Depois de embarcar no avião, fechei os olhos e dormi, sem trocar uma palavra com Miguel. Ele parecia perceber meu estado de espírito e, com muita sensatez, não tentou me incomodar.Quando o avião pousou, finalmente falei com ele.— Irmão, vou procurar o George. Depois, vou direto pegar um táxi.Miguel abriu a boca como se fosse dizer algo, mas hesitou antes de continuar.— Meus pais chegaram.Eu congelei por um momento, e uma tensão passou pelo meu rosto.— Você está falando sério?— Sim. — Miguel confirmou, e logo continuou a explicação. — Meus pais estão muito preocupados com você, eles ficaram o tempo todo perguntando sobre o seu estado enquanto você estava desacordada. A cada dez minutos, eles ligavam para saber como você estava. Então...Ele não terminou a frase, mas eu o interrompi.— Eu entendi. Quero que, quando os veja, mostre que estou bem. Assim, eles ficam tranquilos.Saímos em direção à saída do aeroporto e, de longe, consegui ver Cátia e João. Eles estavam de pé, olhando
— Pois é, Carol, meus pais fizeram isso para que vocês se sentissem como pessoas normais. — Miguel completou a frase.— Carol, o que queremos é que você e o Sebastião fiquem juntos porque há um verdadeiro sentimento entre vocês dois, e não por outro motivo. — Cátia explicou novamente.Eu vivi tantos anos com eles, e sei como me trataram. Agora que eles já haviam me dado uma explicação, parecia que não havia mais o que questionar. Como eles disseram, se eu soubesse desde o início que meu tipo sanguíneo era o mesmo de Sebastião, com certeza teria ficado apreensiva, e isso teria me levado a viver com mais cuidados e receios, fazendo minha vida ser bem diferente do que foi.— Tia, tio, eu ainda tenho uma pergunta. Quando meus pais e vocês combinaram o noivado entre mim e o Sebastião, isso tinha algo a ver com o nosso tipo sanguíneo? — Eu perguntei diretamente.Depois que terminei de falar, Cátia olhou para João, que ficou em silêncio por alguns segundos, antes de assentir.— Quando soubemo
No carro, eu liguei para o George. Dessa vez, ele não demorou tanto para atender. — Alô. — Onde você está? — Eu perguntei diretamente. George ficou em silêncio por alguns segundos. — Você voltou? Essas palavras me apertaram a garganta. Eu voltei, mas foi ele quem me forçou a isso. — Sim. Onde você está? Eu quero te ver. — Minha voz estava firme, carregada de raiva. — Volte para casa, eu vou até você. — A resposta de George me fez fechar os olhos. No instante seguinte, falei palavra por palavra: — George, você não está entendendo o que eu estou dizendo? Eu estou dizendo que eu... quero... te ver. — Eu estou em casa, a Benê também está aqui. — George respondeu, mas as últimas palavras dele deixaram claro que ele não queria que eu fosse até lá. Ele não queria que a Benedita visse a nossa discussão. Não só porque Benedita estava frágil, mas também porque ela não suportaria ver um confronto entre nós. Sem contar que com ela ali, a conversa com George ficaria ainda ma
Ele realmente conseguiu me deixar sem palavras com uma única frase. Eu finalmente entendi que ele me mal interpretou por causa daquela história absurda. Embora eu tenha uma parte de responsabilidade, eu ainda estava furiosa. Nós tínhamos falado sobre confiança, mas bastou uma notícia para ele me condenar sem nem ao menos perguntar minha versão.A raiva subia como uma onda em meu peito.— Se eu dissesse que não é conveniente, você simplesmente viraria e iria embora? — Eu perguntei, tentando manter a calma.— Sim! — Ele respondeu sem hesitar.Eu mordi os dentes e murmurei entre os lábios:— George, você é o maior idiota do mundo.Ele não disse nada, apenas me olhou de forma tranquila, o que me fez querer ainda mais disparar palavras mais duras, mas algo na calma dele me impediu. Eu estava tão furiosa que me virei de costas, fui até o sofá e me sentei com raiva. George entrou e se sentou na beirada, mas se afastou, mantendo uma distância segura.Antes, quando ele queria ficar perto de mim
