Milena Bianco.
Seis e quinze. Despertador tocando feito um louco, o que quer dizer que, após mais de um mês de férias, cá estou eu de volta à rotina escolar e por mais que seja estranho admitir, estou com saudades do colégio. Procuro meu celular por entre a bagunça da cama, afim de desligar o tilintar irritante e antes mesmo de abrir os olhos, a claridade em excesso tira de meu conforto, fazendo com que pisque meus olhos por diversas vezes, até me acostumar.
— Que cabeça em, Milena! — reclamo comigo mesma, ao me perceber que acabei esquecendo a janela aberta na noite passada.
Em pouco mais de cinco minutos arrumo a bagunça do meu quarto, estendo a cama, guardo os cobertores e em seguida, me encaminho para meu banho. A água morna ajuda a me despertar por completo e após alguns minutos, termino de me arrumar, logo descendo para a cozinha onde encontro Estella Bianco, ou simplesmente, minha mãe, preparando o café da manhã.
— Bom dia, mamãe. — deixo um beijo no topo de sua cabeça. — Cadê o papai?
— Bom dia, meu amor. — deixa um beijo carinhoso em minha bochecha. — Ele está trocando o Phellipe. — sorri. — O café está pronto. Cuidado para não se atrasar.
— Primeiro dia, não posso nem pensar em chegar atrasada. — me sento à mesa e começo a me servir.
Tomo meu café da manhã enquanto converso amenidades com a minha mãe, até meu pai, Otávio, aparecer na cozinha com Phellipe, meu irmão mais novo, em seu colo. E não posso deixar de rir do garotinho empenhado em puxar sua barba, enquanto se diverte com as caretas de nosso pai.
— Bom dia, Milena. — o homem sorri, e deposita um beijo em minha testa. — Fala bom dia pra sua irmã, meu amor. — brinca com o menino que sorri, quando faço cócegas em sua barriga.. — Estella, você leva o Lipe para a creche? Preciso chegar um pouco mais cedo na empresa hoje.
— Levo sim, querido. — minha mãe o ajeita na cadeira, próxima a mesa. — Mas primeiro, vamos tomar café da manhã, não é meu amor?
Ficou claro que Phellipe é, literalmente, o bebê da casa, né? E eu nem preciso falar o quanto sou apaixonada por esse menino, que há pouco mais de um ano chegou em nossas vidas, e só tem nos dado alegrias e despertado em mim, um lado "irmã babona" que nem eu mesma conhecia antes.
Termino meu café e corro até meu quarto para pegar meus materiais. Confiro tudo na mochila e no mesmo instante passo pela cozinha, me despedindo de meus pais e de Phellipe, logo saindo para o meu primeiro dia do meu último ano no colégio. Mas antes, tenho uma parada na casa de Aléxia, que é até bem próxima à minha e com o passar dos anos virou meio que uma rotina nós fazermos esse percurso juntas.
— Bom dia, Alexia! — sorrio, abraçando minha amiga. — Meu Deus, estava com tantas saudades de você! — a aperto mais um pouco no abraço.
— Saudades, né?! Imagino, dona Milena Bianco, foi lá pra casa do caralho passar as férias, e agora fala que tá com saudades?!? — cruza os braços com uma falsa expressão emburrada, me fazendo rir. — Ah, eu também estava com saudades, loirinha! — dessa vez ela quem me abraça, me apertando de forma exagerada.
— Vamos? Estou ansiosa para encontrar Henrique, Cecília, Anna e Valentina. — digo e ela concorda, logo tendo um sorriso malicioso se abrindo em seus lábios.
— E também uma certa professora de biologia, não é Milena? — brinca, me dando uma leve cotovelada.
Apesar de, realmente, estar com saudade dos meus amigos, eu também preciso admitir que estou com saudades da citada professora de biologia, vulgo Clara Herrera, que pode muito bem ser conhecida também como a oitava maravilha do mundo. Sem dúvidas nenhuma, a mulher mais linda que eu conheço e com toda certeza do mundo, minha primeira paixão, mesmo que seja algo totalmente platônico e não correspondido.
Pode parecer exagero, mas é verdade. Me apaixonei por Clara poucos meses após conhecê-la no colégio, quando a mesma começou a me dar aula no primeiro ano do ensino médio e desde então, a queda que tenho por essa mulher só vem aumentando. Não só uma queda, mas sim um precipício, como Henrique sempre faz questão de ressaltar.
Mas como disse, nós nunca tivemos nada, eu sempre preciso me virar para esconder todos meus “gay panics” quando estou perto dela, mas vez ou outra acabo passando alguma vergonha por não conseguir não parecer uma idiota ao seu lado. Até metade do ano passado, Clara era casada com Juan Carlos, ex professor de história desse mesmo colégio e quando ouvi dizer que separaram, pensei que seriam apenas boatos e fofocas das más línguas, mas eles realmente não estavam mais juntos e então, desde junho do ano passado, Clara Herrera está solteira. E eu? Bem, eu continuo na mesma, sem um pingo de coragem até para me aproximar em sala de aula, imagina então para algo a mais que isso.
