KERLLEY FOI jogada em um cubículo de 2mx2m, no canto sul do pavilhão principal, ela podia ouvir tudo o que as detentas falavam e gritavam, mas uma voz em especial se sobressaiu.
Ela tentou ver através da pequena janela de sua cela, mas só pode ver a detenta sendo arrastada até a cela da solitária ao seu lado.
As detentas fizeram naquele momento um silêncio sepulcral em homenagem à Mércia, todas sabiam que era uma detenta diferente de todas ali.
Kerlley começou a murmurar Amazing Grace da mesma forma que os escravos faziam nos navios negreiros e as detentas em coro a seguiram, não havia letra, não havia tom, só havia um choro silencioso coletivo.
Seu coração urrava de dor, ela, pela primeira vez sentiu o que aquela música verdadeiramente representava, nunca foi apenas um louvor a Deus, mas um lamento da alma sabendo de seu destino, afinal
BENNY ENTROU NA SALA do diretor e disse:— Obrigado por me receber, senhor diretor.Eles estenderam a mão para se cumprimentarem cavalheirescamente, mas Benny percebeu o desdém do diretor.— O prazer é todo meu, senhor O’Reily, queira se sentar, por gentileza, aceita um café.— Posso ir direto ao ponto, diretor?— Por favor, tempo é algo precioso demais para ambos.Benny assentiu.— Sei que deve receber muitos advogados aqui requerendo cuidados especiais com suas detentas, mas...— Deixa eu ver se entendi bem antes mesmo de você começar a ladainha toda... quer benefícios a uma detenta.— Não... quero proteção, ela corre perigo, ontem mataram a companheira de cela dela e hoje a probabilidade dela ser morta é grande, o que peço é segurança para que Kerlley possa ser julgada
A VIDA DE LAÍS era quase que um ciclo vicioso e mesmo com a morte de seu pai e ela ter assumido a presidência da empresa, não mudou muita coisa, pois Benny tinha se tornado não apenas um marido exemplar, como um empresário exemplar e toda a cúpula via nele o sucessor natural daquele império.A única coisa que ainda incomodava o casal era Benny insistir em defender Kerlley Sullivan, mesmo seu pai tendo saído da jogada.Não fazia o menor sentido agora.— Sinceramente, não consigo te entender, Benny, meu pai não está mais aqui para te ameaçar e você ainda insiste nisso?— Você conhece a história de seu pai, certo? De como ele ganhou notoriedade no mundo jurídico?— Claro... ele deu diversas entrevistas na época.— O que faz um advogado são os desafios, querida... e outra... eu vou vence
KERLLEY NUNCA se acostumou àquele tipo de vida de subir ao céu e descer ao inferno em tão pouco tempo e de forma tão constante, pois a morte de Mércia já havia sido um duro golpe ainda não digerido, mas o que ela estava prestes a viver era ainda pior, pela primeira vez na vida sentiu o toque da morte de perto.Kerlley estava no culto cantando quando tudo aconteceu.As detentas ouviram o toque de recolher, mas então todas ouviram um estrondo causado por uma bomba e a gritaria foi total.Algumas delas renderam alguns dos guardas com algumas armas artesanais que ninguém sabia dizer de onde elas tiraram.O PASTOR QUE ESTAVA com ela a puxou e disse:— Kerlley, você precisa confiar em mim, sou um ex agente federal, especialista em fugas, minha missão é te tirar daqui, pois você está correndo risco de vida.Ela nã
MARGARETH NEWMAN cresceu em uma família de classe média alta, cercada de todo carinho que alguém poderia sonhar ou imaginar.Da mesma forma, seus pais imaginavam que ela seria alguém diferenciada em sua família, era uma loira linda de olhos verdes cristalinos, aprendeu a ler e escrever antes mesmo de entrar na escola e pulou várias séries devido seu Q.I. muito acima da média, quando tinha doze anos de idade já falava fluentemente seis idiomas.Diferente dos nerds que se encontram por aí, Margareth, além de ser premiada com uma inteligência diferenciada, tinha um perfil atlético invejável, ela conseguiu bolsa de estudos para as principais faculdades dos país aos treze anos, seja como atleta, seja como futura gênio que era.Desde os quatro anos de idade ela treinava ginástica olímpica e aos doze anos estreou na Seleção Americana
BENNY NÃO TINHA IDEIA do que estava acontecendo, só sabia que o plano tinha que dar certo, a vida de Kerlley e seu filho dependiam disso.Ele recebeu o telefonema e apenas ouviu que tudo tinha dado certo...Graças a Deus...Ele só não sabia que ter dado certo não quer dizer que não havia acontecido algumas intempéries pelo caminho...Estou devendo mais uma ao meu avô, mais uma vez ele salvou a minha vida... mas como ele mesmo diz... família sempre em primeiro lugar...— Pode deixar que cuidaremos muito bem dela, Benny.— Sei que ela não estaria em melhores mãos, vovô.O avô colocou a mão em seu ombro e piscou o único olho que tinha.
— VOCÊ ESTÁ BEM, PAUL? – Disse Kerlley tentando conter o sangue dele.— Já tive dias piores – disse forçando um sorriso sarcástico –, fica tranquila que vai dar tudo certo... você precisa vestir aquela roupa e colocar o paraquedas, sua fuga ainda não está cem por cento concluída, temos que garantir que chegue sã e salva ao destino.— Mas eu nunca pulei de paraquedas...— Parabéns, lindona – deu uma piscadinha para ela –, tem sempre uma primeira vez para tudo, não é mesmo?Ela não era muito boa em primeira vez para qualquer coisa na vida...DEPOIS DE PASSAR DOIS MESES com outras detentas, Kerlley perdeu a inibição de se trocar em frente a outras pessoas, Paul em nenhum momento olhou para ela, o que achou um gesto muito gentil da parte dele.— Estou
— OLÁ, QUERIDA... – disse a mãe ao entrar na sala – está tudo bem? Você parece um pouco abatida...— Como pode tudo estar bem, mãe? Depois de tudo isso... não sei mais como enxergar um futuro nisso tudo.Laís começou a chorar após abraçar a mãe e disse tudo o que estava passando em seu casamento.A mãe, sabiamente ouviu atentamente cada palavra da filha sem dizer absolutamente nada, apenas afagava o rosto da filha de forma carinhosa para que ela entendesse que não estava sozinha.Quando Laís terminou de falar, Breanna começou de forma um pouco indiferente à dor dela, mas parecendo enxergar além da dor:— Sabe quem é o maior imperador de Roma, querida?— Júlio César? – Arriscou Laís sem saber se estava realmente certa, quase convicta de que não estava
KERLLEY CONTOU até cinco e puxou a corda e o paraquedas não funcionou...Meu deus... e agora? MEU DEUS...Naquele momento ela se lembrou de uma história que um pastor contou sobre como Deus cuida das pessoas e um rapaz ao cair viu a mão de Deus o segurando e acreditava que tinha vivido o Salmo 91 que dizia que os anjos segurarão pelas mãos quando eu estivesse caindo, mas ela não estava vendo nenhum anjo naquele momento.Ela não tinha outra opção além de tentar novamente e quando puxou a corda com toda a força que tinha ouviu o barulho da lona saindo da mochila e puxando para cima...Graças a Deus...Em poucos minutos pousou tranquilamente, o paraquedas enroscou em alguns galhos, mas ela já estava muito perto do chão, apertou o gatilho da trava da mochila e soltou-se, caindo ao chão, quando olhou para cima para ver o heli