— Conhecendo o Ethan, ele vai te evitar ao máximo. — Dom enfiou os pés na areia, brincando com os dedos. — Você ir atrás dele só vai fazer com que vocês se magoem mais. — Ele mordeu a casquinha, ficando em silêncio por alguns segundos enquanto mastigava.Virei o rosto em direção ao mar, olhando o quebrar das ondas e questionando o motivo deu ter bagunçado tanto minha vida. Lambi o sorvete de chocolate que começava a derreter sob meus dedos.— Ele está magoado, pela mensagem que ele te mandou, está bem magoado... — Dom terminou de comer o soverte, limpando os cantos da boca com os dedos antes de se virar pra mim. — E com razão. Está se sentindo usado, por mais que você não tenha feito por mal. Analisando todo o contexto e a briga que vocês tiveram, na cabeça dele o fato de você ter ido embora dessa maneira, foi um modo de puni-lo pelas palavras duras que ambos disseram na briga que vocês tiveram essa semana.Respirei fundo e apenas concordei com ele.— Dê um tempo para ele pensar e qu
— Você vai ficar bem? — Dom perguntou enquanto deixava o carro em ponto morto, parado na frente do meu prédio. — Se você quiser eu fico um pouco com você... — Sua voz era doce, quase conseguindo esconder a preocupação em que estava.— Fica tranquilo, eu vou ficar bem. — Respondi enquanto descia do carro, dando a volta e me apoiando em sua janela. — E estou tão cansada, não dormi quase nada hoje. Então vou só comer alguma coisa, tomar um banho e cair na cama. — Me levantei. — Talvez não nessa ordem. — Dei risada, o fazendo rir também. — E você tem que ver o seu raio de sol. — Dei uma piscadela para ele, que retribuiu com um sorriso de orelha a orelha.— Ta bom. Mas... — Ele apontou o indicador para mim e tive que segurar o riso. — Se precisar de alguma coisa por favor, me ligue. Ok? — Assenti, me abaixando e dando um beijo carinhoso em sua bochecha. — Tchau loirinha. — Dom se despediu, saindo com o carro em seguida.— Boa noite Senhorita Watson. — Joe me cumprimentou enquanto abria o p
— Bom dia! — Falei assim que abri a porta da cafeteria e avistei Jonas do outro lado do balcão.— Bom dia Heather. — O vinco entre as sobrancelhas dele entregava a preocupação que estava. — Está tudo bem?Apenas assenti com a cabeça, apertando a têmpora na tentativa de amenizar minha enxaqueca. Mesmo indo dormir cedo, fiquei acordando a noite inteira o que resultou numa péssima noite de sono.Dei a volta no balcão, tirei meus óculos escuro, guardando dentro da bolsa antes de guardá-la no balcão. Amarrei o avental na cintura e comecei a organizar o balcão em silêncio, tentando manter a mente ocupada.Estava passando pano no balcão quando o tilintar do sino da porta informou que alguém tinha chego e antes mesmo de levantar a cabeça eu já sabia que era ele.Conseguiria distinguir o perfume dele a quilômetros de distância. Um nó se formou em minha garganta, engoli em seco e respirei fundo, tampando a respiração em seguida. Torcendo para que assim fosse menos sofrido para mim.Doce ilusão
Bati a garrafa vazia de whisky em cima da mesa de centro da sala, fazendo companhia para a primeira garrafa da mesma bebida, que sequei em menos de 1 hora. Já estava começando a sentir a cabeça pesar e o apartamento girar.Precisava de água. Peguei o celular que estava jogado no sofá, tinham notificações dela na tela, ponderei se abria ou não, mas a saudade falou mais alto. Desbloqueei o aparelho e rolei as notificações, tinham chamadas, mensagens de texto... Tomei coragem e liguei para ela antes que se esvaísse junto com o álcool.Deixei uma mensagem no correio de voz dela, incompleta, a embriaguez dificultava a fala e o raciocínio. Optei em tomar uma ducha rápida e de preferencia gelada.Sóbrio, voltei a pegar o celular na esperança que ela tivesse respondido, me frustrando ao notar que ainda continuava sem resposta. Resolvi ligar para ela de novo, deixando mais duas mensagens de voz e terminando a ligação com o coração em frangalhos, a alma despedaçada e o soluço preso na garganta
