NICOLE . . Não demorou muito pra resposta do meu pai chegar, já era o esperado, ele não iria ler tudo aquilo e ficar por isso mesmo. “ Não quero o seu dinheiro sujo, não paga nem o terço do esforço e dedicação que eu e sua mão tivemos pra proporcionar o melhor pra você, vou devolver esse lixo, e nosso contato acaba aqui ". Mais lágrimas caíram pelo meu rosto e eu me permiti soltar os últimos soluços, definitivamente eu não iria mais sofrer por aquilo. Eu tentei, me esgotei e não tinha mais forças pra lutar com a falta de amor e consciência do meu pai. Por outro lado, passado alguns minutos, eu recebi um retorno da minha mãe... — Um dia, tudo irá se ajeitar, minha filha. Eu amo você. Mude de vida, cresça, evolua, e seus frutos falarão por você. Com amor, mamãe. Eu voltei a desabar, pelo menos eu ainda a tinha, pelo menos ela não havia virado as costas pra mim, e isso me deixou um pouquinho melhor. Depois de limpar o meu rosto e me recuperar, eu liguei pras meninas.
FELIPE . . Por mais que eu tenha tentado ignorar aquela mulher, eu não poderia deixar que ela fosse ainda mais longe, era o meu nome, o meu legado, todas as parcerias que fiz ao longo da minha jornada empresarial que estava em jogo. Eu analisei minuciosa tudo o que um processo contra o Fábio poderia acarretar, afinal, meus problemas pessoais estavam interferindo de forma direta no meu trabalho, colocando meus parceiros de negócios em situações ruins, o que acabaria com toda a minha credibilidade. Estava mais do que claro que era exatamente aquilo que a Renata queria. Mesmo com o ódio me corroendo por dentro, eu liguei pra ela, e estrategicamente ela demorou a atender, eu conhecia muito bem aquele jogo. — Olha só quem resolveu falar comigo. — Precisamos conversar. — Eu concordo, eu quero ver quanto vale o seu nome. — Você não acha que está indo longe demais Renata? É tão difícil assim ser feliz ao ponto de esquecer da minha existência? — Você fez o meu site sair do ar, in
NICOLE . . Eu olhei pro vídeo, em que uma mulher estava cavalgada no Felipe, não dava pra ver o rosto dela, mas dava pra ver perfeitamente o rosto do Felipe. A mulher tinha os cabelos parecidos com os meus, os cabelos tamparam a lateral do rosto dela, impossibilitando que eu desvendasse a identidade dela. Havia vários comentários do tipo: — Essa é a Nicole, olha os cabelos. Outros disseram: — Não é a Nicole, o corpo é totalmente diferente do dela. — Agora sim, o relacionamento deles acaba de vez. — Que homem burro, trair uma mulher espetacular feito a Nicole. A cara comentário que eu lia, mais eu chorava, não era um choro qualquer, silenciosos e calmo. Era um choro alto, doloroso, um choro que revelava o que se passava com a minha alma. O vídeo já tinha milhares de compartilhamentos, e o meu celular começou a tocar sem parar, provavelmente eram repórteres e páginas de fofocas querendo saber se era eu mesma no vídeo. — Já chega dessa merda. Eu estou cansada de
FELIPE . . A minha mente estava em negação, eu tirei o lençol do meu corpo e eu estava completamente pelado. — Não, não...Que porra você fez comigo sua doente? Eu gritei enquanto me levantava da cama, e a Renata acordou assustada. Ela olhou pra mim atordoada, e logo em seguida deu um sorriso malicioso, como se finalmente tivesse lembrado de tudo o que houve. — O que deu em você, Felipe? Você parecia estar amando, enquanto eu estava sentando deliciosamente em você. Eu fechei os meus olhos, tentando lembrar detalhadamente o que houve, mas os flash da Nicole cavalgando em mim apareciam como se fosse ela realmente. Eu voltei a abrir os olhos e apontei para os cabelos. — Foi os cabelos, você fez tudo de caso pensado, não foi? Sua ordinária. Você colocou alguma coisa na minha bebida, e depois de me dopar, manipulou os meus sentidos. Você é suja, Renata. É por isso que você é solitária, e infeliz, porque você vive em função de infernizar a vida dos outros, você é tão des
