George me olhou sem dizer uma palavra.Meu coração batia cada vez mais rápido, aquela sensação era como a de um criminoso esperando o veredito.Depois de um longo silêncio, finalmente houve movimento de George. Ele levantou a mão e me puxou.— Carolina Pinto, solte-me.Meu coração, que estava preso na garganta, despencou como se eu tivesse sido lançada de um abismo profundo.Uma dor imensa e a vergonha tomaram conta de mim, e eu deixei de lado toda a minha teimosia e orgulho para pedir reconciliação, mas ele ainda assim se manteve firme.Era evidente que ele estava realmente determinado.Apesar de me amar, ele se recusa a se reconciliar comigo..Este homem teimoso.A raiva, o desgosto e a frustração me deixaram à beira da loucura. Eu abri a boca e mordi seu ombro com todas as forças.Nessa mordida, eu usei todas as minhas forças.Ouvi um gemido abafado dele, mas ele não me afastou, simplesmente me deixou morder.Eu mordi mais forte, a raiva me consumia, e eu nem pensava direito, só que
Se Luana também fosse embora, eu não teria nem mesmo uma amiga para conversar.Embora o relacionamento entre as pessoas seja um ciclo constante de encontros e despedidas. — Seja com pais, familiares, amigos ou até mesmo entre casais. — Eu não queria que Luana também saísse da minha vida.— Não é isso. Eu só quero descansar mais. Eles me suspendem quando querem, depois me chamam de volta como se fosse fácil me manipular, mas eu não sou um mero peão no jogo deles. — As palavras de Luana me fizeram sorrir.— Olha só, diretora Luana está com atitude agora, vai ensinar uma lição neles?— Pois é, se eu não me impor, na próxima vez, quando surgir um problema, vão ser os primeiros a me abandonar.Luana era uma mulher que sabia muito bem onde pisava.Ela levava a vida com a mesma clareza, tanto no trabalho quanto no amor.— E você não tem medo de ser dura demais e eles não te darem mais uma chance? — Eu perguntei com um sorriso.Luana me deu um copo de água e respondeu com confiança:— Se não
Eu segurava o telefone, hesitando por dois segundos, sem saber o que Sebastião queria de mim.Luana fez um gesto com o queixo, indicando para eu atender.— Carol. — Do outro lado da linha, Sebastião também me chamava.— O que foi? — Eu mantinha a mesma atitude fria e distante com ele.Mesmo que eu tivesse terminado com o George, não havia mais nenhuma possibilidade entre nós, então, sempre que ele me procurava ou se aproximava, eu automaticamente levantava um muro de defesa.— Eu voltei. — Disse ele, com uma sensação de quem retorna de um grande sofrimento.— Hum, eu sei. — Miguel já tinha me contado.Sebastião ficou em silêncio por um momento.— Podemos nos encontrar? Se você não quiser me ver sozinha, pode vir à minha casa também, meus pais estão com saudades de você.Eu imaginei a cena de João e Cátia me recebendo no aeroporto, com a preocupação deles evidente.— Eu ainda tenho algo para te falar. — Ele continuou, interrompendo o meu silêncio. — É sobre o Pedro, e também... tem a ve
— Quem estava batendo na porta agora? — Luana, provavelmente para não deixar eu ficar com o humor ruim, mudou de assunto.— A Lídia, ela tentou me convencer a fazer uma parceria na última vez, e agora veio para conversar de novo. Eu nem dei bola. — Eu abri a cortina e olhei para fora, onde estava começando a chover.— O filho dela vai poder sair do hospital em um mês, o desenvolvimento dele está ótimo, mas ela nunca foi visitá-lo. — Luana comentou sobre o bebê prematuro.Eu pensei na última vez que vi a criança.— Essa mulher só pensa em dinheiro. Se o Sebastião pegasse o bebê agora, ela com certeza ia colar se agarrar nele. — Eu falei, com desdém.— Ela veio falar de que tipo de parceria com você? — Luana me perguntou de repente.— Não sei, mas sei que não vai ser coisa boa. Mulheres como ela não são boas para se envolver, se não, é só dor de cabeça mais para frente. — Estou completamente lúcido.Luana também se levantou da cama.— Exato, o melhor é não se meter, mas já que ela quer f
