— Sim. Você está tão desconfortável aqui que é melhor irmos. — Disse Jean.— Mas... não devíamos nos despedir de Mestre Auth? — Perguntei, hesitante.— Não precisa. Ele com certeza está jogando golfe com Mestre Serra.Se era assim, não havia motivo para incomodá-lo.Jean me levou até o carro, e eu estava prestes a perguntar para onde iríamos quando meu celular tocou novamente. Era Lucas, outra vez.Depois de atender a ligação, desliguei com uma expressão um pouco frustrada e me virei para Jean.— E agora? Tenho que voltar para o escritório. Preciso resolver algumas coisas antes de viajar para Milão.Ele franziu levemente as sobrancelhas, e o traço firme e marcante de seu rosto parecia carregar um toque de hesitação.— Eu vou com você, ok? — Disse ele.Fiquei surpresa:— Você está tão livre assim hoje?— Trabalho sempre tem, se você quiser. Nunca acaba. Mas você vai viajar amanhã à noite e nem vai voltar para o Ano Novo. — Ele respondeu, lançando-me um olhar rápido. Seus olhos profundos
Comparado à franqueza direta de Mestre Auth, a atitude ambígua de Sra. Auth me deixava ainda mais desanimada. Afinal, nas vezes anteriores em que fui ao Condomínio Florensa como designer, ela sempre foi tão calorosa e atenciosa comigo. Porém, hoje, como namorada de Jean, percebi uma diferença. Apesar de ainda ser educada e convidar Lotus para preparar o almoço demonstrando uma certa consideração, havia uma barreira invisível. Era como se, ao me ver nesse novo papel, ela não soubesse como agir ou, talvez, simplesmente não me visse como alguém realmente adequada para o filho. Por isso, era impensável permitir que Jean me acompanhasse para o exterior, especialmente em um momento tão delicado. — Estou falando sério. Fique em casa e me espere. Assim que eu terminar o trabalho, volto o mais rápido possível. — Reforcei, tentando ser firme. Ele inclinou a cabeça, os olhos fixos em mim, e disse: — Mesmo que você volte rápido, ainda vai demorar uns dez dias ou talvez duas semanas, não
Lucas estava prestes a sair quando Jean, de repente, falou:— Sr. Lucas, por favor, espere um momento.Fiquei surpresa e olhei para ele, pensando:"O que esse cara está planejando agora?"— Já está tarde, que tal jantarmos juntos? Eu pago. Da última vez, o senhor ajudou Kiara com o carro, e ainda não tive a oportunidade de agradecer. — Jean disse com uma elegância impecável, educado e persuasivo, tornando sua proposta difícil de recusar.Por dentro, eu estava gritando de frustração! Ele estava mesmo falando sério sobre aquela conversa no restaurante mexicano? Achei que fosse só uma frase casual, dita por educação, daquelas que ninguém leva a sério.Lucas pareceu surpreso por um momento, claramente não esperando o convite. Depois, respondeu:— Foi só um pequeno favor.— Mesmo assim, o Sr. Lucas precisa jantar, não é? Então, vamos juntos. — Jean insistiu com um sorriso educado, mas firme. — Claro, se o senhor já tiver um compromisso, eu entenderia perfeitamente.Lucas olhou para mim, hes
Depois de eu tentar desviar o assunto duas vezes, Bela finalmente percebeu:— O Sr. Jean está aí com você, não é? Não dá para falar livremente?— Exato. — Respondi.— Entendi. Então aproveite o jantar. Quando estiver mais tranquila, conversamos.— Certo. — Mas, antes de encerrar a ligação, lembrei-me da viagem do dia seguinte. — Ah, vai ter que esperar um pouco mais. Amanhã vou para Milão.Bela ficou surpresa, claramente esquecendo-se do meu cronograma em meio à sua própria correria.— É verdade, você sempre passa a Epifania fora do país. Isso não é fácil. Agora que tem um namorado, no próximo ano, você devia evitar tanta correria.Soltei uma risada, mas com um tom mais reflexivo:— No próximo ano... veremos.Quem sabe se este namorado ainda estará por perto no próximo ano?Após desligar, aproveitei para checar algumas mensagens no Line. Havia algumas relacionadas ao trabalho, então respondi rapidamente.Enquanto isso, Jean, dirigindo, quebrou o silêncio com sua voz baixa e tranquila:
