- Pode entrar - eu falei para Melina.
Ela abriu os olhos, então viu o chão e leu as pétalas de rosa:
- Quer namorar comigo?
Olhei para ela e perguntei:
- Quer? Dessa vez é de verdade.
- Rhavy... É claro que eu quero!
Nos beijamos apaixonadamente, então ela disse:
- Nem precisava ter pedido, a resposta é óbvia. Se eu não quisesse namorar com você eu nem teria ido morar junto de você.
- Eu só queria oficializar as coisas, só isso.
Nos beijamos de novo, então eu peguei as alianças que tinha comprado e coloquei a dela no dedo dela e a minha no meu dedo:
- Como seus pais não desconfiaram quando você trouxe essas pétalas para cá?
- Desconfiariam do que?
- Ué, do nosso namoro falso.
Parece que eu tinha esquecido de contar para ela que eu já abri o jogo:
- Querida, eles sabem da farsa a um tempo já,
Pela primeira vez na vida tudo parecia ter entrado nos eixos.Estávamos morando juntos, estávamos namorando oficialmente e eu me sentia parte de uma família.Era o dia de descobrir o sexo do bebê e eu estava pra lá de animada.Quando estávamos a caminho do consultório Rhavy disse:- Vamos fazer uma aposta?- Aposta?! - perguntei confusa.- Sim, eu acho que é menino, você acha que é menina.Assenti.- Se eu acertar o sexo do bebê você me dá um presente. Se você acertar o sexo do bebê eu te dou um presente.Só um presente? Por mim tá tudo bem!- Desafio aceito, senhor Himesh.Chegamos na consulta, falamos com a recepcionista, eu me pesei e constatei que eu tinha engordado nove fucking quilos e o médico nos chamou.Primeiro fez as perguntas de rotina, depois me passou algumas recomendações e nós fomos
Estávamos deitados na cama do nosso apartamento em São Paulo quando eu senti a cama umedecer. Olhei para Melina e ela disse:- Acho que a bolsa estourou...Como das outras vezes eu levantei desesperado e Melina se manteve calma. Ela levantou, foi até o banheiro, abriu o chuveiro e passou uma água no corpo.Ela colocou um vestido, calçou as sandálias havaianas e ainda conseguiu amarrar o cabelo em um coque.Eu já tinha terminado de colocar a última mala no carro quando vi o carro da babá estacionando, olhei para a Sueli e disse:- Maya e Dinesh estão dormindo.A babá assentiu e disse:- Boa sorte hoje, que o bebê venha com muita saúde.Melina entrou correndo no carro e fomos para o hospital, assim que ela entrou na recepção deu uma contração. Ela parou uns minutos e eu pedi:- Uma cadeira por favor...Poucos segundos
Era 1h30 da manhã, eu estava exausta. Depois de pegar dois ônibus eu só queria saber da minha cama.Tomei um banho rápido, escovei os dentes e vesti o pijama. Até pensei em cozinhar algo para não ficar de estômago vazio, mas o cansaço me venceu.Deitei na cama e me permiti dormir, no meu sonho eu estava em um cruzeiro, pedi um champanhe e bebi tudo de uma vez.Eu estava comemorando alguma coisa, mas não sabia o que era, já tinha bebido muito para me lembrar.Respirei fundo e disse para uma mulher do meu lado:- Eu não vou conseguir chegar na cabine sozinha...Senti tudo balançar, então acordei com o despertador. Os primeiros raios de sol entravam pela persiana me fazendo querer chorar.Era meu sonho de princesa ter um dia inteiro para descansar. Me levantei, fiz a minha higiene matinal, vesti o meu uniforme de camareira e arrumei a minha mochila.Fu
Quando estava quase chegando no hotel um rapaz alto começou a se aproximar demais de mim.Tentei apertar o passo, mas foi em vão. Ele correu atrás de mim e disse:- Você sabe quem eu sou, não é?Suspirei.- Estou a mando do Orlando aqui.Não, jura? Dei de ombros, era a nonagésima vez que isso acontecia comigo em menos de três meses.- Ou você dá o dinheiro ou ele vai agir... Você que sabe...- Diga para ele que eu não tenho essa grana...- Ele não quer saber se você tem ou não tem o dinheiro, ele só quer a grana caindo na conta dele até meia noite do dia 22 do mês que vem ou, você sabe... Ele vai agir...O que ele queria que eu fizesse? Não tinha muito o que eu pudesse fazer para me safar dessa, eu sabia que era uma questão de tempo.____________Entrei no hotel Le Carménère, passei o meu crachá pela catraca e bati o ponto. Desci a
