Eu não respondi.Sebastião se aproximou de mim.— Carol.— Sebastião, você não acha que está sendo insensível ao dizer isso agora? — Minha resposta fez ele parar de se aproximar.Ele me olhou, e uma expressão de vergonha e derrota apareceu em seu rosto.— É, eu... por causa de uma paixão momentânea, causei danos ao meu irmão, e agora, por você ter me salvado, estou causando uma briga entre você e o George. E eu ainda estou tentando aproveitar a oportunidade para me meter, dizendo essas palavras tão descaradas... — Ele balançou a cabeça enquanto falava. — Eu não sou só insensível, eu também não mereço nada.Com essas palavras, ele deu um passo atrás e se afastou.Quando Miguel e eu saímos, Sebastião não nos acompanhou até a porta.Chegamos ao aeroporto, Miguel foi cuidar da documentação e eu fiquei sentada em silêncio.Eu me sentia vazia, como se minha alma estivesse flutuando, sem saber para onde ir ou o que fazer.— Moça, você está viajando sozinha? — Uma garotinha com lindos cachos d
O homem se aproximou e, educadamente, acenou com a cabeça para mim.— Desculpe, a criança está te causando algum incômodo?— Haia, não é incômodo, ela é adorável. — Cissa rapidamente corrigiu o que o pai disse.Eu sorri com a fofura dela.— Cissa é muito fofa, eu gosto muito dela.— Haia também gosta de você. — Ela respondeu, com um pouco de dificuldade para pronunciar.Eu acariciei sua cabeça e disse ao pai dela:— Eu pensei que seus pais fossem estrangeiros.O homem baixou o olhar por um instante. Foi uma reação tão rápida que passou quase despercebida, mas eu consegui perceber.Eu percebi que fui um pouco indiscreta, então imediatamente pedi desculpas.— Desculpe...O homem apenas assentiu levemente com a cabeça e, virando-se para Cissa, estendeu a mão.— Vamos, papai vai te levar para embarcar.— Moça, você vem com a gente? — Cissa puxou minha mão, não querendo me soltar.Eu estava prestes a explicar que não estava no mesmo voo, quando Miguel se aproximou, segurando o cartão de emb
Depois de embarcar no avião, fechei os olhos e dormi, sem trocar uma palavra com Miguel. Ele parecia perceber meu estado de espírito e, com muita sensatez, não tentou me incomodar.Quando o avião pousou, finalmente falei com ele.— Irmão, vou procurar o George. Depois, vou direto pegar um táxi.Miguel abriu a boca como se fosse dizer algo, mas hesitou antes de continuar.— Meus pais chegaram.Eu congelei por um momento, e uma tensão passou pelo meu rosto.— Você está falando sério?— Sim. — Miguel confirmou, e logo continuou a explicação. — Meus pais estão muito preocupados com você, eles ficaram o tempo todo perguntando sobre o seu estado enquanto você estava desacordada. A cada dez minutos, eles ligavam para saber como você estava. Então...Ele não terminou a frase, mas eu o interrompi.— Eu entendi. Quero que, quando os veja, mostre que estou bem. Assim, eles ficam tranquilos.Saímos em direção à saída do aeroporto e, de longe, consegui ver Cátia e João. Eles estavam de pé, olhando
— Pois é, Carol, meus pais fizeram isso para que vocês se sentissem como pessoas normais. — Miguel completou a frase.— Carol, o que queremos é que você e o Sebastião fiquem juntos porque há um verdadeiro sentimento entre vocês dois, e não por outro motivo. — Cátia explicou novamente.Eu vivi tantos anos com eles, e sei como me trataram. Agora que eles já haviam me dado uma explicação, parecia que não havia mais o que questionar. Como eles disseram, se eu soubesse desde o início que meu tipo sanguíneo era o mesmo de Sebastião, com certeza teria ficado apreensiva, e isso teria me levado a viver com mais cuidados e receios, fazendo minha vida ser bem diferente do que foi.— Tia, tio, eu ainda tenho uma pergunta. Quando meus pais e vocês combinaram o noivado entre mim e o Sebastião, isso tinha algo a ver com o nosso tipo sanguíneo? — Eu perguntei diretamente.Depois que terminei de falar, Cátia olhou para João, que ficou em silêncio por alguns segundos, antes de assentir.— Quando soubemo
