FELIPE . . Desde que tomei a decisão de ficar com a Nicole, eu não conseguia fazer mais nada da minha vida, exatamente tudo girava em torno dela, e de certa forma, o meu comportamento controlador e obsessivo, estava prejudicando a mim mesmo. Eu sabia que não dava pra controlar tudo, mas eu não conseguia abrir mão dela. Eu liguei pra Clara, afinal, era a única que eu havia tido algum tipo de contato, e talvez por não reconhecer o meu número, ela atendeu. — Alô? Quem é? — Oi, é o Felipe Gutierrez. Um enorme silêncio se fez do outro lado da linha. — Ela está aí com você, não está? — Felipe, é... — Por favor Clara, eu preciso realmente falar com ela. — Ela não está comigo. — Isso é importante, Clara. — Eu sei que parece que eu estou mentindo, mas não estou. Ela estava a pouco tempo, mas agora não está mais. — E onde eu consigo encontrá-la? Mais uma pausa silenciosa, e aquilo já estava me deixando nervoso. — Clara? — Olha Felipe, tudo o que posso te dizer é que você não
NICOLE . . Quando coloquei os meus pés em solo pernambucano, eu olhei em volta e pensei: E agora? Era um lugar novo, totalmente desconhecido pra mim, e não havia ninguém naquele local pra me direcionar. Eu caminhei em direção aos taxistas e pedi pra me deixar no hotel mais próximo da praia. — Qual praia senhorita? Eu não sabia que praia, e não havia nenhuma forma de demonstrar que eu conhecia algum lugar. — Qual a mais próxima? — A de boa viagem. — Então me leve pra um hotel de lá. — Vamos lá então. Eu queria ligar o celular pra tirar fotos enquanto fazíamos o trajeto até o hotel, mas fiquei com medo do Felipe me ligar, eu não queria correr o risco de ceder, não naquele momento em que eu estava cheia de coragem pra recomeçar. Quando chegamos no hotel, eu tive a sorte de encontrar suítes vagas por não ser um final de semana. — Quantos dias você pretende ficar hospedada com a gente? — Olha, eu ainda não sei, pois eu vim pra morar, então pretendo encontrar u
FELIPE . . Eu sempre fui conhecido pelo trabalho excelente que eu exercia, as jóias da minha marca sempre foram destaques em desfiles de alto padrão, meu sucesso foi regido pelo o meu esforço, e pra mim, ter o meu nome envolvido em tanta baixaria estava me deixando completamente envergonhado. O vídeo que a Kátia divulgou tomou grandes proporções, a minha sorte era que a grande maioria das pessoas estavam do meu lado, elas acreditavam em mim, e eu enxerguei isso como o princípio da queda da Renata, daquela vez, não teria escapatória pra ela. Eu tentei ligar pra Nicole outras vezes e não obtive resposta, o celular dela continuava desligado, então eu liguei pro Fred pra mais uma vez ele tentar me ajudar, pelo menos convecendo as amigas da Nicole a dizerem o paradeiro dela. — E aí? Conseguiu falar com elas? — Sim, e só não me chamaram de santo, elas estão furiosas comigo e não quiseram dizer o paradeiro da Nicole, a única coisa que falaram era que ela não estava no Rio de Ja
NICOLE . . Eu passei um tempo deitada na cama e olhando pro teto, pensando sobre o que eu faria no meu dia, eu deveria ir atrás de um emprego, mas o meu psicológico estava abalado demais para fazer aquilo naquele momento, então eu tomei a decisão de ir à praia. — Biquíni...Eu preciso de um biquíni. Eu me lembrei que ao longo do caminho eu vi diversas lojas e bancas que vendem biquínis Então eu saí do hotel e fui procurar por um. — Bom dia, eu gostaria de um biquíni. A vendedora que estava calculando alguma coisa no balcão levantou o olhar e me encarou e o semblante dela foi estranho. — Espera, você é...Ah desculpe, pelo seu corpo, você veste um M. Estou certa? Eu sabia exatamente o que ela iria me perguntar, e ainda bem que ela não perguntou, tudo o que eu não queria naquele momento era dar detalhes sobre a minha vida pessoal pra uma completa desconhecida, apesar do país inteiro saber exatamente sobre esses detalhes. — Isso, eu visto M. Ela me mostrou algumas pe
