Vinicius não respondeu, o que deixou claro que era algo difícil de explicar, ou talvez houvesse mais por trás disso.Seguindo meus próprios pensamentos, perguntei diretamente: — Vinicius, você apareceu na vida de Benedita de propósito, não foi?Ele levantou a cabeça de repente, e a expressão de surpresa em seus olhos o entregou.Ao pensar no fato de eu ter o mesmo rosto de Ivone, e lembrando também de como, após a morte dela, ele foi comigo até a sala de cirurgia de Benedita, não pude deixar de perguntar: — Você está tentando se aproximar de Benedita para ter mais oportunidades de me ver, e assim usar o meu rosto para lembrar de Ivone?— Não. — Vinicius respondeu rapidamente, visivelmente nervoso. — Eu não, e nunca pensei isso.Ele disse isso com tanta pressa, logo pegando a xícara de café e bebendo um grande gole, como se tentando acalmar ou reprimir algo.Eu fiquei em silêncio, apenas o observando com atenção.— Não importa se você acredita ou não, eu nunca te vi como Ivone. Vocês du
Pensando no verdadeiro motivo de eu o ter procurado hoje, disse: — Vinicius, o motivo de Benedita vir assistir ao jogo é também para estar perto de você. Além disso, é uma boa oportunidade para vocês dois se relacionarem. Por isso, ela estará com você nos próximos dias, e é uma chance para você também decidir o que sente.Vinicius parecia surpreso. — Isso não seria... apropriado, né?Foi realmente inapropriado, especialmente sabendo do verdadeiro motivo de Vinicius em se aproximar de Benedita. Mas, não havia outra opção.Benedita estava muito em perigo ao ficar comigo, então eu não tinha escolha a não ser a deixar sob os cuidados dele.— Não há nada de impróprio nisso, eu confio em você. — Eu disse, lhe dando uma dica sutil.Vinicius exibiu uma expressão desconfortável por um momento, mas assentiu. — Obrigado por confiar em mim.Levantei minha xícara de café em direção a ele, e ele sorriu.— E os pais de Ivone? — De repente, uma lembrança sobre aquele casal veio à minha mente.— Eles e
— Linda moça, você pode me ajudar?Acompanhada de uma voz de mulher de meia-idade, um tanto cansada, eu senti um arrepio e levantei a cabeça.Era uma senhora estrangeira, com os cabelos grisalhos, que me olhava com um olhar suplicante.— Com o que eu posso te ajudar? — Respondi educadamente.— Ah, eu gostaria que você me comprasse um café. Não tenho dinheiro e já faz muito tempo que não bebo um. — As palavras da mulher me surpreenderam, mas também despertaram uma certa compaixão em mim.Eu nem hesitei e acenei com a cabeça. — OK.— Obrigada, linda moça. — Ela disse, apontando para minha cadeira. — Posso sentar aqui?Não custava nada ser gentil, então já que eu a convidei para o café, a deixar sentar ali também não seria um problema.Eu estava prestes a responder, quando a voz de Sebastião soou. — Desculpe, senhora, podia trocar de lugar?Olhei para ele, que apareceu do nada. Ele não tinha ido embora?Enquanto eu ainda estava atônita, Sebastião já havia apontado para a cadeira ao lado d
— Você veio assistir ao jogo. Já comprou ingresso? Sebastião mudou de assunto.— Ainda não. Você tem? Posso comprar o seu. — Seria tolice não aproveitar o atalho.Sebastião deu uma risada leve. — Tenho, mas não vendo.Enquanto falava, ele tirou os ingressos do bolso, dois, na verdade. — Já estavam reservados. Foi Pedro quem providenciou.Ao ouvir isso, senti um leve aperto no coração. Pedro nem ao menos me ligou, mas deixou ingressos reservados para mim. Isso só podia significar que ele esperava que eu viesse.Se eu não viesse, será que ele ficaria muito decepcionado?Peguei os ingressos e perguntei: — Posso pedir mais um?Sebastião ficou levemente surpreso, mas assentiu e tirou mais um do bolso.— Sebastião, parece até que você trabalha vendendo ingressos. — Brinquei enquanto pegava os ingressos de graça.Ele apenas sorriu sem responder, e eu também não sabia mais o que dizer.Bem nesse momento, Vinicius apareceu acompanhado de Benedita. Ele empurrava a bagagem dela, enquanto ela o se
