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Muito Prazer em Te Conhecer

Varta era um planeta prospero, mas antes de ser assim havia passado por muitas guerras, conflitos entre raças, epidemias e pandemias, mas por fim acabou por se tornar um planeta com diversas nações, mas um governo unificado. Essa história acontece em uma dessas nações, em Emna, na verdade em um de seus vilarejos. A história que quero contar é sobre algumas pessoas deste lugar, então não vou entrar em detalhes sobre política ou de como conseguimos a paz, cada lugar tem de evoluir por si só.

Numa noite chuvosa de verão, quase tempestuosa, uma mulher está para dar à luz, essa criança era muito esperada por seus pais, pois fazia alguns anos que eram casados e não haviam sido agraciados com nenhuma criança. Então, toda a família estava reunida nesta noite para o nascimento da tão esperada criança, os avós maternos e paternos, tios, primos, quase como uma grande festa, afinal era o primeiro filho ou filha de Brian, ele que era o primogênito de sua casa. As mulheres da família estavam reunidas no quarto de Lawena, auxiliando naquele momento importante, limpando, cuidando, estimulando, como toda mãe deve ser cuidada neste momento.

Do lado de fora do quarto, Brian, sentava no sofá, levantava-se em seguida, caminhava pela casa, ia ao quintal, parecia que a qualquer momento iria surtar e invadir o quarto em busca de respostas. Seu parentes apenas observavam sua movimentação, pois a maioria deles já havia passado por isso e para os outros certamente alguma hora da vida chegariam a passar. E quando já estava a ponto de gritar para os céus que aquilo se acabasse logo, um imenso raio cortou o céu, atingindo em cheio a arvore no jardim e quase no mesmo instante pode-se ouvir o choro forte de um bebê. Era como se ele tivesse vindo com o raio. Todos na casa ficaram imóveis por um momento, sem saber o que fazer, mas logo se recuperaram do susto e puseram-se a agir, os homens correram para fora para apagar o fogo o mais rapidamente possível, apesar da chuva, aquilo poderia se tornar algo mais sério de uma hora para outra.

- Brian. – chamou uma senhora da porta do quarto – Deixe essas coisas para eles, está noite deve cuidar de sua esposa, venha.

- Mãe!? – ele parou a meio caminho da saída, virando-se para sua mãe, seu semblante era preocupado – Como está Lawena? E o bebê?

- Estão bem. Só foi um parto difícil, ela ficou muitas horas fazendo força e acabou perdendo muito sangue. Mas se cuidarmos corretamente, tudo ficará bem, só não posso te assegurar que ela te dará mais filhos. – a velha senhora falou de maneira calma, mas também com um aperto em seu peito

Brian passou por sua mãe, que ainda possuía as mão sujas de sangue, assim como parte de suas roupas, deu-lhe um beijo no alto da cabeça e adentrou o quarto, onde pode ver sua amada Lawena, com as costas encostadas na parede atrás da cama, tinha aninhado em seus braços um pequeno pacote, e de onde ele estava podia apenas ver os cabelos negros do bebê. Neste instante não pode conter a alegria em seu coração por vê-los ali, seu amor, sua herança, então algumas lágrimas escorreram pelo seu rosto.

- Não chore meu querido, venha. – ela estendeu sua mão livre para ele – Venha conhecer sua filha.

- Com esses cabelos tão negros como as penas dos corvos podia se chamar Brenna – Brian falou enquanto se aproximava da cama.

- Eu pensei em Branwen, se não se importar. – ela olhou para o marido enquanto ele se sentava ao seu lado na cama. – Pois olhe como ela é branquinha, parece um punhado de algodão.

- Que seja Branwen, então. – Brian sorriu enquanto a abraçava.

E assim foi o seu nascimento, mas vamos avançar um pouco no tempo, para que possa compreender algumas coisas.

Sete anos mais tarde...

Branwen corria em disparada, com seus cabelos e saias esvoaçando a suas costas, ela tinha algo preso em suas pequenas mãos gorduchas e estava muito feliz em fugir com aquilo, fosse o que fosse.

- Bran, volte aqui, me devolva. Isso é meu. – um menino um pouco mais velho corria atrás dela, vermelho de raiva.

- Não é mais, você perdeu a aposta, agora é meu. – gritou a menina de volta, correndo morro a cima, tentando escapar das mãos do menino. – Se não parar vou contar pro seu pai Finbar.

- Não é justo, você roubou. – lamentou-se o garoto, parando de correr sem folego, e escorando-se numa arvore próxima.

- O que aquela garotinha pegou de você? – perguntou uma voz do alto da arvore.

Finbar olhou para cima, para ver quem falava, mas não reconheceu o rapaz que ali estava, decidiu por ignorar, afinal seus pais o haviam ensinado a não falar com estranhos. Deu de ombros, virou as costas e começou a descer a colina, quando ouviu o barulho de alguém pulando atrás dele, vindo em sua direção.

- Ei, estou falando com você. – o rapaz pegou o menino pelo braço – O que ela pegou de você?

- Não tenho obrigação nenhuma de te responder. – Finbar respondeu ressentido, tentando soltar-se das mãos do rapaz.

