Em várias culturas, a Deusa da Morte é a mesma do (re)nascimento, ou seja, da Vida. A vida tem seus ciclos e a morte é um deles. Já observaram que o movimento abdominal que o corpo faz durante o pranto é o mesmo feito durante o riso? Que o “frio” sentido na barriga diante de um desafio é o mesmo que ocorre quando estamos apaixonados? Que o nosso corpo pode derramar lágrimas tanto em momentos de alegria quanto nos de tristeza? A terra da qual nascem as sementes é a mesma que sepulta os mortos. Tudo tem os seus dois lados! A vida carrega o poder de vitalizar, e portanto, é ela quem retira a vitalidade também. Se olharmos para a morte como uma das faces da vida, ela será vista sem toda a morbidez que lhe atribuímos. Mas isso, eu só descobri mais tarde. Bem mais tarde...
Na manhã seguinte, a Anciã acordara todas as mulheres de meu grupo antes do sol nascer. Pediu que sentássemos à beira do Rio Sereno e observássemos a Mulher Selvagem que viria tocar seu instrumento junto dos primeiros raios solares. Quando esta se aproximou ao topo da montanha, Dríade nos instruiu a observar cada detalhe daquela mulher e tudo o que sua presença nos transmitia.Olhei para ela e logo, uma refrescante sensação expandiu-se dentro de mim: uma sensação de imensurável liberdade! Eu a via como uma Guerreira das Florestas! No dia seguinte, pouco antes do anoitecer, dirigi-me ao Lago Ametista e Florência havia chegado antes de nossa Líder. Meu coração palpitou mais rápido. Ela tinha uma presença tão marcante e sedutora... Vestia-se de maneira que as curvas de seu corpo pudessem ser admiradas. Sua beleza feminina era livre e isso despertava uma sensação inexplicável em mim, algo que eu ainda não compreendia.– Olá, Mishra! – cumprimentou-me Florência – Hoje serei eu quem te guiará na hipnose, pois Dríade tivera alguns imprevistos, tudo bem? A Bebida Mágica já me embriagava. Dancei até as pernas ficarem enfraquecidas. Sentei no tronco e, logo, Florência sentou-se ao meu lado. Ficamos em silêncio, escutando e observando os músicos. A presença da iniciada era tão forte que me fazia interromper minha própria respiração, sem perceber. De repente, ela comentou próximo ao meu ouvido:– É impressão minha ou aquele moço está cantando meio desafinado?Comecei a rir! Nunca imaginei que ela faria tal comentário.– A noite amanhecera com a queda do sol. Nova lua iluminava o céu na proximidade da reunião. O próximo passo de meu grupo era a vivência do Portal “Castelo de Vidro”, que na realidade, não era exatamente de vidro, como o nome sugeria. Seu interior era revestido por diversos espelhos que decoravam a superfície das paredes internas e o teto. O castelo ficava no topo do desfiladeiro. Havia uma trilha bem estreita que nos levava até lá e era preciso muita coragem, pois ao olharmos para baixo, víamos um abismo ao lado de nossos pés. O Portão Capítulo 7: O Beijo Secreto
Capítulo 8: Desejo Flamejante
Capítulo 9: O Poder da Intuição e o Castelo de Vidro
Um pouco antes de uma das vivências, Florência me procurou com um semblante aflito para falar algo importante e secreto.– Mishra, a Mestra descobriu que as garotas foram para a Aldeia do Falo na noite da festa iniciática! Ela está chamando toda a Tribo da Floresta para uma reunião no Círculo de Pedra!– Puxa vida! Que bom que não fomos com elas! Coitadas... Será que o castigo será rigoroso?– Você não está entendendo: o Encontro com o Deus Selvagem será aman
Com a chegada de minha primeira iniciação, outra festa foi realizada. O Ritual foi espetacular! Estar nua na floresta e ser abençoada pelos seres da natureza trouxe-me a sensação de grandioso poder! Desta vez eu não tive medo: trilhei o caminho das Guardiãs, uma trilha escura e estreita na mata fechada. Durante a caminhada, eu estive só. As demais iniciadas da Tribo me aguardavam na Pedra da Lua. Era assim chamada por ser tão alta que parecia chegar até a lua, além de estar situada no ângulo que a aproximava mais ao Poder Lunar. Antes de lá chegar, uma sensação misteriosa me preenchia: eu sentia que as árvores me observavam! Sempre tinha a impressão de que elas possuíam uma face em seus troncos; Face de Anciã! O mais impressionante foi ter me sentido acolhida por
Florência não queria a aceitação dos Deuses, sua ira a cegava! A perda de seus poderes a limitava aos cinco sentidos dos mortais e isso, para uma deusa, era a mais terrível maldição! Os frutos dourados de sua beleza apodreceram no lago de sua essência sombria, transformados em pântano estagnado. Antes conhecida como Poetiza da Linguagem das Flores, Guardiã dos Oceanos, Discípula da Lua, agora se encontrava na ausência de todos os poderes que contornavam sua beleza.Para sua sorte, a Coruja foi automaticamente transformada em um Espelho Mágico ao cair no mundo dos mortais junto à
A primeira Magia na Jornada Iniciática da deusa era atravessar o Portal do Casulo. Na caminhada dentro do Portal, Florência foi magnetizada por uma borboleta da cor violeta que passara por seu caminho. A deusa seguiu diante até notar que estava envolvida por dezenas de borboletas coloridas, voando todas na mesma direção. Distraída e maravilhada, de repente, percebeu estar em uma passagem escura e não encontrava uma saída. Começara a tatear pelos arbustos, mas estes já não eram mais os mesmos. Os muros eram como uma parede flexível e gosmenta que ficava cada vez mais estreita, pressionando e prendendo o corpo de Florência. Subitamente, algo puxou seu pé e a colocou pendurada de cabeça para baixo. Florência se contorcia na tentativa de romper aquela estranha prisão