Bela ficou surpresa:— Não acredito! Como ele mudou de atitude assim, do nada?— Eu também não sei. Agora ele parece estar completamente fora de si, impossível entender o que ele está pensando. Ele chegou ao ponto de dizer que vai ajudar o Carlos. E o pior? Disse que é por mim, que está fazendo isso porque tem medo que eu me arrependa no futuro, como se quisesse pagar pelos meus pecados. — Respondi.— O quê? — Bela ficou boquiaberta. — Ele está com o quê? Problemas mentais?Eu ri, sem saber como responder. Era algo realmente difícil de explicar.Depois de encerrar a conversa com Bela, fiquei com a cabeça ocupada, pensando no centenário da universidade. Eu queria saber se Jean tinha recebido o convite, mas não me sentia à vontade para ligar e perguntar. Afinal, eu mesma ainda não tinha recebido nada.Porém, como se ele tivesse lido meus pensamentos, meu celular tocou. Quando olhei o visor, era Jean.Eu não consegui segurar um sorriso. A sintonia entre nós era algo que me fazia sentir um
— Ainda não está confirmado. Mas eu acabei de ir ao hospital e levei o acordo de divórcio. Acho que ele teve um momento de consciência e assinou tudo sem hesitar. Agora é só esperar ele sair do hospital para cuidarmos dos trâmites.Enquanto eu falava, minha voz transparecia uma alegria leve, como se já tivesse um pé fora do cárcere do casamento.— Que bom, parabéns! Finalmente está prestes a se livrar desse pesadelo.— Obrigada. — Agradeci. Então, ouvi vozes do outro lado da linha, provavelmente colegas de trabalho dele. Percebendo que ele estava ocupado, me apressei em dizer. — Continue com o que está fazendo. Estou dirigindo agora, depois a gente conversa.— Certo. Dirija com cuidado.Desliguei a ligação e, logo em seguida, já estava chegando na empresa. Assim que estacionei o carro, um pensamento estranho me atravessou. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas parecia que Jean estava muito interessado em saber quando eu finalmente me divorciaria.E o fato de eu “relatar” o progress
Somente quando contratei um gerente profissional que me agradou para assumir completamente a gestão da minha empresa de moda, consegui respirar um pouco aliviada.Mas, antes que eu pudesse relaxar, um novo problema bateu à porta.Logo de manhã, enquanto eu estava ocupada no meu estúdio particular no andar superior da empresa, Tatiana apareceu para me atualizar:— Kiara, a Isabela está aqui de novo. Ela insiste em falar com você.Eu saí de trás de um manequim, já sentindo que coisa boa não era:— Isabela?— Sim, e já chegou com um jeito nada amistoso. O Sr. Lucas está tentando atender ela, disse que você não está na empresa hoje, mas ela não quer ir embora de jeito nenhum. O que faço? Chamo a segurança para tirar ela ou você quer descer para falar com ela?O “Sr. Lucas” ao qual Tatiana se referia era Lucas Oliveira, o novo gerente profissional que eu havia contratado. Um homem com anos de experiência no mercado de moda internacional e uma reputação impecável.Eu já tinha uma boa ideia d
Eu me aproximei e me sentei, cruzando as pernas com tranquilidade. Levantei a mão e fiz um gesto de calma:— Não precisa se exaltar. Sente-se e vamos conversar com calma.Isabela me lançou um olhar furioso, com o rosto rígido, claramente sem nenhuma vontade de “conversar com calma”. Mas, como parecia estar precisando de algo, ela respirou fundo e acabou cedendo, sentando-se novamente.Tatiana trouxe para mim uma xícara de chocolate quente. Ao colocá-la sobre a mesa, sussurrou:— Eu fico por aqui, caso você precise.Tatiana provavelmente estava preocupada que Isabela pudesse partir para a agressão física. A ideia dela era me dar algum suporte moral e, se necessário, intervir.— Então, diga logo. O que você quer comigo? — Perguntei, dando um gole no chocolate quente e mantendo um tom indiferente.Na frente de Isabela, havia uma xícara de café já pela metade. Ela se ajeitou na cadeira, segurando a xícara com ambas as mãos para esquentá-las. Seu rosto mostrava um misto de constrangimento e
