Capítulo 3

Yago acordou com o som de seu despertador, ele teria um dia cheio na construtora, tinham muitas coisas para pôr em ordem visto que passariam alguns meses fora. Alex e ele estavam prestes a embarcar para o Brasil para realizar a ampliação do Bucanero‘s, um restaurante temático que pertencia ao seu tio, irmão adotivo de sua mãe. Esse projeto era muito especial para Yago, pois se tratava da réplica de uma embarcação do século XV pertencente à rainha pirata Sayyida Al Hurra, de quem tio Fernando jurava ser descendente.

Ele havia passado a maior parte da noite trabalhando no novo projeto feito para o Bucanero‘s, Yago transformou o convés principal em um bar exclusivo ao ar livre, e o convés dos canhões era agora o restaurante principal, com um palco projetado na área do mastro central. Onde deveriam estar às câmaras de dormir, Yago projetou espaços privativos, garantindo tranquilidade e privacidades aos clientes exclusivos do Bucanero‘s, que antes ficavam em pequenas cabines nos bordos do navio.

Na Galera ele manteve a adega principal, com mais espaço para uma das adegas mais cobiçadas de toda a São Paulo. O espaço destinado à enfermaria em um navio pirata foi ampliado, destinando mais conforto a área dos banheiros. O porão, os tanques e os paióis, também receberam atenção especial, com maior atenção para a cozinha principal, acrescentou uma área de praça e fez uma despensa exclusiva ao alcance do pessoal da cozinha.

E o vestiário dos funcionários ganhou um espaço extra com área de descanso, um pedido especial de Sonia a namorada do capitão Bucanero. Com um estacionamento amplo que agora pertencia ao

Capitão, e um posto de guarda, garantindo maior segurança aos clientes.

Yago olhou para o projeto em sua tela de computador mais uma vez, e sorriu orgulhoso. Ele estava levando uma surpresa para o tio, uma âncora de pelo menos 300 anos encontrada na costa da África, Alex a encontrou em um leilão, e tinha lhes custado alguns milhares de Euros, mas o Capitão Bucanero‘s valia cada centavo.

Yago decidiu não correr naquela manhã, e desceu para tomar seu café da manhã, na verdade, ele estava curioso a respeito da noite do irmão com a senhora Ava Bulhoñes, ele, com certeza, teria algo a dizer a respeito e Yago não perderia isso por nada.

—   Que porra é essa! Alex, seu fodido eu vou te matar! — Yago gritou descendo as escadas furioso. — Seu filho da puta, você se fez passar por mim de novo? O dia mal começou e a mulher já ligou nove vezes, nove vezes porra.

Alex gargalhou da cozinha, feliz por ter aproveitado a parte boa da noite e deixado o inconveniente do dia seguinte para o irmão.

— Não se preocupe, irmão, eu fiz questão de manter a sua fama intocada. — zombou — acredito que ela disse algo como ― Oh! Yago, você fode tão gostoso, mais Yago, por favor, mais!

— Porra, Alex, você vai me pagar por essa, é uma promessa.

— Não fica todo ofendido, seu maricas. Não era a Ava e sim a filha dela, Erika, uma loira de parar o trânsito, e que pernas… Você pode morrer por aqueles joelhos perfeitos.

― Fetiche escroto, mas não é a tal "deusa‖ Erika" quem está me ligando desde a primeira hora do dia, e sim a Ava.

— Talvez a filha tenha feito propaganda dos seus dotes sexuais e a mãe queira experimentar, você sabe o quanto é irresistível

— Alex zombou e teve que sair rápido da rota de uma porra gordurosa que voou em sua direção. Essa versão do churros espanhol pode te matar e não só pelo excesso de lipídeos.

— Pelo menos valeu a pena?

— Eu posso ter te feito um favor, irmãozinho, e a tal Ava esteja ligando apenas para acertar os detalhes do casamento.

— Nem brinca com isso idiota, e vamos trabalhar que assim você ferra menos a minha vida. — Yago tentou soar irritado, mas não conseguiu por muito tempo e antes de chegar à garagem Alex estava contando os detalhes da noite para o irmão, pois é os homens também fazem isso.

Alex era o cara que colocava os pés no assento da frente, Yago era o cara que reclamava do enchimento da almofada e da temperatura da bebida. Yago se sentava na poltrona do corredor, pois detestava ter que saltar sobre os outros, principalmente se esse outro fosse o irmão.

Yago dormia dois minutos após embarcar, Alex amargava contando cada segundo de voo, mas era ele quem sempre transava no banheiro, enquanto Yago dormia.

