— Ainda não acredito no que fez comigo. — A voz de Matthis soa em tom melancólico — está certo que foi sequestrada, isso não foi sua culpa, mas você se aproveitou disso para ficar distante de mim. — A encara sério e ela nem ao menos faz questão de olhá-lo — Nunca te machuquei, mas veja o que você fez comigo.— Você só pode estar brincando comigo. — Ela diz séria — Não me machucou? Olha para trás e veja tudo que fez comigo, você não só me machucou como acabou com minha vida, Matthis. Se eu pudesse voltar atrás, desejaria nunca tê-lo conhecido.Um silêncio corta o ar por alguns segundos e ele se aproxima dela cautelosamente. Ela dá um passo para trás a cada passo que ele dá para a frente. Isso persiste até ela bater com as costas em uma parede e ele terminar de quebrar o espaço entre ambos, a trazendo para si em um abraço apertado e a virando de costas para ele.— Me desculpe por tudo que tenho lhe feito, meu amor, não quero que se sinta mal, você está grávida e precisa se manter saudáv
Um balde de água contendo inúmeras pedras de gelo é lançado contra o homem que dormia sentado, completamente torto na cadeira. O homem acorda em um sobressalto no mesmo segundo, olhando para os lados de forma desesperada como se buscasse saber o que se passava.Imediatamente seu olhar cai sobre os homens trajados em ternos impecáveis a sua frente. Quem encarasse aqueles homens com ar de elegância e sofisticação não poderia jamais imaginar o demônio que se escondia por trás de suas boas maneiras e eloquência e muito menos poderiam imaginar o que eram capazes de fazer. Infelizmente, olhando para si mesmo, o homem sentado na cadeira percebe que foi mais uma vítima do golpe deles. Como poderia imaginar que o poderoso homem de negócios norueguês escondido atrás de belos e caros ternos era na verdade o cabeça por trás de todo aquele esquema sujo de lavagem de dinheiro, drogas, prostituição e tráfico humano?— Como pude ser tão idiota? Eu deveria saber, toda aquela benevolência ao me tratar,
Após o breve encontro com Lars na área externa da enorme mansão, Ingrid coloca uma máscara de indiferença no rosto, como se nada tivesse acontecido e retorna ao grande salão, onde o movimento de pessoas circulando aumentava cada vez mais.Se dirige à mesma mesa onde encontrava-se sentada antes de ir ao encontro de Lars e senta-se na cadeira, observando tudo ao seu redor.Não leva muito tempo até que visualiza uma mulher caminhar em sua direção e força a vista, de alguma forma conhecia aquela mulher, só não lembrava de onde e parecia que a dita cuja também lhe conhecia, já que se aproximou da sua mesa e se acomodou na cadeira a frente dela, lhe dirigindo um sorriso.— Finalmente um rosto conhecido por aqui! Me sinto até mais aliviada e confortável nesse ambiente de serpentes, encontrando você por aqui.Ingrid a olha com ainda mais atenção.— Desculpe… mas eu não me lembro de você, apesar de achar que te conheço de algum lugar. — Fica pensativa.— É claro que me conhece, afinal você est
O cabelo meio preso transmitia um ar de delicadeza e romantismo. A maquiagem leve e neutra passava a ideia de sofisticação e o vestido, véu e grinalda, que basicamente era uma tiara completamente feita de diamantes e que fora feita exclusivamente para ela, finalizaram com o ar luxuoso. O vestido de noiva sereia valorizava todas as suas curvas e ante todo esse cenário a noiva deveria estar feliz naquele dia que para muitas é um dos mais importantes de suas vidas, mas ela não está. Para Ingrid a maquiagem esconde bem seu sofrimento. Matthis havia finalmente conseguido o que queria, o dia do casamento havia chegado e ela não tinha para onde correr ou o que fazer a respeito, só poderia aceitar seu destino.Depois de deixá-la sob o aviso de que se fizesse algo para impedir o casamento pagaria com sua vida, Matthis a deixou conversar um pouco com sua família e depois a levou para uma de suas mansões em Oslo, onde aconteceria o casamento. Ele a deixou devidamente instalada em um dos quartos
