Por amor, uma vez é suficiente para me rebaixar; não posso fazer isso novamente.— George, parece que você esqueceu, mas temos um rancor. Então, eu já deixei tudo para trás, não vou atrapalhar nada... quem você casar não é da minha conta e eu não vou me intrometer. Se quiser, posso até te mandar um presente de casamento.— George, você não precisa ter medo de mim. Eu não vou ficar te perseguindo. Eu, Carolina Pinto, ou não deixo alguém ir, ou, uma vez que deixo, nunca volto. Olhe para mim e para o Sebastião, fomos juntos por dez anos, mas quando decidi que não queria mais, não voltei. E você, que esteve comigo por apenas alguns meses, não merece nem uma comparação.— Além disso, seu pai é o assassino dos meus pais. O fato de eu não cobrar isso de você não significa que posso simplesmente ignorar o que aconteceu. Como poderia eu amar você e continuar ao seu lado? Isso me causaria pesadelos, e meus pais nunca me perdoariam por isso.— Ah, e a família Furtado... Eles também são meus inimi
— Cunhada, não imaginava que você também iria para Houston! — Benedita ainda me chamou de "Cunhada" com a mesma alegria de antes.Parece que ela não sabia nada sobre as informações sobre George na internet, mas eu sabia que ela viu tudo, só estava fingindo não saber e tratando de forma natural comigo.Ela e George são irmãos, mas são duas pessoas separadas. Meu ressentimento com George não deveria envolvê-la.— Da próxima vez, me chame pelo meu nome, não me chame mais de Cunhada, afinal... — Eu dei uma risadinha irônica. — Seu irmão vai se casar com outra pessoa.Minhas palavras fizeram o sorriso de Benedita congelar, e logo ela ficou com uma expressão de quem queria chorar.— Não. — Ela balançou a cabeça. — Você é a minha Cunhada, só você. Ninguém mais.Embora isso não tenha suavizado totalmente a minha dor, de alguma forma, as palavras dela trouxeram um pouco de consolo ao meu coração partido.Essa garota não me fez perder meu tempo com ela.— Cunhada, meu irmão ainda te ama, eu juro
Benedita assentiu e depois explicou:— Cunhada, eu também gosto de snooker. É engraçado, porque antes eu nunca tinha tido contato com esse esporte, mas não sei por que, agora eu simplesmente adoro. E tem mais... Eu percebi que, depois da cirurgia, até as coisas que eu gosto, meus gostos alimentares e até algumas opiniões e pensamentos mudaram completamente.— Cunhada, você acha que isso pode ser por causa do coração que eu recebi? Eu li em um livro que transplantes de órgãos podem trazer alguns hábitos e preferências do doador. — Benedita olhava para mim com um olhar esperançoso, esperando que eu lhe desse uma resposta.Na verdade, já vi isso na televisão. Embora a teoria médica diga que isso não acontece, muitos casos mostram o contrário. Não é só com transplante de coração, até com fígado, muitas pessoas que receberam esse órgão acabam desenvolvendo novos gostos alimentares, alguns até passam a gostar de comida picante depois do transplante, quando antes nunca gostavam.— Talvez. —
Ah?!Como assim?Eu nunca ouvi George mencionar nada sobre isso.Nesses meses que passei com ele, fora Benedita, ele quase nunca mencionou sua família ou seu passado.Eu achava que talvez fosse porque ele sentia vergonha de uma origem humilde, então nunca perguntei, com medo de ferir seu orgulho. Mas agora, sabendo quem ele realmente foi, talvez ele tivesse evitado o assunto por desconfiança.Só de pensar nisso, senti um aperto no peito.— Como ele se perdeu? Foi levado por traficantes de crianças? — Perguntei, em tom de brincadeira.— Foi pior que isso. Parece que ele foi sequestrado, mas meus pais proibiram que a gente falasse sobre isso. — Disse Benedita, me surpreendendo novamente.Ao mesmo tempo, fiquei confusa. — Sequestraram George? Mas ele já devia ser grandinho na época, né? Como ele pôde ser sequestrado?— Eu também não sei. Naquela época, meus pais falavam sobre isso às escondidas, e eu só descobri porque ouvi por acaso. Depois que encontraram George, eles o mandaram direto
