Minha cabeça dói, meus olhos marejam de sono e meu pau se encontra dolorido dentro das calças — implorando por uma punheta.
Ainda estou terminando de corrigir algumas provas da semana passada. No relógio alerta ser 9 da noite, provavelmente o internato se encontra vazio por conta do feriado de Halloween. E, os poucos alunos que restam, com certeza estão dormindo.
Ergo os olhos, após terminar de corrigir a última prova. A sala está em um silêncio delicioso, talvez poderia bater uma punheta bem rápido. No entanto, acabo desistindo do pensamento com a possibilidade de alguém passar pela porta. Levanto da cadeira enquanto ajeito os papéis e os coloco dentro da maleta. Com dois tinidos, a travo e a guardo debaixo da mesa. Sem qualquer vergonha, aproveito para arrumar meu pau nas calças até ele ficar flácido e parar de marcar.
Passo a observar o corredor sombrio com um pouco de receio em não ter saído com Dona, a secretária, quando ela me ofereceu carona e um jantar no centro da cidade. Devia ter aceitado, pareceu bom e os seios de Dona são agradáveis o suficiente para me tirar da abstinência sexual.
Obrigo-me a parar de apertar as bolas enquanto observo o corredor. Ainda posso conseguir um ônibus neste horário se a sorte for caridosa comigo. Recolho o restante das minhas coisas da mesa e coloco tudo dentro dos bolsos da blusa. Canetas, chaves de casa, cartão do ônibus e até uma barra de chocolate que uma professora tinha distribuído de Halloween.
Deixando a sala, depois de trancar a porta, começo a seguir devagar pelos corredores. Já tendo em mente que o horário da minha perna ter os espasmos não está muito distante, tão logo, não demorará para foder com a minha volta para casa.
No restante do caminho, próximo a saída do internato, meu pé passa a se arrastar no carpete do passadiço. Como já tinha me precavido. Paro por um momento, no meio do corredor, apoiando todo o meu peso na outra perna. Pressiono a mão no rosto dizendo a mim mesmo que a dor já irá passar. Não me movo, nem mesmo quando sinto que a dor está suavizando. Acreditando que se desse mais um passo iria cair e ficar se roendo de dor.
Espero e espero, quando não percebo mais dor, arrisco a dar um passo. Quando faço, é como um osso quebrando. Dor com agonia se espalha do joelho à virilha. Dou outro passo com os dentes rangendo, segurando-me nos armários e sendo capaz de prosseguir lentamente com a dor.
Mais a frente, estagno outra vez, só que na porta de saída que liga o prédio ao campo de esportes. Ali, o vento está pesado, atingindo meu rosto e levantando as folhas do gramado. Durante o tempo que descanso da dor, aproveito para revirar um dos bolsos para pegar um pacote de cigarros. Procuro até encontrar o pacote, mas acabo pegando junto com ele a barra de chocolates. Movimento a barra para uma mão e o cigarros para outra, guardando em seguida a barra de volta no bolso. Continuo à procura, mas desta vez, pelo isqueiro.
Ao instante que viro e reviro os bolsos, observo a neblina formada nos portões do internato. É realmente uma ótima noite de halloween.
Sem mais estresse, apanho o isqueiro e consigo acender a porra do cigarro. Após uma longa tragada, libero a fumaça em direção à lua, enquanto encosto com mais segurança no batente. A perna já não está doendo como antes, porém, não tenho certeza se posso chegar até o ponto de ônibus. Se ao menos algum dos dormitórios vagos estivesse destrancado poderia descansar aqui mesmo e ir embora no dia seguinte.
Quando quase decido ir embora, vejo um dos seguranças partir da quadra de esportes. Ele sai ajustando as calças e fechando o zíper. Cauteloso, ele observa ao redor. Devia estar mijando, sugiro para mim mesmo antes de atirar o cigarro ao chão.
Permaneço observando o homem se afastar. Sinto uma leve preocupação por ele acabar me notando, mas o que me preocupa, acaba por não acontecer. Outra vez retiro mais um cigarro, fazendo o mesmo processo irritante de procurar o isqueiro.
Desde o ano que eu terminei o meu relacionamento o vício por cigarros foi aumentando consideravelmente nos últimos anos. Faz bastante tempo que não transo e estou constantemente excitado. No entanto, costumo me masturbar pelo menos uma vez ao dia, mas às vezes não tenho tempo para fazer e acabo chegando atrasado no trabalho.
