— Vocês são uns inúteis, é isso que são! Se auto proclamam os melhores investigadores da Noruega, mas não conseguem realizar um serviço simples que é encontrar uma jovem foragida. — A voz de Matthis soa em tom de fúria, haja vista que havia entregado nas mãos dos investigadores a tarefa de encontrarem Ingrid, porém até o momento não conseguiram absolutamente nenhuma pista sobre seu paradeiro.— Senhor, garantimos que estamos empenhados na busca pela moça, mas é muito mais complicado quando não temos um ponto de partida. — Um deles se atreve a dizer, dando um passo à frente e o norueguês o encara de cima a baixo com desprezo, um olhar que simbolizava que ele não passava de um inseto para ele, um inseto o qual ele poderia pisar e esmagar em questão de segundos.— O ponto de partida é a clínica da obstetra, eu já disse, acaso não foram atrás daquela mulher?O homem pigarreia.— Sim, senhor, contudo aparentemente ela está de férias, vigiamos a clínica ontem o dia todo e ela não apareceu.
Depois de colocar tudo para fora pela segunda vez naquele dia, Ingrid bate a tampa do vaso sanitário com força e aciona a descarga, caminhando aos tropeços até a frente do espelho do banheiro. Encara seu reflexo abatido e pálido no mesmo, ao passo que lentamente faz o processo de pegar a escova de dentes nova que seu sequestrador havia deixado para ela, a pasta e com a mesma velocidade realiza o processo de escovação.Naquele dia já havia tido enjoo matinal. Depois de tomar um bom café da manhã, colocou tudo para fora. Seu sequestrador havia desconfiado, até porque não era a primeira, nem a segunda vez que ela passava mal em sua frente, mas ela conseguiu despistar, não sabia o que ele poderia fazer com ela caso descobrisse sua gravidez.Agora, após ter almoçado, novamente a sensação de mal-estar tomou todo seu corpo e começou a suar frio, só dando tempo de correr para o banheiro e colocar tudo para fora novamente.Gradativamente o gosto amargo na boca vai desaparecendo e ela aproveita
— Ainda não acredito no que fez comigo. — A voz de Matthis soa em tom melancólico — está certo que foi sequestrada, isso não foi sua culpa, mas você se aproveitou disso para ficar distante de mim. — A encara sério e ela nem ao menos faz questão de olhá-lo — Nunca te machuquei, mas veja o que você fez comigo.— Você só pode estar brincando comigo. — Ela diz séria — Não me machucou? Olha para trás e veja tudo que fez comigo, você não só me machucou como acabou com minha vida, Matthis. Se eu pudesse voltar atrás, desejaria nunca tê-lo conhecido.Um silêncio corta o ar por alguns segundos e ele se aproxima dela cautelosamente. Ela dá um passo para trás a cada passo que ele dá para a frente. Isso persiste até ela bater com as costas em uma parede e ele terminar de quebrar o espaço entre ambos, a trazendo para si em um abraço apertado e a virando de costas para ele.— Me desculpe por tudo que tenho lhe feito, meu amor, não quero que se sinta mal, você está grávida e precisa se manter saudáv
Um balde de água contendo inúmeras pedras de gelo é lançado contra o homem que dormia sentado, completamente torto na cadeira. O homem acorda em um sobressalto no mesmo segundo, olhando para os lados de forma desesperada como se buscasse saber o que se passava.Imediatamente seu olhar cai sobre os homens trajados em ternos impecáveis a sua frente. Quem encarasse aqueles homens com ar de elegância e sofisticação não poderia jamais imaginar o demônio que se escondia por trás de suas boas maneiras e eloquência e muito menos poderiam imaginar o que eram capazes de fazer. Infelizmente, olhando para si mesmo, o homem sentado na cadeira percebe que foi mais uma vítima do golpe deles. Como poderia imaginar que o poderoso homem de negócios norueguês escondido atrás de belos e caros ternos era na verdade o cabeça por trás de todo aquele esquema sujo de lavagem de dinheiro, drogas, prostituição e tráfico humano?— Como pude ser tão idiota? Eu deveria saber, toda aquela benevolência ao me tratar,
