Amélia abriu seus olhos amarelos, porém logo os fechou novamente ao sentir a luz do sol em sua pele morena. Havia se passado uma semana desde que saira de Mantua. Ela seguiu o pássaro incansavelmente por quatro dias, mas mesmo que seu corpo de lobisomen fosse mais forte que o de um humano comum, ela ainda se cansava.Era o segundo dia de sua caçada que ela havia parado para dormir. A floresta era silenciosa, não havia nada por ali.Na primeira vez, a ave dormiu ao lado dela. A criatura notou quando a jovem não aguentava mais seguí-lo.No entanto, havia algo estranho naquele dia: Kadmus não podia ser visto em lugar nenhum. E bem, ele não era muito bom em se esconder, já que não teria como não se ver um ser daquele tamanho. Amélia se levantou apressada. Pôs o capuz que havia sido usado como travesseiro e começou a olhar o céu à procura do pássaro.— Onde ele foi se meter? — perguntou a si mesma, frustrada.— Então você acordou. — disse uma voz atrás dela. Amélia deu um pulo, assus
Era de noite, Dylan entrou no bar arrastando o longo casaco negro pelo chão de madeira. O local era meio iluminado, dando um ar aconchegante ao estabelecimento. O rei se sentou em frente ao barman, perto do balcão. Não havia quase ninguém naquele dia ali, afinal estavam no meio da semana. O lobisomen à sua frente o encarou com os olhos amarelos. Ele era grande, alto e forte. A pele morena e os músculos destacados pela camisa xadrez vermelha que estava com as mangas arregaçadas até o início do cotovelo.— Vá embora, principezinho. Não aceitamos magos aqui. — rosnou.Dylan deu um sorriso sarcástico e sacou uma arma da cintura. O objeto adentrou a boca do barman, que ficou paralisado.— Ainda não adestrou seus novos cachorros, Steve? — perguntou ao homem que havia acabado de aparecer. Steve sorriu ao ver seu amigo no bar. Eles se conheciam desde pequenos quando o rei Neelas vinha até o local, que pertencia ao pai de Steve e trazia Dylan junto. Claro que isso só acontecia porque todos a
Mira deu um longo suspiro ao sentir o vento em seus cabelos. Elas estavam prontas para irem até a cidade de Orria, o local mais místico do mundo. Kendra sorriu ao vê-la já pronta. Mira se preocupou com o estado da amiga duas noites atrás, porém tudo havia passado. Ela sabia que a loira estava sentida, mas que nada havia mudado entre elas. Elora havia dito à Mira que a solução para entrar em Haslisze era passar pela passagem da fada de prata, mas com o tempo. a única forma de passar por ela era por cima com uma fera de gelo. Com as mochilas a postos, a adaga na cintura e o arco nas costas, as meninas passaram pelo portal que a rainha das fadas criou. Do outro lado, Elora e Daphne acenaram para elas, enquanto o portal se fechava e o vento gelado as tocava.— Sorte que a rainha nos presenteou com roupas novas. — disse Kendra. As meninas vestiam roupas de frio. Calças e camisetas escuras, com longos casacos feitos com uma pele marrom de uma criatura chamada Birs. Eles eram como os u
Mira encarou o irmão. A sacerdotisa não acreditava que ele estava perto delas o tempo todo.—Você mentiu para nós! Mentiu para mim! — disse Kendra, desolada. Ela não conseguia olhar no rosto dele. Dylan a olhou com arrependimento.— Eu não queria te magoar, mas eu não podia aparecer como Dylan para vocês.— Não seria mais fácil para me trazer até aqui? Contar quem realmente é? — perguntou Mira. Dylan Se sentou aos pés do trono, encarou a irmã e disse:— A situação é mais complicada doque você pensa. Tudo isso aconteceu 1 ano antes de você completar 6 anos. Neelas já planejava a sua série de homicídios. Eu tinha 14 anos na época. Dylan encarou Kendra e continuou:— Houve um dia em que meu pai me levou para a sede dos Shiake em Kronbong. Havia várias espécies naquele dia, pois era o festival dos deuses. Os Shiake sempre aceitaram a variedade de espécies diferentes, mas Neelas não pensava da mesma forma. Eu estava andando pela festa, observando as pessoas e me divertindo, o que
Os cabelos antes ruivos se tornaram loiros. Aine se defendeu da esfera de Kendra com um escudo de ar. Os poderes se chocaram, emitindo um vento muito forte que quase derrubou todos. Kendra se manteve em pé. Sua visão estava nublada pelo vento, porém ela podia ver a mulher escapando por um portal.— Não vou deixar você fugir. — disse Kendra. Assim, a garota transformou seu punhal em um chicote e prendeu a perna da mulher, a arrastando em sua direção. Mira e Dylan a cercaram do outro lado, enquanto o rei fechava o portal para que a fada não escapasse. A sacerdotisa não gostava daquilo. Estava tudo fácil e rápido demais. Aine era uma só, mas ainda era forte. Por isso ela se preparou, sentiu a força dos elementos em seu sangue vindo em direção aos seus dedos, prontos para o ataque. Aine disse algo e Kendra caiu no chão.— Kendra! — Dylan gritou, correndo ao lado dela. Mira não perdeu a oportunidade e atacou. Uma onda de poder azulado cercou a fada. Cordas se formaram à sua volta.