Solto a fumaça pela boca para afastar os mosquitos que entornam às luzes. Agora não está tão escura a estrada que guia aos portões. Bem, devia ficar mais preocupado com o ponto de ônibus. É neste horário que as coisas em North Battleford são mais arriscadas, não apenas nas noites, porém as noites são onde têm os perigos.
Três ou quatro meses atrás uma professora levou uma facada perto do peito por se negar a dar a bolsa a um bandido. Ela ficou internada por algumas semanas e, com medo disso se repetir, decidiu deixar a cidade após a recuperação.
— Professor Bake?
Um súbito arrepio percorreu minhas costas. Viro-me de lado com a visão desfocada e uma respiração levemente acelerada.
— Wesler? — coloco a mão no peito. — Você me assustou.
O garoto sorri envergonhado e dá alguns passos em sentido à porta. Seus olhos escuros passam a refletir sobre a lua, enquanto a pele branca se mostra um pouco bronzeada e os cabelos se encontram escondidos na touca. Observo-o por um bom tempo, balanço a cabeça e depois dou um trago no cigarro.
— Pensei que neste horário todos os professores já estavam bêbados e curtindo o Halloween — o garoto se aproxima ainda mais para ficar visível. Ele passa a língua ao redor dos lábios e para de olhar o campo nublado, voltando-se em seguida para mim.
— Bem, eu não sou como “todos os professores” — desloco sutilmente a mão para dentro dos bolsos da blusa.
— Sem família? — ele questiona.
— Sim, um pouco solitário — continuo a mexer nos bolsos até retirar a barra de chocolate. A iluminação está suavemente fraca agora, não posso visualizar o seu rosto por inteiro, mas tenho uma visão nítida de um lado da sua face.
— Aliás, feliz Halloween. Gosta de chocolate? — Angus balança a cabeça. — E você não devia estar no seu dormitório?
— Devia, mas… — abrindo a embalagem lentamente, ele prossegue: — meu colega de quarto foi com os pais aproveitar o feriado. Então... estou meio que sozinho.
Ele sorri brevemente até achar a ponta e rasgar a embalagem. — Eu não gosto de ficar sozinho — conclui, antes de morder uma parte do chocolate.
Este gesto, de alguma forma, faz meu pau criar vida dentro das calças. De repente estou movendo o corpo para o lado oposto e puxando a blusa para mais baixo, cobrindo onde começou a marcar.
— Eu já estou acostumado — comento, ao mesmo tempo que tento distrair minha atenção do meu pau.
— A ficar sozinho?
— Isso!
Inspiro o cigarro mais uma vez e seguidamente expiro pelo nariz. Péssimo momento para ficar excitado.
— Você deve se ocupar muito com os trabalhos do internato.
Apenas confirmo com um sorriso. Ele também sorri, mas na mesma sequência, desvia os olhos enquanto morde outro pedaço de chocolate.
— É, tento me distrair o máximo possível no trabalho… Vocês me dão bastante trabalho também.
Por um deslize, acabo descendo com os olhos pelo seu corpo, mas imediatamente paro e desvio o rosto. A situação só fica mais constrangedora.
— Deve ser difícil aguentar esse monte de adolescentes.
— É um pouco, mas com o tempo a gente consegue — apago o cigarro no batente e o lanço em direção da grama. — Na sinceridade, eu acho que nunca vou conseguir lidar com vocês.
Com outro sorriso surgindo em seus lábios, eu aproveito para enfiar a mão no bolso da blusa e catar meu pau — como se estivesse implorando para ele amolecer.
Angus termina a barra de chocolate com mais três mordidas e j**a o pacote vazio em um lixo próximo. Logo volta para o meu lado com as mãos inquietas, pressionando com o dente superior um lado do lábio inferior.
— Você é solteiro? — pergunta casualmente.
Meu corpo simplesmente não se movimenta. Pisco os olhos, respondendo o mais rápido possível: — Sou — quase silenciosamente. Olhando para os lados, Angus guia delicadamente um dedo até a boca. O umedece e em seguida se aproxima. Uma confusão explode na minha cabeça segundos antes dele aplicar o dedo com saliva nos meus lábios. Meus olhos arregalam e passam a sentir o vento mais gelado contra a pele úmida da boca.— Eu sei que você quer enfiar o pau em mim.