— Sabe Mi, eu acho que como esse é o nosso último ano no colégio e a professora Herrera está solteira, você deveria tomar coragem... —Alexia começa, me tirando de meus devaneios.
É lógico que essa maluca está apenas brincando. Eu prefiro nem me apegar muito a esses pensamentos, já que quem me conhece sabe que eu me iludo muito fácil e mais ainda, quando o assunto é a professora Herrera.
— Ah, eu não sei... — dou de ombros. — eu não consigo ficar nem cinco minutos ao lado daquela mulher sem parecer uma idiota. E além do mais, Clara nunca iria me olhar de uma outra maneira que não apenas mais uma de suas alunas.
Continuamos andando e conversando aleatoriedades, nos atualizando sobre as novidades das férias e não demoramos mais que vinte minuros para chegarmos no colégio. A rua já se encontra bastante movimentada, cheia de alunos sozinhos ou com seus pais e também alguns carros de professores que tentam ganhar acesso ao estacionamento interno do local.
— Rick, que saudades! — pulo nos braços de Henrique, que me aperta em um abraço carinhoso.
— Também estava com saudades, loirinha. — dá um beijo em minha bochecha. — Alê, nos vimos nas férias, mas já estava com saudades também. — se vira para Alexia, puxando a morena para um abraço também.
— Agora vamos nos ver todos os dias e tomara que tenhamos saído na mesma sala. — Alexia diz, ainda abraçada a Henrique.
Ficamos alguns minutos, próximos ao estacionamento a espera de Anna, Valentina e Cecília. Como já era de se esperar, em qualquer grupinho presente ali, o assunto era apenas um: as férias, a maioria contava de forma empolgada o que fizeram em seu tempo livre do colégio. Até me concentrei no assunto por algum tempo, mas depois de alguns minutos minha atenção é toda roubada pela Land Rover preta que é estacionada há alguns metros de distância de onde estamos. De forma automática, meus olhos se direcionam ao local e eu sinto meu coração bater ainda mais forte
Mesmo que saiba muito bem de quem é esse carro, volto fixamente meu olhar na direção do veículo, como se isso fosse necessário, para ter certeza de que Clara Herrera quem irá sair dele. E lá está ela, a professora mais linda que já pisou nesse colégio, a mulher que apenas com um sorriso faz meu coração acelerar tanto a ponto de quase saltar pela boca.
Incrível como esses dois meses que fiquei sem vê-la, parece que despertaram um olhar ainda mais deslumbrado, bobo em mim. Ou não, talvez ela quem esteja realmente mais linda do que quando saímos de férias, mesmo que, às vezes eu pense que seja impossível essa mulher ficar ainda mais bonita que já é.
E assim, ela passa por nós com aquele sorriso radiante, contagiante e com o inseparável batom vermelho contrastando perfeitamente com seus dentes branquinhos. Cumprimenta alguns grupos de alunos, até chegar onde estamos.
— Bom dia!
Ah meu Deus do céu, como eu estava com saudades dessa voz!
— Bom dia, professora Herrera. — falamos ao mesmo tempo.
Ela segue para dentro e eu logo sinto o olhar de meus amigos sobre mim. A esse ponto, Anna e Valentina também haviam se juntado a nós.
— Fecha a boa, Milena. — Alexia estrala os dedos próximos ao meu rosto. — A baba está escorrendo aí, amiga. — finge limpar o canto da minha boca, mas logo desvio sua mão com um leve tapa.
Apenas esse meu grupo de amigos sabe dessa minha paixonite por Clara, mas afinal de contas, é como eu sempre digo em minha defesa: quem nunca teve um crush em algum professor, em alguma época da vida escolar, que atire a primeira pedra.
Como na maioria das vezes dos anos anteriores, Cecília chega atrasada, correndo feito uma maluca. De todos nós, ela é a quem mais tem problemas com horários, principalmente precisando acordar cedo. E nós? Bem, nós já estamos mais que acostumados com isso em nossa amiga.
— Bom dia, gente! — diz, ainda recuperando o fôlego.
Cumprimentamos Cecília e enfim, seguimos para dentro do colégio. Procuramos um lugar mais afastado no pátio, já que não tem como fugir de ouvir a mesma série de avisos, regras e recomendações de todos os anos. Isso tudo só acaba nos deixando mais ansiosos para sabermos qual será nossa última turma do colégio.
Enfim, depois de quase meia hora Soraya a diretora, nos libera para encontrarmos nossas turmas. Eu e meu grupo seguimos direto para o corredor em que sabemos ser onde ficam as turmas dos terceiros anos e começamos a olhar os papéis colados próximos as portas
— Ah, não acredito! — Anna, praticamente grita, chamando a atenção de alguns outros alunos que estão por perto. — Separaram a gente. Que droga! — se vira, conferindo mais uma vez.
