Ingrid sente um tapa lhe ser desferido contra a face e cai sobre a cama com a mão sobre o local atingido. Lágrimas começam a verter de forma ininterrupta por sua face.— Eu quero saber como você pôde ter a ousadia de fazer o que fez. — Matthis indaga, enquanto caminha pelo quarto, a observando ainda jogada na cama sem se mover. Apenas os soluços dela são ouvidos. — Nunca poderei confiar em você novamente.Ingrid levanta-se aos poucos da cama, a face vermelha no local afetado pelo tapa, os cabelos cobrindo grande parte do rosto e os olhos vermelhos pelo choro.— Eu só quero me afastar de você, quero ir para casa. Me deixa ir, prometo que não irei lhe entregar para a polícia. Eu só quero minha liberdade de volta.Ele sorri de forma sádica.— Que pena, porque é justamente a única coisa que nunca poderei lhe dar. — Se aproxima dela rapidamente e a encara. — Sabe o que está merecendo por tamanha afronta? Uma punição.Ela arregala os olhos assustada, o rosto tomado por pavor, recordando-se
— Senhorita, ouça a voz da razão, estou preocupada com você, não faça nada que vá zangar o senhor Andreassen, olhe as consequências de tudo isso. — A única funcionária da casa que fala inglês diz a Ingrid, ao passo que troca seu curativo e as faixas em suas costas, após lhe dar um remédio para dor e um relaxante muscular.Ingrid nada responde, preocupa-se em apenas encarar seu reflexo no espelho.A mulher, não recebendo uma reação dela, pega a escova na penteadeira e começa a pentear seus longos cabelos, já que nem isso Ingrid fazia mais. Não sentia-se com vontade o suficiente para tal.Quando termina, a funcionária informa que traria seu café da manhã no quarto, já que ela mal consegue se movimentar, pois sente muitas dores.— Não estou com fome, não quero comer nada. — Diz séria, o rosto coberto de indiferença.A empregada suspira, não poderia culpar a jovem por seu recente comportamento. Ela estava suportando muitas coisas, coisas que muitos não suportariam.— Precisa se alimentar,
É noite na Noruega!Em seu quarto localizado no último andar de um triplex de luxo, Lars Andreassen dorme de forma tranquila e profunda enquanto do lado externo uma chuva torrencial cai, acompanhada de fortes rajadas de vento.A campainha do triplex toca de forma incessante, como se a visita estivesse com muita pressa em ser atendida. Lars abre os olhos lentamente, ouvindo a campainha soar diversas vezes e franze o cenho. O relógio digital ao lado da cama marca duas e quatro da manhã.— Mas que porra.... quem é a essa hora? — Murmura para si mesmo, zangado por ter sido incomodado em seu sono. Já não conseguia dormir bem há muito tempo e quando finalmente consegue alguém o atrapalha. Imagina que talvez se ficasse quieto e não levantasse para atender, a pessoa se cansaria e iria embora, porém não é o que acontece, ao contrário, parecia que a dita cuja havia grudado o dedo na campainha. Bufa com raiva e se levanta para atender. Joga um grande e confortável robe preto por cima de seu cor
— Vocês são uns inúteis, é isso que são! Se auto proclamam os melhores investigadores da Noruega, mas não conseguem realizar um serviço simples que é encontrar uma jovem foragida. — A voz de Matthis soa em tom de fúria, haja vista que havia entregado nas mãos dos investigadores a tarefa de encontrarem Ingrid, porém até o momento não conseguiram absolutamente nenhuma pista sobre seu paradeiro.— Senhor, garantimos que estamos empenhados na busca pela moça, mas é muito mais complicado quando não temos um ponto de partida. — Um deles se atreve a dizer, dando um passo à frente e o norueguês o encara de cima a baixo com desprezo, um olhar que simbolizava que ele não passava de um inseto para ele, um inseto o qual ele poderia pisar e esmagar em questão de segundos.— O ponto de partida é a clínica da obstetra, eu já disse, acaso não foram atrás daquela mulher?O homem pigarreia.— Sim, senhor, contudo aparentemente ela está de férias, vigiamos a clínica ontem o dia todo e ela não apareceu.