Após o breve encontro com Lars na área externa da enorme mansão, Ingrid coloca uma máscara de indiferença no rosto, como se nada tivesse acontecido e retorna ao grande salão, onde o movimento de pessoas circulando aumentava cada vez mais.Se dirige à mesma mesa onde encontrava-se sentada antes de ir ao encontro de Lars e senta-se na cadeira, observando tudo ao seu redor.Não leva muito tempo até que visualiza uma mulher caminhar em sua direção e força a vista, de alguma forma conhecia aquela mulher, só não lembrava de onde e parecia que a dita cuja também lhe conhecia, já que se aproximou da sua mesa e se acomodou na cadeira a frente dela, lhe dirigindo um sorriso.— Finalmente um rosto conhecido por aqui! Me sinto até mais aliviada e confortável nesse ambiente de serpentes, encontrando você por aqui.Ingrid a olha com ainda mais atenção.— Desculpe… mas eu não me lembro de você, apesar de achar que te conheço de algum lugar. — Fica pensativa.— É claro que me conhece, afinal você est
O cabelo meio preso transmitia um ar de delicadeza e romantismo. A maquiagem leve e neutra passava a ideia de sofisticação e o vestido, véu e grinalda, que basicamente era uma tiara completamente feita de diamantes e que fora feita exclusivamente para ela, finalizaram com o ar luxuoso. O vestido de noiva sereia valorizava todas as suas curvas e ante todo esse cenário a noiva deveria estar feliz naquele dia que para muitas é um dos mais importantes de suas vidas, mas ela não está. Para Ingrid a maquiagem esconde bem seu sofrimento. Matthis havia finalmente conseguido o que queria, o dia do casamento havia chegado e ela não tinha para onde correr ou o que fazer a respeito, só poderia aceitar seu destino.Depois de deixá-la sob o aviso de que se fizesse algo para impedir o casamento pagaria com sua vida, Matthis a deixou conversar um pouco com sua família e depois a levou para uma de suas mansões em Oslo, onde aconteceria o casamento. Ele a deixou devidamente instalada em um dos quartos
— Eu quero vigias em todos os lugares e não estou brincando. Quero seguranças nas principais rodovias, nos portos e aeroportos, eles não conseguirão ir tão longe. — Da sacada de seu apartamento de luxo em Oslo, Matthis berra ordens através do celular para o chefe de sua segurança. — A qualquer aparição deles, quero que os tragam para mim, mas quero eles vivos. A vingança é minha e eu irei me certificar de finalizar com eles.Finaliza a chamada sem esperar a resposta do interlocutor e logo eleva seu charuto até a boca.— Ingrid, Ingrid, você não podia ter feito isso comigo, sua vadia. Não podia. — Solta a fumaça no ar, recordando-se da humilhação que passou no dia do seu próprio casamento.Quando descobriu a traição da noiva e do irmão, deixou a Catedral sem nem ao menos olhar para trás ou se preocupar de dar alguma satisfação para alguém. Não tinha porquê fazer isso e sabia que seus funcionários se encarregariam de lidar com tudo.Antes de seguir para o apartamento passou pelo enorme
— Ela agora irá dormir a noite toda. Amanhã pela manhã, quando acordar, possivelmente a primeira coisa pela qual perguntará será pelo filho. Acredito que como este é um assunto delicado, seria melhor que alguém próximo a ela desse a notícia, o baque seria menor. — A voz do médico soa do lado do leito onde a jovem de cabelos negros e vibrantes olhos azuis esverdeados dorme profundamente, recebendo a atenção da enfermeira que o acompanhava imediatamente para si. Logo esta suspira pesadamente.— Ela chegou aqui sem documento algum, não sabemos quem é, de onde veio ou se ao menos tem família. — Comenta, a encarando com pena.— Ela chegou aqui vestida de noiva, não foi? Então provavelmente estava seguindo para seu casamento antes da tragédia acontecer. — O médico tira suas conclusões.— Podemos mandar verificar pelas redondezas se havia algum casamento marcado no qual a noiva não apareceu. — Dá a ideia e o médico assente em concordância.— Eu concordo, é a melhor opção. Em breve ela terá a