— Eu, Anna e Cecília estamos aqui... — Valentina olha a lista, ao lado da irmã.
— Caramba! Pensei que no último ano ficaríamos todos juntos. — Alexia suspira, também olhando o papel na parede.
Depois de muita reclamação, seguimos todos juntos para olhar onde eu, Alexia e Henrique vamos ficar e se, assim como as meninas, iremos permanecer juntos também. E para nossa surpresa e grande alívio, na porta da sala ao lado, estão nossos nomes na mesma lista.
— Pelo menos não colocaram um em cada turma. — Henrique sorri e eu concordo. — E vamos ficar na sala ao lado, não foi tão ruim assim...
— Sim, pensem que poderia ser pior se resolvessem fazer isso. — digo. — Qualquer coisa, as meninas gritam de lá e qualquer coisa, a gente grita daqui. — brinco.
Nos despedimos e entramos para nossa turma que, pelo tumulto do primeiro dia, ainda não estava muito cheia. Apesar de gostarmos muito de conversar, gostamos mais ainda de prestar atenção nos professores e tirar uma boa nota, então decidimos nos sentar: eu na segunda carteira na fila da mesa do professor, Alexia atrás de mim e Henrique ao meu lado.
O professor que seria da primeira aula, agora apenas com os dez minutos restantes dela, Sr. Petersen, adentra a sala. Ele sempre faz o tipo sério, sem muitas conversas com os alunos e então, sem muitas mudanças, se apresenta aos novatos, fala um pouco sobre sua matéria, História, nos deseja um bom ano letivo e sai logo que o sinal toca.
O segundo horário é com Nellie, nossa adorada professora de inglês. Suas aulas são as preferidas da grande maioria dos alunos e as minhas também, tirando as de Clara, lógico. Novamente, apresentações de alunos, métodos de aulas, e por fim, ela nos dá o restante dos minutos para conversarmos, contando que seja em voz baixa.
— Qual será a próxima aula? — Henrique se vira, chamando minha atenção.
— Seria muito pedir pra ser uma aula da Clara? — digo com o rosto entre as mãos.
— Milena, Milena... uma coisa eu te digo, esse ano é sua oportunidade de ouro pra se aproximar de vez da professora Herrera e sei lá, virar nem que seja amiga dessa mulher. Vai se formar e sair do colégio carregando uma paixão não correspondida? — Alexia fala, enquanto divide sua atenção entre nós e seu celular.
— Não é tão fácil assim, Alê. — suspiro. — Eu tenho um crush enorme na Clara, e ficaria muito triste se algo desse errado. Não posso esquecer que, até ano passado, ela era casada com o Juan Carlos. — rolo os olhos, irritada pela lembrança. — Ela hétero, amiga. Hétero. — coloco ênfase na última parte da minha fala.
— Não custa nada tentar, Milena e além do mais, a letra B em LGBT não é de biscoito, meu bem.— Henrique chama minha atenção. — Eu mesmo, adoro me aventurar dos dois lados da moeda. — dá de ombros, me fazendo rir.
— Eu sei, eu sei. Só não quero, sei lá, parecer a aluna imprudente que tem fetiche em pegar a professora, ou algo do tipo. — dessa vez quem dá de ombros sou eu. — E além do mais, acho Clara Herrera areia demais para o meu caminhãozinho. Imagina só, eu com um mulherão daqueles, não ia nem saber o que fazer.
— Até parece que não saberia mesmo o que fazer, né? — Henrique brinca, arrancando uma risada minha e de Alexia.
Ficamos conversando até o próximo sinal bater. Nellie, com toda sua animação se despede de nós e nos avisa o próximo dia de sua aula. E é quando ela sai, e a professora do terceiro horário entra, que meu coração quase para e um sorriso idiota se faz presente em meu rosto. Fui ouvida pelos céus quando pedi que a próxima aula fosse a de Clara Herrera. Suspiro mais uma vez, sentindo o olhar de Alexia e Henrique sobre mim.
Nossa, mas esses dois idiotas não sabem mesmo disfarçar.
Me ajeito na cadeira, esperando ansiosamente que ela comece a falar. A mulher corre os olhos rapidamente por toda a sala, e por fim sorri, me deixando levemente embasbacada.
— Bom dia! — coloca seus materiais sobre a mesa, e se encaminha para perto do quadro. — Para aqueles que não me conhecem, meu nome é Clara Herrera e, durante esse ano, eu serei a professora de biologia de vocês. — diz, enquanto escreve o que havia dito no quadro.