No carro, eu liguei para o George. Dessa vez, ele não demorou tanto para atender. — Alô. — Onde você está? — Eu perguntei diretamente. George ficou em silêncio por alguns segundos. — Você voltou? Essas palavras me apertaram a garganta. Eu voltei, mas foi ele quem me forçou a isso. — Sim. Onde você está? Eu quero te ver. — Minha voz estava firme, carregada de raiva. — Volte para casa, eu vou até você. — A resposta de George me fez fechar os olhos. No instante seguinte, falei palavra por palavra: — George, você não está entendendo o que eu estou dizendo? Eu estou dizendo que eu... quero... te ver. — Eu estou em casa, a Benê também está aqui. — George respondeu, mas as últimas palavras dele deixaram claro que ele não queria que eu fosse até lá. Ele não queria que a Benedita visse a nossa discussão. Não só porque Benedita estava frágil, mas também porque ela não suportaria ver um confronto entre nós. Sem contar que com ela ali, a conversa com George ficaria ainda ma
Ele realmente conseguiu me deixar sem palavras com uma única frase. Eu finalmente entendi que ele me mal interpretou por causa daquela história absurda. Embora eu tenha uma parte de responsabilidade, eu ainda estava furiosa. Nós tínhamos falado sobre confiança, mas bastou uma notícia para ele me condenar sem nem ao menos perguntar minha versão.A raiva subia como uma onda em meu peito.— Se eu dissesse que não é conveniente, você simplesmente viraria e iria embora? — Eu perguntei, tentando manter a calma.— Sim! — Ele respondeu sem hesitar.Eu mordi os dentes e murmurei entre os lábios:— George, você é o maior idiota do mundo.Ele não disse nada, apenas me olhou de forma tranquila, o que me fez querer ainda mais disparar palavras mais duras, mas algo na calma dele me impediu. Eu estava tão furiosa que me virei de costas, fui até o sofá e me sentei com raiva. George entrou e se sentou na beirada, mas se afastou, mantendo uma distância segura.Antes, quando ele queria ficar perto de mim
George nunca foi de esconder o que sentia. Ele sempre falava o que pensava, e agora eu sabia que, quando ele dizia algo, era porque realmente acreditava nisso. Ele sempre foi direto, sem rodeios.Eu sabia que, desde que começamos a namorar, tentei me afastar o máximo possível de Sebastião, temendo que o passado entre nós afetasse o relacionamento. Mas, no final, fui eu quem fez George acreditar que ainda existia algo entre mim e Sebastião. E essa sensação não era algo que ele tivesse formado de uma hora para a outra. Era claro que ele já se sentia assim há um tempo, acumulando pequenas inseguranças até chegar a essa conclusão.— George, então você sempre achou que eu não te amava o suficiente? — Eu ri com amargura. — Se for isso, eu realmente não sei mais como te amar.Ele olhou para mim com um olhar carregado de tristeza.— Se você realmente me amasse, não teria falado em terminar assim. — Ele disse em voz baixa.Eu fechei os olhos, exausta, e murmurei com dor:— Eu já te expliquei, a
Entre as lágrimas, a silhueta dele se tornou borrada...Desde a primeira vez que o vi, quantas vezes olhei para suas costas, e agora essas não têm mais nada a ver comigo.Minhas lágrimas não caíram por muito tempo. Mais do que tristeza, o que eu sentia era raiva. Raiva de George, que desistiu de mim por um simples mal-entendido; raiva dele, que, assim como qualquer outro homem, quando alcança seus objetivos, despreza as pessoas ao seu redor.Ele pode dizer que vai desistir facilmente, e eu também não vou ficar correndo atrás dele.Quando recebi as mensagens de Miguel e Sebastião, eu estava saindo do banho e prestes a dormir. Eles perguntaram como estava indo meu relacionamento com George, mas eu não queria responder, pois, se eles soubessem, responderiam apenas para me consolar ou aliviar sua culpa, o que não ajudaria em nada. Além disso, eu gastaria mais energia explicando.Então, ignorei as mensagens deles, não respondi a nenhuma. Mas respondi à mensagem da Luana.Essa mulher, quan