— Sarah, eu não quero falar com você — sua voz saiu em tom seco.Ela se aproximou e ele olhou para o lado ignorando.— Eu precisava te ver, você não imagina a angústia que eu tenho vivido desde o dia em que acordei daquele acidente e descobri que você estava em coma. Antony, eu estava aqui durante todo tempo ao seu lado segurando sua mão pedindo a Deus que fizesse um milagre.Neste momento ele virou o rosto ficando de frente para ela acendendo dentro de Sarah uma esperança.— Eu preferia ter continuado em coma do que ter acordado e me encontrar nesta situação.Foi possível sentir toda dor que ele tinha através de suas palavras. Ela deu um passo à frente se aproximando da cama e tocou o seu rosto com a ponta dos dedos delicadamente.— Meu amor, a gente vai superar mais essa.Ele novamente virou o rosto para o lado rejeitando seu toque.— Não temos que superar nada. Minha vida acabou desde o momento que eu soube que nunca mais poderia jogar.— Não, Antony. Sua vida não acabou, nós vamos
Seis meses se passaram desde que Eduardo foi até sua casa, naquele dia ele havia dado a Sarah a notícia de que Antony iria embora do país a fim de tentar um tratamento no exterior, realmente ele parecia ter desaparecido completamente. Nas notícias que a mídia transmitia, sempre se perguntavam por onde ele andava, realmente tinha sumido sem deixar rastros.Desde o início da separação, Sarah tinha esperanças de que ele mudasse de ideia, pois quando colocasse a cabeça no lugar perceberia que o amor que ambos sentiam podia superar tudo o que estavam passando. Mas não foi assim, Antony simplesmente desistiu de tudo e lhe expulsou de sua vida. Ela tentava se recuperar, decidiu viver um dia de cada vez, mas estava sendo impossível esquecer dele e de tudo que viveram. Ela ainda o amava, sentia falta de ter ele, dos seus braços, seu toque…seu beijos e a ausência causava dores em todos os lugares possíveis de seu corpo e alma.— Acho que isso não vai ficar bom. Você vai precisar contratar um pi
Sarah acabava de estacionar na porta da casa de Mary, tinham combinado de jantar com ela e Breno naquela noite.A noite estava fria, bem típica daquela época do ano. Sarah ajeitou o seu blazer e desceu do carro. O vento agitou seu cabelo enquanto caminhou até a porta. Beth abriu a porta e lhe recebeu com toda a simpatia de sempre. Seus amigos estavam logo atrás e Sarah sentiu que algo não estava bem pois eles estavam bastante estranhos.— Estou muito atrasada? — brincou na tentativa de aliviar o clima.Mary veio em sua direção e lhe abraçou.— Não, claro que não.Naquele momento, Sarah, ouviu uma voz familiar invadir o ambiente, por um instante várias lembranças vieram em sua mente e ela quase gelou com a possibilidade de que Antony também estivesse ali.— Ela cresceu bastante, está linda! Antony adoraria ver ela, pena que não veio — Clair dizia carregando Sofia no colo enquanto conversava com Carmem.As duas ficaram paralisadas quando viram Sarah.Houve um longo silêncio.Era possíve
Aquela estava sendo a madrugada mais fria do ano, Sarah acordou pela segunda vez com a brisa fria que entrava em seu quarto, pois a janela estava entreaberta, então se levantou para fechá-la. Viu seu celular em cima da cômoda, ficou tentada a mexer, mas já era tarde e sabia que se ligasse o aparelho não conseguiria dormir, então resolveu desliga-lo. Fechou a janela e se enroscou de baixo dos cobertores, precisava dormir, mas as recordações de seu diálogo com Clair não saiam de sua mente, desde a visita há duas semanas, Sarah não estava conseguindo dormir muito menos se concentrar, passava horas pensando que talvez estivesse sendo estúpida por não ir atrás do seu grande amor, mas a idéia de ser rejeitada novamente lhe acovardava completamente. Finalmente, quando conseguiu cochilar por alguns minutos, teve o sono interrompido e despertou com sua mãe batendo na porta. Deu uma tímida olhada para o relógio de cabeceira, eram três e meia da manhã. Por um instante uma sensação ruim tomou con