Enquanto ela fala, deixo meus olhos livres para fazerem o que tanto queriam desde que vi chegar no colégio hoje, olhar cada detalhe, focar em cada parte dessa perfeição que está à frente da classe. Seu rosto, que sem dúvidas é a coisa mais linda que já vi, seus olhos castanhos, donos de um brilho inigualável, seus lábios e o batom vermelho são uma dupla mais que perfeita. Ah, e sem contar aquela cicatriz em seu lábio superior que dá um ar tão mais sexy a ela. Em quesito de perfeição, seu corpo não perde em nada. Hoje, vestida com uma camiseta azul e uma calça jeans escura, deixando evidente suas curvas. E que curvas, senhor!
Não sei quantos segundos passei nessa viajem, analisando Clara. Mas senti meu rosto queimar de vergonha, quando vi a mesma dizendo meu nome, e a classe inteira me olhando.
— Pelo visto, temos alguém no mundo da Lua, não é mesmo, senhorita Bianco? — a mulher diz, sorrindo de forma divertida. — Poderia dividir com seus colegas de classe, quais seus objetivos para esse último ano no colégio?
— D-desculpa, professora Herrera. — sorrio sem graça. — Bom, meus objetivos pra esse ano são, ter boas notas e me formar sem muitas dificuldades e em seguida, passar no vestibular para direito.
Poderia dizer que um dos meus objetivos seria me casar com certa professora de biologia, mas decidi deixar essa informação guardada só aqui na minha mente mesmo, pelo menos por enquanto.
— Hum, direito? — cruza os braços, me encarando e eu apenas concordo. — Aposto que será uma ótima advogada futuramente. Tenha foco em seus objetivos, e com certeza, irá conseguir, querida.
Assim cada aluno vai falando seus objetivos e metas, até se passarem quase meia hora de aula.
— Que viagem foi aquela em, Milena!? — Alexia me deixa um leve beliscão na costela. — Estava parecendo uma besta, olhando para a professora e nem viu que ela te chamou umas quatro vezes.
— Quatro? Meus Deus, que vergonha! — cubro o rosto com as mãos. — Por que você não me chamou, Alexia?
— Desculpa amiga, eu estava muito ocupada rindo da sua cara. Sério, você estava muito bobinha, Mi! — se diverte e eu dou um leve tapa em sua perna.
Alguns minutos depois a aula é encerrada e toca o sinal para o intervalo. Eu e meus amigos esperamos o tumulto diminuir e logo depois saímos para encontrarmos o resto de nosso grupo.
Ao longe, vejo Clara conversar com alguns alunos que estavam parados próximos a uma outra sala. E me pego pensando que, mesmo estando linda, como sempre, desde que a vi hoje ela me parece um pouco diferente. Não sei, parece estar mais solta, mais leve, com o riso mais fácil que antes. Pode ser apenas impressão minha também, mas se tem uma coisa que eu tenho absoluta certeza, é que ficaria aqui o dia todo a admirando, ainda que de longe, mesmo sem ser notada.
Apesar de ser sempre muito simpática com todos, nunca cheguei a ver Clara dar abertura maior para nenhum aluno. E por isso, me acho uma idiota por uma dia chegar a cogitar a possibilidade de me aproximar dela de alguma outra forma mais íntima. Na minha mente, eu tenho isso como algo impossível, mesmo sentindo aquela pontinha de esperança que os apaixonados sempre carregam consigo. Não quero me apegar à falsas esperanças e criar expectativas em cima de algo inventado pela minha própria mente.
(. . .)
Assim que o último sinal do dia bate, junto meus materiais, os colocando na mochila e fico à espera de Alexia e Henrique terminarem de fazer o mesmo. Quando deixamos a sala, Anna, Valentina e Cecília já estão nos esperando próximas a porta.
— Gente, que tal sairmos hoje? — Valentina propõe, animada.
— Sair dia de semana? Sem chances, Tina. Não rola mesmo!
— Qual é, Milena?! Tá todo mundo falando da inauguração de um pub, aqui pertinho. É só a gente não beber... vamos gente, por favor!?!
— Até porque, as únicas maiores de idade aqui são Cecília e Milena. — Alexia rola os olhos. — E esses lugares, são um porre para venderem bebida pra menores.
— Ah, mas nós vamos só para conversarmos, colocarmos o papo em dia, nos divertimos um pouco. — Henrique logo se anima também. — Eu com certeza, estou dentro!
— Eu também. — Cecília e Anna concordam.
— Cecília e Emma que comprem bebida pra me abastecer... — Alexia brinca e eu nego, a olhando. — Lógico que eu vou. Milena?
— Tá bom, eu vou. — levanto as mãos em sinal de rendição e meus amigos comemoram. — Se meus pais deixarem, é lógico. — completo.
Me despeço do grupo na porta do colégio e depois de fazer o mesmo, Alexia e eu iniciamos o percurso de volta para casa. E então, depois de mais ou menos vinte minutos de caminhada ao lado de Alexia, me despeço da minha amiga também, seguindo o resto do trajeto sozinha e em pouco mais de dez minutos, chego em minha casa.
