Carlos Ricci me dava nos nervos, não somente porque ele era um mau caráter, mas pela cara de pau dele. Ele era o tipo de homem que me fazia acreditar que a pena de morte, era uma coisa boa — e pior ainda, justificável.Cada novo fato que eu descobria sobre ele, cada merda que ele fazia para tentar manter Adeline debaixo do controle dele, apenas aumentava a vontade de acabar com aquele desgraçado de uma vez, de forma lenta e completamente humilhante.E eu não era o único que estava de saco cheio.— Você precisa parar com isso — Henry disse do outro lado da sala, cruzando os braços enquanto me olhava como se eu fosse um caso perdido. — De verdade, Aston, isso já passou do ponto. Você está obcecado por essa mulher e eu tenho certeza que isso não vai acabar bem. Eu sei que você me trata como se eu fosse o chato aqui, mas convenhamos, eu tenho razão.Revirei os olhos, largando os papeis sobre a mesa. Fotos, mensagens, documentos, tudo que provava que Carlos era um rato imundo. Henry tambor
Eu reconheceria aquele olhar em qualquer lugar.O olhar de um Beaumont quando encontra algo que realmente deseja, eu o conhecia bem até demais.Eu vi esse mesmo olhar no rosto de Alec quando conheceu Camille. Vi quando ele decidiu que faria dela sua esposa, que a teria ao seu lado, independente do que o resto do mundo pensasse e nem mesmo o velhote do pai dele, conseguiu fazer o bastardo mudar de ideia, nem mesmo quando ameaçou tirar dele todo o seu dinheiro. E agora? Agora, eu via esse olhar em Aston Beaumont, enquanto ele observava Adeline Moretti falar.Era interessante.Eu nunca vi Aston levar nada muito a sério, mas agora, ele parecia completamente envolvido na conversa, absorvendo cada palavra que Adeline dizia, como se cada sílaba saindo da boca dela fosse um dado valioso para ele. E talvez fosse mesmo. Porque Aston queria Adeline no hospital dele. Ele queria o nome dela, queria a genialidade dela, queria a competência dela... e, se eu fosse apostar, diria que ele a queria de o
Sim.Eu tinha tido a droga de um sonho erótico com Aston Beaumont.O mesmo Aston Beaumont que estava prestes a se tornar o meu chefe? Exatamente.Mas... agora eu não podia pensar nisso.Eu tinha algo mais importante para lidar. Quando Aston veio me buscar para irmos até Mark Sullivan, eu demorei para acreditar que aquilo ia mesmo acontecer. Mas aconteceu. Nós encontramos ele e finalmente, eu vi que era real.A sensação era como respirar ar puro depois de meses sufocando.Eu tinha passado tanto tempo sendo jogada de um lado para o outro, vendo portas se fecharem antes mesmo que eu pudesse bater, que agora, sentada na minha sala, com uma pilha de livros e artigos médicos à minha frente, eu finalmente sentia que estava de volta ao controle.Mark Sullivan era um homem astuto. Ele enxergava as coisas de um jeito que poucos enxergavam. Quando ele sugeriu que eu expandisse meu nome na área de pesquisa, eu sabia que aquilo fazia sentido. A minha carreira sempre foi baseada no que eu fazia den
Passar tanto tempo ao lado de Aston Beaumont não estava nos meus planos, na verdade, tudo que eu pretendia fazer era me enfiar naquele laboratório e trabalhar como um louco para ter o meu futuro de volta. Mas, de alguma forma, aquilo tinha se tornado parte da minha rotina, estar perto dele.Quando eu não estava afundada nos meus testes e pesquisas no laboratório, estava ao lado dele, ajudando a traçar os próximos passos do hospital. E, de alguma forma, isso parecia mais natural do que deveria, mais calmante do que eu jamais poderia ter imaginado.Aston não era só um garoto mimado brincando de empresário. Ele tinha visão. Ele sabia jogar o jogo, sabia manipular as peças certas no tabuleiro para conseguir o que queria. E, quando ele realmente queria algo, não media esforços, dava para ver isso enquanto decidíamos cada passo a dar.Eu não podia negar: era um pouco assustador. Mas também era admirável e ele parecia disposto a ter tudo. Desde o melhor hospital, aos profissionais capacitado