— Kiara... Você... você é desprezível! Você é cruel, fria como uma cobra! Sua mente é cheia de veneno! — Isabela ficou em silêncio por um longo tempo, procurando brechas nas minhas palavras. Quando não encontrou nenhuma, acabou explodindo, tremendo de raiva, com a voz trêmula de ódio.Eu apenas mantive um sorriso tranquilo, impassível. Era incrível como, mesmo depois de tudo o que fizeram comigo as humilhações, acusações e até armações, eles sempre se colocavam como vítimas. E, pior, depois que eu conseguia reverter a situação, ainda tinham a coragem de me atacar, como se o mal fosse meu. Era inacreditável o nível de hipocrisia e desfaçatez.Peguei minha xícara de chocolate quente, planejando dar mais um gole antes de sair. Porém, pelo canto do olho, percebi um movimento brusco de Isabela. Ela estendeu a mão em direção à sua xícara de café.Tudo aconteceu em questão de segundos. Ao ver que ela estava prestes a me jogar o café, meu corpo reagiu antes mesmo de eu pensar. Num reflexo, eu
Eu achava que, depois de Isabela passar vergonha na minha frente, o assunto estava encerrado. Mas não. Ela não aceitou o golpe e resolveu trazer reforços.No dia seguinte, um sábado, eu já tinha combinado um encontro com Bela e Amélia no restaurante Bom Sabor. Bela tinha insistido em nos convidar.Passei o dia trabalhando no estúdio e, ao fim da tarde, fui direto para o restaurante. Assim que cheguei e as vi, mal cumprimentei as duas, meu celular começou a tocar.Olhei para a tela: era tia Camila.— Bela, Amélia, conversem aí. Eu preciso atender.— Você não para um segundo, hein? — Bela comentou com um tom de brincadeira.Eu sorri, um pouco sem graça, e saí do reservado para atender a ligação:— Alô, tia Camila, tudo bem? Aconteceu alguma coisa?Do outro lado da linha, tia Camila respondeu com uma voz mansa e simpática:— Kiara, como você está? Tudo bem por aí?Assim que ouvi aquele tom, já percebi que vinha coisa. Sorri levemente e fui direta:— Tia Camila, estou no meio de um comprom
Assim que terminei de falar, houve um instante de silêncio do outro lado da linha. Logo em seguida, ouvi a voz de tia Camila, cheia de empolgação e esperança:— Kiara, você está falando sério?— Claro que estou. Ficar com essas ações só me traz dor de cabeça. Todo mundo vem me importunar. Melhor vender logo, garantir o dinheiro no bolso e me livrar disso.Usei um tom levemente sarcástico, mas tia Camila ignorou completamente a provocação. Ela riu e foi direto ao ponto:— E por quanto você venderia para mim?Pensei por um momento antes de responder:— Eu já fiz as contas… Todas as minhas ações valem cerca de oitenta milhões. Mas, como você é da família, faço por sessenta milhões.— Sessenta milhões? Isso é muito dinheiro! Eu não tenho como levantar tudo isso de uma vez. Não dá para diminuir um pouco? Somos da mesma família, afinal… — Tia Camila começou a tentar barganhar, aproveitando-se da relação familiar.Eu, no entanto, conhecia bem as finanças da família. Eles tinham condições de c
— Ah, eu não posso beber, mas vocês duas podem. — Amélia disse com um sorriso.— Como assim? Não tem graça se não forem as três juntas! — Eu estava de bom humor e não resisti a insistir. — Bebe só um pouquinho, não vai ter problema.— De jeito nenhum! Só se você pedir autorização ao meu irmão. — Amélia fez um biquinho e jogou a responsabilidade para cima de mim.Eu fiquei surpresa:— Eu? Falar com o seu irmão? Não seria melhor você mesma ligar e resolver isso?— Nem pensar! Se eu pedir, ele vai dizer não. — Amélia empurrou meu braço, fazendo um gesto manhoso. — Kiara, eu também quero beber um pouquinho... Vai, fala com ele por mim!— Isso... — Eu fiquei visivelmente desconfortável.Mas Bela, é claro, decidiu se juntar ao time de Amélia:— Liga para o Sr. Jean, fala que estamos no Bom Sabor. Não tem problema nenhum! Assim que terminarmos o jantar, eu mando alguém levar Amélia em casa com toda a segurança.Eu olhei para as duas com um rosto cheio de preocupação, mas Amélia já tinha pegad