Acho que já é a terceira vez que pergunto as horas para Danilo, eu estou morrendo de sono e meus pés doem.— Aguenta mais um pouco — diz ele baixinho e faço cara feia.— Eu estou grávida Danilo! Tem duas pessoas aqui dentro, meus pés estão doendo junto ao meu corpo todo! Eu preciso dormir! — reclamo e no final faço um biquinho sem nem perceber, isso o faz rir.— Tudo bem... — ele começa, mas é interrompido.— Mulher grávida precisa de descanso — o mesmo senhor de cabelos grisalhos reaparece, mas agora com uma mulher ao seu lado. Ela deve ter no máximo uns 45 anos. — É o que eu tô dizendo, meus pés doem muito! — reclamo novamente e vejo Danilo olhando fixamente para o senhor.— Como aguenta esse salto? Meu marido me contou da moça simpática que conheceu e que está grávida de gêmeos! — diz a mulher sorridente.— Nem eu sei, acho que não aguentarei trabalhar amanhã — digo sem graça.— Vocês se conhecem? — pergunta Danilo surpreso.— Sim — digo e o senhor sorri para mim — Ele foi ao merc
Acordei quase as 11h30 da manhã, estou parecendo uma morta viva, sem a dor de cabeça. Desço as escadas e logo ouço uma voz estranha.— Demorou, mas colei na área — a pessoa diz e ouço a risada de Emily.— Morri de saudades de ti, piranha! E eu preciso atualizar você pessoalmente, falar por WhatsApp é chato demais!— Nem me fale! Mas vai, do início! — Entro na cozinha e vejo Emily junto a uma garota desconhecida. Ambas param de falar e me encaram, me olham com deboche e a tal garota pergunta — Essa aí é a tal da Ana?— Sim... — responde Emily com desdém e elas riem.— Prazer, gata. Eu sou a Sabrina — nos encaramos enquanto vou até à pia — Melhor amiga da Mily.— Oi. Você já sabe meu nome, não tem o porquê eu me apresentar —respondo e pego o bolo dentro do forno. Assim que me viro para pegar uma faca, percebo que a Sabrina está em minha frente, estamos separadas apenas pelo balcão.— Sabe, florzinha... eu sou muito amiga dela e quando eu sou amiga eu protejo, mas quando sou inimiga eu f
AnaluConversamos e brincamos por todo o caminho, gosto quando eu Daniel estamos assim, de boa um com o outro. Ultimamente isso tem sido raro. Sempre acabamos nos estressando ou brigando por coisas idiotas, então quando há momentos como esse entre a gente que eu faço questão de guardar em um potinho. Ele tem me mostrado os lados bons de viver essa nova vida, todos os dias faz questão de me lembrar o quão somos sortudos por ser pais de dois bebês.Chegamos em casa e ele abre o portão, ao mesmo tempo estou sorrindo por conta de uma piada besta que ele fez.— Você é um leso, isso sim! — digo passando em sua frente, então o rapaz fecha o portão atrás de si. Entramos em casa alegres, mas o sorriso logo se desfaz, quando nos deparamos com a cena de Emily chorando horrores enquanto Sabrina a abraça.— O que aconteceu Emily? — pergunta Daniel, correndo em sua direção.O homem a toma nos braços, segurando seu queixo para que ela possa encará-lo — O que merda aconteceu pra tu tá assim? — ela o
Acordo com a voz da mãe de Manu. Olho para o chão e vejo que minha amiga ainda está dormindo. Pego meu celular e são exatamente 07h30 da manhã. Ontem antes de dormir eu estava pensando em como uma pequena decisão pode virar sua vida de cabeça pra baixo. Eu amo meus filhos antes mesmo de eles nascerem, mas se eu não tivesse dormido com Daniel naquele dia, ou até mesmo não tivesse vindo para o morro, minha vida continuaria a mesma.Sempre fui uma pessoa confiável, meu pai acreditava em mim, minha família, os professores..., E de uma hora para a outra meu pai não quis mais falar comigo e agora Daniel não acredita em mim. Tudo que eu quero saber é o motivo de merda que Emily e Sabrina tiveram para inventar tudo aquilo. Tudo o que eu preciso agora é sumir por um tempo, mudar minha rotina.Me levanto e pego uma camiseta de Manuela emprestada. Tomo um banho e visto a mesma legging do dia anterior, junto a blusa cinza de mangas longas, ela fica abaixo da minha bunda.— Ei, gata — me sento na
