The Animal Inside | Livro 1
The Animal Inside | Livro 1
Por: Jaque Hartzler
1 - O começo

FOREST LAKE, MISSISSIPI.

2006

Era mais uma das nossas noites na reserva naquele dia. Eu tinha dezesseis anos e namorava o filho do homem que meu pai mais odiava. Não sei o que me atraiu nele, quero dizer, não sei qual de todas as suas qualidades me fez amá—lo. Ele era bonito, engraçado, inteligente… Mas tinha um problema. Um simples probleminha.

Ele também era um lobisomem. Mas ele não era mau. Pelo contrário. Ele era muito gentil e amigável. Exceto em suas transformações na lua cheia.

Eu odiava vê—lo acorrentado quando a lua aparecia, mas era isso, ou ele me matava e o resto das pessoas que cruzassem seu caminho também. Controle não é muito o forte de predadores sobrenaturais.

Chuck e eu namorávamos escondido de nossos pais, tentávamos nos manter a maior parte do tempo distante um do outro, mas quando a noite vinha, eu fugia para a reserva para encontrá—lo todos os dias, e ele sempre estava lá, esperando por mim.

Eu levava livros e jogos de tabuleiro, e ficávamos lendo, jogando e conversando até a hora de alguém sentir minha falta. O que era difícil de acontecer, já que meu pai era muito ocupado com seus deveres e meus irmãos tinham suas vidas.

Isso aconteceu por dois anos. Foram os dois anos mais felizes da minha vida, até tudo virar de cabeça pra baixo.

Eu vinha de uma família antiga, aquele tipo de família que deixa um legado. Meus ancestrais eram gregos, eles tinham uma… profissão que passou de geração em geração.

Éramos caçadores de lobisomens.

Mas não era o que eu queria ser. Porém, eu não tinha escolha. A profissão teria que ser levada adiante, e quando eu completasse dezoito anos, meu pai e meus irmãos mais velhos me treinariam para ser uma caçadora como eles. Eu odiava tudo isso. Tudo que eu queria era ser livre de toda essa merda que pairava sobre mim. Eu não queria matar, torturar ou capturar lobisomens. Principalmente se esse lobisomem fosse o meu namorado. Então eu namorei escondido com Chuck até quando eu pude. Mas sempre soube que minhas mentiras não os enganariam pra sempre.

Chuck e eu estávamos deitados na grama, coberta com a manta que ele havia trazido, quando meu pai chegou acompanhado dos meus irmãos. Tyler, o mais velho, era o mais alto, tinha o cabelo baixo os olhos castanhos, seus braços eram cobertos com uma penugem preta, porém rala, como meu pai, e ele nunca fazia a barba, só aparava. E vivia sério, raramente pegávamos ele sorrindo. Mas ele era o que mais cuidava de todos nós. Josh, que vinha depois dele, era o mais brincalhão. Tinha um humor que alegrava a família e sempre estavam fora de confusão, ou tentava acabar com ela. Ele tinha os cabelos lisos que iam até o seu pescoço como os do papai, e sempre os deixava atrás das orelhas, era magrelo, mas forte. E sempre estava com Tyler. Por último, mas não menos importante, minha irmã Clara, uma patricinha de primeira. Loira e esbelta. Seus cabelos nunca passavam dos ombros, porque sempre estava mudando o corte. Se vestia como uma adolescente, quase sem panos no corpo, e era um pouco esnobe, mas tinha uma personalidade forte e alegre demais. Eles estavam vestidos para matar nesse dia. Era como se vestiam quando iam caçar. 

Meu pai carregava uma grande besta na mão esquerda, Clara estava com um arco—e—flecha, enquanto Tyler e Josh estavam com suas Berettas 9mm portadas nas mãos. Eu não via nada além de ódio na expressão de meu pai, eu sabia que ele estava mais do que só com raiva naquele momento, estava desolado, triste e decepcionado. Sua filha mais nova estava nos braços de um dos filhos do lobisomem que matou a mãe dela. Mas Chuck não era como o pai dele, ele era bom, era diferente, havia provado isso pra mim muitas vezes. Meu pai só precisava dar uma chance a ele. Ele não é nada como seu pai.

— Samantha! — gritou meu pai fazendo meu peito se esmagar com o susto. — O que significa isto?

Eu olhei para meu pai assustada e depois olhei para Chuck, ele tinha a mesma expressão que eu, sabia que algo ia dar errado ali, sabia que corria perigo, pois estava em desvantagem e eu era a única pessoa que poderia salvá—lo da minha própria família. Uma garota normal, desastrada, que se machuca e não cura tão rápido como ele, que não era treinada e muito menos experiente em defender as pessoas.