Sem coragem de tomar atitude, com o pau quase estourando dentro das calças, não consigo dizer nada. Não consigo me mover ou reagir de alguma forma. Nem estou respirando. A única atitude que tenho é percorrer com a língua rapidamente pelos meus lábios, sentindo o gosto leve e adocicado do chocolate e de Angus.
— Angus… querer não significa que eu deva — mas Angus já começa a enfiar uma das mãos dentro das minhas calças.
Sua mão é gelada, porém ágil. Ele inicia movimentos de masturbação fazendo com que eu aperte os punhos e o deixe seguir como quer. Sinto excitação demais para me preocupar se alguém está olhando, só quero que ele continue desse jeito delicioso. Seus dedos continuam a deslizar sobre todo o meu pau. Segura-o, sabendo como deve fazer e onde é melhor apertar.
— Angus… — chamo, quase escorregando no batente.
— Você fica molhado rápido professor ou já estava? — ele olha para mim e mordisca os lábios, deslizando a mão pelo meu membro com ainda mais intensidade.
Sua única mão livre, entra lentamente por debaixo da minha blusa e da camiseta. Surpreendente, seus lábios tocam os meus, logo que sua língua penetra minha boca. O sabor do chocolate é intenso, na mesma intensidade do meu pau pulsando.
A mão gélida continua subindo sem pressa pelo meu abdômen, fazendo eu sentir os pelos do pescoço se arrepiarem. Angus decide deslocar de vez minhas calças para baixo. Meu pau começa a sentir o vento gelado e minhas bolas instintivamente ficam duras.
Vislumbro o lado de fora por um segundo, mas minha visão só atinge um exato lugar iluminado do gramado. Não tenho certeza se algum guarda poderia nos pegar ou se manifestar pelos postes, só posso temer e torcer para isso não acontecer. Apanho a sua mão, a que acaricia meu abdômen, e precipitadamente a líbero de debaixo das minhas roupas.
— Vem — Angus sussurrou, puxando-me para longe da porta. Andamos em direção à curva de um corredor com meus joelhos embolados nas calças.
— Não podemos fazer isso aqui — expresso-me, segurando no pau com o intuito de protegê-lo do frio, porém, minhas mãos também estão tão geladas que não tenho capacidade de esquentá-lo.
— Não faremos, vamos para o meu dormitório.
— Não, Angus! Isso é errado. Eu tenho que ir embora.
Ele sorri. — Bake, eu sei que você quer — ele chega mais perto, novamente trazendo a mão até minha virilha. Eu estou com os olhos presos aos dele no instante que sua mão afasta a minha para continuar me punhetando.
— Vamos para o meu dormitório?
____∞____
James segurou os braços de Hector e o prendeu contra o sofá. Era de noite e com certeza Hector parecia estar tentando evitar um escândalo que não incomodasse os vizinhos pela terceira vez na semana.
James havia lhe dado um tapa no rosto há cerca de cinco minutos atrás, e isso o fez incendiar de raiva.
“De graça? Foi de graça outra vez. Eu não fiz nada!” Disse com uma voz fina e sufocada pela raiva. Socou sem arrependimento a barriga dele. James gemeu e soltou um xingamento.
“Você é uma merda,” sussurrou com a mão na barriga. Irritado, ainda pela ardência do tapa, Hector se sentiu mais tentando a fazê-lo sentir dor. Colocou os pés em cima do sofá e lançou vários golpes rápidos contra a lateral da cintura de James.
James pulou nele e o parou segurando os braços. Fechou as pernas de Hector com um único movimento usando os joelhos e o deixou imóvel. Hector quis gritar, mas lembrou dos vizinhos, então deu uma mordida profunda no braço de James. James grunhiu feito um cachorro pouco antes de dar um murro no peito de Hector e o liberar.
“Idiota!” Queixo-se James com a mão na região da mordida.“Vai embora! Acabou tudo!” Ordenou Hector, amaciando os pulsos vermelhos.
“Não vou voltar!”
No sábado seguinte, James apareceu na porta com uma pizza. Eles foderam no sofá duas vezes e dormiram um em cima do outro.