Eu e minha prima somos bem próximas, ela tem a mesma idade que eu, sou apenas três meses mais velha. Gaby é filha da tia Giselle, que é irmã da minha mãe e desde muito pequenas nos demos bem. Amo minha tia, ela é um amor de pessoa, sua afabilidade chega a enjoar, ela faz de tudo para ver as pessoas bem e confortáveis.Tia Giselle casou três vezes. Seu primeiro casamento durou uns quatro anos e foi dele que nasceu Gaby. O segundo durou um ano, já o terceiro apenas um ano e quatro meses. Mesmo que seu terceiro casamento tenha durado pouco, ela saiu no lucro. O cara era podre de rico e ela, que não era nada boba, o fez assinar um acordo logo no início, o contrato dizia que se um traísse o outro, a multa seria de meio milhão de reais. Pois bem, ele pagou e ela saiu contente. Uma vez eu e Gaby estávamos conversando sobre isso, e chegamos a uma teoria de que sua mãe pode ter muto bem pago a secretária para seduzir seu marido. Gaby é modelo e vive viajando, o último lugar onde ela esteve f
AnaluAcordei com meu celular vibrando feito louco, na tela tem um nome "Daniel". Alcanço o celular e vejo que são quase 19h, com relutância atendo"Onde você tá, Luíza?"— Fale baixo que você não tá alugando meu ouvindo, não — digo me sentando e logo observo Gaby sentada no sofá perto da janela, ela para de mexer no celular e vem sentar-se ao meu lado."Não brinque comigo, véi" Eu quero que você volte agora para casa, você entendeu?"— A banda não toca assim, Daniel. Eu dei sua chance, avisei, avisei novamente e você simplesmente cagou pra tudo, agora aguente as consequências — ouço um barulho como se ele tivesse chutado alguma coisa, mas estou pouco me lixando — Aproveita esse momento para passar mais tempo com a cobra que você colocou dentro de casa, mas cuidado para não morrer com o veneno dela."Você tá carregando meus filhos! Acha mesmo que pode ir embora sem me dizer para onde e quando volta? Dou uma hora para estar aqui em casa, se não vier, vou atrás de você nem que seja no i
DanielEncho o copo mais uma vez e viro goela abaixo, estou sem dormir e a única coisa que fiz foi beber. Se tem uma coisa que tenho certeza é que Luíza ainda vai me deixar louco, ela tem mania de agir sem pensar, de só ir e fazer, sem ligar para as consequências. Jogo o copo na porta e ouço o vidro quebrando ao tocar o chão, sinto vontade de quebrar tudo isso, ligar o foda-se e ir atrás dela. Se ao menos eu soubesse onde ela está escondida... Que ódio! Ouço a porta se abrindo e vejo minha mãe segurando uma sacola, ela observa o chão onde o vidro está todo espatifado, ela volta a atenção para mim e desvio de seu olhar. — Meu filho, coma alguma coisa — ela coloca a sacola na mesinha — Não adianta ficar bebendo, isso não vai trazer ela de volta.— Ela não podia fazer isso, mãe! Quem ela pensa que é para ir embora sem dizer uma única palavra? Ela carrega meus filhos!— Vocês dois são cabeça dura! Venha, sente aqui — a mulher segura meu braço e me puxa para o sofá — Deixe eu contar uma
AnaluJá estamos no shopping, minha tia passou no meu trabalho e pegou a mim e Manu. Somos quatro mulheres surtando ao ver roupinhas de criança, Manu não pode pegar uma que logo dá um sorrisão e diz "já imagino eles com essa roupinha". Gaby pega várias repetidas e diz que não sou louca de não colocar roupa iguais neles. E eu? Bom, estou conversando sozinha com meus nenéns e rindo delas. Acabamos de sair do shopping, minha tia comprou o carrinho duplo e compramos várias vestes, em torno de vinte conjuntinhos e, como falou ela, isso foi só o começo. Também aproveitei que já estávamos lá e compramos fraldas e algumas roupas para a mamãe, vulgo eu, que está quase nua por falta de algo que sirva. Manu veio com a gente para casa de minha tia, que nos deixou a sós para ir resolver coisas de trabalho.— Olha! — Manu vira o meu celular para mim — A tia Glória tá ligando, será que é Dan ou ele pediu pra ela ligar? — tomo o meu celular da sua mão— Não sei, vamos ver...— Oi, tia...— Analu, ah