— Carina, e Benedita? Aconteceu alguma coisa com ela? — Ele mudou para um tom mais baixo, com um leve pedido de ajuda.Meu coração apertou de novo, e o ouvi me chamar de "Carina" novamente foi algo raro.Nesse momento, a porta da sala de exames se abriu, e Benedita saiu. Eu passei o celular para ela. — É para você.Benedita, um pouco surpresa, pegou o celular e o colocou no ouvido. Eu me afastei um pouco, mas ainda podia ouvir a voz dela. — Eu estava com enjoos de viagem, e Carolina, preocupada, me trouxe ao hospital para fazer um exame... Está tudo bem, o médico disse que meu coração está bem, só preciso descansar um pouco e já passa.— Eu sei, com Carolina me cuidando, você ainda não fica tranquilo? George, só aceito a Carolina como minha cunhada. Se você tentar me arranjar outra, vou me opor completamente...As palavras de Benedita fizeram meu peito se apertar ainda mais, e eu só conseguia respirar com dificuldade, como um peixe sem oxigênio.— George, eu sei, pode ficar tranquilo,
Então, eu fui seguida o tempo todo.Mas o que ele queria ao me seguir? Retaliação?Apertei mais forte o celular na minha mão, os olhos fixos na tela, mas ele não enviou mais nada.Pensei por um momento e, depois de refletir, tirei um print da mensagem e enviei para George.Se Bruno estava atrás de mim, e agora e Benedita ainda estava comigo, qualquer coisa que acontecesse comigo, ela também poderia se meter em problemas.Eu precisava que George soubesse que eu estava em perigo. Mesmo que ele não quisesse me proteger, ele não podia ignorar Benedita.Nessa hora, eu ainda estava pensando em procurar ajuda com George. Talvez fosse por hábito, mas no fundo, talvez eu ainda confiasse apenas nele, mesmo que ele tivesse me abandonado.Assim que enviei a mensagem, meu celular tocou. Foi George ligando.Eu atendi diretamente, mas não falei nada. Foi ele quem quebrou o silêncio primeiro. — Você não precisa se preocupar. Vou arranjar alguém para te proteger em segredo.Ouvir essas palavras me aque
— E a partida de Pedro? Ainda vai acontecer como planejado? Ele corre algum perigo? — Não consegui deixar de me preocupar com Pedro.Ele estará bem. — Respondeu George com convicção.Olhei para a escuridão lá fora. — Eu preciso mesmo voltar ao país?George ficou em silêncio por um momento antes de responder. — Espere minhas instruções. E... pode apagar o contato daquela pessoa que te enviou mensagem.Depois de falar, ele fez uma pausa. Achei que diria algo mais, mas ele simplesmente desligou o telefone.As noites em outro país já eram difíceis de encarar, e com tudo isso acontecendo, dormir ficou impossível.Segui o conselho de George e apaguei o contato do desconhecido. Em seguida, abri o chat com Pedro, querendo muito perguntar como ele estava.Mas, lembrando que ele estava focado nos treinos e na competição, decidi não o atrapalhar e fechei a conversa.Deitei na cama, forçando os olhos a se fecharem, mesmo sem sono. Foi assim que percebi quando Benedita acordou. Ainda ouvia sua voz
Vinicius não respondeu, o que deixou claro que era algo difícil de explicar, ou talvez houvesse mais por trás disso.Seguindo meus próprios pensamentos, perguntei diretamente: — Vinicius, você apareceu na vida de Benedita de propósito, não foi?Ele levantou a cabeça de repente, e a expressão de surpresa em seus olhos o entregou.Ao pensar no fato de eu ter o mesmo rosto de Ivone, e lembrando também de como, após a morte dela, ele foi comigo até a sala de cirurgia de Benedita, não pude deixar de perguntar: — Você está tentando se aproximar de Benedita para ter mais oportunidades de me ver, e assim usar o meu rosto para lembrar de Ivone?— Não. — Vinicius respondeu rapidamente, visivelmente nervoso. — Eu não, e nunca pensei isso.Ele disse isso com tanta pressa, logo pegando a xícara de café e bebendo um grande gole, como se tentando acalmar ou reprimir algo.Eu fiquei em silêncio, apenas o observando com atenção.— Não importa se você acredita ou não, eu nunca te vi como Ivone. Vocês du