Odeio o garoto da aula de artes. Na verdade, eu odeio tudo o que envolve artes. Desde a professora baixinha de vestido florido até os desenhos de árvores para o Dia da Árvore. Faço desenhos péssimos e tenho total consciência sobre isso. Só em uma aula eu consigo gastar uma quantidade absurda de papel e, a cada traço que erro, rasgo a folha e a amasso. Acumulando tudo em cima da mesa. “Angus, não é amassando papel que fará um bom desenho,” dizia a professora com a mão no meu ombro junto a uma voz limpa e suave como de toda professora de artes.Também odeio pintar. Nossa... casam terrivelmente a mão. Casam mais que bater uma punheta — e olha que geralmente uso as duas. Mas bem, nada na aula de artes consegue ser pior que Jack. Nada. Fico muito feliz de ser a única aula que temos juntos. No entanto, é a pior aula de todo o dia.Jack senta atrás de mim, ele é o favorito dos professores, ou de uma boa parte ou só de um. Não tenho certeza, mas é principalmente o favorito da baixinha que se
A boca de Jack tem gosto de suco de laranja, pão com queijo e talvez gelatina de limão? Ou tem gosto de suco de limão, pão com laranja e gelatina de queijo?— Me solte! — demando. Aos poucos vou me livrando das mãos dele com certa dificuldade.. Antes de me libertar por completo, Jack me dá um selinho no queixo. Sinto as gotas de suor escorrendo pela testa, as limpo com o braço e me elevo alguns degraus. — Então, como a gente fica? — pergunta, também subindo alguns degraus.— Não existe "a gente". Ficamos como antes, de preferência, você sentado em outro lugar na aula de artes. — Você tá brincando? Acabamos de nos beijar, cara.— Não. Você me beijou e me forçou ainda. Não vai rolar nada entre a gente — meu peito para de transpirar e finalmente volto a subir as escadas. Jack se apressa e vem ficar ombro a ombro comigo.— Você cuspiu em mim. Eca — ele passa as costas da mão no rosto e depois j**a a saliva para longe. — Você lambeu, por que está com nojo agora?— Cala a boca!Seguimos
Às 2 da tarde lembrei do trabalho que tinha com Ezra e Riky na biblioteca. Tínhamos combinado na semana passada depois deles ficarem esperando até às 6 da tarde por mim e eu não aparecer porque Kira decidiu ficar presa no banheiro do próprio dormitório. “Você tem que se ferrar sozinho e não levar a gente junto,” Riky disse durante a aula de matemática quando pedi o caderno emprestado. “Marcamos de novo na semana que vem. Espero que venha,” Ezra forçou um sorriso e deu um tapa no meu ombro. A visto eles juntos na mesa central da biblioteca com dois livros. Estão rindo de alguma coisa, mas param de rir assim que chego. — Jack, é verdade que não sabe ler? — Riky olha rapidamente para Ezra e continua: — Ouvimos o professor de literatura comentar durante a aula.Balanço a cabeça. — É, tenho TDAH. — Ah… então é por isso que suas notas são ruins em literatura? — Ezra fecha o livro para prestar atenção. — Não, isso é porque não chupo o pau dele. Riky e Ezra fi
— Não fiquem com medo, não vão levar bronca. Podem se sentar — o psicólogo Torry indica os lugares mostrando um sorriso.Jack olha desconfiado para ele, mas só decide se sentar quando eu me sento. A sala tem uma decoração bem minimalista construída em cima do cinza e do branco. Possui alguns vasos com plantas verde-escuras pelas mesas, quadros de diplomas e fotos de pássaros em preto e branco. — Soube que vocês estão tendo um relacionamento homoafetivo — o psicólogo sorri. — Foi o merda do seu professor — Jack diz em alto e bom som. — Mas a culpa foi sua — retruco. — Enfim, não importa quem é o culpado. Fico feliz por vocês dois — ele pega duas pastas e as abre. Coloca os óculos, lê por alguns segundos e depois coloca os óculos de volta na parte de cima da cabeça. — Ambos têm transtornos psicológicos. Angus tem bipolaridade tipo 2 e você, Jack, TDAH. Os dois tomam os remédios corretamente? — Eu tomo. Você sabe que Kira me dá todos os dias. — Sim, ela anota no ca
