Carlos dormia ao lado de Liz. Ela esperou tantos anos por isso, mas essa tinha que ser a situação? Por que sua felicidade nunca era completa? Quando teve sua filha, ficou sem ele e agora que tinha, estava sem a filha.
Ela parou um minuto para apreciar a beleza do homem que ela amava. Cada traço dele estava gravado em sua memória, como um arquivo que não pode ser corrompido nem pelo pior tipo de vírus. Eles haviam se reencontrado há menos de vinte e quatro horas, mas já era possível ver que o que os unia era realmente amor. Ela acariciou a pele macia de seu rosto, ele se mexeu e abriu os olhos, então sorriu para ela sonolento, seu sorriso iluminou dia dela.
-Oi
-Oi, já acordou?
- Sim, estou muito preocupado, e você? Parece cansada.
- Não consegui dormir, aí aproveitei para ficar te olhando dormir.
- Tem graça me olhar dormir?
- É o que me mantém em pé.
- Liz, você precisa descansar, a nossa jornada não
Alexia olhou em volta, queria encontrar uma forma de fugir dali, abandonar aquele pesadelo. Mas como? Ela não conseguia raciocinar direito.- O que foi? - perguntou Vanessa.- Não é nada.- Como alguém fica assim por nada?- Precisamos sair daqui. Estava pensando nisso.- Eu também quero, mas é impossível.- Nada é impossível. Podemos fazer algo, só preciso descobrir o que.- O que pretende fazer?- Ainda não sei.Vanessa ficou em silêncio e Alexia permanecia olhando em volta. Ela estava elaborando um plano.- Vê aquela janela? Ela não é alta, dá para pular. Podemos sair por lá.- É mesmo? E quanto aos seguranças lá fora?- Tem pontos cegos para eles, lugares onde não podem nos ver. Isso vai nos ajudar. Quando notarem nossa ausê
A primeira a acordar foi Vanessa, seu corpo todo doía, ela estava tonta e trêmula. Notou que não estava no quarto de antes, o cômodo cheirava a mofo e parecia pequeno, não havia camas e o vaso sanitário era no canto esquerdo. Percebeu que estava nua.Ela se levantou e olhou em volta, a procura das outras garotas, todas estavam nuas também. A iluminação era mínima e ela viu apenas silhuetas. Uma delas estava se debatendo..Se aproximou, era Noemi. Ela estava tendo...UM ATAQUE...- Noemi!Noemi, acorda!A garota não parava de se debater e babar.Alexia acordou atordoada.- O que...foi.?-Ela tá...Noemi...- Ai meu Deus! Alguém ajude!Elas começaram a bater na porta. Mas ninguém veio. Noemi se contorcia no chão. Elas podiam ver a babá saindo pelo nariz. Então ela parou. Alexia tocou seu pescoço.- Ele está morta. Com certeza drogaram ela de novo no caminho para cá.Noemi morreu ali, muito provavelmente de overdose e as gar
Alexia entrou no quarto que escolheu para si, era um belo quarto. Havia uma cama King size, com lençóis vermelhos e travesseiros de pena de ganso. O luxo era evidente em cada detalhe. Mas esse glamour todo não era para ela. Ela sabia que não deveria se enganar com isso. O glamour era para os clientes. Ela tinha que atrai-los. Para isso tinha que brilhar, e o ambiente em que estivesse tinha que colaborar para tal. Ela estava prestes a deixar de vez de ser a criança que vivia na Penha com a mãe. Agora ela tinha que se tornar adulta, da forma mais difícil de todas. Ela teria sua inocência roubada.Não que ela fosse tão inocente assim. Ela sabia exatamente o que a esperava. Sua mãe nunca escondeu nada dela, mas ela ainda queria brincar de bonecas. Isso não era mais possível.Ela olhou mais uma vez ao redor. Ao lado da cama, havia um criado mudo com um abajur. Logo a frente, ao lado da janela, com uma bela cortina de renda cor de rosa, havia uma penteadeira, sobre
