Em junho, no dia dos namorados, eu estava sozinha. Dois meses que estava solteira e sem nenhuma perspectiva de voltar a ter alguém. E sem nada para fazer porque todo mundo parecia acompanhado. Teria convidado alguma amiga para curtir aquela depressão ao meu lado, porém não sabia de ninguém que estivesse no mesmo barco.
Bem, o meu barco provavelmente era único: sozinha, solteira e grávida no dia dos namorados. Certeza de que o nome desse barco era "Carma" e ele poderia afundar a qualquer instante nos mares profundos da minha solidão.
Me achava no direito de estar tão depressiva depois de tudo que estava passando.
Para piorar a situação, Bernardo passara o dia mandando mensagens e postando indiretas no Twitter sobre poder estar com a pessoa amada naquele dia e ter sido dispensado. Era tão ridículo que ele fizesse tanto drama se tinha sido tudo sua culpa pelo término do relacionamento. Poderíamos estar os dois juntinhos em algum lugar romântico para casais ou at
Eita que a coisa ficou quente!
Estávamos completamente loucos. Não havia sequer uma explicação para tudo que estava acontecendo, a não ser que tivéssemos finalmente perdido o juízo. Até poderia dizer que eu havia perdido o juízo primeiro, mas não era como se Henrique tivesse resistido por um segundo sequer. Não havia uma palavra específica para descrever tudo o que havia se passado em meu apartamento, em minha sala, em meu sofá. Poderia dizer que havia sido esquisito, pois essa foi a sensação. No entanto, isso não era tudo. Também foi incrivelmente extraordinário. No sentido mais original daquela palavra: extra, de além; ordinário, de normal. Porque não foi nada do que já havia experimentado em todos os meus vinte e sete anos de idade. Claro que eu não era a pessoa com o maior número de experiências na vida. Não havia carinho nem gentileza, não havia amor nem sentimentalismo. Era fogo, era selvagem, e Henrique precisou cobrir minha boca provavelmente umas três vezes por estar gritando. Sé
— Acho que a gente podia criar algumas regras nesse nosso acordo — sugeri, mais tarde naquela noite. Estávamos os dois deitados em minha cama, embaixo de vários cobertores, porque a noite estava extremamente fria. Não vestíamos nada além das meias (isso apenas porque ninguém nunca lembra das meias, e sexo com pés gelados já é um pouco demais). Eu tentava pensar em como fazer aquela loucura dar certo. Era uma novidade e tanto não me importar com um relacionamento sério. Normalmente já estaria fazendo planos para sairmos juntos ou apresentá-lo a meus amigos, mas aquele era Henrique e se tudo desse certo, só queria vê-lo em minha cama, nu, sem dizer uma palavra. Nossas interações fora dela deveriam ser no máximo relacionadas ao bebê dentro do meu útero. Dessa vez eu não estava chorando, o que me parecia ser um bom indício de que não estava ficando maluca. Obviamente, depois do que havia acontecido da outra vez, quando sentira uma tristeza e uma solidão inexplicá
Naquele domingo de manhã, juntei toda minha coragem para ir até minha antiga casa almoçar com meus pais. Estava nervosa, minhas mãos tremiam, não sabia nem por onde começar. Era como se tivesse dezesseis novamente e precisasse contar que tirara nota baixa em física ou química. Não conseguia imaginar suas reações. Mas, se tinha dado tudo certo com Henrique, não havia como não dar com meus próprios pais, certo? Esperava que sim. De qualquer maneira, passara o resto da semana imaginando qual a melhor maneira de contar. Nem me atrevi a ligar para Henrique, porque ele provavelmente se recusaria a me encontrar enquanto não tivesse revelado tudo, embora eu acreditasse que um bom sexo aliviaria um pouco minha tensão. Não queria ter que começar mais uma discussão com ele, ainda que nossas últimas brigas tenham terminado de uma forma muito mais do que agradável! Mas nem sempre seria assim. Entrei com minha própria chave, que ainda tinha caso houvesse alguma emergência.