- Não se lembra de mim Finbar? Sou seu primo Randulf, o Randy, filho da irmã da sua mãe, sua tia Lynet. – disse enquanto soltava o braço do menino devagar, esperando que ele se voltasse e corresse, mas a reação foi oposta a essa, ele se virou e abraçou o primo

- Ah Randy. Era a Bran, apostamos quem conseguia fazer mais pontos no jogo de pedras, ela ganhou. Roubando, mas ganhou. – Finbar soluçava enquanto contava, já que estava nos braços de seu querido primo, não tinha problema, sabia que ele não contaria a ninguém. – Apostamos que se eu ganhasse ela me daria sua pulseira de contas, e se ela ganhasse eu daria meu colar. Eu não devia ter feito isso.

- Que colar Finbar? O que ganhou de Gwenn quando fez cinco anos? – Randy perguntou preocupado.

- Sim – disse infeliz.

- Vamos, vou deixar você em casa e vou buscar seu colar de volta.

- Mas Randy, foi uma aposta, não posso voltar atrás em minha palavra.

- Você é muito honrado Finbar, mas não vai voltar atrás em nada. Quem vai pegar o colar sou eu e não prometi nada a ninguém. E depois disso posso dá-lo a quem eu quiser. – disse enquanto deixava o garoto na porta de casa e voltava de onde veio, atrás da menina de cabelos negros.

Escondida no oco de uma árvore Branwen tentava abrir o pequeno pingente que havia ganho de Finbar, claro que não de maneira muito justa, mas tinha ganho. Afinal ele era maior que ela, e sempre roubava suas frutinhas quando estavam colhendo com as outras crianças da vila. E ela sempre quis saber o que havia dentro daquele pingente tão peculiar, parecia uma pequena garrafa de metal, mas a tampa estava presa, ela tentou com todas as suas forças abrir, mas sem sucesso. Então como não tinha ninguém olhando decidiu tentar uma coisa, sua mãe havia proibido que ela usasse isso, com medo de levarem sua filha embora, mas agora não tinha ninguém olhando. Ou era isso que Branwen pensava. Ela fechou os olhos se concentrou, inspirando profundamente e bem devagar, começou a sentir a energia a se espalhar pelo seu corpo, era como se formigasse, vinha do centro do seu corpo e ia para as extremidades, quando achou que já tinha o suficiente, abriu seus olhos que refletiam uma luz azulada, segurou o pingente entre as mãos e murmurou.

- Abra. – o suor escorria pelo seu rosto, a respiração começava a ficar ofegante, mas permaneceu firme, concentrada em sua tarefa.

- PARE!!! – gritou Randy correndo em sua direção, tomando as mãos dela nas suas. – Se continuar assim vai se ferir. Se queria saber o que tinha dentro, bastava perguntar.

- Quem é você para dizer o que devo ou não fazer? – Branwen respondeu piscando com força, fazendo seus olhos a voltarem ao normal e a sua respiração se estabilizar.

- Saiba, que se eu não tivesse aparecido, você teria destruído o maior bem que Finbar possui e ainda podia ter se machucado. Qual seu nome pequena? – Randy falou soltando as mãos dela devagar, enquanto tirava o pingente meio aberto das mãos dela.

- Não sou pequena, sou muito grande para a minha idade. – falou estufando o peito, muito próprio de crianças que sentiam orgulho de si – Sou Branwen, filha de Brian e Lawena e você quem é?

- Sou Randulf, ou Randy, não me importo. – falou enquanto voltava a selar o pingente.

- Você é muito bonito. – ela falou quase sem pensar, como sempre fazia, alias. – E ai? Vai me dizer o que tem dentro dessa coisa?

- Tem parte das cinzas de nosso avô, todos os nascidos homens em nossa família, recebem um pingente desses ao nascer e que nos são entregues quando fazemos cinco anos. – respondeu dando ombros e mostrando o seu próprio pingente. – Posso te fazer uma pergunta?

- Me desculpe, não sabia que era tão importante assim, eu já havia perguntado a ele sobre isso, mas ele disse que não era da minha conta, então tive de pegar e ver por mim mesma. Mas o que quer perguntar? – ela respondeu, mas já sabendo a resposta, claro que era sobre a mágica.

- Onde você aprendeu magia?

- Em lugar nenhum, e em todos os lugares. O seres da floresta sussurram coisas pra mim, as vezes eu entendo e as vezes não. – de repente ela se deu conta do que havia dito, empalideceu e continuou – Por favor, esqueça isso que eu disse, ninguém pode saber ou vão me levar embora.

- Quem disse isso? – Randy disse divertindo-se agora.

- Minha mãe é claro. Ei, não ria de mim – falou enfurecendo-se dessa vez, levantou da onde estava e começou a caminhar em direção a vila, batendo os pequenos pés.

- Escuta, desculpa, não ri por mal. Sei que sua mãe falou isso para te proteger, pois os que tem o dom só o despertam aos treze anos e quando isso acontece são levados por um mestre para estudar e só quando os estudos forem concluídos que se pode voltar pra casa. E você não me parece ter treze anos, quantos anos tem?

- Sete. – falou inflando de orgulho – Não vai contar né? Não quero ir embora ainda.

- Vou pensar no assunto, mas me prometa não usar sua mágica até eu te dar a resposta.

- Está bem, eu prometo. – e saiu correndo por entre as arvores.

Dali onde Randy estava ela parecia uma fada, um ser da floresta saído das histórias, mas era bobagem, ele já havia visto algumas fadas e Branwen era bem mais bonita, sua pequena. E foi assim que se conheceram.

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