Estacionei o carro no mesmo lugar de sempre, peguei meu cigarro e celular, ajustei os óculos escuro no rosto e pulei para fora. A cabeça latejava, resultado de mais de 4 litros de álcool ingeridos num único dia. Peguei o analgésico do bolso, colocando dois no fundo da garganta e engolindo no seco.Paralisei antes de abrir a porta da maçaneta, Heather estava debruçada no balcão, fazendo a limpeza dele. Dava para ver em seu rosto que ela teve uma péssima noite, senti um aperto no peito ao vê-la sofrendo. Respirei fundo e abri a porta, resmungando internamente sobre o barulho inconveniente do sino que tinha em cima dela.Qualquer dia arranco esse sino no chute! Tirei os óculos e coloquei na gola da camisa. Olhei para ela e mesmo sem levantar o olhar dava para perceber a tensão em seus ombros.Ela sabia que era eu. Senti meu coração palpitar e um nó se instalar em minha garganta, quase fazendo o remédio voltar.Senti o mundo quase parando no exato momento em que ela me olhou, tive que m
O resto da semana passou num piscar de olhos, evitei ela o máximo que conseguia e quando isso não era possível, fazia o máximo de esforço para não precisar falar com ela e muito menos ficar perto o bastante para sentir seu cheiro, pois sabia que aquilo seria meu calcanhar de Aquiles.Foquei nas minhas apresentações no pub, procurando repertório, treinando em casa e deixando minha mente o mais ocupada possível. E funcionou, não chorava mais pela ausência dela, a dor estava anestesiada e escondida o mais fundo dentro de mim. Mas, em contra partida, não conseguia ficar com mais ninguém e sinceramente, não sabia se isso era de todo mal.Minha folga finalmente chegou e iria me apresentar mais cedo no pub. Oliver pediu para entrar 2 horas mais cedo e estender meu horário por mais 1 hora. Claro que eu prontamente aceitei. Mais tempo fazendo o que gosto e mais dinheiro no bolso.Meu salário de gerente na cafeteria conseguia suprir todos os meus gastos e ainda sobrava um pouco para guardar, ma
Depois de mais algumas canções, decidi dar uma pausa — contra a vontade da plateia.— Prometo que volto daqui 20 minutos. — Respondi com o microfone em mãos, enquanto tentava conter as pessoas que reclamavam por eu ter parado a música.Oliver colocou uma música qualquer de fundo, para distrai-lo enquanto eu fazia minha pausa.— Meu Deus! — Dom falou eufórico, vindo ao meu encontro e me dando um soco leve no braço em forma de brincadeira. — A plateia te ama maninho! — Só conseguia rir.A gratidão era tanta que não conseguia expressar em palavras tudo que estava acontecendo comigo.— Concordo plenamente! — Reconheci a voz de Oliver logo atrás de mim. — Sua família é bem animada.— Você não sabe o quanto! — Respondi me virando para ele.— Vou aproveitar esse momento alegre para te fazer um convite. — Oliver me entregou uma caneca de chopp, quase trincando de tão gelada.Assenti para que ele prosseguisse enquanto bebia um longo gole da bebida.— Quero te tornar fixo aqui no pub. — Quase e
Ethan passou o resto da semana me evitando e nos poucos momentos em que aparecia no salão, tentava ao máximo não precisar falar comigo e isso estava me matando por dentro. Mas havia decidido não me importar mais com isso, ou ao menos fingir que não me importava.No primeiro dia foi difícil, senti a falta dele o dia inteiro, dormi mal e comi pior ainda. No segundo já não me senti tão mal, consegui me alimentar e dormir um pouco melhor. Quando chegou no domingo, mal havia notado que ele estava de folga, — ele só vivia trancado no escritório, — meu apetite voltou a ser como antes, até melhorou para falar a verdade, o sono foi estabilizado e minhas bochechas voltaram a ter o tom rosado de sempre.— Você está bem melhor né? — Abby perguntou enquanto se jogava no meu sofá, segurando um balde de pipoca.Era domingo à noite e havíamos combinado de ficar em casa, assistindo filme e conversando.— Sim. — Bebi um longo gole da minha Coca-Cola. — Só o mal estar de manhã que permanece, mas nada an