— Carina, e Benedita? Aconteceu alguma coisa com ela? — Ele mudou para um tom mais baixo, com um leve pedido de ajuda.Meu coração apertou de novo, e o ouvi me chamar de "Carina" novamente foi algo raro.Nesse momento, a porta da sala de exames se abriu, e Benedita saiu. Eu passei o celular para ela. — É para você.Benedita, um pouco surpresa, pegou o celular e o colocou no ouvido. Eu me afastei um pouco, mas ainda podia ouvir a voz dela. — Eu estava com enjoos de viagem, e Carolina, preocupada, me trouxe ao hospital para fazer um exame... Está tudo bem, o médico disse que meu coração está bem, só preciso descansar um pouco e já passa.— Eu sei, com Carolina me cuidando, você ainda não fica tranquilo? George, só aceito a Carolina como minha cunhada. Se você tentar me arranjar outra, vou me opor completamente...As palavras de Benedita fizeram meu peito se apertar ainda mais, e eu só conseguia respirar com dificuldade, como um peixe sem oxigênio.— George, eu sei, pode ficar tranquilo,
Então, eu fui seguida o tempo todo.Mas o que ele queria ao me seguir? Retaliação?Apertei mais forte o celular na minha mão, os olhos fixos na tela, mas ele não enviou mais nada.Pensei por um momento e, depois de refletir, tirei um print da mensagem e enviei para George.Se Bruno estava atrás de mim, e agora e Benedita ainda estava comigo, qualquer coisa que acontecesse comigo, ela também poderia se meter em problemas.Eu precisava que George soubesse que eu estava em perigo. Mesmo que ele não quisesse me proteger, ele não podia ignorar Benedita.Nessa hora, eu ainda estava pensando em procurar ajuda com George. Talvez fosse por hábito, mas no fundo, talvez eu ainda confiasse apenas nele, mesmo que ele tivesse me abandonado.Assim que enviei a mensagem, meu celular tocou. Foi George ligando.Eu atendi diretamente, mas não falei nada. Foi ele quem quebrou o silêncio primeiro. — Você não precisa se preocupar. Vou arranjar alguém para te proteger em segredo.Ouvir essas palavras me aque
— E a partida de Pedro? Ainda vai acontecer como planejado? Ele corre algum perigo? — Não consegui deixar de me preocupar com Pedro.Ele estará bem. — Respondeu George com convicção.Olhei para a escuridão lá fora. — Eu preciso mesmo voltar ao país?George ficou em silêncio por um momento antes de responder. — Espere minhas instruções. E... pode apagar o contato daquela pessoa que te enviou mensagem.Depois de falar, ele fez uma pausa. Achei que diria algo mais, mas ele simplesmente desligou o telefone.As noites em outro país já eram difíceis de encarar, e com tudo isso acontecendo, dormir ficou impossível.Segui o conselho de George e apaguei o contato do desconhecido. Em seguida, abri o chat com Pedro, querendo muito perguntar como ele estava.Mas, lembrando que ele estava focado nos treinos e na competição, decidi não o atrapalhar e fechei a conversa.Deitei na cama, forçando os olhos a se fecharem, mesmo sem sono. Foi assim que percebi quando Benedita acordou. Ainda ouvia sua voz
Vinicius não respondeu, o que deixou claro que era algo difícil de explicar, ou talvez houvesse mais por trás disso.Seguindo meus próprios pensamentos, perguntei diretamente: — Vinicius, você apareceu na vida de Benedita de propósito, não foi?Ele levantou a cabeça de repente, e a expressão de surpresa em seus olhos o entregou.Ao pensar no fato de eu ter o mesmo rosto de Ivone, e lembrando também de como, após a morte dela, ele foi comigo até a sala de cirurgia de Benedita, não pude deixar de perguntar: — Você está tentando se aproximar de Benedita para ter mais oportunidades de me ver, e assim usar o meu rosto para lembrar de Ivone?— Não. — Vinicius respondeu rapidamente, visivelmente nervoso. — Eu não, e nunca pensei isso.Ele disse isso com tanta pressa, logo pegando a xícara de café e bebendo um grande gole, como se tentando acalmar ou reprimir algo.Eu fiquei em silêncio, apenas o observando com atenção.— Não importa se você acredita ou não, eu nunca te vi como Ivone. Vocês du