As últimas semanas haviam se tornado um verdadeiro inferno para Alex, tudo em sua vida estava em perspectiva, seu pai, seu irmão e agora Ella. Deixá-los era o que mais o machucava, não podia imaginar como seria não estar com eles. Não ver seu irmão pela manhã, aquele olhar de cumplicidade que era característico deles. A irritante mania que seu irmão tinha de reconhecer as suas reações e se antecipar a elas, como se lesse os seus pensamentos. Era doloroso para Alex imaginar como seria para Yago não estar mais com ele.Nos negócios, na vida social, no sexo, eles eram como uma só alma dividida em dois corpos. Talvez por isso tenham se apaixonado tão perdidamente por Daniella Guido, a pequena ruiva atrás do violoncelo, havia mudado a vida deles para sempre.A ideia de morrer era ruim, mas deixá-la sofrendo com a morte dele era impensável. As dores intensas estavam cada vez mais frequentes, e os efeitos da medicação usada para tentar reduzir o tumor eram piores do que a dor. Ele não fugia d
Ela havia lido sobre BDSM, e todo o mundo sado/maso, mas nada se assemelhava aquilo, não eram apenas jogos sexuais com corpos, chicotes e gritos, era um ritual onde ela era sacerdotisa e ele o seu servo.Ella já havia sido instruída sobre como dar prazer ao seu homem. Desta vez seria ela a ditar as regras do jogo.— Alex, fique nu para mim! — Ella ordenou sedutora e ele se despiu rapidamente e se colocou de joelhos novamente diante dela. — você me ama Alex? Ama-me o suficiente para me assistir sendo fodida por outro homem na sua frente?A pergunta dela o pegou de surpresa e ele ergueu os olhos para ela, desta vez não havia desejo, havia morte descrito neles, e ela gargalhou.— Não se preocupe, querido, quero apenas que saiba como me sinto a respeito, você é meu e eu não compartilho o que me pertence. — ela passou a ponta da unha pelo rosto com uma barba de dois dias. Era áspero e ela sabia onde iria querer ser arranhada por ela.— Me faça gozar com a sua língua querido — ela ordenou e
Ella se recusou a falar sobre a doença de Alex, ela não queria passar o fim de semana todo chorando, e eles não insistiram no assunto, embora soubessem que não seria saudável para nenhum deles ignorar o assunto. — Fazenda ou praia? — Yago perguntou entregando para os dois uma caneca fumegante de chá. — Praia nesse frio? — Ella resmungou — onze graus e você quer praia? — Tem muitas coisas para se fazer no litoral além de tomar banho de mar, meu anjo. — Yago riu, e ela mostrou a língua para ele. — Madri tem festival de cinema acontecendo neste final de semana, mas voto pela praia — Alex deu de ombros. Ella percebeu que era voto vencido, mas ela ficaria na cama o dia todo embaixo de edredons e com o termostato a 90.º. Ella riu de sua reação birrenta e se levantou para fazer as malas, eles teriam um fim de semana perfeito, sem sombras, sem medos, sem dor. — Você vai se divertir em Calas, querida, a Costa Brava e uma das regiões mais belas da Espanha. — Alex disse enquanto prendia o c
As constantes tentativas do pai de Alex e Yago de se aproximar dos filhos não surtiam efeito, eles ainda estavam feridos e magoados, mas ele insistiria até que o filho o ouvisse pelo menos isso, ainda que não aceitasse o tratamento. O conde Leopoldo Sanz D'Alba já não dormia e nem comia direito desde a última visita do filho meses antes, e desde então estava em uma busca incansável por um tratamento para a doença de Alex. Ele fora pessoalmente aos Estados Unidos ver o doutor Mark Kovack era um dos maiores especialistas da neurocirurgia daquele país. Sua técnica de remoção de tumores como o de Alex tinha uma taxa de sucesso considerável.— Quero falar com a senhorita Guido, vá chamá-la Juarez, por favor — a voz grossa do conde soou quando o mordomo atendeu a porta.O velho deu um passo para trás e se recompôs habilmente, não era um fato comum o conde ser tão educado e cortês com os empregados.— Sim, senhor, se puder me acompanhar até a sala de visitas, eu vou informar a senhorita Dani