— Você está bem? — a pequena menina loira perguntou para ela. Mira era pequena, seus olhos cor de mel estavam cheios de lágrimas e seu rosto era pequeno.— Não te interessa! — respondeu a Mira de 6 anos de idade. A menina loira riu.— Você é engraçada. A pequena Mira ficou encarando aquela garota. As pessoas costumavam incomodá-la, ou achá-la estranha. Principalmente as crianças. Porém aquela garota não pensava assim. Mira havia caído no chão por ficar tempo demais correndo atrás de uma borboleta que ela havia visto. A borboleta era linda e colorida e a criança queria vê-la mais de perto. A menina loira estendeu a mão para ela e Mira meio a contragosto a aceitou.— Obrigada. — disse educada. — Eu sou Mira e você?— Kendra. Meu nome é Kendra — a garota sorriu.—Ken... Kedra... Kedy? — Mira tentou dizer.— Acho que você pode me chamar assim, Mi. Mira acordou com os raios de sol em seu rosto. Havia tido aquele sonho de novo. Ela apertou a única coisa física que restara de sua
Prólogo Aya se sentou no chão em meio às flores. Elas haviam murchado e ao ver aquilo, seu peito apertou. Como um pressentimento de algo ruim viria a seguir. O vilarejo Haandi era temente ao Deus da morte, Temenis, desde muito tempo. Seu povoado era considerado estranho e por isso eram descriminados e recebidos com olhares tortos. Ela só queria que as pessoas pudessem conhecê-los antes de julga-lós. Fechou os olhos e prestou atenção ao som das crianças brincando. A mulher podia ouvir sua filha cantar a canção que todos eles haviam aprendido desde crianças. A história do dia em que a morte viria ao encontro deles. Rya corria em círculos com outros pequenos enquanto cantava. E desse modo, a mãe acabou a acompanhando. “Ouça, Ouça o corvo cantar Trazendo o lamento de seu deus Do lugar de onde as pérolas enfeitam as árvores E as joias encantam suas águas, A morte desperta com um grito de Cólera pela traição daqueles em quem confiara Seu reinado se ergue e o vento trará a
Ela podia sentir o desespero através dos gritos, ver o sangue manchando sua visão, ouvir os lamentos de dor e os pedidos de socorro. Flechas laranjas surgiam de todos os lados e em meio a todas as pessoas feridas, mortas e ensanguentadas havia Kendra com o rosto pálido e os olhos sem vida. Mira acordou quase sem ar, o coração batendo acelerado como se tivesse corrido uma maratona; a respiração ofegante,quase inexistente, as lágrimas escorrendo pela sua face, fazendo com que os olhos cor de mel ardessem e o suor encharcasse seus cabelos castanhos. A jovem tremia, as gotas vermelhas, os gritos das pessoas e o cheiro de sangue ainda presentes vividamente em sua mente. Apesar de já ter se passado 2 meses, a sensação de impotência, culpa e terror daquele dia permanecia em sua pele. Temenis, o Deus da morte havia retornado de sua prisão, através de seus seguidores da Shiake. O ataque ao povoado de Haslisze e à sala do trono fora um aviso à Mira de que ele estava ali, de que salvar a flo