Depois de colocar tudo para fora pela segunda vez naquele dia, Ingrid bate a tampa do vaso sanitário com força e aciona a descarga, caminhando aos tropeços até a frente do espelho do banheiro. Encara seu reflexo abatido e pálido no mesmo, ao passo que lentamente faz o processo de pegar a escova de dentes nova que seu sequestrador havia deixado para ela, a pasta e com a mesma velocidade realiza o processo de escovação.Naquele dia já havia tido enjoo matinal. Depois de tomar um bom café da manhã, colocou tudo para fora. Seu sequestrador havia desconfiado, até porque não era a primeira, nem a segunda vez que ela passava mal em sua frente, mas ela conseguiu despistar, não sabia o que ele poderia fazer com ela caso descobrisse sua gravidez.Agora, após ter almoçado, novamente a sensação de mal-estar tomou todo seu corpo e começou a suar frio, só dando tempo de correr para o banheiro e colocar tudo para fora novamente.Gradativamente o gosto amargo na boca vai desaparecendo e ela aproveita
— Ainda não acredito no que fez comigo. — A voz de Matthis soa em tom melancólico — está certo que foi sequestrada, isso não foi sua culpa, mas você se aproveitou disso para ficar distante de mim. — A encara sério e ela nem ao menos faz questão de olhá-lo — Nunca te machuquei, mas veja o que você fez comigo.— Você só pode estar brincando comigo. — Ela diz séria — Não me machucou? Olha para trás e veja tudo que fez comigo, você não só me machucou como acabou com minha vida, Matthis. Se eu pudesse voltar atrás, desejaria nunca tê-lo conhecido.Um silêncio corta o ar por alguns segundos e ele se aproxima dela cautelosamente. Ela dá um passo para trás a cada passo que ele dá para a frente. Isso persiste até ela bater com as costas em uma parede e ele terminar de quebrar o espaço entre ambos, a trazendo para si em um abraço apertado e a virando de costas para ele.— Me desculpe por tudo que tenho lhe feito, meu amor, não quero que se sinta mal, você está grávida e precisa se manter saudáv
Um balde de água contendo inúmeras pedras de gelo é lançado contra o homem que dormia sentado, completamente torto na cadeira. O homem acorda em um sobressalto no mesmo segundo, olhando para os lados de forma desesperada como se buscasse saber o que se passava.Imediatamente seu olhar cai sobre os homens trajados em ternos impecáveis a sua frente. Quem encarasse aqueles homens com ar de elegância e sofisticação não poderia jamais imaginar o demônio que se escondia por trás de suas boas maneiras e eloquência e muito menos poderiam imaginar o que eram capazes de fazer. Infelizmente, olhando para si mesmo, o homem sentado na cadeira percebe que foi mais uma vítima do golpe deles. Como poderia imaginar que o poderoso homem de negócios norueguês escondido atrás de belos e caros ternos era na verdade o cabeça por trás de todo aquele esquema sujo de lavagem de dinheiro, drogas, prostituição e tráfico humano?— Como pude ser tão idiota? Eu deveria saber, toda aquela benevolência ao me tratar,
Após o breve encontro com Lars na área externa da enorme mansão, Ingrid coloca uma máscara de indiferença no rosto, como se nada tivesse acontecido e retorna ao grande salão, onde o movimento de pessoas circulando aumentava cada vez mais.Se dirige à mesma mesa onde encontrava-se sentada antes de ir ao encontro de Lars e senta-se na cadeira, observando tudo ao seu redor.Não leva muito tempo até que visualiza uma mulher caminhar em sua direção e força a vista, de alguma forma conhecia aquela mulher, só não lembrava de onde e parecia que a dita cuja também lhe conhecia, já que se aproximou da sua mesa e se acomodou na cadeira a frente dela, lhe dirigindo um sorriso.— Finalmente um rosto conhecido por aqui! Me sinto até mais aliviada e confortável nesse ambiente de serpentes, encontrando você por aqui.Ingrid a olha com ainda mais atenção.— Desculpe… mas eu não me lembro de você, apesar de achar que te conheço de algum lugar. — Fica pensativa.— É claro que me conhece, afinal você est