— Srta. Kiara, o que você prefere beber? Café, café ou talvez um suco de frutas? — Lucas colocou os documentos sobre a mesa e, ao se virar para o balcão, lançou a pergunta com um sorriso leve.— Café, por favor.— Certo.Enquanto ele se ocupava no balcão, aproveitei para massagear minha testa. Sentia que um pequeno galo estava começando a se formar. Suspirei, frustrada, e puxei a franja para cobrir o local.Lucas voltou com duas xícaras de café e as colocou na mesa:— Este café é feito com grãos que um amigo meu da Austrália enviou. Experimente e me diga o que achou.— Obrigada.Peguei a xícara e tomei um gole. Ainda estava tentando identificar o sabor quando ele, de repente, perguntou:— Srta. Kiara, o que aconteceu com sua testa? Parece que está inchada.Imediatamente, fiquei sem graça. Engoli o café rapidamente e mexi no cabelo para disfarçar:— Ah… Não foi nada. Só bati sem querer.— Você deveria aplicar gelo para evitar que inche.Antes mesmo de terminar a frase, ele já tinha se l
Preocupar-se genuinamente com alguém significa estar atento a todos os detalhes da vida dessa pessoa, até mesmo às suas pequenas dores e incômodos. Afinal, nesta vida, quantas grandes doenças ou provações realmente enfrentamos?O verdadeiro cuidado e afeto não estão nas grandes declarações ou gestos grandiosos, mas sim nas pequenas atitudes do dia a dia, nos detalhes aparentemente banais.Pensando nisso, me arrependi ainda mais pelas palavras que disse a Jean. Senti que tinha sido ingrata e decidi que, mais tarde, precisaria pedir desculpas a ele.— Srta. Kiara? Srta. Kiara?Lucas chamou meu nome algumas vezes antes de eu sair do meu devaneio. Pisquei rapidamente, voltando à realidade, e respondi apressada:— Ah? O que você disse?Ele me olhou com uma expressão ligeiramente intrigada.— Está tudo bem? Se hoje não for um bom momento, podemos deixar essa conversa para segunda-feira.— Não, está tudo bem. Hoje eu tenho tempo. — Respirei fundo, tentando me recompor, e me ajeitei na cadeira
O jantar já estava quase terminando quando alguém passou ao meu lado e, de repente, me cumprimentou:— Srta. Kiara, que coincidência!Ao ouvir minha menção, levantei a cabeça e, ao vê-lo, fiquei surpresa por um instante. Mas logo reconheci quem era: Pablo, amigo de Jean e o herdeiro da família Braga.Que encontro inusitado.— Boa noite, Sr. Pablo. — Levantei-me e o cumprimentei educadamente.Pablo assentiu com um leve sorriso:— Boa noite.Em seguida, ele desviou o olhar em direção à pessoa sentada à minha frente. Foi então que percebi a situação e, rapidamente, fiz as apresentações:— Este é Lucas, o novo gerente geral da minha empresa. Sr. Lucas, este é Pablo, herdeiro do Grupo Braga e uma figura de destaque em Saurimo. Quem sabe vocês possam colaborar no futuro.Antes mesmo que eu terminasse a frase, Lucas se levantou, estendendo a mão com respeito:— É um prazer conhecê-lo, Sr. Pablo.— O prazer é meu, Sr. Lucas.Depois de um breve aperto de mãos, os olhos de Pablo voltaram para mi
— Alô, Kiara... A voz baixa e suave de Jean soou do outro lado da linha, com um tom tão acolhedor que parecia aquelas locuções claras e tranquilas da época de escola, capazes de aquecer o coração e afastar qualquer frio.Eu segurava o celular, mas minha mente deu um branco completo. Quando tentei falar, as palavras simplesmente travaram, e tudo o que consegui dizer foi:— Então... você já comeu?Do outro lado, ouvi um riso contido:— Já comi. E você?— Eu? — A pergunta dele me pegou de surpresa e, de repente, minha mente voltou ao normal. — Você não sabe se eu comi ou não?— Como assim? Eu deveria saber? — Jean perguntou, visivelmente confuso.Eu fiquei paralisada por um momento até perceber a verdade: O Pablo não tinha ligado para ele! Meu plano mental estava todo errado.Coloquei a mão na testa, suspirei e soltei um gemido de frustração:— Eu pensei demais... Fui vítima de uma armadilha do Mestre Pablo.— Que armadilha? — Jean parecia ainda mais perdido. — O que o Pablo tem a ver co