A dor na cabeça de Alex era tão forte que parecia que seu crânio fosse rachar como um coco seco, mas ele estava puto demais para pensar nela. Seu pai fora longe demais desta vez.Seu pai não deixara a casa da família em Madri desde que soube da doença de Alex, a residência oficial da família era no castelo D'Alba onde os vinhedos do pai ficavam, e agora ele parecia não se importar com mais nada além de deixá-lo louco.— Eu te pedi para não se aproximar dela novamente, e você fez isso pior ainda. — Alex jogou a pasta aos pés do pai — o que pensou que conseguiria com isso? Seu título não pode comprar a minha de volta, pai, aceita que eu vou morrer, você aceitou bem a morte da mamãe, tanto que menos de um ano depois estava casado.— Filho, não sabe o que está dizendo, eu só quero que você tenha uma chance, não posso ficar de braços cruzados e deixar você desistir. — o conde disse com a cabeça sobre as mãos, ele parecia cansado.— Desistir? É isso que acha que estou fazendo? Eu daria meu
Parecia ter passado dias até que o médico surgisse no corredor diante deles. Ella pensou que os médicos deveriam fazer um cursinho básico de atuação, quem sabe assim pudesse saber como fazer uma cara de paisagem, pelo menos até chegar perto da família do paciente onde eles poderiam enfim soltar a bomba. — Senhores e senhorita… O médico se aproximou esticando a mão para cumprimentar Yago. — Doutor, como está meu irmão? — ele interrompeu o médico ignorando a sua mão, e então se recompôs rapidamente e pediu desculpas. — por favor, me diz como ele está! — Tudo bem, eu entendo, bem o quadro do paciente piorou consideravelmente, sem a cirurgia temo que não haja muito que fazer — o médico respondeu — mas como eu já disse antes, não há garantias nesse tipo de tumor, ele estava se submetendo a tratamentos com medicação experimental há meses, nossa esperança era que o tumor reduzisse, mas não houve resposta e a massa aumentou pressionando o lobo occipital. O crescimento do tumor vem causando
Alex dormia em sua cama após tomar a medicação forte para dor, ela sempre o derrubava por horas. Ela passou a noite ao lado dele, seu amor, seu menino crescido. Ella riu ao pensar nele assim.Yago e ela decidiram manter o alto astral perto de Alex tanto quanto possível, e agiram como sempre faziam, eles fizeram amor pela manhã, ficaram abraçados na cama por um longo tempo em silêncio.— Você ainda quer ter um filho do meu irmão? — Yago perguntou pegando-a de surpresa.— Yago, quero ter um filho do homem que eu amo. Não é por você e nem por ele mais, eu o quero por mim. — Daniella confessou — Alex me disse no hospital que saber que nós dois temos um ao outro torna mais fácil a decisão dele, ou seja, ele não tem medo da morte, ele só não queria nos deixar sozinhos.— Imagino que ele te contou sobre o meu acidente — Yago afirmou dando de ombros, agora ele entendia o que o idiota estava fazendo.— Eu quero um bebê, não para forçá-lo a ficar, pois acredito que ele fará o que tem que fazer,
Alex entrou no quarto de Daniella, a princípio, ele tinha intenção de acordá-la, de fazer amor com ela. Ele queria estar com ela e dentro dela, mas ao ver sua namorada dormindo tão profundamente, pensou que poderia beber um pouquinho da sua presença. Ele notou os olhos inchados por horas de choro incontido, um bolo se formou em sua garganta. Alex percebeu que não tinha escolha, ele tinha que dar isso a ela, era direito da sua mulher ter esperanças e lutar com todas as armas que tivessem. — Não faria o mesmo por ela se as posições fossem invertidas? Não lutaria até o último minuto para mantê-la ao lado dele? — Ela se mexeu entre os lençóis e sua barriga lisa ficou exposta. Ele tocou em seu ventre e desejou que fosse diferente, que fosse outro momento. Desejou estar em mundo onde ele não estivesse doente, onde ele não precisasse ir embora e pudesse dar a ela todos os filhos que ela queria. Alex soluçou em silêncio, deixando seus medos saírem em forma de lágrimas. Quando pensou que foss