Três anos depois....
Branwen estava agora com dez anos, prestes a fazer onze, ainda sentia falta de casa em alguns momentos, mas no geral não sem lembrava dela, afinal todos eles haviam esquecido dela. Seus pais não tinham condições de visita-la, então só a viram duas vezes nesses últimos anos, as cartas de Finbar pararam de chegar depois do primeiro ano, no começo ela se entristeceu e chorou quase todas as noites, por se sentir deixada, esquecida, mas logo deixou pra lá. Tinha outras coisas com o que se preocupar, tinha seus estudos, suas tarefas na casa, e tinha Aine, não se imaginava sem ela. E nem precisaria imaginar quando chegasse o dia elas iram juntas, seriam enviadas para casa da Grã-Sacerdotisa. Teriam de ficar pelo menos uma década sem saber o que estaria por vir, e se por acaso fossem separadas, haviam aprendido a se ver em sonhos, ficava confuso muito rápido, mas eram
Apesar do senhor feudal estar satisfeito com o trabalho de Chiyo, pois conseguia ver a melhora nas feições do filho, apesar dele não ter acordado ainda. E das pessoas que diretamente estavam no cuidado deles saber o que acontecia no castelo, o fato da menina ir todos os dias até lá, ficar por horas e voltar para casa. E com a melhora de Hiroshi, o pai do rapaz passou a dar presentes a menina como agradecimento, como algumas sacas de arroz, trigo, cevada, alguns legumes e frutas, chegou até a lhe dar um metro de tecido na ocasião que o rapaz sorriu durante o sono. E como todos naquele momento passavam por algum grau de dificuldade, começaram a sentir inveja da menina. E a esquecer toda a ajuda que ela já havia lhes dedicado algum dia, passando a falar mal dela pelas costas, fazer piadas de mal gosto sobre a honestidade dela e outras coisas desagradáveis que jovens moças acabam passando hora ou outra na vida. Mas longe de ligar pra esse tipo de comentários Chiyo permanecia fir
Fazia exatamente um ano que Branwen e Aine estavam estudando com Arlana na enorme mansão no centro de Elora. Apesar de todos os luxos, ela não podiam sair da propriedade e a todo o momento eram vigiadas, seja por empregados ou pelo familiar de Arlana. A alta sacerdotisa queria ter a certeza de que as meninas não pudessem trocar informações, para que pudesse manipular e afastá-las cada vez mais e no fim de tudo isso ter a marionete perfeita.- Senhora Arlana será que é prudente manter essas duas? – a governanta perguntou preocupada – Não seria mais simples apenas despachar uma delas?- A minha cara Sotie claro que é necessário manter ambas aqui, para que cada vez mais fiquem inseguras, briguem e estejam sob controle. Uma adolescente sozinha e ferida o suficiente para aceitar qualquer tipo de afeição, patético. – Arlana disse enquanto fazia um gesto largo c
Se passaram cem anos desde a morte de Chiyo e como todos os suicidas, sua alma está no inferno, mas no dia de hoje ela não está sofrendo os castigos habituais. Ela está sentada em frente a diretora do inferno, que não está com uma cara nada feliz. — Chiyo Saito, você sabe porque está aqui? — começou ela de forma séria. — Porque eu me suicidei na árvore sagrada causando a sua morte? — ela respondeu entediada. — Não só isso, o seu ato tirou a proteção daquela região e em consequência disso houve uma guerra onde morreram cem mil pessoas. — E eu com isso? Por mim poderiam ter morrido todos, vai me mandar para onde agora? Para o esfolamento? Estripação? O que? — Com esse tipo de pecado sua alma seria destruída, sem a possibilidade de reencarnar. É isso que quer? — E quem disse que quero voltar para aquele lugar imundo, odeio os humanos. Pode destruir minha alma, eu não ligo — Chiyo respondeu ainda entediada. — Antes que decida quero
De volta ao presente... Já havia passado e muito da hora do café, tanto que já se podia ver o sol alto no céu, ambos estavam agora sentados no banco da varanda. Bianca balançava os pés enquanto olhava para o horizonte, e Randy tinha os olhos fixos nela. Pensando quantas vidas humanas passaram até que chegasse aquele momento, até que seu espírito estivesse forte o bastante para chegar ali com ele novamente, mas mais uma vez teria de vê-la partir, esperava que não demorasse tanto tempo para que voltasse. E ficar ali remoendo todas essas coisas não facilitaria em nada a espera dele, então decidiu focar nas coisas que podia controlar. - E como saímos da floresta? O que aconteceu depois, eu virei um animal? – Bianca perguntou ansiosa, tirando Randy de seus pensamentos. - Infelizmente não temos mais tempo, você tem de voltar daqui algumas horas. – falou baixo com um suspiro triste no final. - Não quero ir, não ainda, não sem antes saber o que aconteceu. Eu