Eu havia chegado há não mais do que cinco minutos quando o interfone tocou e abri para Henrique subir.Quando pensei no tal acordo, não havia realmente imaginado como seria, já que estava mais interessada no que aconteceria naquele dia, não nos outros. Não sabia quando ou se apareceria à vontade, ou se realmente teria coragem para chamá-lo algum dia. Não tínhamos realmente intimidade para aquele tipo de conversa.Todas as vezes em que havíamos transado havia sido no calor do momento, depois de uma briga, nada que tivesse sido planejado (exceto a última, depois de discutirmos as regras do acordo). Será que só ficaria excitada se brigássemos? Talvez o que precisava contar a ele ajudasse nessa questão, porém eu havia prometido a mim mesma que pararia de implicar com Henrique e seria uma adulta de uma vez por todas. Já estava mais do que na hora de
Em pouco mais de um mês, já sabia muito mais sobre Henrique do que nos vinte e dois anos em que nos conhecíamos.Cada vez me surpreendia mais com o fato de que não sabia nada sobre aquele homem como imaginava que sabia. Cada vez me surpreendia mais com a ideia de que gostava muito mais daquele homem que estava começando a conhecer. Embora eventualmente não o entendesse. Como não compreendia porque tinha falado tanto com meus pais, mas continuava completamente em silêncio ao meu lado depois de me levar em casa. Era como se tivesse apenas dado uma pausa em sua ira. E eu não fazia a mínima ideia do que havia feito daquela vez.Teria sido por haver falado rispidamente quando mencionou sua opinião sobre meu cabelo? Ou por tê-lo obrigado a ir ao jantar? Não fazia sentido. Ele já estava mal-humorado antes mesmo de abrir a boca.— Entregue, sã e salva — falo
Em pouco mais de um mês, já sabia muito mais sobre Henrique do que nos vinte e dois anos em que nos conhecíamos.Cada vez me surpreendia mais com o fato de que não sabia nada sobre aquele homem como imaginava que sabia. Cada vez me surpreendia mais com a ideia de que gostava muito mais daquele homem que estava começando a conhecer. Embora eventualmente não o entendesse. Como não compreendia porque tinha falado tanto com meus pais, mas continuava completamente em silêncio ao meu lado depois de me levar em casa. Era como se tivesse apenas dado uma pausa em sua ira. E eu não fazia a mínima ideia do que havia feito daquela vez.Teria sido por haver falado rispidamente quando mencionou sua opinião sobre meu cabelo? Ou por tê-lo obrigado a ir ao jantar? Não fazia sentido. Ele já estava mal-humorado antes mesmo de abrir a boca.— Entregue, sã e salva — falo
Havia dias em que chegava em casa feliz, porque tudo tinha dado certo. Havia dias em que chegava em casa cansada de tanto andar de um lado a outro por motivos variados. Havia dias em que conseguia sentar e descansar por um bom tempo, dias em que conseguia ir ao cabeleireiro, à manicure ou até mesmo dias em que conseguia fazer uma massagem relaxante. Havia dias em que estava disposta a fazer exercícios ou bater perna para fazer compras e dias em que só queria me deitar e assistir televisão.Havia dias em que todo mundo parecia querer entrar em contato e conversar. E também dias em que ficava completamente sozinha, sem notícias de ninguém. Havia dias em que eu mesma ia em busca de meus amigos, e dias que eu mesma não queria ver nenhuma pessoa conhecida.E havia, porém, dias em que o mundo parecia contra mim.Aquele era um desses dias.Para começar, saí correndo para nã
Estava tendo um sonho calmo e maravilhoso, em que flutuava no céu entre as nuvens. Pelo menos essa era a sensação que sentia em meu corpo e alma, porque lembrar, de fato, sobre o que sonhava foi impossível depois de Henrique começar a se mexer e me puxar de volta para a realidade.— Dêssa, são três horas da manhã — sussurrou, me beijando na testa para que acordasse.Meus olhos, no entanto, não queriam abrir. Certamente porque já estava naquele momento do sono em que mais se relaxa. Só então comecei a recordar que havíamos dormido no sofá da sala, cobertos apenas com um cobertor leve. E a verdade é que não estávamos mais tão vestidos quanto antes. Provavelmente era o motivo pelo qual sentia tanto frio, ainda que a pele de Henrique ajudasse bastante a passar calor a meus poros.Eu estava deitada ao seu lado, a cabeça