Helena A noite cai juntamente com uma grande tempestade, raios e trovões cortam os céu sem nenhuma estrela se quer a brilhar na imensidão negra. Está frio, felizmente havíamos conseguido montar o acampamento temporário há tempo.Minha tenda é bastante pequena para dividir com a senhorita Harley, ela não está muito satisfeita, talvez por esse motivo, ainda não tenha voltado, saiu para refrescar a mente, bem antes da chuva. Melin havia me dito algo sobre o desaparecimento de Magnus também, e chegamos a conclusão de que ambos devessem estar juntos. Aqueles dois deveriam se acertar, é nítido que sentem algo um pelo outro, ou talvez seja apenas um desejo de minha parte para que finalmente, Harley deixe o capitão em paz. Arfo em meio aos meus pensamentos.Me viro na tentativa de descansar, e tentar esquecer pelo menos por um maldito instante, de James, mas é inútil, as lembranças sobre o nosso diálogo me consome todo tempo. Observo o teto baixo da tenda de couro erguida por um mastro de ma
Helena Desejaria mais que tudo passar o resto dos meus dias assim com James. Acabamos dormindo de exaustão aqui mesmo em minha tenda. Certa hora, desperto sentindo uma mão quente e calorosa acariciando meus cabelos. Me viro ficando de frente para ele e imediatamente seus olhos encontram os meus, há um brilho delicioso neles, e aposto que nos meus também.— Desculpa, não queria te acordar, mas não resisti em te tocar...— ele fala com seus olhos sobre mim.Me aninho em seu peito e ele me analisa com ternura, como se estivesse há tempos refletindo sobre algo. Sinto James depositar um beijo demorado em minha testa e inspirar com pesar, acho que há certa angústia o consumindo, e isso me causa desconforto, espero que não tenha se arrependido do que fizemos.— Está tudo bem?— pergunto.De repente ele ergue se sentando.— Eu não deveria ter permitido que as coisas chegassem a esse ponto.Um nó se forma em minha garganta, não é possível que James preferia que eu tivesse me guardado para entre
HelenaLogo pela manhã estávamos todos de pé, o nível do rio havia baixado, o que seria a chance perfeita para atravessarmos. Juntamos o acampamento para seguir viagem. Ainda preciso viajar junto dele, no cavalo de James. Nossos corpos se tocam constantemente sobre os movimentos do animal causando várias reações em nós dois, trazendo lembranças de nossas carícias, da noite anterior, dos nossos lábios procurando desesperadamente um ao outro, de sua língua faminta passeando por meu corpo, seus olhos flamejantes analisando toda extensão do meu corpo nú como se eu fosse uma obra de arte. Não trocamos nenhuma palavra, ele parece um tanto perdido eu diria, e seu silêncio me deixa de mau humor.A viagem segue sem intercorrências. Niron se trata de uma pequena cidade bem parecida com Village porém ainda menor. Logo na entrada somos recebidos pelos soldados da Coroa. Melin havia me dito que os moradores desta cidade nos viam como heróis, Molavid era a única esperança que eles tinham de se liv
HelenaAssim que chegamos aos campos de Niron, percebemos que um professor já aguardava. O pobre coitado parecia confuso, um homem magro vestido impecavelmente, certamente não entendia o motivo de não sermos as verdadeiras Bronks, porém antes que ele argumentasse, um som estridente nos tirou a atenção, uma cavalaria vestida de armadura vermelha com um símbolo no peito de um leopardo, cerca de vinte homens bem armados se aproximavam.Harley e eu nos entreolhamos, pois sabíamos que se tratava dos Tronteanos. O cocheiro soltou as rédeas e saiu correndo como já havia sido orientado por Magnus, felizmente o professor também foge deixando aparentemente duas donzelas vulneráveis e em perigo. Em pouco tempo nosso carro é atacado e invadido por brutamontes cheios de lanças e espadas.— Levem as moças! — um deles grita.Logo me faço de mocinha em apuros, entro no personagem e começo a gritar como se estivesse em desespero, já Sarah, permanece com a mesma aparência de durona, pelo menos a renda