Teve momentos que Jack acariciava meu rosto com a mão sempre que eu chegava na sala. Isso com certeza é uma das coisas mais estranhas que ele já fez. E tinha também vezes que sussurrava idiotices perversas no meu ouvido. Bem, não eram apenas “idiotices perversas”, pois em alguns momentos soavam bem reais. No dia, ele tava enchendo meu saco para eu fazer uma pose para poder me desenhar. Neguei até onde consegui, mas acabei cedendo no terceiro pedido. Me sentei na pia do banheiro com os braços para trás, os pés separados e balançando no ar. Jack se agachou com o seu caderninho e o colocou apoiado em cima do joelho. Era noite já, as luzes do banheiro estavam apagadas e a única iluminação era a do poste do lado de fora. Uma luz que atravessava as janelas deixando meu corpo listrado de laranja e escuro. “Tiraria o uniforme para mim?” Jack perguntou com um sorrisinho. Não levantou os olhos do caderninho, deslizava o lápis cuidadosamente tentando deixar tudo perfeito. “E você, m
— Tá atrasado — Jack diz antes de abrir a porta. — Só dois minutos — entro assim que abre. Jack b**e à porta e dá um grande sorriso. — Me beija?— Estou sem tempo e bem enjoado depois do que vi.— Pensei que não vinha mais, por que demorou?.Meus joelhos ainda estão doendo, não o respondo e ando no sentido da pia para aliviá-los com água. Ligo a torneira, começando a esfregar cada um dos joelhos enquanto ouço Jack falar um monte de coisas sexuais sobre a minha demora. “Sim, Jack, eu estava chupando Hector, por isso estou com os joelhos doendo.” Mais fácil dizer isso para ele do que contar que descobri como Eltery se tornou líder do time de baseball. É incrível como Eltery chupando a professora de educação física consegue tantos privilégios, enquanto eu tirando todo o leite de Hector não consigo nem um “+” nas provas de literatura. Bem, ele pode não me dar notas altas, mas pelo menos me traz comidas de fora do internato e roupas. Às vezes me traz a bíblia também, junto vem uma
Misturei tanto remédio com o Ice Wine que o açúcar inseparável da bebida ficou com gosto amargo. Quase de xixi misturado com analgésicos. Viro outro gole para acabar de uma vez com essa porcaria que tinha feito.A casa está uma verdadeira paz desde o dia que tinha arrumado o barulho insuportável do aquecedor, mas por outro lado, o silêncio me causava ainda mais traumas. O simples pulo do gato do chão para a bancada já me deixava em alerta por vários minutos ou a voz dos vizinhos da casa ao lado, mesmo que bem baixa, conseguia me aterrorizar.Despejo o resto da bebida no ralo da cozinha, como o último pedaço de queijo e dou o último alimento do dia para o gato. Aproveito para varrer o carpete da cozinha e passar um pano no balcão. Não muito tarde começo a trancar todas as janelas e portas da casa. Mesmo morando no bairro mais seguro da cidade e a cidade não tendo mais que catorze mil habitantes, jamais conseguiria me sentir seguro.Pego o livro de cima da poltrona do quarto e me dirijo
Retorno ao dormitório e acabo encontrando Feller acordado. Ele está na nossa mesinha perto da janela, iluminado pelo abajur enquanto escreve alguma coisa.— Onde estava? — questiona ele, sem se virar para olhar.— Estava com Jack — respondo enquanto tiro os sapatos e deixo próximo a porta. — Você não vivia dizendo que não gostava dele?— Bem… — olho para o teto —, talvez ele não seja tão ruim — é sim. Guardo a escova e a pasta dentro da gaveta e me dirijo para a cama. — Tão ruim? Heather falou que ele vive em cima de você — a cabeleira loira de Feller balança quando se vira.— É, ele fica. Mas ele só tá tentando amizade.— Certeza?— Aham… não é da sua conta.— Idiota.Solto um risinho e ele volta a fazer o que estava fazendo. Deito-me na cama, puxando o edredom até o pescoço e cobrindo em seguida o rosto. Enquanto tento dormir, penso se Hector acredita na mentira de que eu e Jack somos apenas amigos. Ele sabe que beijei Jack algumas vezes, mas poderia inventar que somos apenas am