— Como foi o primeiro dia de aula, meu bem? — pergunta meu pai, chegando com Phellipe no colo.
— Foi bom. — sorrio, pegando meu irmãozinho. — E o seu, em rapaz? — pergunto, fazendo cócegas no pequeno que dá várias risadas.
— Emma, não vai me dizer como foi seu primeiro dia de aula? — Estella pergunta ao me ver passando pela sala, indo direto para o quarto.
— Foi ótimo, mamãe. — paro na escada. — E aliás, meu dia ficaria melhor ainda se a senhora me deixasse sair hoje mais tarde. — desço e vou rumo a cozinha, onde ela está.
— Sair pra onde? — pergunta ainda sem me olhar, colocando algumas travessas sobre a mesa.
— Vai ter inauguração de um pub lá no centro hoje e os meninos vão. — junto as mãos e faço minha melhor expressão de cachorro pidão.
— "Os meninos" se resumem a Alexia, Henrique, Anna, Valentina e Cecília? — meu pai pergunta, enquanto coloca Neal em sua cadeira de refeição. — Deixa Estella, vamos dar um voto de confiança para essa mocinha.
— Sim, são eles... vocês conhecem, a gente vai se comportar. — me sento ao lado de meu irmão. — É mãe, juro que não é nada demais, por favor, vai!
— Ok, pode ir. Mas olha, nada de exagerar com bebidas, porque amanhã você tem aula. — me olha séria.
— Muito obrigada e pode deixar que não vou exagerar em nada. — sorrio, mandando um beijo no ar, recebendo outro de volta.
Almoçamos, enquanto conversamos assuntos leves e rimos de meu pai dando comida para Neal, ou melhor tentando, já que na maioria do tempo o pequeno tenta comer sozinho, fazendo umas bela bagunça a sua volta.
(. . .)
— Qual seu problema em, Alexia? Pretende morar aí dentro, é? — bato na porta do banheiro pela décima vez em menos de cinco minutos.
Marcamos às oito e meia com o resto do grupo, já são oito e vinte e cinco e Alexia parece nem pensar em sair de seu banho agora. Bato mais algumas vezes na porta, logo ouvindo minha amiga gritar de dentro do banheiro.
— Pode parar de bater, eu já vou sair!
— Não poderia ter começado a se arrumar mais cedo?
— Eu estava dormindo, ué... o primeiro dia de aula me deixou cansada. — abre a porta do banheiro, logo saindo do local vestida apenas de roupas íntimas.
Céus, o que eu fiz para merecer uma amiga enrolada, assim?
– Ah, claro! Vai se vestir, sua folgada, que nós já estamos mais que atrasadas.
Enfim, após esperar que minha amiga, finalmente, termine de se arrumar, saímos da casa de Alexia com quase vinte minutos de atraso e assim que encontramos um táxi, ali por perto mesmo, seguimos rumo ao nosso destino da noite. E com a cooperação do trânsito, conseguimos chegar ao local sem muita demora, logo vendo que já se encontra bem movimentado com vários carros na porta, o que faz com que o motorista estacione o táxi um há alguns metros da entrada. Bem próximo à porta, encontramos nossos amigos conversando animados, assim como a maioria das pessoas presentes ali.
— Nossa, pensei que não viriam mais. Que demora! — Valentina reclama.
— Reclamem com essa belezinha aqui... — aponto para Alexia que apenas dá de ombros. — que quando cheguei na casa dela, estava no décimo sono.
— Estava recarregando as energias para a noite, né!? — Alexia brinca. — E aí, vamos entrar?
Logo adentramos o local, passando pela porta que logo acima havia um enorme outdoor bem iluminado com os descritos C&K's Bar. O lugar já está bem cheio, várias pessoas no bar, algumas pessoas sentadas nas mesas próximas à um palco assistindo um homem cantando e tocando violão e outras sentadas em uma área mais reservada, com algumas poltronas e sofás. Tudo muito bem organizado e decorado, vale ressaltar.
Escolhemos uma mesa e enquanto o resto do grupo se senta, eu e Cecília vamos ao bar pegar algumas cervejas e pedir algumas coisas para comermos. Alguns minutos depois estamos de volta, dessa vez, nos juntando ao grupo na mesa. Ficamos conversando e curtindo a boa música, até sentir Henrique me dar algumas cotoveladas de forma insistente, chamando a minha atenção.
— Ai Rick, que isso? O que foi? — me viro para meu amigo, que continua olhando para a frente.
— Milena do céu! — Anna exclama, seguindo o olhar de Henrique. — Olha quem está ali!
Volto minha atenção para onde agora todos meus amigos estão olhando e vejo algo que por alguns segundos imagino ser uma miragem. Mas não, muito pelo contrário, ela realmente está aqui, em carne, osso e beleza. E quanta beleza, diga-se de passagem. Pisco algumas vezes seguidas, ainda meio besta ao olhá-la, mesmo que de longe.