FELIPE . . Quando a noite desse dia infernal finalmente chegou, eu me peguei pensando em como seria o meu reencontro com a Nicole, já estava passando da hora da gente se entender, e eu estava cansado de não poder viver o meu relacionamento com ela em paz. Eu entendia os motivos dela ter escolhido ir embora, mas o que custava me ouvir? Me dar o benefício da dúvida? Mas em meio a esses pensamentos, eu me coloquei no lugar dela. Existia abertura pro benefício da dúvida diante de um vídeo tão comprometedor? Eu precisava pegar o resultado da análise que eu havia mandado fazer, mas provavelmente eu não estaria no rio pra isso. — Droga, eu odeio precisar do Fred. Falei antes de ligar pra ele. — Diz. — Preciso de um favor. — Outro? Cara, você pode me deixar dormir? — Eu preciso que você pegue pra mim o resultado da análise que solicitei pra comprovar que havia algo na minha bebida. — Porque você não vai? — Porque eu fiz o que você falou, e descobri que a Nicole foi pr
Eu coloquei minhas coisas na suíte, e fui pra praia, pois a moça me disse que viu ela saindo de roupa de praia. O sol estava de matar, e eu nem pensei em trocar de roupa ou tirar os sapatos. Eu caminhei pela orla, prestando atenção em cada mulher de biquíni na praia, que por sinal, eram lindas, mas nenhuma enchia os meus olhos como a Nicole. Depois de uns dez minutos andando, já no auge do calor, eu avistei uma mulher de costas, sentada numa mesa à beira mar muito parecida com ela. — Será que é ela? Eu fui em direção a areia sem me importar com ela entrando nos meus sapatos, as pessoas estavam olhando pra mim com julgamento, eu também julgaria se eu visse um homem de roupa social e de sapatos andando na praia. Antes de eu chegar mais perto, eu vi um homem se aproximando da mulher, eu passei a caminhar com passos largos até me dar conta que realmente era a Nicole, o meu sangue ferveu, eu poderia atribuir isso ao calor, mas na verdade era o meu ciúmes gritando, quando eu chegu
Quando cheguei na recepção do hotel com a Nicole pendurada no meu ombro, me senti a encarnação do caos. A cada passo, a areia que escapava dos meus sapatos fazia aquele som irritante, e a risada contida dos recepcionistas parecia mais alta que qualquer outra coisa.— Sério, Felipe, você não vê o ridículo que está pagando? Nicole resmungou, ainda se contorcendo. — Me solta antes que eu chame a polícia!— Ah, claro, porque você sabe que eu adoraria uma manchete dizendo "Empresário é preso por sequestro da própria namorada em Pernambuco". Isso não causaria nenhuma repercussão, né? Revirei os olhos, tentando ignorar o olhar divertido de todos.Entramos no elevador, e a Nicole finalmente conseguiu se apoiar para olhar para mim. Ela arqueou uma sobrancelha, debochada.— Gostou da praia, Felipe? Areia nos sapatos é uma tendência agora? Vai lançar uma linha com "calçados à prova de mar" também?Eu suspirei, segurando o riso.— Engraçadinha. Fui obrigado a desfilar com esse modelito aqui pr
NICOLE ..CAUS!!Era essa a definição pra toda a cena que o Felipe criou sob o olhar curioso de todos, eu nunca senti tanta vergonha na minha vida, nem mesmo quando ele me levou pra faculdade pra bater boca com aquelas vagabundas.Eu não queria nem ver tudo o que iriam publicar quando as fotos de tudo o que aconteceu chegassem até às pessoas responsáveis por tornar a minha vida um verdadeiro inferno.Era isso...UM INFERNO.Tentar explicar isso pro Felipe não deveria ter sido algo tão difícil, afinal, ele estava passando aquele inferno junto comigo, e eu não achava nada surpreendente o fato de eu escolher me esquivar de tudo, ele deveria ser a primeiro a me apoiar, mas não foi isso o que ele fez.Depois de falar o meu plano e prometer repensar o status da nossa relação, ele não aceitou muito bem, e isso virou uma pauta absurda entre nós.Ele ficou um tempo me encarando, depois de eu ter jogado na cara dele todo o meu ponto de vista, e quando eu achei que finalmente ele havia compreen