Carlo não entendia bem esse modo dela falar. Talvez fosse coisa do trabalho.
_ Tem certeza de que não é melhor chamar a polícia?
Ela o encarou de novo. Começava a ficar difícil esconder a verdade.
Precisava achar sua nave e avaliar a possibilidade de um retorno imediato, mas não podia ir com ele. Teria que achar um momento para sair.
_ Sei que é difícil acreditar em uma estranha - se aproximou e segurou sua mão _ E ainda mais uma que caiu do céu - ele riu _ Mas envolver as autoridades no meu caso, só vai me criar um problema muito grande.
Um instante depois ele suspirou fundo.
Com uma caneca grande cheia de chocolate com marshmellows, Amina prestou atenção á narrativa dele sobre O Conde de Monte Cristo e sua vida conturbada, cheia de mentiras, traições, dor e vingança.Ficou empolgada com os fatos descritos. Carlo era um excelente narrador, atiçando sua curiosidade ainda mais._ Nossa, me parece um romance e tanto - ela murmurou._ Devo ter me empolgado. Este é um dos meus livros favoritos.Carlo estava sentado ao lado dela no sofá. Amina com as pernas cruzadas, segurando a caneca o ouvia com atenção. Por mais que tentasse, Carlo não conseguia se concentrar no que estava fazendo.Ele já lera mais de dez e-mails de alunos, respondera outros tantos e até chegou a separar um material para pesquisa.Mas todas as vezes seu pensamento fugia e a figura de Amina aparecia para confundir suas ideias.Já começava a ficar impaciente. Não era um adolescente. Um beijo era só um beijo e o pensamento de que era algo mais era bobagem.Parou e fechou os e-mails, se recostando na cadeira, olhando para fora.Queria uma resposta clara e correta para o que estava sentindo agora. Estava muito distraídCapítulo 7
_ Uma mulher do passado. Uma espiã famosa que também era dancarina e que trabalhava para os governos, fazendo espionagem durante a guerra._ E eu seria como ela? - riu._ Não sei - deu de ombros _ Você é uma incógnita - gesticulou afobado _ Estava voando no meio de uma tempestade, com chuva pesada e raios, o que desanima qualquer um - fez uma careta _ Não tem documentos - foi contando nos dedos _ Nunca vi o símbolo gravado em seu uniforme, não quer falar com a polícia ou com um médico... Ninguém falou sobre a queda de um avião nos noticiários..._ Porque não era um avião._ Sei lá - balançou a
Amina estava deitada no sofá. Carlo estava no quarto. Depois de comerem ele evitou voltar ao assunto de sua queda.Não era surpresa que não acreditasse nela.Na verdade, era até natural.Ele não insistiu para que fosse dormir no quarto, parecia não querer aborrecê-la, o que foi bom, porque sair da cabana seria mais fácil.Se ele tivesse ideia do quanto tinha sido importante esse encontro deles, entenderia o quanto ela se sentia carregada de um peso que nunca teve antes.O peso da saudade.Ao voltar para casa, para seu tempo, e
_ Daqui em diante temos que seguir a pé - puxou a chave _ Vou levar comigo - fez uma cara engraçada e saiu._ Não vou responder - desceu olhando em volta _ Mais alguns metros._ Melhor ter cuidado. Me dê a mão - o dispositivo fazia um bip _ O que essa coisa quer agora?Ela riu alto._ Não se preocupe, não vai explodir - ergueu o braço e girou o corpo devagar _ O alcance dele é grande, mas talvez com a queda, a nave esteja emitindo um sinal mais fraco. Sei que vamos achar.O bip foi aumentando._ É por ali.
Dados de seu trabalho, de sua vida pessoal, com fotos e arquivos.Uma foto dela abraçada a outra mulher._ É minha irmã mais velha, somos muito unidas. Myna é muito carinhosa._ Esses são seus pais? - viu outra foto._ Sim - mordeu o lábio._ E esse?Mostrou outra foto onde ela estava abraçada a um homem e pareciam bem próximos._ Esse é meu instrutor._ Só... Instrutor? - desviou o olhar.
Depois que comeram, Amina mostrou outras partes da nave para ele, que apesar da surpresa com cada coisa que via, a enchia de perguntas._ Sabe, até que você está mais calmo do que pensei - ela disse apertando seu braço._ Engano seu - esfregou a cabeça _ Eu estou até suando. Por dentro meu coração está acelerado. Tudo isso... - gesticulou _ É uma grande loucura. É como se eu estivesse em um filme._ Mas eu sou bem real - segurou sua mão._ É normal... De onde você vem... As pessoas voarem em naves por aí?_ Sim - deu de ombro _ Desde que nasci vejo coisas assi
A viu segurar a nave manualmente depois que os controles falharam, o suor descendo por sua testa e as caretas que fazia a cada vez que era atingida por um meteoro.Não conseguia descrever em palavras tudo o que estava vendo. Era como um filme de ficção, porém muito superior em efeitos, porque era real.Amina afastou os cintos de segurança e colocou o capacete para manter o controle. Então ele viu o que ela vira.Ao longe parecia um planeta, o espaço aberto, imenso e sedutor com sua escuridão quebrada ao longe por pontos que ele identificou que seriam estrelas talvez, não via bem o que era.Até ele ficou nervoso vendo aquilo, imagine ela que viveu o