— Milena que me desculpe, mas Clara Herrera está maravilhosa... céus, se você não der um ajeito, amiga, deixa a vaga pra mim. — Alexia diz, boquiaberta.
— Caramba! — é a única coisa que consigo dizer, não me atentando nem em revidar a provocação de minha amiga.
E realmente ela está digna de todos os elogios existentes no mundo. Vestida com uma calça preta rasgada e bem justa ao corpo, uma blusa preta com alguns escritos que, pela distância, não consigo enxergaro que é, e por cima uma jaqueta também na cor preta. Sem contar os cabelos perfeitamente escovados caindo sobre os ombros, e o inseparável e extasiante batom vermelho.
— Milena, fecha a boca! — sinto Anna tocar em meu queixo já que, realmente, estou de boca aberta.
Continuo olhando Clara, que ao lado de uma moça ruiva cumprimenta algumas pessoas, com abraços, sorrisos e apertos de mão. À sigo com o olhar até que ela, simplesmente desaparece no meio das pessoas presentes ali. Suspiro profundamente, puxando o ar do fundo dos meus pulmões, logo sentindo um sorriso bobinho nascer em meus lábios.
Após melhorar do choque, tento me socializar e entrar no assunto dos meus amigos. Ficamos falando coisas aleatórias, contando mais algumas novidades das férias e lógico, com eles me fazendo de algo de suas brincadeiras por agora estar meio aérea, meio besta, ainda com a imagem daquela deusa em minha mente.
— Vou ao banheiro, já volto. — me levanto.
— Trás mais cerveja pra mim. — Alexia fala um pouco mais alto quando já me encontro a alguns passos da mesa.
Faço um sinal de positivo com a mão e sigo rumo ao banheiro. Entro em uma das cabines desocupadas, não demorando mais que quatro minutos para estar lavando minhas mãos, pronta para deixar o local. Mas ao ouvir o barulho da porta se abrindo, meu olhar se volta para o grande espelho posicionado próximo à pia, e então, tenho a plena sensação de que meu coração irá sair pela boca, ao ver Clara entrando no lugar e meu primeiro pensamento é focar em não fazer nada que possa me causar vergonha.
E puts, á olhando agora, assim de perto, Clara Herrera parece mais linda ainda.
— Milena, você por aqui? Boa noite! — ela sorri da maneira simpática de sempre.
— Boa noite, professora Herrera. — à cumprimento de volta e ela me lança uma falsa expressão séria.
— Por favor, aqui pode me chamar apenas de Clara, certo? — dá uma piscadinha com o olho direito e eu sinto meu coração parar alí mesmo. — E então, gostando do lugar? —
— Oh sim, muito... — tento não gaguejar e nem demonstrar o quanto estou nervosa ao estar frente a frente com ela. — E você?
— Bom, tudo ficou como eu esperava... então, não só estou gostando, na verdade, estou amando tudo isso. — quase morro de amores, pela forma fofa com que ela sorri.
Só então, a informação que ela diz é processada vagarosamente pelo meu cérebro que, nesse momento, parece muito mais lento que no normal.
Milena Bianco, você já foi mais esperta, garota!
— Não! — digo um pouco mais alto que queria. — Você quem é dona desse lugar? — pergunto e ela concorda, ainda sorrindo. — Wow! Parabéns, realmente, ficou tudo muito bonito professora... — ouço a mulher limpar a garganta, me encarando com seus olhos semicerrados. — ficou muito bonito, Clara. — a morena volta a sorrir.
— Muito obrigada! — até a forma com que ela meche no cabelo me deixa completamente encantada. — Na verdade esse é um projeto de grande maioria pensado por minha irmã, Kelly.
— Ah, por isso C&K's bar... — digo como se fosse óbvio, e ela concorda com uma risadinha contida. — caramba! Está tudo muito lindo mesmo. Parabéns às duas! Espero que tenham muito sucesso.
— Muito obrigada, querida. — aceno de forma positiva, me segurando para não sorrir muito e tentando não dar na cara o quanto eu fico toda boba quando ela fala assim. — Bom, juízo, em? Não quero ninguém com sono, nem ressaca na escola amanhã.
— Certo, pode deixar. Até mais, Clara e, novamente, parabéns.
Nos despedimos e ainda meio perplexa passo no bar para pegar a cerveja de Alexia. Sigo para a mesa, enquanto ainda sinto meu coração bater num ritmo acelerado, mas ainda assim, mal escondendo o sorriso gigante em meu rosto.
— Gente, vocês não acreditam quem é a dona desse lugar! — digo assim que me sento à mesa.
— A professora Clara e sua irmã, Kelly Herrera. — Alexia fala de forma calma, pegando a garrafa da minha mão.
