TYGER
Para minha surpresa, ela não grita, a fêmea pisca várias vezes e o olhar começa a viajar sobre meus ombros e braços durante vários segundos, suas bochechas ficam coradas na medida que me encara parecendo disposta a fazer isso eternamente. Seu olhar então fixa-se em meu rosto estudando cada centímetro, parece... Chocada.
— Você é... — começa a dizer mas a interrompo.
— Um Nova Espécie, sim. — meu tom sai mais ríspido do que eu queria.
— Eu sei, mas... Nunca vi um de vocês pessoalmente.
— Bem, está vendo agora.
— Sim e... Você é lindo... Fascinante.
Engulo em seco meio desconcertado. A última coisa que eu esperava era essa fêmea humana me achando fascinante e lindo. Será que está zombando de mim? Não sinto que está mentindo, entretanto.
Resolvo mudar de assunto.
— Você está bem? — pigarreio gesticulando para o sofá e chão.
— Sim, eu... — ela olha para seus cotovelos e joelho com curativos — Obrigada, mesmo. Se não fosse por você eu estaria morta agora dentro do estômago de um animal gigante.
— Sem problemas, mas o que você estava fazendo numa estrada deserta cercada por florestas, sozinha tarde da noite?
— Acredite em mim, eu não queria estar lá. Eu simplesmente não tinha nenhuma opção. Agradeço de verdade. — sou pego de surpresa quando abre os braços e me abraça, seu rosto fica pressionado em meu peito.
A pele cheirosa e macia em contato comigo e o cheiro do seu cio ficando mais forte faz meu pau endurecer na mesma hora. Puta merda! Começo a sentir vontade de acariciá-la, de sentir o sabor que vem dela, deve ser doce.
— É assim que humanos agradecem? — solto uma risada tentando esconder meu nervosismo por ter reagido desta forma a ela.
Seu rosto fica mais vermelho quando se afasta.
— É um costume meu, eu penso que abraços são bons para demonstrar gratidão quando não se tem nada para oferecer em troca, me desculpe se não gostou. — vejo ressentimento em seus olhos.
— Não é que eu não tenha gostado, apenas fiquei curioso. — um trovão soa alto fazendo-a se assustar e instintivamente se aproximar de mim.
Sinto o cheiro fraco do seu medo começando a fluir.
— Eu tenho medo de trovões e relâmpagos. — morde o lábio inferior olhando para o chão.
Ouço do lado de fora a chuva começar a ficar mais forte.
— Você vai ter que ficar até o amanhecer. — informo — Não irei levá-la para casa com o tempo desse jeito.
— E agradeço, também não gosto de sair com o tempo assim, você ouviu aquele trovão? — estremece — Eu não serei um incômodo? — engole em seco.
— Não e você? Se sentirá confortável aqui comigo? Não tem medo de mim? — dou um meio sorriso sem mostrar minhas presas afim de não assustá-la.
— Qualquer um me acharia estúpida por pensar assim sobre uma pessoa que nem conheço, mas estou me sentindo segura aqui.
Será que essa fêmea não irá parar de me surpreender? Ela é diferente, não tem medo de mim, até me abraçou... Sinto algo em meu interior tremer e não gosto nenhum pouco da sensação, é estranha e dolorosamente boa.
— Por que? — estou confuso. — Eu poderia ser um macho ruim.
— Você me salvou, me trouxe para sua casa, cuidou dos meus machucados e agora disse que não posso ir embora porque está chovendo. Você é um bom homem, sei disso. Você é um Nova Espécie, são pessoas boas que merecerem o mundo pelo que passaram.
— Obrigado, mas não sou um homem, sou um macho. — esclareço ignorando o fato de que suas palavras mexeram comigo.
Um outro trovão a faz se assustar de novo, instintivamente abro meus braços quando pula do seu lugar grudando em meu corpo abraçando meu tórax até onde seus braços conseguem ir.
— Me desculpe, eu tenho muito medo. — choraminga — Está certo que eu sou adulta para ficar com medo de trovões, mas fiquei traumatizada na infância quando meu pai falava que era o diabo dando risadas vindo atrás de mim por eu ter sido desobediente, coisa que eu era muito. Entro em pânico desde então e abraço qualquer pessoa que eu sinta que vai ser reconfortante.
O instinto protetor e de cuidado dentro de mim desperta com força. Concentro-me em qualquer coisa que não seja seu cheiro querendo me enlouquecer e abraço seu corpo pequeno e frágil que treme.
Em partes sinto-me culpado por estar com o pau tão duro num momento como esses. Nunca reagi tão fortemente a uma fêmea, mas porra, ela está ovulando, qualquer macho ficaria maluco para fazer sexo com ela.