Sebastião me contou tudo isso com certeza por algum motivo.Ele me olhou com uma expressão grave e falou: — George não deveria ter sido tão impulsivo com Bruno. Ele deveria ter investigado o passado dele primeiro.Eu entendi o que ele queria dizer, mas não pude evitar um sorriso irônico. — Então, na sua opinião, por ele ter um grande poder, eu deveria ser perseguida e sofrer por causa disso?Sebastião ficou sem palavras com a minha resposta. — Carol, não foi isso que eu quis dizer.— Sebastião, não acho que George tenha feito algo errado. Bruno mereceu isso. — Falei com firmeza, sem hesitar.Nos olhos de Sebastião surgiu uma expressão de resignação. — Eu só acho que deveria usar outra maneira de lidar com isso, sem deixar a situação tão vulnerável, colocando você em risco.Ele fez uma pausa, como se estivesse ponderando suas palavras. — Carol, o que estou dizendo não é contra George, é só uma análise da situação.Eu também não queria fazer suposições maldosas sobre ele. — A situação já
— Pedro não está em perigo por enquanto. — As palavras de Sebastião me deixaram um pouco confusa.Ele então explicou: — O Clube Q, por fora parece um clube de esportes, mas na verdade é envolvido com apostas ilegais. Eles se aproximaram de Pedro porque queriam manter o título de campeões e lucrar mais com as apostas.Eu já tinha ouvido falar de apostas ilegais, mas nunca imaginei que algo tão sombrio chegaria ao mundo do Snooker.— Agora não ousam machucar Pedro por enquanto, então mudaram a estratégia. A ideia agora é apostar contra ele, fazendo com que Pedro vença. No final, eles aparentam perder, mas na verdade ganham ainda mais. — As palavras de Sebastião me fizeram sentir um calafrio.Um simples jogo de Snooker virou uma ferramenta para esses capitais obscuros lucrarem.Pedro costumava dizer que jogava Snooker porque gostava do esporte. Mais tarde, ele jogou o jogo para que o mundo soubesse que pessoas de seu país também poderiam estar no cenário mundial do snooker. Se ele soubess
Eu não sabia se devia ir.Mesmo com todas as palavras de Sebastião.Encarando Sebastião enquanto esperava minha resposta, eu pausei por um momento e disse: — Vou perguntar a George.O brilho nos olhos dele se apagou um pouco, mas ele ainda assentiu e se levantou, caminhando em direção a outro lugar.Não foi que eu não confiasse em Sebastião, mas minha confiança em George era absoluta. Por isso, eu só precisava da resposta dele.— Alô. — George atendeu a ligação, com uma voz profunda e agradável, tão encantadora que fez meu coração bater mais forte.— Algo aconteceu? — George perguntou novamente, ao perceber que eu estava em silêncio.Eu fiz um esforço para controlar a respiração e respondi. — George, há duas pessoas vigiando o hotel onde estou hospedada. Foram você quem mandou?— Na mesa 3A da cafeteria? — A pergunta dele me fez olhar em direção àquela mesa, exatamente onde ele mencionou.Parecia que, mesmo estando tão longe, ele sabia de tudo o que acontecia por aqui.Sem precisar men
A sensação de ardor na garganta continuava queimando dentro de mim, e, no silêncio de George, eu falei: — Não vou te atrapalhar mais na escolha do anel, tchau!Depois de dizer isso, eu desliguei o telefone com força.Desliguei o telefone com toda a força que tinha, como se meus dedos tivessem se partido junto com a ligação.Fiquei ali, parada, sem me mover, até que Sebastião se aproximou.Quando o vi se aproximando, rapidamente olhei para baixo e caminhei apressada em direção ao elevador. Ao passar por Sebastião, disse: — Me espera, vou pegar minhas coisas.— Vou subir com você. — Disse Sebastião.— Não precisa, eu subo sozinha. — Recusei com a voz firme, acelerando os passos.Mas Sebastião continuou me seguindo. — O que aconteceu?Ele percebeu que algo estava errado.Já estava me sentindo cheia de dor, e ao ouvir sua pergunta, quase não consegui segurar as lágrimas.Mas eu sabia que não podia chorar. Não podia mostrar minha fraqueza para Sebastião.Quando decidi ficar com George, eu m