Eu entrei no hospital sentindo o peso da irritação latejando nas têmporas. O Saint Louis sempre foi um dos hospitais mais respeitados da Itália, e agora, estava virando uma piada, motivo de chacota e prestes a cair de seu pódio. E tudo isso... por causa de Carlos Ricci.Desde que aquele imbecil assumiu um cargo de direção, o hospital já vinha sofrendo pequenos golpes. Pequenos demais para que eu me incomodasse o suficiente para intervir. A demissão de enfermeiras antigas, mas que mantinham as coisas nos eixos. Um surto de doenças venéreas, entre os funcionários...Eram assuntos relevantes, mas que eu deixava em branco, pelo bem de Amanda. Mas agora? Agora tudo estava saindo do controle.Os melhores cirurgiões estavam se demitindo. Um a um. Sem aviso, sem conversas. Apenas apresentavam suas demissões e saíam, deixando um buraco imenso na equipe que eu passei décadas construindo e pagando multas absurdas, que me dava uma grande possibilidade de contratação, mas... ninguém para pôr no lug
O laboratório estava em silêncio absoluto, exceto pelo som ritmado das teclas sendo pressionadas e pelo zumbido dos equipamentos de monitoramento. Eu estava ali há dias, mergulhada na pesquisa como uma obsessão doentia, tentando encontrar uma solução para um impasse que me fazia sentir como se estivesse batendo contra uma parede de concreto.O café na minha caneca já estava frio. A pilha de papeis rabiscados ao meu lado só aumentava, e meus olhos ardiam de cansaço. Mas eu não podia parar. Não agora. Não quando eu estava tão perto. Ou ao menos era o que eu queria acreditar.— Adeline. — A voz de Aston me fez revirar os olhos antes mesmo de olhar para ele.Eu sabia o que vinha a seguir.— Você precisa de uma pausa. — Ele cruzou os braços, recostado contra a porta com aquele maldito sorrisinho convencido.— Eu preciso de uma solução, — corrigi, sem desviar o olhar da tela.— Você não vai encontrá-la enquanto estiver parecendo um zumbi viciado em cafeína. — Ele se aproximou e, antes que e
Eu não podia me deixar levar. Não depois de tudo que aconteceu comigo, depois da forma como eu fui traída por Carlos, — mas nos braços de Aston, eu quase me esqueci disso.Aquele beijo... aquele maldito beijo. Ele ainda queimava nos meus lábios, como uma lembrança teimosa se recusando a desaparecer. Eu me afastei primeiro. Fui eu quem cortou o momento antes que ele se tornasse algo ainda maior, algo que eu não estava pronta para encarar. Mas isso não significava que não tinha sentido. Porque tinha. E muito.Aston Beaumont me olhava como se soubesse exatamente o caos que havia acabado de causar dentro de mim, mas, ao invés de insistir, ele fez algo que me pegou desprevenida: ele respeitou meu espaço. Ele não tentou me prender ali, não tentou me fazer admitir nada que eu não queria admitir. Ele apenas deu um passo para trás, me estudando com aquele sorriso torto que me fazia sentir ainda mais vulnerável.— Acho que você precisa de um tempo. — Foi tudo o que ele disse.Eu concordei, porq
Eu não podia me deixar levar. Não depois de tudo que aconteceu comigo, depois da forma como eu fui traída por Carlos, — mas nos braços de Aston, eu quase me esqueci disso.Aquele beijo... aquele maldito beijo. Ele ainda queimava nos meus lábios, como uma lembrança teimosa se recusando a desaparecer. Eu me afastei primeiro. Fui eu quem cortou o momento antes que ele se tornasse algo ainda maior, algo que eu não estava pronta para encarar. Mas isso não significava que não tinha sentido. Porque tinha. E muito.Aston Beaumont me olhava como se soubesse exatamente o caos que havia acabado de causar dentro de mim, mas, ao invés de insistir, ele fez algo que me pegou desprevenida: ele respeitou meu espaço. Ele não tentou me prender ali, não tentou me fazer admitir nada que eu não queria admitir. Ele apenas deu um passo para trás, me estudando com aquele sorriso torto que me fazia sentir ainda mais vulnerável.— Acho que você precisa de um tempo. — Foi tudo o que ele disse.Eu concordei, porq