Acordo com a voz da mãe de Manu. Olho para o chão e vejo que minha amiga ainda está dormindo. Pego meu celular e são exatamente 07h30 da manhã. Ontem antes de dormir eu estava pensando em como uma pequena decisão pode virar sua vida de cabeça pra baixo. Eu amo meus filhos antes mesmo de eles nascerem, mas se eu não tivesse dormido com Daniel naquele dia, ou até mesmo não tivesse vindo para o morro, minha vida continuaria a mesma.Sempre fui uma pessoa confiável, meu pai acreditava em mim, minha família, os professores..., E de uma hora para a outra meu pai não quis mais falar comigo e agora Daniel não acredita em mim. Tudo que eu quero saber é o motivo de merda que Emily e Sabrina tiveram para inventar tudo aquilo. Tudo o que eu preciso agora é sumir por um tempo, mudar minha rotina.Me levanto e pego uma camiseta de Manuela emprestada. Tomo um banho e visto a mesma legging do dia anterior, junto a blusa cinza de mangas longas, ela fica abaixo da minha bunda.— Ei, gata — me sento na
Eu e minha prima somos bem próximas, ela tem a mesma idade que eu, sou apenas três meses mais velha. Gaby é filha da tia Giselle, que é irmã da minha mãe e desde muito pequenas nos demos bem. Amo minha tia, ela é um amor de pessoa, sua afabilidade chega a enjoar, ela faz de tudo para ver as pessoas bem e confortáveis.Tia Giselle casou três vezes. Seu primeiro casamento durou uns quatro anos e foi dele que nasceu Gaby. O segundo durou um ano, já o terceiro apenas um ano e quatro meses. Mesmo que seu terceiro casamento tenha durado pouco, ela saiu no lucro. O cara era podre de rico e ela, que não era nada boba, o fez assinar um acordo logo no início, o contrato dizia que se um traísse o outro, a multa seria de meio milhão de reais. Pois bem, ele pagou e ela saiu contente. Uma vez eu e Gaby estávamos conversando sobre isso, e chegamos a uma teoria de que sua mãe pode ter muto bem pago a secretária para seduzir seu marido. Gaby é modelo e vive viajando, o último lugar onde ela esteve f
AnaluAcordei com meu celular vibrando feito louco, na tela tem um nome "Daniel". Alcanço o celular e vejo que são quase 19h, com relutância atendo"Onde você tá, Luíza?"— Fale baixo que você não tá alugando meu ouvindo, não — digo me sentando e logo observo Gaby sentada no sofá perto da janela, ela para de mexer no celular e vem sentar-se ao meu lado."Não brinque comigo, véi" Eu quero que você volte agora para casa, você entendeu?"— A banda não toca assim, Daniel. Eu dei sua chance, avisei, avisei novamente e você simplesmente cagou pra tudo, agora aguente as consequências — ouço um barulho como se ele tivesse chutado alguma coisa, mas estou pouco me lixando — Aproveita esse momento para passar mais tempo com a cobra que você colocou dentro de casa, mas cuidado para não morrer com o veneno dela."Você tá carregando meus filhos! Acha mesmo que pode ir embora sem me dizer para onde e quando volta? Dou uma hora para estar aqui em casa, se não vier, vou atrás de você nem que seja no i
DanielEncho o copo mais uma vez e viro goela abaixo, estou sem dormir e a única coisa que fiz foi beber. Se tem uma coisa que tenho certeza é que Luíza ainda vai me deixar louco, ela tem mania de agir sem pensar, de só ir e fazer, sem ligar para as consequências. Jogo o copo na porta e ouço o vidro quebrando ao tocar o chão, sinto vontade de quebrar tudo isso, ligar o foda-se e ir atrás dela. Se ao menos eu soubesse onde ela está escondida... Que ódio! Ouço a porta se abrindo e vejo minha mãe segurando uma sacola, ela observa o chão onde o vidro está todo espatifado, ela volta a atenção para mim e desvio de seu olhar. — Meu filho, coma alguma coisa — ela coloca a sacola na mesinha — Não adianta ficar bebendo, isso não vai trazer ela de volta.— Ela não podia fazer isso, mãe! Quem ela pensa que é para ir embora sem dizer uma única palavra? Ela carrega meus filhos!— Vocês dois são cabeça dura! Venha, sente aqui — a mulher segura meu braço e me puxa para o sofá — Deixe eu contar uma