Olhei para ele e, sinceramente... Esse cara era inacreditável! Peguei um bolinho de batata frita com o pegador, levantei e coloquei no prato de Lucas.— Obrigado, Srta. Kiara. — Lucas agradeceu imediatamente, visivelmente desconfortável, antes de responder ao comentário de Jean. — Pode ficar tranquilo, Sr. Jean. Nós, colegas, sempre cuidamos uns dos outros.— Não se preocupe. Eu não sou uma criança de três anos. Sei cuidar de mim mesma. — Disse, tentando tranquilizar Jean.Se havia algo em que eu era especialista, era em me virar sozinha. Já tinha aprendido há muito tempo.Jean, no entanto, não estava verdadeiramente preocupado. Ele convidou Lucas para o jantar e fez aqueles comentários apenas para, de maneira discreta ou nem tanto, deixar claro que eu era "a mulher de Jean". Era um recado direto para que Lucas guardasse suas intenções para si.Com o ciúme que Jean tinha, se Lucas decidisse realmente me "cuidar", Jean provavelmente ficaria furioso e arranjaria um jeito de acabar com el
— Ah, tudo bem. — Respondi.Eu entendi o que ele queria. Jean percebeu que eu estava tensa e, propositalmente, me deu um momento sozinha para que eu pudesse me adaptar e me acalmar.Assim que ele entrou no elevador, respirei fundo várias vezes, tentando me forçar a relaxar."Kiara, pare de pensar demais. Ele disse que não vai te forçar a nada, que respeita o seu tempo. Não vai acontecer nada hoje à noite."Havia muitos quartos naquela casa. Ele certamente não esperava que dormíssemos na mesma cama. Eu precisava me acalmar, agir de forma natural, então ajustei meu comportamento antes de subir.Assim que saí do elevador, vi Jean saindo de um dos quartos.— Você subiu? Esse será o seu quarto hoje. Já está tudo arrumado, e deixei roupas limpas na cama para você.Fiquei surpresa.— Roupas limpas?— Sim... — Ele sorriu, com aquele leve sorriso no canto dos lábios, e deu alguns passos em minha direção. — Depois da última vez que você veio aqui, eu preparei algumas coisas. Pensei que, se você
— Não, não precisa... — Respondi apressadamente. Ainda estava enrolada na toalha, sem roupa alguma por baixo. Como eu poderia pedir ajuda a ele?Se ele chegasse perto agora, era bem capaz de perder o controle e me levar para a cama.Jean pareceu rir, pois sua voz, quando falou, estava carregada de leveza e bom humor:— Tudo bem, então se arrume tranquila. Eu estarei na sala de vidro no terraço do segundo andar.— Ah, entendi.Na última vez que estive aqui, ele havia me mostrado toda a casa, então eu sabia onde ficava a sala de vidro. Era uma área de descanso, com paredes e teto feitos de vidro à prova de impacto. Em noites limpas como esta, era um lugar perfeito para observar o céu estrelado.Coloquei as roupas que ele havia preparado para mim: um conjunto de moletom cinza, confortável e com o tamanho perfeito. Até mesmo as peças íntimas estavam impecavelmente ajustadas.O cheiro suave de amaciante indicava que as roupas tinham sido lavadas antes. Fiquei imaginando o que ele pensou ao
— Você também sabe fazer café? — Olhei para ele, elogiando com um sorriso.Ele sorriu de volta:— Acabei de aprender, vendo um vídeo na internet.Não consegui segurar uma risada ainda mais animada.— Mestre Jean, sempre tão incrível. Parece que tudo o que você faz dá certo.— Agradeço o elogio, Srta. Kiara. — Ele respondeu, entrando na brincadeira.Ficamos assim, trocando provocações leves. A cada gole de café, revezávamos a xícara entre nós, até que o café acabou.Jean colocou a xícara de volta na mesinha, mas, em vez de soltar minha cintura, continuou me segurando com firmeza.— Kiara, preciso falar algo sério com você.— Claro, pode falar. — Respondi, olhando diretamente para ele, com um brilho de amor nos olhos que não fazia questão de esconder.Estar tão próxima dele, observando cada detalhe de seu rosto impecavelmente bonito, fazia parecer que o desejo de beijá-lo era inevitável.— Você vai para Milão, certo? Quero enviar um segurança para te acompanhar. O que acha? — Ele falou e