— Pai — tentei começar a me explicar, mas não sabia o que dizer exatamente. “Ah, estou namorando um lobisomem e eu o amo, então por favor, não o mate!” Não seria tão fácil assim. Quer dizer… Não seria nem um pouco fácil.

Chuck se levantou e rapidamente me pus em sua frente tentando fazer um tipo de escudo protetor. Como se meu corpo raquítico fosse impedir uma bala de prata atravessar o peito do meu amado.

— Saia já daí, Samantha! — Exclamou meu pai. — Venha para cá!

— Não, pai. Por favor… — Implorei tentando evitar que algo de ruim acontecesse.

Meus olhos queimavam e lágrimas desgovernadas os embaçava se preparando para cair.

— Eu nunca tive tanto nojo de uma pessoa em toda minha vida. — Arfou meu pai.

Ele tinha nojo de mim? Sua filha? Só por amar alguém?

Eu vi a expressão no rosto de Clara, ela parecia assustada e com medo, eu imagino que ela deveria estar com medo do que meu pai faria se eu não saísse da frente de Chuck, ela havia acabado de fazer dezoito anos, estava sendo treinada para se formar no Instituto Woodhouse. Josh tinha vinte anos, e Tyler, o mais velho, tinha vinte e três. Todos estavam lá, não sabia como haviam descoberto, mas eles sabiam sobre Chuck e eu não poderia deixar que eles o matassem. Isso não era uma opção.

Meu pai deu um passo a frente e meus irmãos o seguiram, na mesma hora eu dei um passo para trás e encostei em Chuck, senti seu corpo estremecer com o contato e ele começou a respirar mais rápido. — Vai ficar tudo bem. — Eu sussurrei somente para ele ouvir, já que tinha a audição superior à de seres humanos.

— Papai, por favor, ele não é como os outros. — Eu disse deixando as lágrimas caírem. — Se você tem algum amor por mim, não o mate. — Supliquei.

— É porque tenho amor por você, que vou matá—lo. — Ele respondeu apontando a besta em direção ao Chuck.

Como um lobo feróz Chuck rosnou me fazendo estremecer com o barulho que apesar de controlado, era grave. Eu o fitei por dois segundos, assustada. Eu o via como um garoto de dezessete anos normal que eu amava. Exceto quando o via sofrer em algumas luas cheias que ele me permitia estar perto, ou não permitia, mas eu ficava mesmo assim.

Coloquei a mão e seu peito para, de alguma forma, tentar acalmá—lo e, lá estavam, os olhos amarelos brilhantes de beta, e as veias alaranjadas ao redor dos olhos, o tornavam terrivelmente assustador, mas ele ainda era o Chuck, o meu Chuck, e eu não tinha medo. Eu tentei passar segurança para ele com um olhar esperançoso desconcertadamente, e acalma—lo, tentar mostrar que estávamos bem e íamos permanecer bem. Ele gostava do meu sorriso, eu lembro quando ele dizia que viveria somente do meu sorriso se nada mais o restasse. Que tudo que ele precisava era me ver bem. A expressão de fera de Chuck suavizou e eu voltei a encarar meu pai, mas agora eu não estava mais desesperada, de alguma forma eu sentia o que estava por vir, mas decidi lutar por isso, e ignorar o medo que havia em mim. Eu o encarei com raiva, mostrando que não importa o que ele fizesse, eu não sairia da frente de Chuck.

— Tyler, agora! — Ouvi meu pai dizer. Eu encarei Tyler e o vi mirar sua pistola. Mas o estranho é que ela não estava mirada para Chuck, e sim para mim.

Eu arregalei meus olhos e senti quando a bala raspou em minhas pernas nuas, me fazendo curvar automaticamente para colocar a mão na ferida que Tyler acabara de fazer em mim. Ouvi um uivo muito mais grave, e logo outro disparo, e de repente, tudo ficou em silêncio e em câmera lenta. Me virei devagar e observei Chuck cair no chão, ele havia sido atingido, no coração, com uma bala de prata. Eu me joguei no chão e me arrastei até ele, ignorando a dor, Chuck ainda respirava. 

— Chuck, baby… Por favor. Não! — Eu suplicava desesperadamente para que ele não morresse, para que não me abandonasse, mas sei que seria em vão, ele não tinha escolha. Eu me aproximei mais e o ouvi sussurrar com dificuldade.

— Eu… Amo você…

Eu fui puxada antes de conseguir respondê—lo, antes de dizer que eu também o amava. Meu pai me lançou em cima do ombro e me afastou dali, me fazendo ver Chuck dar seus últimos suspiros. Tudo que eu poderia fazer agora, era chorar. Eu estava em choque. E não sabia como reagir. Eu só gritava por ele. Mas não tinha resposta e nem forças pra me soltar do meu pai e correr até lá de novo. Eu estava completamente destruída.

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