Compatibilidade de ideias.Aquela frase soava estranha, como se ele estivesse com ciúmes. Percebi que havia algo diferente no tom, mas, por sorte, estávamos conversando pelo celular, o que me permitia esconder minha expressão.Depois de alguns segundos de silêncio desconfortável, eu pigarreei e tentei mudar de assunto:— Então… já está tarde. Eu preciso dirigir de volta para casa. Não esqueça de agradecer ao Mestre Pablo por mim.Assim que terminei de falar, me preparei para encerrar a chamada. No entanto, Jean me interrompeu:— Kiara.Meu corpo ficou tenso, e levei o celular de volta ao ouvido:— Sim?— Você acabou de elogiar outro homem na minha frente. Eu fico com ciúmes, sabia? Não se esqueça de que fui eu quem deixou claro os meus sentimentos primeiro. Quero que você seja justa, imparcial... e equilibrada. Caso contrário…A voz baixa e envolvente de Jean, com aquele tom calmo e hipnotizante, parecia ter um poder quase mágico. Ela invadia meus ouvidos e seguia direto para o coração
— Que nada. — Fiquei surpresa com a pergunta e, por reflexo, neguei imediatamente.Mas Bela me conhecia há muitos anos. Assim que viu minha reação, começou a rir de forma ainda mais maliciosa.— Fala a verdade... Você tá vivendo um segundo romance depois do divórcio com o Davi, né?Mordi os lábios, sem responder, mas senti meu rosto começar a esquentar. Não sabia se era por causa do calor da lareira ou pela vergonha que estava sentindo.— Ah, vai, conta logo! — Bela insistiu, se inclinando para mais perto. — Aqui somos só nós duas, ninguém mais. É com o Sr. Jean, não é? Eu já vi vocês juntos algumas vezes. Sempre achei que ele te olhava de um jeito diferente. Vocês devem estar rolando alguma coisa.Bela era terrivelmente curiosa. Cheguei a vir até o camping, enfrentando a neve, justamente porque precisava desabafar. Meu coração estava uma bagunça, cheio de sentimentos confusos e sufocantes que eu não conseguia mais conter.Com toda a insistência dela, não demorei a ceder. Ainda nem tin
— E aí? Você recusou, e qual foi a reação dele? Deve ter ficado super sem graça, né?Eu balancei a cabeça e resolvi contar o que aconteceu com mais detalhes:— Foi assim... Hoje, na hora do almoço, eu estava no Condomínio Florensa comendo. Ah, e adivinha só? A Lotus, sua chef, foi até lá preparar a comida.Bela arregalou os olhos, surpresa:— Ele já faz tudo isso por você, e mesmo assim você recusou o cara?Eu ignorei o comentário e continuei:— Durante o almoço, a dona Auth também deu umas indiretas sobre o assunto. Na hora, fui bem clara: disse que, por enquanto, não estou pensando em me envolver com ninguém, muito menos casar. Só quero focar no trabalho.Bela concordou, compreensiva:— É, faz sentido. Você acabou de sair de um casamento. Não pegaria bem começar um relacionamento agora. As pessoas poderiam até pensar que você já tinha outro homem na jogada.Eu sorri de leve, porque Bela sempre me entendia. Era bom ter alguém que realmente me compreendesse.— Pois é! Foi exatamente o
Com a celebração do aniversário da escola se aproximando, eu havia levado no dia anterior todas as roupas que as modelos usariam durante o desfile. Depois, dirigi até o aeroporto para buscar minha colega de faculdade, Nina. O que eu não esperava era encontrar Jean por lá!Quando o vi saindo elegantemente pelo portão de desembarque, impecável como sempre, meu olhar ficou preso nele. Algumas jovens que estavam por perto também não conseguiram disfarçar, lançando olhares cheios de admiração. Eu mesma não conseguia parar de olhar.Cheguei até a piscar algumas vezes, achando que minha visão estava me pregando uma peça. Mas não estava. Jean também me viu. No início, ele parecia surpreso, mas logo seu semblante sério e imponente suavizou, como uma brisa de primavera.Leonardo, que vinha logo atrás empurrando uma mala, foi o primeiro a falar quando se aproximaram:— Srta. Kiara, que coincidência! A senhora veio ao aeroporto sabendo que o Sr. Jean estava voltando de viagem? Veio buscá-lo?Minha