O sentimento de odiar que outro macho possa fazer sexo com ela se instala em mim. Que merda é essa, Tyger?
— Sei o que são traumas, eles permanecem em nós mesmo depois de anos, eu te entendo. — esfrego suas costas gentilmente — Está tudo bem, fêmea. Minha casa é segura e eu te protejo enquanto estiver aqui.
Ela levanta a cabeça olhando para mim, seus olhos cheios de lágrimas.
— Obrigada, de verdade. — fala com o queixo tremendo.
— Vamos conversar enquanto isso, ignore os barulhos lá fora. O que aconteceu com você? Por que estava naquela estrada sozinha?
Seu olhar torna-se hesitante, talvez não confie em mim o suficiente para contar, mas quando abre os lábios para responder, batidas fortes na minha porta a impede.
Cheiro o ar tentando indentificar quem é antes de abrir, é um macho espécie. Passo a fêmea para trás de mim e caminho até a porta com ela ainda grudada a mim, no entanto meu corpo a esconde totalmente.
— O que foi Hook? — pergunto assim que abro.
— Precisam de você nos portões, está acontecendo alguma coisa, não me disseram direito, só me ordenaram que te chamasse o mais rápido possível! — ele está nervoso.
— Já estou indo. — falo e noto suas narinas se alargam.
— Está com uma fêmea? Humana? — raiva cintila em seu olhar.
— Não é da sua conta. Vai indo e diz que em um minuto chego lá. — bato a porta virando nos calcanhares.
— Preciso sair agora, vou trancar tudo e ficará segura aqui. Não saia em hipótese alguma, ok?
— Tem mesmo que ir? — sussurra.
— Tenho. — meu peito aperta de forma incomum — Você vai ficar bem. Ligue a TV para evitar ouvir os trovões, tem comida no fogão, coma um pouco, o banheiro é lá em cima, se quiser tomar um banho pode ficar a vontade para vestir uma camisa minha, acho que servirá como um vestido para você.
Quando termino de falar ela está me olhando emocionada, em seguida me abraça novamente.
— Tudo bem. Sei que é chato para você ficar me escutando dizer obrigada a todo momento mas nada expressará minha gratidão pelo que está fazendo por mim. Cuidado com seja lá o que for. — assinto e saio podendo respirar aliviado do lado de fora.
Começo a correr no meio da floresta em direção aos portões odiando deixá-la sozinha. Incontrolavelmente tudo que eu consigo pensar no momento é naquela fêmea e em como quero voltar o mais rápido possível para casa, onde ela estará quando eu chegar. Tudo que eu queria evitar está me atingindo tão rápido que chega ser assustador.
Puta que pariu, estou muito fodido.
Emily GordonOuço o som da porta bater quando ele sai, a sensação esquisita de vazio que fica faz-me abraçar meu corpo e correr para o sofá. Minha ficha ainda está caindo... Merda, eu estou na casa de um Nova Espécie que me salvou de ser engolida por um tigre medonho.Jurei nunca mais confiar em um homem e odiar todos eles, são traidores, mentirosos e pervertidos mas estranhamente me sinto segura aqui, como se tivesse certeza que posso confiar. Estou assustada, confesso. Não deveria confiar nele, deveria desconfiar até dos seus fios de cabelo, homens sempre escondem as verdadeiras intenções atrás de boas ações.Ele não é um homem! É um macho.Minha mente faz questão de me lembrar dele falando isso para mim.Bom, isso torna as coisas bem diferentes e ele foi tão amável com
Emily Gordon— Quer ou não, Emily? — seu tom não é duro, sua voz está rouca quase animalesca.Respiro fundo controlando minha vontade de quase implorar dizendo sim imediatamente. Ele não pode perceber que estou tão desesperada para beijá-lo. Merda, isso é tão estranho! Mal nos conhecemos e sinto uma intensidade louca, quero demais sentir esses lábios sobre os meus.— Se você quiser, eu quero também. — acho que consegui não soar eufórica.Ele dá um meio sorriso sexy o suficiente para me deixar molhada, posso sentir minha coxa um pouco úmida já que não tem pano nenhum pra cobrir.Engasgo quando Tyger se aproxima mais de mim olhando bem dentro dos meus olhos, seu olhar exótico, o corpo grande que poderia facilmente ganhar um concurso de físico turismo mesmo eu ainda