Eu fui direto pro hotel que eu estava hospedado, tudo o que eu queria era um banho, eu estava me sentindo sujo, e pensei em como eu iria falar sobre aquilo com a Nicole. Assim que entrei na suite, eu fui direto pro banheiro, eu queria esmurrar as paredes, quebrar tudo que visse pela frente, a raiva que eu estava sentindo de mim mesmo por ter caído naquela armação era gritante. Quanto eu saí do banheiro, coloquei uma roupa o mais rápido que podia, pra poder levar as taças para serem averiguadas, eu não queria perder tempo. Eu peguei o meu celular pra poder pegar o endereço mais próximo que fizesse esse serviço, e notei várias notificações das minhas redes sociais. Quando eu as abri, vi um vídeo da Renata cavalgando em cima de mim. — Não, não, essa filha da puta não fez isso. Esbravegei furioso, sentindo o meu rosto esquentar, e uma vontade absurda de matar aquela ordinária. O desespero tomou conta de mim, e tudo o que eu conseguia pensar era em como a Nicole estava se sent
NICOLE . . Eu desliguei o meu celular e evitei qualquer tipo de contato com o Felipe. Depois de terminar o meu chá, eu levantei do sofá disposta a encerrar aquele ciclo, não havia nada que minhas amigas pudessem dizer que mudasse a minha decisão. — Preciso ir. Quem vai comigo até o aeroporto? — Pra onde você vai Nicole? A Clara perguntou preocupada. — Pra ser sincera, eu não sei. Vou pegar o primeiro voo que aparecer. — Você vai assim? Sem destino? Sem perspectivas do que irá encontrar pelo caminho? Isso é burrice. — Eu não vejo isso como burrice, Clara. Essa é a atitude mais corajosa que eu já tomei em toda a minha vida. — Que tal você pensar mais um pouco? Fica morando comigo por enquanto, até as coisas se acertarem? — Não. Vocês não estão vendo o quanto tudo isso está me fazendo mal? Eu quero andar pra frente, no entanto, tudo isso está me deixando estagnada no mesmo lugar. E apesar de eu amar muito o Felipe, eu não vou conseguir perdoá-lo. Por favor, procurem me ente
FELIPE . . Desde que tomei a decisão de ficar com a Nicole, eu não conseguia fazer mais nada da minha vida, exatamente tudo girava em torno dela, e de certa forma, o meu comportamento controlador e obsessivo, estava prejudicando a mim mesmo. Eu sabia que não dava pra controlar tudo, mas eu não conseguia abrir mão dela. Eu liguei pra Clara, afinal, era a única que eu havia tido algum tipo de contato, e talvez por não reconhecer o meu número, ela atendeu. — Alô? Quem é? — Oi, é o Felipe Gutierrez. Um enorme silêncio se fez do outro lado da linha. — Ela está aí com você, não está? — Felipe, é... — Por favor Clara, eu preciso realmente falar com ela. — Ela não está comigo. — Isso é importante, Clara. — Eu sei que parece que eu estou mentindo, mas não estou. Ela estava a pouco tempo, mas agora não está mais. — E onde eu consigo encontrá-la? Mais uma pausa silenciosa, e aquilo já estava me deixando nervoso. — Clara? — Olha Felipe, tudo o que posso te dizer é que você não
NICOLE . . Quando coloquei os meus pés em solo pernambucano, eu olhei em volta e pensei: E agora? Era um lugar novo, totalmente desconhecido pra mim, e não havia ninguém naquele local pra me direcionar. Eu caminhei em direção aos taxistas e pedi pra me deixar no hotel mais próximo da praia. — Qual praia senhorita? Eu não sabia que praia, e não havia nenhuma forma de demonstrar que eu conhecia algum lugar. — Qual a mais próxima? — A de boa viagem. — Então me leve pra um hotel de lá. — Vamos lá então. Eu queria ligar o celular pra tirar fotos enquanto fazíamos o trajeto até o hotel, mas fiquei com medo do Felipe me ligar, eu não queria correr o risco de ceder, não naquele momento em que eu estava cheia de coragem pra recomeçar. Quando chegamos no hotel, eu tive a sorte de encontrar suítes vagas por não ser um final de semana. — Quantos dias você pretende ficar hospedada com a gente? — Olha, eu ainda não sei, pois eu vim pra morar, então pretendo encontrar u