Alex sentia falta do jato da empresa, sentia falta do conforto e da privacidade e teria transformado a viagem do irmão num total pesadelo se não fosse pela comissária de bordo extremamente prestativa.

— Lúcia, você está me deixando em uma situação difícil — ele sorriu para a mulher que encheu as mãos em seu membro que já estava desperto desde que ela praticamente esfregou os seios perfeitos em seu rosto.

— Precisa de ajuda com algo? — perguntou apontando para a parte saliente em sua anatomia. — Estou aqui para servir, qual é o seu pedido?

— O que tem no cardápio? — perguntou, e não teve tempo para obter a resposta, pois a mulher já tinha encontrado o que procurava.

Quando pousaram no aeroporto de internacional de Guarulhos, Alex ainda dormia, o que não era comum para ele. Por isso Yago ficou surpreso.

— O que você andou aprontando para apagar assim, tomou algum remédio? Ou foi nocauteado por alguém?

— A segunda opção sempre meu irmão. — respondeu sonolento.

— Está ficando velho irmão, você já não é mais o mesmo. — Yago sorriu da careta que recebeu como resposta do irmão.

— Estou entediado, preciso de algo novo.

— Uma festinha? Faz tempo que não nos divertimos assim.

— Talvez, vamos ver nosso tio.

Os gêmeos embarcaram para Santos algumas horas depois e foram recebidos com festa espanhola por seu tio, o extravagante Capitão Bucanero, uma das coisas que eles mais amavam em Santos era o fato da cidade abraçá-lo com todas as suas excentricidades.

—   Marujos! Bem-vindos a bordo do velho Bucanero‘s! — gritou o tio dando um desajeitado abraço em seus sobrinhos. — esse velho capitão já não é mais o mesmo desde que aquele maldito tubarão arrancou a minha perna.

— E o que aconteceu com a baleia capitão, já mudou de predador novamente?

— Estava escuro, e na noite todo gato é pardo — respondeu dando de ombros arrancando gargalhadas dos sobrinhos.

Capitão Bucanero no auge de seus 60 anos, era um homem simples e divertido, assim como os sobrinhos, o capitão era um solteiro nato, jamais se casou, mas também nunca esteve só.

— Solteiro, sim, sozinho nunca — era seu jargão seu lema de vida, e havia encontrado alguém que pensava como ele.

Sonia era uma brasileira de 54 anos que já havia passado por dois casamentos fracassados e agora estava decidida a ter somente a parte boa dos relacionamentos. Bem sucedida financeiramente, Sonia tinha dois filhos, que abominavam as escolhas da mãe, tanto em relação à vida mundana quanto na escolha do namorado. E isso só a tornava mais divertida.

— Já desmamei os dois, se querem peito para chupar que encontre uma mulher, porque o leite aqui secou — foi a frase que ela disse no último jantar em família que ela foi convidada.

O capitão e ela estavam juntos há mais de 10 anos, e curtiam as mesmas coisas, tinham os mesmos gostos. Os dois eram adeptos aos jogos sexuais, e juntos estavam sempre experimentando coisas novas e ensinando os mais jovens nos clubes e festas temáticas.

Era fácil entender porque os sobrinhos se identificavam tanto com eles.

O Bucanero‘s foi fechado para reforma, todos estavam entusiasmados com as mudanças propostas por Yago, e Alex fez questão se acompanhar passo a passo a obra de ampliação. Conforme o projeto ia ganhando vida, os irmãos se dedicavam mais e mais, era como se fosse o projeto de suas vidas. Embora os dois fossem reconhecidos por darem o mesmo tratamento a qualquer projeto, não se podia negar que o entusiasmo deles era contagiante.

A previsão era que em seis semanas o Bucanero‘s estivesse pronto para a reinauguração. E o Capitão estava eufórico com o que via.

— Minha garota vai tocar na inauguração, vocês vão conhecê-la, tem uma voz de anjo. — o capitão contou a eles durante o jantar.

— Quem é esse anjo de quem você tanto fala tio? — perguntou Yago.

— Uma pequena que veio do interior para estudar música aqui, ela é uma guerreira, toca no Bucanero‘s e dá aulas particulares para se manter.

— É bonita?

— Ah sim! É muito bonita, mas escutem bem, não é mulher para vocês. Nem pensem em olhar para ela, estamos entendidos? — o tom de voz do capitão não aceitava outra resposta a não ser obediência absoluta.

De qualquer forma, nenhum dos dois se interessaria por "virgenzinhas" e garotas de interior.

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