HelenaOs soldados me deixam no quarto de Arthur e me amarram ao dossel da imensa cama, é certo de que não me deixariam livre. Entretanto, me soltar destas cordas não é algo muito difícil. Olho ao redor por todo ambiente a procura de algo que eu possa usar como arma. Infelizmente não pude trazer minha espada o que é uma grande lástima, adoraria enfiá-la em Arthur até atravessá-lo. Já é noite, uma ansiedade me invade, e logo ouço o som da porta se abrindo. As botas do general batem em solavancos pelo piso de madeira quando entra, parece mais bêbado do que antes feito um porco imundo. Prefiro não encará-lo, tenho muita repulsa por este homem. Quando se aproxima de mim, ele ergue sua espada e sinto a ponta fria da lâmina tocar meu busto subindo em pequenas trilhas até alcançar meu queixo sobre seu olhar nojento.— Então você é durona, não é? Permaneço de cabeça baixa.Percebo que o maldito começa a retirar suas roupas devagar. Quando se livra da parte de cima da farda ainda perto de mi
HelenaA viagem de volta a Molavid é de navio, assim como a maioria dos soldados vieram para o ataque. Havia uma festa animada, os soldados não paravam de comemorar com muita música e algumas bebidas que haviam saqueado de Tronte, ficou decidido que Tireade e Persi ficariam nas terras, eram reinos tão grandes quanto Molavid. Estabeleceriam ali suas respectivas cidades.Algo dentro de mim não estava certo, eu não conseguia me sentir feliz, nem ao menos comemorar a vitória, não entendia como isso era possível, afinal eu desejava tanto essa guerra e de alguma forma me sentia culpada por não gozar da mesma alegria que os demais.James me analisa o tempo todo com seu jeito protetor, a forma como ele invadiu o quarto na tentativa de me salvar foi heróico, além do mais não interferiu em minha luta. O que só fez aumentar o desejo dentro de mim em estar com ele, queria James comigo para sempre. Desejava me casar com ele, voltar para minha família da qual eu morria de saudades, e já que eu prec
HelenaSeguimos pelo corredor escuro e frio, James estava a frente, pelo menos não me arrastara com ele, no entanto sei que não deveria segui-lo, porém meus instintos estão me traindo desejando ir com ele para qualquer lugar.Então, descemos algumas escadas e eu sabia bem para onde me levava, aquele era o porão do navio, e se tratava de um navio de guerra, não tinha nada mais que armamentos e poucos alimentos que restava. Meu coração batia forte, e houve um momento em que pensei que fosse parar. Minhas pernas tremiam como se fosse a primeira vez que eu ficasse a sós com ele. Quando finalmente fechou o alçapão de madeira, eu soube que era um caminho sem volta.Uma ansiedade frenética toma conta de mim, meu estômago se revira ao mesmo tempo se contorcendo de uma forma que eu nunca imaginei que fosse possível. Não há nem ao menos uma única troca de palavras sequer.James se vira ficando de frente, e como em câmera lenta, se lança sobre mim feito um animal feroz faminto e eu uma indefesa
HelenaSubo rapidamente a escada de madeira deixando James para trás, havíamos combinado que eu subiria primeiro para não levantar suspeitas. Quando passo pelo corredor vejo Magnus e Sarah, fico constrangida ao notar que estão em uma discussão, num diálogo caloroso, a expressão em ambos não é das melhores:— Você não é o meu dono!— Ela fala enfurecida.Magnus segura os pulsos de Harley como se tentasse contê-la e ela o enfrenta. Fico inquieta desejando sair dali, entretanto temendo ser pega como uma bisbilhoteira. Então o que eu mais temia me acomete, os olhos de Sarah encontram os meus.Seus olhos azuis ficam acinzentados ao me ver, sou analisada de uma forma um tanto rude. E percebo que Magnus também me olha, como se desejasse se recompor e a soltá-la. Sentindo meu rosto queimar de vergonha, dou um passo à frente devagar. Harley se vira para Magnus me ignorando.— Não temos mais nada a dizer um ao outro. Me deixe em paz!— ela fala e saí sem ao menos olhar para trás.Ainda estou par