Saí do hotel, peguei o ônibus e corri até o restaurante onde fazia bico na hora do almoço.Coloquei o uniforme de garçonete, lavei as mãos e o rosto e fui atender os clientes.Esse era o trabalho que eu menos gostava porque os caras acham que só porque visto um uniforme de saia significa que eu estou querendo dar para eles.Estava entregando o hambúrguer de uma cliente quando um cara assobiou para mim e disse:- Depois venha pegar o meu pedido, gracinha...Suspirei desanimada. Se eu não precisasse do dinheiro eu abandonaria esse lugar sem nem pensar duas vezes.Fui até o cara e ele pediu um cachorro quente sem purê, uma coca cola zero e a minha buceta para levar para a hora do jantar.No início eu ficava chocada em como eles falavam isso sem rodeios, mas agora nada mais me impressionava.Quando entreguei o troco para o último cliente respirei fundo,
- Eu chamei vocês aqui porque a quarentena nos deu um prejuízo sem precedentes e bom... Precisarei dispensar vocês.Isso deve ser algum tipo de piada... Não pode ser... E agora?- Eu sinto muito por ter que fazer isso com vocês, mas ou diminuímos o pessoal ou vamos falir e todo mundo vai ficar sem emprego.Suspirei derrotada. Todos tivemos que entregar os nossos aventais e assinar os documentos para o encerramento do contrato.Fui para casa chorando, cheguei no apartamento, larguei tudo em cima da mesa e fui para o chuveiro.Tomei um banho demorado, então fui deitar sem jantar mesmo.____________Quando acordei no dia seguinte eu senti cada parte do meu corpo doer.Mesmo assim prossegui com a minha rotina, preparei a marmita, tomei banho, vesti o uniforme de camareira, comi uma banana de café da manhã e prossegui para o hotel Carménère.
Cinco anos atrásNasci em uma família de classe média, meu pai era contador, minha mãe era professora de ensino fundamental.Desde que me dou por gente a minha família sempre viveu afastada de nós três. Nunca soube o motivA única exceção era o meu tio Sebastião, que sempre estava comigo, era o meu segundo pai e também era rechaçado pelo resto da famíliQuando tinha sete anos o meu pai um dia foi trabalhar e ,na hora do almoço, ligaram para a minha mãMeu pai tinha sido vítima de uma bala perdida e estava passando por uma cirurgia de risco. Infelizmente ele não sobreviveu, então passou a ser eu, minha mãe e o tio SebastiãQuando eu fiz dezesseis anos a minha mãe apareceu com um novo namorado lá em casa, o nome dele era SidneEra um cara mal encarado, vivia fumando e algumas vezes ele falou como gostaria de transar comigo e com a minha mãe ao mesmo temp
3 anos atrásNo dia seguinte ao meu aniversário de 18 anos eu tinha saído para trabalhar, era vendedora em uma banca de jornal e quando voltei fui chamar o tio para jantar comigo.Entrei no apartamento dele e vi ele sentado na poltrona, chamei por ele duas vezes e não obtive resposta.Me aproximei dele, chacoalhei o seu braço e ele permaneceu imóvel. Fechei as pálpebras dele e chorei no seu colo.Dois dias depois do enterro dele fui no apartamento começar a organizar as coisas, quando olhei a estante vi uma pasta verde com uma etiqueta escrito: Melina.Fiquei curiosa, abri a pasta e vi um bilhete:"Eu te amo acima de tudo e se está tendo acesso a esta pasta é porque eu já me fui, espero que esteja bem e que já tenha concluído a faculdade, mas caso ainda esteja na escola ou na faculdade eu quero que você use o dinheiro do aluguel desse apartamento para bancar os seus estudos até ter