Beatriz encarou os olhos da amiga, sentindo a raiva, decepção, tristeza e frustração se misturavam dentro dela. Ela pensou em desabafar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Em vez disso, ela deitou a cabeça no ombro de Letícia, apertou os braços na sua cintura e chorou, permitindo que as lágrimas expressassem o que ela não tinha coragem de dizer.Por meses, Beatriz conseguiu manter seus sentimentos escondidos, mesmo para si mesma. Mas agora, a dor e a indignação transbordavam. Como Marcos pôde fazer aquele acordo, sabendo o quanto ela estava desesperada pelo dinheiro? Como passando a maior parte do tempo ao seu lado pode acreditar nas mentiras de Ivana? Ele percebia seu caráter, ela nunca deu chances para alguém ter sequer algo a falar sobre ela. E saber que ele foi o motivo de toda a empresa estar falando dela, a magoou profundamente.Letícia acariciou os cabelos de Beatriz, enquanto ouvia o choro silêncio da amiga.— Você não precisa lidar com ele, Bia — sussurrou. — Voc
Michael fica na dúvida se deve falar, mas acaba revelando uma parte da própria vida de Marcos que ele não conhece.— A cinco anos atrás você sofreu um acidente que o deixou entre a vida e a morte, nossos pais estavam correndo contra o tempo para te salvar. O médico havia dito que você tinha perdido muito sangue na batida e por isso precisaram fazer uma transfusão de sangue, mas o seu tipo de sangue não tinha naquele momento no hospital. Marcos ouve com atenção lembrando vagamente daquele dia, ele ficou por duas semanas desacordado, por isso não sabia de muitos detalhes.— Mas o que a dívida que você tem com ela tem haver com o meu acidente?— Marcos interrompe perguntando. Michael desvia olhar e continua a falar.— Parecia que tudo estava perdido, que aquele era realmente seu fim. Até que duas jovens entraram correndo pela porta, uma delas estava em trabalho de parto e a outra acompanhando cada momento, quando a criança nasceu, a acompanhante saiu do quarto para comer alguma coisa e v
Marcos acordou com o som da chuva batendo contra a janela. Ele se sentou na cama, passando as mãos pelos cabelos; seu corpo estava doendo, e sua mente ainda estava conturbada. Ele precisava resolver alguns problemas relacionados às suas empresas; contudo, o assunto mais importante era se redimir com Beatriz.Após alguns minutos, Marcos se levantou da cama e dirigiu-se ao banheiro, ainda sentindo o peso da noite mal dormida. Ele abriu o registro do chuveiro e esperou até que a água aquecesse. Enquanto a água quente caía sobre seu corpo nu, Marcos fechou os olhos e deixou que a tensão do dia anterior se dissolvesse. Ele passou as mãos pelos cabelos, sentindo a espuma escorregar pela sua pele.A chuva do lado de fora parecia aumentar de intensidade. Ele respirou fundo, sentindo o vapor do chuveiro preencher seus pulmões. Seu pensamento voltou para Beatriz. O que ele diria para ela? Como poderia se redimir? A culpa e a ansiedade começaram a se acumular em seu peito novamente.Marcos abriu
Levantando, ele olha para o pai, que ouvia em silêncio, apesar de ainda estar irritado. Otto levanta também, se aproxima e abraça Marcos com carinho.— Eu sei que Deus está preparando uma mulher de caráter e coração puro, que carregará seu filho com orgulho, pois ela terá certeza de que sempre vai poder contar com você, não importa as circunstâncias.— Obrigado, pai, acho que já a encontrei... mas a perdi... — Marcos sussurrou quase inaudível. Olhando para os olhos do pai; ele sorri.— Assim espero, pai.— Enquanto isso não acontece, pare de agir sem pensar. Você foi criado e educado para tratar uma mulher com respeito. Antes de fazer qualquer coisa, pense se gostaria que alguém fizesse com sua mãe.— Sim, pai, eu realmente não sei onde estava com a cabeça.— O importante é que se arrependeu. Que Deus te acompanhe na sua viagem, meu filho. Precisando de qualquer coisa, me ligue que farei o que for possível para ajudar.— Amém, pai. E obrigado. O senhor se importaria de Frances me levar