George nunca foi de esconder o que sentia. Ele sempre falava o que pensava, e agora eu sabia que, quando ele dizia algo, era porque realmente acreditava nisso. Ele sempre foi direto, sem rodeios.Eu sabia que, desde que começamos a namorar, tentei me afastar o máximo possível de Sebastião, temendo que o passado entre nós afetasse o relacionamento. Mas, no final, fui eu quem fez George acreditar que ainda existia algo entre mim e Sebastião. E essa sensação não era algo que ele tivesse formado de uma hora para a outra. Era claro que ele já se sentia assim há um tempo, acumulando pequenas inseguranças até chegar a essa conclusão.— George, então você sempre achou que eu não te amava o suficiente? — Eu ri com amargura. — Se for isso, eu realmente não sei mais como te amar.Ele olhou para mim com um olhar carregado de tristeza.— Se você realmente me amasse, não teria falado em terminar assim. — Ele disse em voz baixa.Eu fechei os olhos, exausta, e murmurei com dor:— Eu já te expliquei, a
Entre as lágrimas, a silhueta dele se tornou borrada...Desde a primeira vez que o vi, quantas vezes olhei para suas costas, e agora essas não têm mais nada a ver comigo.Minhas lágrimas não caíram por muito tempo. Mais do que tristeza, o que eu sentia era raiva. Raiva de George, que desistiu de mim por um simples mal-entendido; raiva dele, que, assim como qualquer outro homem, quando alcança seus objetivos, despreza as pessoas ao seu redor.Ele pode dizer que vai desistir facilmente, e eu também não vou ficar correndo atrás dele.Quando recebi as mensagens de Miguel e Sebastião, eu estava saindo do banho e prestes a dormir. Eles perguntaram como estava indo meu relacionamento com George, mas eu não queria responder, pois, se eles soubessem, responderiam apenas para me consolar ou aliviar sua culpa, o que não ajudaria em nada. Além disso, eu gastaria mais energia explicando.Então, ignorei as mensagens deles, não respondi a nenhuma. Mas respondi à mensagem da Luana.Essa mulher, quan
George vai se arrepender?Eu não sei, mas só de pensar que ele foi embora de maneira tão decidida, meu peito dói muito.A cada segundo que passa, essa dor se intensifica, e é uma dor que me faz passar a noite inteira rolando na cama, sem conseguir dormir de jeito nenhum.Quando me separei do Sebastião, eu não parecia sentir tanta dor assim.Quando o dia amanheceu, levantei, me arrumei e fui para o trabalho.Lá, eu poderia ver o George, e eu queria ver como ele estava, já que essa noite foi tão difícil para mim.Para disfarçar o cansaço, passei uma maquiagem bonita e fui para a empresa.Justamente quando cheguei, encontrei o Edgar no hall da empresa. Ao me ver, ele acenou com a mesma empolgação de sempre, como se tivesse encontrado um familiar perdido há muitos anos.— Diretora Carolina, bom dia.— Bom dia, Sr. Edgar! — Respondi, fazendo um leve aceno com a cabeça.— Como assim, só você? Seu "acompanhante" não veio com você? — Edgar perguntou, sorrindo com aquele jeito descontraído.A p
Mesmo quando comete um erro, Edgar nunca vai diretamente te criticar ou te xingar. Ele sempre encontra uma maneira de te alertar de forma indireta, para não te deixar desconfortável, mas ao mesmo tempo te motivar a seguir em frente.Ele vive rindo e brincando, sendo o chefe, mas parece que não faz nada. No entanto, todo mundo sob sua liderança trabalha com afinco.Eu também entro na brincadeira e falo:— Se eu demoro para fazer as coisas, fico com pena do Sr. Edgar.Edgar ri de leve.— Mas eu não te pressiono, Carolina. E além disso, o trabalho nunca acaba. Não há necessidade de tanta pressa.Nunca vi um chefe que não pressione seus funcionários para trabalhar mais. Edgar é o primeiro que eu encontro assim.Como ele só quer o bem, se eu não aceitasse sua boa vontade, seria só para fazer charminho, então aceitei de boa.— Ok, vou lembrar disso.— Você emagreceu bastante, está se sentindo mal? — Edgar não deu atenção aos documentos que eu estava enviando para aprovação, e começou a puxar