A porta se abriu, e, ao ver quem entrava, o sorriso no meu rosto desapareceu num instante, dando lugar a uma expressão de rejeição. Era o Davi!Olhei para Bela, claramente irritada:— Por que você o chamou? Pra estragar a festa?Bela deu de ombros, com um sorrisinho provocador:— Chamei só pra ele ver como você está ótima agora, aproveitando a vida!Ela se levantou e foi até Davi, ignorando completamente o semblante fechado dele. Com a voz cheia de sarcasmo, disparou:— Sr. Davi, está vendo? A Kiara está com tudo! Voltar com você? Esquece. Então, por favor, supere e pare de persegui-la!Eu fiquei satisfeita com a provocação. Bela tinha razão, essa advertência era mais do que necessária.O rosto de Davi ficou ainda mais sombrio, e ele me encarou com aqueles olhos frios e severos. Sua voz cortante ecoou pelo ambiente:— Kiara, é assim que você se rebaixa? É isso que você acha que merece?Deixei escapar uma risada e, com um olhar desfocado, levantei a mão para apontar a coroa na minha cab
No final, fiquei sozinha para voltar para casa. Olhei para Amélia, meio sem jeito, e sorri:— Amélia, mais tarde eu chamo um carro, pode deixar.— Tudo bem...— E você? Tá tão tarde... Você sozinha... não, isso é perigoso. — Eu mal conseguia abrir os olhos de tão bêbada, mas ainda lembrei de me preocupar com ela.— Meu irmão vem me buscar, não se preocupe comigo. — Respondeu Amélia, tranquilizando-me.— Ah, que bom... — Murmurei, enquanto meus olhos se fechavam e eu desabava no sofá. Vagamente, percebi que as pessoas começaram a ir embora, uma por uma.Bela, depois de vomitar, aparentemente tinha adormecido no banheiro. Foi sua cunhada quem apareceu no camarote para encontrá-la. Com a ajuda de um garçom, a retiraram de lá praticamente carregada.Não sei quanto tempo dormi, mas senti alguém me sacudindo pelo ombro.— Kiara, meu irmão chegou. Eu também vou embora. Quer ir comigo? — Amélia me chamou, tentando me acordar.Abri os olhos por alguns segundos, mas minha cabeça parecia ainda ma
Eu inclinei a cabeça, olhei para ele e dei um sorriso bobo:— Ele se chama Jean. E aí? O nome não é super elegante? Aposto que você nunca ouviu falar dele... Ele é muito misterioso... e discreto.— Que coincidência. Eu conheço. — O homem riu de leve e, em seguida, levantou-se, segurando meu braço. — Vamos, vou te levar para casa.— Você vai me levar? Quem é você? Por que vai me levar? Foi a Bela... que te mandou aqui? Ela contratou tantos modelos hoje... Quanto ela pagou pra vocês? Mas você... chegou tarde... A festa já acabou...— Não, não fui contratado por ela.— Então você é quem...?Antes que eu conseguisse terminar a pergunta, o celular dele começou a tocar. Ele segurava meu braço com uma mão enquanto atendia o telefone com a outra.— Você bebeu ou não? Tem certeza de que não bebeu? Com quem você foi? Certo, já sei... Sim. Sim... Já estou com ela.Eu ouvia pedaços da conversa, mas minha mente já estava tão embaralhada que não conseguia juntar as peças para entender o que estava a
Na névoa dos meus pensamentos confusos, senti como se estivesse revivendo um sonho que já tinha tido antes.Sonhei certa vez que beijava Jean... E agora, nos braços de um homem que era assustadoramente parecido com ele, meu coração disparava. Engoli em seco, estiquei lentamente o pescoço e me aproximei. Meus lábios tocaram seu queixo. A sensação das cerdas da barba era curiosamente divertida.Quis continuar, subir mais e beijar sua boca, mas ele recuou o rosto, como se estivesse desconfortável.— Está com vergonha? Isso não é o que vocês fazem no trabalho? — Brinquei, deixando escapar um riso fraco enquanto balbuciava. — Fica tranquilo... Eu não sou qualquer uma... Eu e meu ex-marido ficamos juntos por seis anos... E, acredita? Nunca rolou nada íntimo entre nós... Os homens deste mundo... nenhum presta. Nenhum vale o meu sacrifício. Só estou te provocando...Depois dessas palavras desconexas, empurrei-o de leve e me encostei na porta do carro, voltando a dormir. Não sei quanto tempo se
— Por que você está se aproximando de mim? Qual é a sua intenção? Você quer... arrancar meu coração? Tirar meus órgãos? Ou talvez... sugar todo o meu sangue?Minha visão estava turva, e eu mal conseguia focar no rosto dele. Mesmo assim, percebi que a expressão de Jean congelou. Ele ficou paralisado, entre surpreso e sem saber se ria ou chorava. Depois de um momento de silêncio, perguntou, com um tom incrédulo:— Eu não sou açougueiro. Por que eu arrancaria seu coração, tiraria seus órgãos ou sugaria seu sangue?— Isso você que tem que responder... Eu... eu não sei! Mas tem algo errado com você. E com sua mãe também... Vocês são estranhos, sendo bons comigo sem motivo. É assustador. — Balancei a cabeça, agitando a mão no ar, enquanto balbuciava. — Muito assustador...Jean suspirou, intrigado:— Então você acha que somos bons com você porque queremos roubar seus órgãos? Que medo absurdo é esse que te fez começar a me evitar?Encostei-me no sofá, fraca, e murmurei:— Não... não é só isso.
