BellaO sol já começava a se pôr quando saí da escola, as últimas luzes do dia se espalhando pelo horizonte em tons de laranja e rosa. O vento soprava suavemente, carregando consigo o cheiro de folhas secas e a sensação de outono no ar. Era um dia bonito, mas a beleza do mundo ao meu redor parecia distante e embasada, ofuscada pela tempestade de emoções que me assolava.Fazia exatamente uma semana desde o funeral dos meus pais, uma semana que parecia ter passado em câmera lenta, como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. A dor da perda ainda estava cravada em meu peito, uma ferida aberta que parecia impossível de cicatrizar. Cada passo que eu dava me lembrava do vazio que agora ocupava meu coração.Eu caminhava devagar, o
BellaEstava chorando, as lágrimas estavam descendo do meu rosto enquanto lutava para entender o que estava acontecendo. As palavras da minha avó ecoavam em meus ouvidos, com aquela revelação inesperada que parecia impossível de acreditar.— Nos mudar? Avó, a senhora está falando sério? Não posso sair daqui! Tenho amigos, escola, uma vida aqui! — Afirmo olhando para ela. Meu coração estava doendo com cada palavra que saía da sua boca. Estava confusa, assustada e acima de tudo, magoada. Eu esperava que ela me confortasse nesse momento difícil, não só pra mim, mas para ela também, porém em vez disso, ela estava me forçando a fazer algo que não queria e não entendia.— Querida, n&oacut
LuccaCinco anos passaram desde a tragédia que tirou meu chefe e melhor amigo de mim. A dor da perda ainda estava lá, como uma ferida que cicatriza, mas nunca desapareceu completamente. O tempo tinha um jeito de seguir em frente, mesmo quando parecia impossível para mim.A vida continuou, assim como os negócios da máfia. Eu assumi um papel mais ativo na liderança, tentando honrar o legado do meu amigo e proteger aqueles que ele amava. Mas havia um vazio que nunca poderia ser preenchido. Seus conselhos, as brincadeiras e também ele confiou em mim quando ninguém dava nada pra mim. Saudades de você Marco.Enquanto estava perdido nos meus pensamentos, ouço alguém bater na porta. Me levanto da cama para ver quem seria a essa hora da noite. Estava apenas
Lucca— FALA LOGO, PIRANHA! QUEM MANDOU VOCÊ PARA ME MATAR? — Esbravejo. Depois, solto para recuperar compostura. Mas estava perdendo a paciência com isso. Preciso descobrir quem mandou essa mulher para me matar, apesar de saber quem foi. Mas quero ouvir da boca dela. Seus olhos me encontraram, uma mistura de desafio e frustração neles. No entanto, ela permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse avaliando a situação.— Não vou falar nada. — Ela respondeu finalmente, sua voz carregada de perseverança.Me aproximei e peguei no seu rosto, segurando com firmeza, minha expressão endurecendo enquanto avaliava minhas opções. Eram poucas. Precisava de respostas, essa mulher tinha as respo
BellaAcabei de chegar em casa. Já era noite e eu estava exausta, pois foi uma longa caminhada até chegar aqui. Enquanto subia as escadas para ir para o meu quarto, ouvi a voz da minha avó ecoando pela casa, gritando meu nome e perguntando onde eu estava.— Bella! Bella, é você? Onde você estava, querida? — Sua voz era cheia de preocupação e, ao mesmo tempo, de alívio por me ver.A exaustão parecia desaparecer momentaneamente quando ouvi sua voz. Minha avó sempre se preocupava muito comigo, especialmente desde que perdi meus pais. Ela era minha única família agora, e eu sabia que sua superproteção vinha de um lugar de amor.— Estou aqui, vó! — Respondi enquanto continuava subindo as escadas em direção ao seu quarto. — Desculpe, perdi a noção do tempo.Ao entrar em seu quarto, encontrei minha avó sentada em sua poltrona favorita, com uma expressão que misturava alívio e preocupação em seu rosto enrugado. Seus olhos brilharam quando me viu, e ela estendeu os braços para me abraçar.— Ah
BellaCaminhando para casa depois da aula, eu não conseguia tirar da cabeça o que minha avó tinha revelado. Meu pai, um mafioso? A ideia parecia tão distante da imagem que eu tinha dele. Sempre o vi como um homem de negócios, um pai amoroso, alguém que trabalhava duro para proporcionar uma vida boa para nossa família. Nunca suspeitei que ele estava envolvido em um mundo tão sombrio.As ruas da cidade pareciam mais cinzentas e sombrias do que o normal, refletindo meu estado de espírito. Cada passo que eu dava era acompanhado por uma enxurrada de perguntas que não tinham respostas. Por que meu pai estava envolvido na máfia? Como minha mãe se encaixa nessa história? E por que eles foram mortos pelos Matarazzo?As palavras de minha avó ecoavam em minha mente, e eu me sentia perdida em um turbilhão de emoções. Raiva, tristeza, confusão. Eu queria justiça para meus pais, queria entender por que eles tiveram que morrer daquela maneira.Enquanto eu caminhava, senti meu celular vibrar no bolso
BellaMinha avó gritava com uma intensidade que eu nunca havia presenciado antes. Seus olhos, normalmente doces e gentis, estavam cheios de fúria enquanto ela insistia que eu nunca voltaria para Palermo. Era como se ela estivesse determinada a impedir que eu descobrisse a verdade sobre meus pais e a família Matarazzo.Eu a encarei em choque, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ela sempre fora minha protetora, minha guardiã, mas agora ela estava agindo de uma maneira que eu não conseguia compreender. Era como se ela estivesse escondendo algo, algo que ela não queria que eu descobrisse.― Vovó, por que você está agindo assim? ― perguntei, minha voz tremendo de choque e confusão. BellaEu estava retornando para casa após uma tarde maravilhosa com minhas amigas na praia. O sol se pôs lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e vermelho enquanto a brisa do mar acariciava meu rosto. A areia ainda grudava nos meus pés e pernas, uma lembrança física das horas de diversão sob o sol.Caminhei pela porta de entrada, sentindo a sensação acolhedora de lar que sempre me envolvia ao chegar em casa. A casa de estilo mediterrâneo em Taormina era o nosso refúgio desde que nos mudamos de Palermo. Era um lugar de paz, onde eu podia me afastar das preocupações e dos segredos do passado.Enquanto subia as escadas que levavam ao meu quarto, ouvi a voz da minha avó ecoar pela casa.― Bella! ― Ela gritou, chamando por mim. ― Onde você estava?Sua voz soava urgente, e isso me fez parar no último degrau da escada. Por que ela estava gritando daquele jeito? Senti um arrepio de preocupação ao percorrer a minha espinha enquanto eu me virava e descia as escadas em direçãCapítulo 15