— Eu quero vigias em todos os lugares e não estou brincando. Quero seguranças nas principais rodovias, nos portos e aeroportos, eles não conseguirão ir tão longe. — Da sacada de seu apartamento de luxo em Oslo, Matthis berra ordens através do celular para o chefe de sua segurança. — A qualquer aparição deles, quero que os tragam para mim, mas quero eles vivos. A vingança é minha e eu irei me certificar de finalizar com eles.Finaliza a chamada sem esperar a resposta do interlocutor e logo eleva seu charuto até a boca.— Ingrid, Ingrid, você não podia ter feito isso comigo, sua vadia. Não podia. — Solta a fumaça no ar, recordando-se da humilhação que passou no dia do seu próprio casamento.Quando descobriu a traição da noiva e do irmão, deixou a Catedral sem nem ao menos olhar para trás ou se preocupar de dar alguma satisfação para alguém. Não tinha porquê fazer isso e sabia que seus funcionários se encarregariam de lidar com tudo.Antes de seguir para o apartamento passou pelo enorme
— Ela agora irá dormir a noite toda. Amanhã pela manhã, quando acordar, possivelmente a primeira coisa pela qual perguntará será pelo filho. Acredito que como este é um assunto delicado, seria melhor que alguém próximo a ela desse a notícia, o baque seria menor. — A voz do médico soa do lado do leito onde a jovem de cabelos negros e vibrantes olhos azuis esverdeados dorme profundamente, recebendo a atenção da enfermeira que o acompanhava imediatamente para si. Logo esta suspira pesadamente.— Ela chegou aqui sem documento algum, não sabemos quem é, de onde veio ou se ao menos tem família. — Comenta, a encarando com pena.— Ela chegou aqui vestida de noiva, não foi? Então provavelmente estava seguindo para seu casamento antes da tragédia acontecer. — O médico tira suas conclusões.— Podemos mandar verificar pelas redondezas se havia algum casamento marcado no qual a noiva não apareceu. — Dá a ideia e o médico assente em concordância.— Eu concordo, é a melhor opção. Em breve ela terá a
Dias depoisMatthis caminha apressadamente na frente, carregando seus eletrônicos em mãos, enquanto que Ingrid, a passos mais lentos, o segue em direção ao avião que os levaria de volta a Bergen.Ela aperta ao seu redor o enorme casaco de pele que ele havia lhe comprado antes de deixar o hospital, já que ela não tinha roupa alguma. Havia chegado no local trajada em um vestido de noiva afinal.O norueguês, percebendo a lentidão da brasileira, se vira enraivecido.— Vamos entrar logo nessa droga de jatinho, quero voltar para minha casa, tenho assuntos importantes para resolver.Ela o visualiza lhe dar espaço para que suba as escadas primeiro e assim ela o faz, logo sendo seguida por ele.— O comandante e a tripulação lhes dão as boas vindas neste voo com destino a cidade de Bergen. Tempo de voo estimado: cinquenta minutos a uma hora. Pedimos suas atenções para demonstração do equipamento de emergência. — Depois que se acomoda em uma das poltronas do jatinho, Ingrid se atenta a todos os
Ingrid ainda se mantinha pálida e perdida em pensamentos enquanto esperava ser chamada. Está sentada em uma cadeira de uma sala privada e ingere em pequenos goles um café que se encontra em um pequeno copo em suas mãos e que uma gentil policial lhe trouxe minutos antes. Indaga-se mentalmente sobre o porquê de ter recebido uma intimação para comparecer em uma delegacia para prestar esclarecimentos.Ela não cometeu nenhum tipo de delito, ao menos não tem conhecimento de ter praticado algum ato que possa resultar em uma ação criminal ou que justifique sua presença no Distrito Policial de Bergen. Talvez tenha sido intimada apenas para prestar esclarecimento sobre fatos que ela eventualmente tenha visto ou ouvido falar e que tenha qualquer tipo de informação que venha auxiliar a autoridade policial a esclarecer determinado crime que esteja sendo apurado. Não sabe ao certo, já que a todo momento pessoas entram e saem da sala, mas não lhe dizem nada.A única explicação plausível seria sobre