Nenhum dos dois conseguia falar naquele instante. Antony parecia envergonhado, talvez fosse por sua aparência que estava tão diferente, ele parecia ter desistido realmente de tudo, inclusive de se arrumar. Era notório seu nervosismo e Sarah ficou surpresa, pois em todas as vezes que se imaginou diante dele, esperou ver um Antony arredio, arrogante e intolerante, assim como no momento em que se despediram quando ele havia terminado tudo.Antony levou a mão até a roda da cadeira, uma de cada lado, e se virou de costas para ela de forma que se sentiu mais confortável para dizer algo e quebrar aquele clima tenso.Finalmente consegui falar:— Estou feliz por você Sarah, soube que abriu sua própria clínica. Este era seu sonho, trabalhar com o que amava de verdade.Vê-lo tão covarde a deixou irritada, Antony ao menos a encarou. Bem diferente do Antony a expulsou de sua vida um dia. E já que precisavam ter aquela conversa, ela estava disposta a abrir seu coração.— Não Antony, você está muito
Alguns dias se passaram, seus amigos haviam retornado para casa e Sarah tirou alguns dias de folga para estar ao lado de Antony. Ainda não haviam conversado sobre como seria a relação deles, mas nenhum dos dois desejava ficar longe um do outro. Sarah terminava uma sessão de exercícios e mesmo em meio às queixas de dores de Antony, ela não lhe dava folga.Já era noite e Sarah havia acabado de entrar no quarto, levou uma sopa que ela mesma tinha feito, ajeitou os travesseiros de Antony e lhe serviu na boca. Sentia muito prazer em cuidar dele, Antony havia voltado a ser aquele homem apaixonado e carinhoso.Tudo parecia perfeito.— Assim eu fico mal acostumado, com você aqui cuidando de mim, me dando banho e comida na boca.Ele falou e beijou o topo de sua cabeça.Sarah colocou o prato na cômoda e se ajeitou ao seu lado. As mãos dele imediatamente repousaram sobre a sua.— Prometi que cuidaria de você, é o que estou fazendo — ela falou enchendo o peito e apoiando a cabeça em seus ombros.
O calor finalmente havia chegado. Naquela tarde de sábado estavam todos empenhados com a mudança do casal, para casa nova. Quem estava radiante de alegria era Mary, pois seus amigos seriam seus vizinhos, Antony havia comprado a casa dos Monte Belo bem ao lado da sua, o mais incrível era que as duas amigas haviam sonhado por várias vezes com aquilo.— Isso nem parece ser real — Mary falou ao se esbarrar em sua amiga.Ambas carregavam caixas assim como todos ali, Breno, Eduardo, Meire e Tonny.— Eu também ainda nem acredito Mary, que conseguimos comprar esta casa — Sarah sorriu contente.Antony se aproximou das duas empurrando a cadeira naturalmente, Breno estava com ele.— Vão ficar aí de papinho? Ainda tem muita coisa pra carregar!— falou em tom de brincadeira.Breno sussurrou para seu amigo fingindo se preocupar:— Agora somos nós dois quem nos demos mal, essas duas não vão nos dar sossego já que estão tão perto uma da outra.As duas se entreolharam e sorriram de forma travessa com a
4 anos depois…— Mamãe eu peguei uma fozinha pá você — o pequeno garotinho falou entregando uma margarida nas mãos de Sarah.Antony olhou para ela e ambos respiraram fundo de alegria. Gael era um menino extremente carinhoso, ainda era impossível acreditar que alguém poderia fazer mal a uma criança tão amável, ainda mais uma mãe. Por causa dos traumas que viveu, ainda estava com um atraso na fala. Há dois anos, eles haviam adotado o pequeno. Gael tinha sido levado para um abrigo desde que foi encontrado em situação de abandono e maus tratos, a própria mãe o espancava frequentemente, o que deixou sérias marcas pelo seu corpo e alguns traumas que estavam sendo tratados com muito amor.A ideia de adotar o pequeno veio no dia em que assistiram pela TV a reportagem sobre toda maldade que ele sofreu. Naquele tempo Gael tinha apenas dois aninhos e foram os próprios policiais que o resgataram que perceberam a paixão do garoto por futebol mesmo tão pequeno. Sarah e Antony ao verem aquelas image