Marcos estreitou os olhos, com um semblante frio que se apoderou dele. A vendedora percebeu que cometeu um erro, mas já era tarde demais.— É assim que você se refere aos seus clientes? — Marcos perguntou com a voz grave e cortante. — Sua sorte que estou sem tempo agora, mas saiba que isso não vai ficar assim. Pode preparar suas coisas, que aqui você não trabalha mais!A vendedora olhou para sua colega sem entender por que Marcos ameaçava seu emprego, já que os donos não tinham nada a ver com a família Collen.Marcos saiu para a rua e começou a caminhar em busca de Beatriz. Sua cabeça estava transtornada; ele sabia que precisava ir, mas não queria. Seus olhos vagavam por cada rosto que passava, por algum motivo, ele achou que veria Beatriz ali novamente, mas suas buscas foram sem sucesso.Ele encostou na parede com um sentimento de tristeza e fracasso. Frances, que observava ele de longe, parou com o carro na sua frente e abriu a porta.— Senhor, já está ficando tarde. Se não sair ago
A chuva continuou a cair intensamente sobre a cidade, criando um véu de mistério e melancolia, Beatriz chegou no apartamento com os pensamentos em Marcos. Ela não entendia por que aquele olhar que trocaram era tão diferente, como se o destino quisesse reuní-los uma última vez, como se fosse um adeus silencioso. A forma que Marcos a olhou despertou sentimentos jamais sentindos antes.Beatriz lembrava de quando ela trabalhava para ele, apesar de Marcos sempre ser mandão e sem paciência com os outros funcionários, com ela, ele era paciente e sempre buscava tirar sorrisos sinceros dela. Sem querer seus pensamentos a levaram para noite que passaram juntos, por fração de segundos ela gostou de estar em seus braços, mas a culpa e o desespero do momento fez com que ela se esquecesse disso.Alguns dias se passaram e cada momento sozinha Beatriz suspirava fundo, tentando afastar os sentimentos que ressurgiam cada vez mais forte. Ela jurou para si mesma que não se renderia ao passado, mas o pass
Beatriz sentou na cadeira de frente para Maicon, pensativa. A menção da informação sobre Leona e Dimitri a deixou intrigada. Quem eram eles, realmente?— Você conhece alguém que tenha dito que trabalhou com meu irmão?— Ele pergunta tirando Beatriz dos seus pensamentos. — Acredito que não conheço... — Beatriz respondeu, hesitante.— Se souber de algo, avise-me, preciso encontrar essa mulher, se meu irmão está preocupado em meio ao turbilhão de coisas que está acontecendo com ele, é por que essa pessoa é importante— Maicon falou, um pouco sério.Beatriz sorriu sem conseguir esconder seu nervosismo, saber que Marcos investigou seus chefes por causa dela, fez com que seu coração disparasse. Ela se levantou e olhou para Maicon.— Tenho que ir, mas antes, posso usar seu banheiro? Esses bebês ainda vão me fazer passar vergonha.— ela brinca tentando descontrair sua tensão.— Claro, Bia. Fica a vontade.Beatriz se apressa e ao fechar a porta suspira pesadamente.— Se você continuar assim, ele
Beatriz passou o resto do dia pensando no que fazer em relação ao Marcos, apesar das dúvidas e de ouvir ele dizendo que não quer ter filhos sem se casar, Beatriz decidiu que não dava mais para esperar. Os bebês estavam poucas semanas para nascer, então ela precisava ser rápida em suas atitudes.Fora da casa de festa ela se apressou para ir embora antes que seus chefes a vissem saindo, caminhando pelas ruas rapidamente, mas não o suficiente, Leona parou o carro do seu lado.— Beatriz! Pôr que não avisou que estava indo? Eu te levo para a casa, entre!— Sua voz soou como se tivesse advertindo a atitude de Beatriz.— Não precisa, Maicon disse que caminhar é bom para ajudar na hora do parto.— ela diz com um sorrindo escondendo sua frustração.— Faço questão! Entre!Beatriz olha para os lados e percebe as ruas vazias, ela já não tinha medo que ir e vir, as pessoas eram prestativas e receptivas, onde ela se sentiu em casa. Mas para evitar mais insistência do casal, ela entra no carro e senta