— Ah, você já sabia Alexia? — pergunto a encarando, e em seguida passando meu olhar por cada um de meus amigos. — Todos vocês já sabiam? — capricho na expressão indignada quando todos concordam. — Nem Judas foi tão traíra quanto vocês...
Preciso me segurar para não estapear cada um dos presentes na mesa.
— A gente queria fazer surpresa, Milena. — Valentina diz tranquilamente, dando de ombros. — Como você descobriu?
— Encontrei a Clara no banheiro. — conto e logo vejo uma expressão maliciosa no rosto de Henrique.
Meus amigos fazem com que eu narre cada vírgula da breve conversa que tive com Clara no banheiro. Continuamos a noite, bebo mais algumas cervejas até vermos que o tempo já havia corrido bastante e como no outro dia, ainda temos aula, resolvemos ir embora poucos minutos depois da meia noite. Nos dividimos em dois táxis e seguimos para nossas casas.
Quando chego, ouço Phellipe chorando em seu quarto e dou de cara com meu pai, ainda meio sonolento andando pela casa.
— Pode deixar, papai... eu fico lá até ele pegar no sono de novo. — sorrio. — Pode ir descansar.
— Obrigada, meu amor. — abre a boca, num bocejo.
Entro no quarto do meu irmãozinho, o pego no colo e noto que o problema todo e motivo do choro está em sua fralda. Coloco o pequeno no trocador, enquanto brinco, o fazendo logo parar de chorar. Após estar devidamente trocado, o seguro próximo a mim, fazendo alguns carinhos em seus cabelos e cantando algumas músicas de ninar e em poucos minutos, o pequeno já está dormindo novamente.
Me despeço de Phellipe deixando um beijo em sua testa e sigo para meu quarto. Troco minha roupa por algo mais confortável e em minutos já estou em minha cama. E devido as cervejas e por ter acordado cedo, logo sou vencida pelo cansaço, sem demora, me entregando ao sono.
Bem vindos! Espero que gostem da história! >3
Clara Herrera.Após o fim da noite de inauguração do C&K's bar, logo me despeço de Zelena e sigo para minha casa, já que está bem tarde e Henry deve estar em seu décimo sono e, provavelmente, meus pais também, então, decido passar direto e deixar para pegá-lo quando o dia amanhecer. Assim que termino de entrar em casa, antes mesmo de chegar ao meu quarto, começo a me despir, me livrando da roupa que estou, em seguida, indo até o guarda roupas procurar por algo mais leve e vou direto para a cama, não demorando muito à pegar no sono.O despertador toca no outro dia, um pouco antess das seis. Me estico de forma preguiçosa sobre a cama, enquanto meu olhar gira pelo quarto, que aliás, está bem bagunçado, e faço uma nota mental para tirar um dia e arrumar o caos que esse cômodo está. Após me levantar, sigo para o banheiro afim de tomar um banho para terminar de acordar, me arrumar e logo em seguida, iniciar mais um dia de trabalho.Pouco mais de meia h
Milena Bianco.Há dias raros dias em que eu me levanto antes mesmo de ouvir meu celular despertar, mas não por ter tido uma maravilhosa noite se sono, mas muito longe disso, como me ocorreu essa noite que mal preguei os olhos. A última vez que me lembro de ver as horas, já se passavam de quatro e meia da manhã e eu ainda rolava para lá e para cá na cama, enquanto uma sensação estranha invadia o meu corpo. De repente, encarar o teto do meu quarto, acabou se tornando um passatempo de horas e quando percebi, os primeiros raios de sol, já começavam à querer entrar pelas frestas da janela. Tudo o que eu queria era dormir, mas ao mesmo tempo, era tudo o que eu não conseguia fazer.Era só fechar meus olhos e a imagem da professora Herrera tomava toda minha mente sem nenhuma dificuldade. O choro compulsivo, os soluços, a fragilidade da mulher que sempre se mostra t&atil
Clara Herrera. — Por que vocês não dão um pulinho lá no pub qualquer dia desses, mamãe? — Kelly pergunta, arrancando uma risada de nossa mãe. — Ah, agradeço muito o convite, porém, não é exatamente o meu estilo de local preferido, minha filha. — Olívia responde, se sentando ao meu lado no sofá. — Aliás, como estão as coisas por lá? — Ótimas. — minha irmã sorri, orgulhosa. — Desde que abriu, todos os dias está ficando lotado. — Fico feliz por vocês. — meu pai se senta também, e coloca Heitor em seu colo. — Aliás, eu e Heitor vamos dar um pulinho lá qualquer dia desses, não é garoto? — mesmo entretido com um carrinho, o menino sorri e concorda com o avô. — Ah, lógico papai. — o encaro, estreitando os olhos. — Até porque, não sei quem de vocês dois dorme mais cedo, né? — brinco. — Aliás, vou dar o jantar de Heitor antes de ir. — me levanto.Hoje, a