AnaluJá estamos no shopping, minha tia passou no meu trabalho e pegou a mim e Manu. Somos quatro mulheres surtando ao ver roupinhas de criança, Manu não pode pegar uma que logo dá um sorrisão e diz "já imagino eles com essa roupinha". Gaby pega várias repetidas e diz que não sou louca de não colocar roupa iguais neles. E eu? Bom, estou conversando sozinha com meus nenéns e rindo delas. Acabamos de sair do shopping, minha tia comprou o carrinho duplo e compramos várias vestes, em torno de vinte conjuntinhos e, como falou ela, isso foi só o começo. Também aproveitei que já estávamos lá e compramos fraldas e algumas roupas para a mamãe, vulgo eu, que está quase nua por falta de algo que sirva. Manu veio com a gente para casa de minha tia, que nos deixou a sós para ir resolver coisas de trabalho.— Olha! — Manu vira o meu celular para mim — A tia Glória tá ligando, será que é Dan ou ele pediu pra ela ligar? — tomo o meu celular da sua mão— Não sei, vamos ver...— Oi, tia...— Analu, ah
DanDepois da conversa com minha mãe eu entendi a necessidade de espaço que uma pessoa precisa depois de se decepcionar com algo ou alguém. Pensando melhor eu percebo que não agi como deveria, nunca deveria ter gritado com Analu daquela forma e nem ter fechado a mão com força. Sou uma pessoa que sente tudo com intensidade, seja amor ou ódio. Dentro de mim tudo é dez vezes mais forte comparado com uma pessoa normal.E realmente, eu conheço Analu, sei do bom coração que ela tem e sei que nunca diria ou faria algum mal para outra pessoa, mas o por que Emily diria algo que não é verídico? Talvez Duda esteja certo, fazendo isso ela me teria apenas para ela e nada mais. Sempre soube que Emily é do tipo de pessoa que odeia dividir algo, ela costumava bater nas meninas que eu pegava nos bailes. Não só batia como também cortava os cabelos, ameaçava. Teve uma garota, a Kelly, quando Emily soube de nós dois teve um surto e foi na casa da guria, ambas brigaram feito gato e rato, fui chamado, dei
DanEntramos na favela, está silencioso e tranquilo. Podemos ver alguns moleques armados andando de um lado para o outro, alguns estão sentados fumando e outros apenas conversando. Por incrível que pareça há poucos meninos e isso é uma vantagem. Ao meu lado está Duda, meu companheiro em toda missão. Ao total trouxe 31 caras comigo.— Baiano acabou de avisar que pegou um moleque — sussurra Duda.— Faltam dois. Precisamos dar cobertura, fique ligado — digo. Estamos no alto de um morro, daqui a vista é boa e com a ajuda da mira da arma fica ainda melhor. Posso ver alguns trutas meus — Diga ao Tony que tem três a esquerda e dois descendo a direta — digo e ouço Duda passando a informação pelo o rádio.— Luan pegou o segundo cara — informa Duda e miro na direção onde Luan está. Vejo-o arrastando um cara e acabo sorrindo de lado.— Perfeito... O terceiro fica mais fácil para o Hugo. O moleque tá sozinho descendo a ladeira em direção a ele — digo e Duda passa o comando. Depois que o terceiro
AnaluAcordei cedo e aproveitei o dia de ontem para pedir folga. Hoje vou lá para o complexo passar por outra consulta. Estou ansiosa e torcendo para que meu bebezinho tenha acompanhado o irmãozinho ou irmãzinha. Tenho tomado todas as vitaminas que a doutora passou e tenho comido as coisas que ela receitou também.Vesti uma jardineira jeans com um cropped branco, meu corpo até que ficou bonito nessa roupa e tenho que dizer que estou ganhando alguns quilos. Já percebo meus peitos um pouco inchados e minhas coxas um pouco mais grossas. Sempre fui péssima em ganhar peso, mas depois da gravidez parece que estou ganhando com mais facilidade, espero que isso não prejudique meu corpo futuramente.— Quer que eu vá com você? — pergunta Gaby e pego minha bolsa junto com as malas.— Não precisa, meu bem, de lá vou resolver a questão da casa. Uma grande amiga de tia Cida tem uma casa para alugar, ela falou que se eu quiser é minha, aceitei e ela deixou a chave com Manu. Preciso ir lá assinar papé