Quando a alma de Bianca voltou ao seu corpo, ela se deixou cair de costas no chão, exausta, ainda não havia conseguido processar tudo aquilo, mas muitas das coisas que escutara passaram a trazer sentido para outras coisas que aconteciam com ela o tempo todo. Como o fato de sempre se sentir errada, de sentir demais, de ouvir sussurros em alguns lugares que ia, de ver coisas que para outras pessoas não estavam ali ou ainda de mesmo que sem querer ouvir os pensamento, intensões das pessoas próximas. Quando alguém estava com suas emoções descontroladas, Bianca sentia como se fossem suas e algumas vezes dizia coisas que não deveria saber, quer eram segredos muitas vezes guardados tão fortemente que nem a pessoa deveria saber, como se tivesse escondido a verdade dela mesma. E esse tipo de coisa sempre trazia confusão para ela, porque não sabia explicar como sabia, só que sabia. Seu maior defeito era não saber ficar de boca fechada isso sim, se era segredo, ela não devia dizer que sabia. M
Amanda não entendeu muito bem o que estava acontecendo, como elas iriam a algum lugar ali sentadas? Será que ela estava falando de viagem astral? Ela já havia ouvido falar e até já tinha estudado sobre, mas nunca tinha conseguido, mesmo com a experiência guiada. Não falaria nada para Bianca, para não deixa-la frustrada, não antes de tentar pelo menos, ai quando não conseguisse diria a ela. Bianca fez o mesmo processo que havia feito na "visita" anterior, acendeu algumas velas, incenso, colocou uma música instrumental no fundo e sentou-se em cima da almofada, deixando uma almofada a sua frente para Amanda. - Vamos dar as mãos – Bianca disse estendendo suas mãos para frente esperando as de Amanda – Nós vamos para muito longe agora e não quero que se perca. - Como assim me perder? Para onde vamos? – Amanda respondeu desconfiada – Quer dizer, não que eu não confie nem nada, mas nunca fiz isso antes. - Tudo bem, eu vou te levar nessa primeira vez. – Bianca
Após o almoço, as meninas se ofereceram para ajudar a ajeitar as coisas, mas Tom recusou educadamente sabia que teriam muito o que conversar ainda mais com mais uma delas ali. Ele ficava imaginando quantas mais chegariam, será que o senhor Randulf tinha um harém? Será que a senhorita Bran sabia disso? Melhor ele não pensar nessas coisas que não eram da sua conta e se concentrar em seu trabalho que era o de administrador da propriedade, trabalho esse que tinha muito orgulho. Randy conduziu Bianca e Amanda para o banco de Bran para que pudessem conversar mais tranquilamente, deixou que as mulheres se sentassem, preferindo ficar em pé, assim poderia caminhar enquanto contava diminuindo a possibilidade de se irritar com a impaciência de Amanda. E podendo olhar sempre que pudesse para sua amada Bran. - Como perdeu o começo de tudo, e grande parte dele não lhe diz respeito... – começo Randy de forma arrogante. - Não me diz respeito? – Amanda respondeu erguendo uma
Branwen assim que abriu os olhos se viu em um cenário surreal, havia um caminho sinuoso ladeado por milhares de árvores, muitas delas sem folhas, era como se o lugar fosse sempre de noite. Também era possível ouvir pássaros ao longe, Branwen começou a correr pelo caminho desesperada para achar sua amiga e salvá-la, pois pode sentir sua mão ficando cada vez mais fria enquanto se concentrava para sair do seu próprio corpo. Conforme avançava, via coisas confusas e por vezes fora de contexto, como uma casa de cabeça para baixo com uma cadeira de balanço na porta, ou ainda uma plantação de guarda-chuvas, ou então quando avistou um exército de pardais que marchavam uniformizados e que piaram quando a viram passar em disparada. Quanto mais ela adentrava na cabeça da amiga mais confusa ficavam as imagens, que agora não passavam de borrões sem sen