Vomitei como se o mundo estivesse desabando. Depois de colocar tudo para fora, fiquei completamente exausta, como uma lagarta sem forças, desabando no sono profundo... O que aconteceu depois, eu não fazia ideia. Só me lembrava vagamente de ter vomitado mais duas vezes.Quanto ao homem que cuidou de mim, nem percebi quando ele foi embora. Eu, que havia passado tantas noites sem dormir direito, mesmo com remédios para dormir, naquela noite, embalada pelo álcool, apaguei como uma pedra.Foi só no dia seguinte, já com o sol bem alto, que acordei de forma nada glamourosa: caí do sofá ao me virar. O tombo me tirou do sono pesado, e eu acordei atordoada, sentada no chão, olhando ao redor completamente confusa. Minha mente parecia estar vazia, como se tivesse evaporado.Tentei me lembrar da noite anterior. A única coisa que vinha à cabeça era que Bela tinha organizado uma festa de aniversário para mim, chamando um monte de modelos para animar a noite. Todo mundo se divertiu muito, e acabamos b
Eu simplesmente não conseguia acreditar. Mas aquela caligrafia... era inconfundível. Na última vez que nos encontramos para negociar o empréstimo de trezentos milhões, a assinatura dele era exatamente assim!Meu Deus... A quantidade de perguntas se acumulava na minha cabeça como um turbilhão. Como Jean me encontrou? Por que ele me trouxe de volta para casa? Quando foi que ele foi embora? E aquelas memórias fragmentadas que eu tinha... abraços, carinhos, até mesmo um beijo... eram um sonho ou realmente aconteceram?E o mais surpreendente de tudo: alguém como ele, com tanto poder e prestígio, realmente entrou na minha pequena e apertada cozinha de um apartamento alugado para preparar meu café da manhã?A confusão na minha mente era tanta que parecia que ela ia explodir. Nem me lembrei de beber água. Virei-me e corri para a cozinha. E lá estavam: pães assados no forno, café mantido quentinho, pedaços cortados de salmão defumado e abacate, e até ovos fritos perfeitamente cozidos.Suspirei,
“Mas se ele não quer nada em troca, por que ele está sendo tão bom comigo? Será possível que, em meio a tanta gente nesse mundo, ele tenha ignorado todas as mulheres perfeitas e, justamente, se apaixonado por mim, uma herdeira sem prestígio, de uma família pequena e irrelevante?”Pura fantasia.Senti vergonha de mim mesma por ter esses pensamentos absurdos. E, claro, havia o tal Patek Philippe… Eu nem sabia o que fazer com ele.Sem coragem de ligar para ele, a única coisa que eu podia fazer era esperar que ele me procurasse primeiro. Afinal, um relógio de mais de um milhão de reais não é algo que se deixa simplesmente de lado, certo? Mas esperei o dia inteiro, até o anoitecer, e nada. Jean não me ligou.Na segunda-feira, chegou o meu verdadeiro aniversário. A festa de ontem foi apenas uma comemoração adiantada que a Bela organizou para mim.À tarde, o Carlos me ligou. Assim que atendi, veio a bronca, sem rodeios:— Você acha que pode brincar com a cara de todo mundo? Faltou à reunião c