pensando no que fazer em relação ao Marcos, apesar das dúvidas e de ouvir ele dizendo que não quer ter filhos sem se casar, Beatriz decidiu que não dava mais para esperar. Os bebês estavam poucas semanas para nascer, então ela precisava ser rápida em suas atitudes.Fora da casa de festa ela se apressou para ir embora antes que seus chefes a vissem saindo, caminhando pelas ruas rapidamente, mas não o suficiente, Leona parou o carro do seu lado.— Beatriz! Pôr que não avisou que estava indo? Eu te levo para a casa, entre!— Sua voz soou como se tivesse advertindo a atitude de Beatriz.— Não precisa, Maicon disse que caminhar é bom para ajudar na hora do parto.— ela diz com um sorrindo escondendo sua frustração.— Faço questão! Entre!Beatriz olha para os lados e percebe as ruas vazias, ela já não tinha medo que ir e vir, as pessoas eram prestativas e receptivas, onde ela se sentiu em casa. Mas para evitar mais insistência do casal, ela entra no carro e senta
Letícia suspira pesadamente, ela não queria entrar em um debate, sabendo que a amiga está com os sentimentos confusos. Beatriz fica em silêncio e continua assistindo o filme. No entanto, seus olhos ficaram distantes, algo a incomodava ainda mais. Letícia percebeu e chamou a atenção da amiga.— Amiga, você está bem? Tem mais alguma coisa fora o Marcos que está de deixando preocupada?— perguntou Letícia com a voz calma.— Acho que estou... me sentindo sufocada. — desabafou Beatriz, com um sentimento de culpa e inquietação. — Posso estar errada, eu espero que esteja errada. Mas, de uns tempos para cá, percebi que Leona e Dimitri estão me tratando como se os bebês fossem deles, me vigiando e me seguindo. É estranho. Já tentei falar para eles pararem, mas parece que eu não existo, somente os bebês. E essa situação está me deixando angustiada.Letícia encarou os olhos da amiga, ainda mais preocupada.— Já havia notado que eles agiam estranhamente com você. Mas você sempre preferiu ver só o
Beatriz acordou antes do sol nascer, com uma determinação renovada. Ela sabia o que precisava fazer. Sentada na beira da cama, ela olhou em volta, tudo que Leona deu para os gêmeos.— É a coisa certa a se fazer. — ela diz ao levantar.Com movimentos decididos, começou a juntar todas as coisas que Leona havia dado para os bebês: brinquedos, roupas, berços e ursos de pelúcia. Cada item foi meticulosamente pensado e escolhido por Leona.Enquanto desmontava os berços, Beatriz sentiu uma mistura de alívio e raiva. E se perguntando, do por que ela deixou Leona chegar tão longe? Ela tirou as roupinhas dos cabides, dobrando-as com cuidado, e colocou tudo em caixas separadas.Letícia, acordada pelo barulho, entrou no quarto, surpresa.— Beatriz, o que está acontecendo? — Letícia perguntou, notando as caixas cheias.— Vou devolver, amiga. — Beatriz respondeu, se sentindo leve. — Quero eu mesma, junto com você é claro, escolher as coisas dos nossos bebês.Letícia assentiu, e sorriu vendo que o b
Após a devolução, Maicon levou Beatriz e Letícia para escolher o enxoval dos bebês. Como ele tinha um parto marcado, as duas ficaram sozinhas nas lojas. Apesar da insistência de Letícia em não ir, elas entraram na antiga loja Store Baby, hoje o nome é Rachel Store. A vendedora arrogante não estava mais lá. Em seu lugar, uma mulher com um sorriso simpático as recebeu.— Bem-vindas! Como posso ajudar?— perguntou a vendedora.— Nós estamos procurando berços e itens para casal de gêmeos. — respondeu Beatriz com um sorriso.— Que maravilha! Tenho tudo o que vocês precisam— sorriu a vendedora. — Esqueci de me apresentar, eu sou a Pâmela.— Nós já estivemos aqui antes e não te vimos na loja. Você é nova aqui?— comentou Letícia.Pâmela olhou para Letícia e sorriu educadamente.— Sim, fui contratada há pouco tempo. Agora sou eu e a cunhada do dono que atendemos.— A outra moça, a antipática e sem educação, ela saiu? — perguntou Letícia olhando em volta, Beatriz deu um sorriso sem graça, mas a
Beatriz ficou pensando se realmente havia algo naquele celular, apesar do curiosidade, ela se conteve. Enquanto conversavam sobre o reencontro com Jess e o medo dela revelar para Marcos sobre a gravidez, Beatriz olhava o celular em cima do balcão da sala. — Acho que já carregou.— ela sussurrou ao constar que a tela do celular acendia. Letícia e ela se olharam e rapidamente pegaram o celular ligando em seguida.— Não sei por que estou ansiosa.— disse ela pensativa.— Sei que não vai ter nada. Pelo pouco que Michael me contou sobre ele e o conhecendo, Marcos não costuma mandar mensagem, muito menos para se desculpar. Assim que o celular é atualizado, várias notificações de mensagens chegaram sem parar, algumas de Jess contando sobre suas viagens, Michael preocupado querendo saber por que ela saiu do trabalho, do seu pai que estava arrependido de ter dito coisas cruéis antes dela vir para Filadélfia e por fim de Marcos. — Não vai ter nada é?— Letícia fala enquanto as mensagens chegam