Emily GordonEu só queria sumir daqui. A vergonha que sinto de mim mesma não tem explicação. Me odeio. Só faço merda. Talvez seja por isso que nada da certo para mim, a única e exclusiva culpada sou eu. Obviamente todas as minhas ações foram idiotas como essa e é por isso que a vida vem querendo me ferrar a qualquer custo.Precisava se jogar para cima do Nova Espécie, Emily?A rejeição dói não importa a quanto tempo você conhece uma pessoa. Sou prova disso depois de ter sido rejeitada tantas vezes na minha vida, tenho um histórico de mãe, pai, amigos, namorado e, até em vagas de emprego.Me sento no sofá sentindo a garganta doer por estar tentando segurar as lágrimas, pareço estar mais sensível que o normal, no entanto tudo que está acontecendo é for
TygerQuase vinte minutos depois, o corpo de Emily relaxa me assegurando que dormiu, meu abraço se intensifica um pouco mais em seu pequeno corpo, cheiro seu cabelo e o seu aroma frutado é meu preferido agora. Ela se encaixa tão perfeitamente em meus braços, quero ficar com ela aqui, para mim.Mas não posso e não irei fazer isso. Amo minha liberdade e me apegar a uma fêmea me faria possessivo além de me deixar vulnerável, viveria apenas para protegê-la de todo o mundo. Emily se tornaria meu ponto fraco, meu vício e se algo acontecesse com ela me tornaria um louco.Acompanhei em primeira mão tudo que aconteceu com os machos que tomaram companheiras humanas e se acasalaram, não foi nada fácil para eles ficarem juntos, sofreram demais e sofrimento não é o que desejo para Emily ou para mim.Sem contar que a cada dia que passa
Emily GordonAcabo de sair do chuveiro quando ouço no andar debaixo o barulho da porta se fechando. Meu coração acelera por saber que Tyger chegou, agora deve ser por volta das cinco. Passei o dia inteiro pensando nele. Fiz algumas coisas na casa para passar tempo e só não preparei o jantar por não saber exatamente o que ele gosta de comer. Eu simplesmente nunca poderei agradecer a ele por estar sendo tão bom.É estranho que eu esteja na casa de um homem que conheço há um dia apenas, mas ele não é como os outros, já me provou isso de muitas maneiras e também é muito melhor estar com alguém tão bom que cuidou de mim quando mais precisei do que em um hotel barato gastando o pouco de dinheiro que tenho.Lavei minha roupa do dia anterior e ela secou, vesti e deixei os cabelos soltos molhados sobre meus ombros. Desço
TygerDe cima da guarita observo a movimentação, estranhamente parece tudo calmo, mas nada é tão fácil para nós. Tem uma van de jornalistas um pouco distante dos poucos manifestantes que restaram perto dos portões, um movimento atrás dela chama minha atenção.— Fiquem atentos a van a dois metros, movimento suspeito na traseira. Pode ser um possível ataque surpresa. — falo no rádio enviando a mensagem para todos os machos que estão fazendo a segurança.— Todos em posição Tyger. — Book responde.Olho atento vendo o dia clarear, ninguém está autorizado a entrar ou a sair pelos portões. Estou furioso e com raiva, humanos filhos da puta! Nós só queremos paz, são eles quem vem infernizar nossas vidas nos portões. Até vivemos reclusos do mundo l&aa
Emily GordonOlho para Creek e mais algumas mulheres espécies que conversam tranquilamente em sofás na sala de televisão, todas foram muito amigáveis comigo e estou contente que não me ignoraram por segundo eles, ser humana.— Então você está vivendo com Tyger, hein? — uma delas diz sorrindo.Meu rosto esquenta.— Sim. — respondo timidamente.— Você gosta dele? — a voz de Timber, o macho que foi atribuído para ficar aqui dando suporte fala.Nos últimos minutos ele esteve conversando comigo sobre como tinha interesse em acasalar uma fêmea, mas as espécies não queriam se prender a ninguém, então ele tinha interesse em humanas.— Sou grata por tudo que ele fez por mim. — espero que eles não vejam que estou me apaixonando, já que sentem tudo.
Emily GordonOlho para Tyger confusa quando ele segura minha cintura com uma das mãos puxando meu corpo para seu colo. A leveza com a qual ele me ergue é surpreende.— O que você está querendo dizer exatamente com isso? — minha voz está trêmula e respiração começando a ofegar.— Quero você Emily. — grunhe.Ele não dizia isso antes de saber que Timber estava interessado em mim.— Não. — me remexo para sair do seu colo e acabo sentindo o volume pressionar minha bunda.— Quero sim. Você não me quer? — franze o cenho apertando os braços em volta de mim.— Quero, mas você só está querendo me tocar agora porque percebeu que Timber estava interessado em mim.— O que te leva a pensar isso? — o tom horrorizado em sua voz quase