— Lá fora está chovendo. O que você não pode dizer aqui? — Cátia resmungou, mas foi interrompida pelo olhar furioso de João.— Mãe, você não disse que ia fazer lasanha? Vou te ajudar. — Miguel, que estava em silêncio até aquele momento, interveio para aliviar a situação da mãe.Eu não disse nada, me levantei e segui Sebastião para fora.Ele estava me esperando na porta, com um guarda-chuva na mão.Para ser sincera, se ele queria me contar algo privado, qualquer cômodo dessa casa teria servido, não havia necessidade de sair com guarda-chuva.Mas ele provavelmente tinha seus motivos para agir assim, e eu não perguntei.— Está com frio? Quer que eu pegue uma blusa para você? — Sebastião perguntou, com um gesto gentil.Não posso negar que, desde que nos afastamos, ele parece mais atencioso, mais carinhoso.Mas já é tarde demais.— Não precisa. — Eu disse, pegando o guarda-chuva da mão dele e me afastando para a chuva.Sebastião não disse nada, me acompanhando na chuva.— Lembra da última v
Olhei para os sapatos de Sebastião, encharcados pela chuva.— E como foi que o George conseguiu isso?— Não sei, e ninguém sabe. — Respondeu Sebastião, ajustando o guarda-chuva e me encarando de canto.Fitei-o diretamente.— Então você acha que eu sei e quer arrancar alguma coisa de mim?— Você com certeza não sabe. — Disse Sebastião, sem recuar diante do meu olhar firme.Depois de dizer isso, desviou o olhar e continuou andando.— Ele está escondendo alguma coisa. E ouvi falar de um assunto...— Que assunto?— Saiu um boato de que o chefe do Clube Q foi atacado. Mas se é verdade ou não, eu não tenho ideia. — Disse ele, lançando uma informação vaga, mas suficiente para que eu entendesse o que ele queria insinuar.— Você acha que foi o George?Sebastião ficou em silêncio por dois segundos.— Acho... Mas, ao mesmo tempo, não parece possível. O Clube Q tem uma força enorme em Houston. O chefe deles... Não é só difícil de atacar, é difícil até de encontrar.Eu sabia que Sebastião só falava
Era uma ligação do Pablo.Ele já havia marcado de se encontrar comigo antes, e agora estava ligando. Parece que era para confirmar o encontro.Houve um tempo em que eu mal podia esperar para vê-lo. Queria saber a verdade sobre o acidente de carro dos meus pais. Mas, de uns tempos para cá, percebi que essa ideia me causava um certo medo, quase pavor.Era como aquele tipo de temor que sentimos ao nos aproximar demais da verdade.Olhei para Sebastião. Ele pareceu entender e se afastou alguns passos. Também me afastei um pouco antes de atender.— Sr. Pablo.— Pode se encontrar comigo agora? — A voz dele era direta, sem rodeios.Olhei para a cortina de chuva que não parava de engrossar. Não era, definitivamente, um bom dia para encontros.Mas ele tinha escolhido justamente hoje. Isso só podia ter um propósito. Respirei fundo antes de responder:— Tudo bem. O endereço?Cátia havia terminado de preparar o almoço, mas eu nem cheguei a comer. O olhar de desapontamento dela me fez sentir um peso
— Os que se foram já descansaram. Valorize o presente.Eu entendi o que ele queria dizer, mas isso só aumentou minha inquietação. Com certeza, o laudo sobre o acidente dos meus pais envolvia alguém que ainda estava vivo. Ele estava me alertando: não guarde rancor por quem está aqui, especialmente por aqueles que só querem o meu bem.— Sr. Pablo, eu entendo isso. E, nesses últimos tempos, refleti sobre muitas coisas. — Respondi, deixando clara a minha postura.Eu não estava tentando enganá-lo, muito menos apressá-lo para saber a verdade. Desde que encontrei aquele contrato no caderno do meu pai, passei por um turbilhão de dúvidas e suposições. Me consumi, lutei comigo mesma, mas acabei aceitando muitas coisas.— Parece que fazer você esperar todo esse tempo valeu a pena. — Disse ele, e com isso, eu entendi o motivo de, desde que entrou em contato comigo, ele me dar apenas pequenas informações, mas nunca uma resposta definitiva.Depois de dizer isso, ele colocou a outra mão no bolso e ti