AlexiaA porta do quarto se abre e o casal adentra o recinto. Alexia não sabia o que fazer, parecia que suas mãos sobravam e não tinha onde colocá-las. Eles não era um casal comum que entra em um quarto para fazer amor. Ali era sexo, apenas isso, cru e visceral. Ela tinha que satisfazê-lo e só. Nada do que havia ouvido a vida toda podia tê-la preparado para aquele momento.- Relaxa menina.- Eu...- Deixa que eu te ensino. Tire a roupa.Alexia obedeceu, deslizou o casaco de peles pelos ombros e foi desfazendo o zíper de seu vestido. Quando ficou apenas de espartilho já ia começar a tirar. O homem tinha outros planos.- Pare.Alexia parou e fitou o homem, ele não era tão mal, tinha um belo rosto, abdômen definido e barba por fazer. Tinha idade para ser o seu pai. Ou seu
Amanda foi a primeira a chegar no salão. Alexia chegou logo depois, acompanhada de Vanessa. Todas tinham os olhos marejados, sabiam que o que mais temiam agora era fato, seus sonhos haviam sido arrancados de maneira radical. Agora eram prostitutas. Elas não falaram sobre suas experiências, queriam esquecê-las. Mas não seria tão simples.Já havia se passado um mês desde que Alexia havia sido levada, Carlos retornou a ligação para o orelhão de onde Alexia ligou e descobriu que era em uma determinada rua de Curitiba. Com a ajuda de Vagner, um antigo companheiro de classe na faculdade, que se desviou para o caminho errado, Carlos havia se afastado, mas por sua filha voltou a procurá-lo, ele no começo não quis saber muito, mas depois que Carlos contou do que se tratava ele conseguiu armas e alguns homens para ele, claro em toca de uma boa quantia em dinheiro. Carlos f
O clima era tão pesado no dormitório de Amanda que chegava a ser palpável, estavam os três se olhando sem saber o que fazer quando de um salto Adriana levantou-se.-Vamos acabar logo com isso, essa agonia está me matando.Raul se aproximou e beijou sua testa.- Sabe exatamente o que vai acontecer entre mim e você?- Moro num bordel, claro que sei. Esqueceu que há um ano sou treinada para isso? Só...estou com um pouco de medo.Amanda olhava com os olhos marejados.Adriana foi até a gaveta do criado mudo. Pegou algo e entregou a Raul.- O que é isso?- Uma venda, não quero te ver nu.Raul não pode deixar de rir.- Não tem graça.-Se você quer assim...Raul virou- a e amarrou a venda nos seus olhos.Amanda somente observava. Raul acariciou os cabelos de Adriana, ele estava tenso
Liz não dormia há dias, esse ano foi o mais difícil de toda a sua vida, nem quando teve que abrir mão de Carlos sofreu tanto. Eles precisavam voltar ao Brasil, não havia pistas de Alexia na Inglaterra e não sabiam se ela ainda estava lá, procurariam por Tailla, ela teria que dizer. Nem que tivesse que matá-la.O vôo estava marcado para dali a três horas. Carlos também precisava ir a empresa, havia um ano que resolvia tudo via Internet, correio e telefone, Luiz estava administrando tudo muito bem, mas ele disse a Carlos que precisava dele lá, nem que fossem alguns dias . Assim como não tinham pistas de Alexia, decidiram que voltariam ao Brasil para encontrar alguma.Enquanto isso, um prédio de luxo, na cidade de São Paulo, Tailla não estava em sua melhor forma.- Como ela está? - Nada bem senhor.- Cure-
Parecia que o calendário não marcava o tempo corretamente, três anos e meio haviam se passado e pareciam trinta anos.Alexia e as outras não haviam desistido de sair dali, Vanessa tivera sorte, há um ano um magnata havia se engraçado por ela e a comprou de madame Sofia. Os boatos eram de que ele pagou um milhão por ela, não se sabia se era verdade.Ela se casou com ele e estava esperando um bebê, elas sempre se viam na cidade mas, por motivos óbvios seu marido não permitia que viesse a casa de Sofia, não se opunha a amizade, mas, achava melhor que ela não fosse ao bordel onde trabalhava antes.Era verão e Alexia usava um belo vestido com estampas florais e alças ombro a ombro. Estava sentada admirando o jardim que já conhecia muito bem .Era seu refúgio naquele inferno. Olhava a fonte que por muit