Milena Bianco. — Mi, você não tem algo para contar pra gente? — Henrique chama a minha atenção, me retirando de meus devaneios, enquanto permaneço perdida, olhando para o teto. — O que? — pergunto, mas sabendo muito bem onde meu amigo quer chegar. — O que será né, Milena? O que será? — Anna ironiza, deixando um leve, porém doído, tapa em minha testa. — É lógico que nós estamos querendo saber o que a Clara queria com você hoje na hora da saída... você não contou nem pra mim que estava lá perto com você. — Alexia dá de ombros. — Ou você está pensando em não contar pra gente em, senhorita Milena Bianco? — É lógico que eu vou contar, né? — me sento, passando a escorar minhas costas no sofá. — Só não disse nada por mensagem porque sabia que iríamos nos ver hoje. — dessa vez, quem dá de ombros sou eu. — Então fala logo, criatura! — Valentina
Clara Herrera.Em algum momento, já teve a sensação de que, de uma hora para outra, sua vida deu uma volta de trezentos e sessenta graus, se virando completamente de ponta cabeça? E pior, já se sentiu como se não tivesse, sequer, o menor controle sobre os seus próprios pensamentos e sentimentos? Então, se sim, por favor, agora me conta aqui, como faz para isso passar? O que fazer para que essa sensação que já parece tão forte, não cresça tome proporções ainda maiores? São tantas, mas tantas perguntas, dúvidas que se passam na minha mente nesse momento, que tudo parece um caos, uma grande bagunça. E o pior, é que eu não sei nem dizer quando tudo se virou contra mim dessa maneira, não consigo separar e esclarecer em qual instante meus sentimentos se tornaram meus próprios inimigos, me deixando nessa grande confusão em que eu estou agora.Drama? Ok, pode até ser que seja um pouco. Exagero? Não nego que talvez até tenha um certo exagero sim. Mas me diga aqui, que
Milena Bianco.— Milena, sabe o que eu estava pensando? — Henrique pergunta, chamando minha atenção.— Olha, você pensa? — recebo um leve tapa na testa. — Ok, vindo de você, eu tenho até medo, mas pode falar. — digo, me ajeitando na cadeira.Sempre que podemos, nos juntamos e vamos almoçar no restaurante da avó da Alexia e hoje, assim que saímos do colégio, viemos para a casa da nossa amiga. Como tivemos apenas os três primeiros horários, chegamos e ficamos fazendo hora, e porque não um pouquinho de bagunça, no quarto de Alexia.— Assim, você já percebeu o quanto o olhar de Clara parece meio diferente para você? Tipo, sei lá, faz uns dias que ela fica te olhando, te lançando uns sorrisinhos do nada...— Não sei, quer dizer, eu percebi sim, um pouco... mas sei lá, pode ser que seja paranoia minha. A Clara nunca iria me olhar do jeito que eu quero. — deito a cabeça no colo de Alexia. — O máximo que eu posso chegar a ser para ela, é uma aluna mais pró
Clara Herrera. Agora sim eu tenho absoluta certeza que estou completamente ferrada. Não, não estava em meus planos ficar com Milena Bianco bem na festa de aniversário do Heitor. De verdade, a única coisa que eu tinha em mente, era conversar e me aproximar um pouco dela, mas as coisas acabaram fugindo do meu controle. Não deu outra, quando eu vi aquela criatura loira, sozinha naquele jardim, dentro daquele vestido lindo, parecendo uma miragem. Ah, eu não me aguentei. Beijei e apesar de saber que pode ser errado, por ela ser minha aluna, não me arrependo. Não me arrependo, mas agora estou ainda mais confusa que nunca.Suspirando profundamente, olho para o lado e vejo Heitor em sono profundo, abraçado à um de meus travesseiros. Passo a mão levemente pelo seu rosto, num carinho, retirando algumas mechas de cabelo que cai sobre seus olhos. É inegável que o pequeno amou a festa, aproveitou cada segundo dela e, para mim, como mãe, não houve nada que pudesse me deixar m
Milena Bianco.Sabe quando você tem a sensação de estar vivendo um verdadeiro sonho? Pois então, é exatamente isso que eu tenho sentido nesses últimos tempos, desde que Clara e eu começamos a nos aproximar dessa maneira. E caramba! Não poderia estar sendo melhor e a felicidade que tem habitado em mim, parece inexplicável. Quando eu, Milena Bianco, iria imaginar que, aquele simplescrushpela minha professora de biologia iria chegar em algum lugar? É fato que, por longo desses anos, eu ficava pensando, imaginando e cenas de nós duas em minha mente, mas que pessoa apaixonada nunca fez isso? Eu imaginava, mas não tinha esperanças, para mim, sempre foi algo extremamente longe da minha vivência e agora, olha só, cá estou eu, toda boba, ao me pegar presa nas lembranças dos beijos de