Pensando no verdadeiro motivo de eu o ter procurado hoje, disse: — Vinicius, o motivo de Benedita vir assistir ao jogo é também para estar perto de você. Além disso, é uma boa oportunidade para vocês dois se relacionarem. Por isso, ela estará com você nos próximos dias, e é uma chance para você também decidir o que sente.Vinicius parecia surpreso. — Isso não seria... apropriado, né?Foi realmente inapropriado, especialmente sabendo do verdadeiro motivo de Vinicius em se aproximar de Benedita. Mas, não havia outra opção.Benedita estava muito em perigo ao ficar comigo, então eu não tinha escolha a não ser a deixar sob os cuidados dele.— Não há nada de impróprio nisso, eu confio em você. — Eu disse, lhe dando uma dica sutil.Vinicius exibiu uma expressão desconfortável por um momento, mas assentiu. — Obrigado por confiar em mim.Levantei minha xícara de café em direção a ele, e ele sorriu.— E os pais de Ivone? — De repente, uma lembrança sobre aquele casal veio à minha mente.— Eles e
— Linda moça, você pode me ajudar?Acompanhada de uma voz de mulher de meia-idade, um tanto cansada, eu senti um arrepio e levantei a cabeça.Era uma senhora estrangeira, com os cabelos grisalhos, que me olhava com um olhar suplicante.— Com o que eu posso te ajudar? — Respondi educadamente.— Ah, eu gostaria que você me comprasse um café. Não tenho dinheiro e já faz muito tempo que não bebo um. — As palavras da mulher me surpreenderam, mas também despertaram uma certa compaixão em mim.Eu nem hesitei e acenei com a cabeça. — OK.— Obrigada, linda moça. — Ela disse, apontando para minha cadeira. — Posso sentar aqui?Não custava nada ser gentil, então já que eu a convidei para o café, a deixar sentar ali também não seria um problema.Eu estava prestes a responder, quando a voz de Sebastião soou. — Desculpe, senhora, podia trocar de lugar?Olhei para ele, que apareceu do nada. Ele não tinha ido embora?Enquanto eu ainda estava atônita, Sebastião já havia apontado para a cadeira ao lado d
— Você veio assistir ao jogo. Já comprou ingresso? Sebastião mudou de assunto.— Ainda não. Você tem? Posso comprar o seu. — Seria tolice não aproveitar o atalho.Sebastião deu uma risada leve. — Tenho, mas não vendo.Enquanto falava, ele tirou os ingressos do bolso, dois, na verdade. — Já estavam reservados. Foi Pedro quem providenciou.Ao ouvir isso, senti um leve aperto no coração. Pedro nem ao menos me ligou, mas deixou ingressos reservados para mim. Isso só podia significar que ele esperava que eu viesse.Se eu não viesse, será que ele ficaria muito decepcionado?Peguei os ingressos e perguntei: — Posso pedir mais um?Sebastião ficou levemente surpreso, mas assentiu e tirou mais um do bolso.— Sebastião, parece até que você trabalha vendendo ingressos. — Brinquei enquanto pegava os ingressos de graça.Ele apenas sorriu sem responder, e eu também não sabia mais o que dizer.Bem nesse momento, Vinicius apareceu acompanhado de Benedita. Ele empurrava a bagagem dela, enquanto ela o se
Sebastião me contou tudo isso com certeza por algum motivo.Ele me olhou com uma expressão grave e falou: — George não deveria ter sido tão impulsivo com Bruno. Ele deveria ter investigado o passado dele primeiro.Eu entendi o que ele queria dizer, mas não pude evitar um sorriso irônico. — Então, na sua opinião, por ele ter um grande poder, eu deveria ser perseguida e sofrer por causa disso?Sebastião ficou sem palavras com a minha resposta. — Carol, não foi isso que eu quis dizer.— Sebastião, não acho que George tenha feito algo errado. Bruno mereceu isso. — Falei com firmeza, sem hesitar.Nos olhos de Sebastião surgiu uma expressão de resignação. — Eu só acho que deveria usar outra maneira de lidar com isso, sem deixar a situação tão vulnerável, colocando você em risco.Ele fez uma pausa, como se estivesse ponderando suas palavras. — Carol, o que estou dizendo não é contra George, é só uma análise da situação.Eu também não queria fazer suposições maldosas sobre ele. — A situação já