— Meu corpo ficou tenso por um instante. Instintivamente, quis me esquivar do toque dele, mas sua mão me segurava firme, sem me dar chance alguma.Essa sensação de ser controlada pelos outros era terrível, e eu realmente não gostava disso. Franzi a testa.— Miguel…Antes que eu pudesse dizer mais, ele me interrompeu:— Carol, Tião é meu irmão. Não posso dizer que ele está errado, mas ele é só uma exceção. Você não pode abrir mão de seus princípios por isso.Ele segurava meu ombro com força. Eu podia sentir o nervosismo e o tremor em sua mão, e o olhar profundo e sombrio que ele me lançava trazia um peso, quase um pedido.— Carol, escolher um namorado não é brincadeira. Você precisa ter cuidado. Qualquer descuido pode acabar te machucando.Ao ver a sinceridade em seus olhos, senti um pouco de pena e quase quis contar que George era apenas meu namorado temporário.Mas o pensamento desapareceu rapidamente. Eu havia chamado George para que a família desistisse de qualquer ideia. Se
Enquanto eu refletia sobre isso, Edgar tomou a dianteira e comentou:— Cof, cof... Carolina, espionando atrás da porta? Quase me matou do coração.Percebi que ele estava brincando, mas respondi com seriedade:— Não se preocupe, Sr. Lopes. Não estava espionando. Apenas vim procurá-lo e não tive tempo de bater.— Bom. — Ele riu ainda mais, com um sorriso inocente. — Brincadeira, você leva a sério? O que veio fazer?Ele fez um gesto para eu entrar no escritório, e eu o segui.Apesar de estar na empresa há dias, era a primeira vez que entrava em seu escritório. A primeira impressão foi de que era um tanto chamativo.Ele agora era vice-presidente da empresa. O presidente não participava ativamente das operações, então ele era o chefe de fato. Mesmo que não fosse, sua posição merecia um espaço sofisticado, mas o estilo dele era diferente.O sofá era colorido, cheio de curvas como uma meia-lua. Havia várias flores, não plantas comuns, mas flores vivas e coloridas que atraíam o olhar.
— Não, não. O grande chefe não quer ser amado por todos. Ele só quer que a pessoa que ele ama também o ame.Quando saí da empresa, ainda podia ouvir as palavras de Edgar ecoando nos meus ouvidos. De repente, senti uma curiosidade inexplicável sobre como seria o rosto do chefe: que tipo de nariz, olhos e expressão facial ele teria?Algo ainda mais estranho é que não havia nenhuma menção a esse grande chefe nos arquivos da empresa. Será que ele tem algo a esconder? Ou talvez seja como aqueles personagens misteriosos de romances de CEO, que evitam fotos e fama ao extremo?Dirigi até a loja de artigos de caligrafia que se chama “Atelier da Caligrafia”, tentando imaginar como seria o grande chefe. Quando estacionei, não saí do carro imediatamente. Em vez disso, peguei o celular e liguei para George.Ele não atendeu, provavelmente ocupado. Então enviei uma mensagem pelo Whatsapp: “À noite, pode me acompanhar até a casa do Martins?”Desliguei o celular, pois sabia que ele não responderia
Material de caligrafia não é algo que todo mundo compra, meu primeiro pensamento foi que ela estava comprando para presentear o pai de Sebastião.Sebastião me prometeu dias atrás que se afastaria de Lídia e não teria mais nada com ela. Mas agora ele ia até levá-la ao aniversário do pai?Parece que minha desconfiança não era infundada.Lídia examinava o conjunto com ar de conhecedora e, claro, não me viu ali. E eu também não tinha o menor interesse em interagir com ela, então virei de costas, fingindo não notar sua presença.— Este é mesmo o melhor conjunto? É para um senhor muito importante, não posso correr o risco de passar vergonha — ela lhe perguntou.— Esse “melhor” que a senhorita Lídia quer não tem exatamente um padrão, certo? Podemos dizer que sempre dá pra melhorar, não é? Mas eu garanto que o presente vai estar à altura, você não vai passar vergonha. — Explicou o dono, habilidoso nas vendas.— Pois é, mas espero que o que eu der seja o melhor mesmo. — As palavras de Líd
Na hora de pagar, recebi uma ligação do George.— Estava ocupado antes e só vi sua mensagem agora. — Explicou ele.— Hum, eu imaginei. Está com tempo agora? — perguntei.— A que horas? — ele respondeu.Pensei um instante. Se fôssemos às seis, seria a hora do jantar. O Sr. João e a Sra. Cátia com certeza iam me convidar pra comer. Eu não me importaria, mas talvez George se sentiria desconfortável.— Às sete e meia. — Sugeri. Esse horário já teria passado o jantar na casa de Martins.— Certo. Posso ir te buscá-la às sete? — George perguntou.Acabei rindo.— Vai me buscar de bicicleta compartilhada?Eu realmente só disse por graça, mas a pausa do outro lado da linha me fez perceber que ele poderia ter entendido errado.— Não... não foi isso que eu quis dizer. — Apressei-me em explicar. — Eu posso ir buscar você.— Eu volto para casa meia hora antes. Quando for hora, a gente sai juntos. — Ele disse, antes de fazer uma pausa. — Precisa que eu leve algum presente?— Não precisa.
Balancei a cabeça desamparadamente: — Ela deveria saber de quem é o filho. Se você está tão curiosa, por que não vai perguntar diretamente pra ela?— Não tenho tempo pra isso. Prefiro ficar babando pelo George. — Ela resmungou.Quando ela mencionou George, lembrei que ele ainda não tinha voltado. Olhei o relógio na parede e perguntei casualmente:— Já está em casa? Conversando comigo assim, você já terminou o expediente? Ou está se escondendo no banheiro de novo?— Carol, que pergunta! Acha que sou assim? — Ana protestou. — Nosso querido George ficou muito mais flexível. Hoje até liberou todo mundo mais cedo.— Sério? Quanto tempo faz que saíram?— Uns trinta minutos. Eu já estou em casa, deitada no sofá. — Ela contou, e eu rapidamente fiz as contas de quanto tempo George levaria pra chegar. Ele já deveria ter voltado.Porém, ainda não tinha ouvido nenhum barulho da porta. Talvez tenha se atrasado no caminho.— Vocês agora saem cedo assim e sem horas extras? O trabalho ainda va
Eu nunca imaginei que toparia com a cena de George saindo do banho.Era daquele tipo em que só uma toalha estava amarrada na cintura, deixando o peito e as pernas expostos, cobrindo apenas o essencial.George também ficou pasmo, parecia que não esperava que eu entrasse de repente, e eu podia ver o rubor em sua pele bronzeada.Por um momento, nós apenas ficamos lá, parados e olhando um para o outro, sem dizer nada, como se o tempo tivesse congelado.Só quando George voltou ao quarto é que consegui me mexer, engolindo em seco algumas vezes.Foi então que percebi o calor nas minhas bochechas...Olhando para a porta fechada do quarto de George, eu sabia que ele estava vestindo alguma roupa. Lembrei das roupas que comprei para ele e disse:— George, não coloque a roupa ainda, espere um pouco.Assim que terminei, me virei, mas senti algo estranho. O que foi que eu disse?Eu pedi para ele não se vestir, e ainda disse para ele me esperar...Essa frase não tinha problema nenhum, mas n
— Achei que, se você precisasse de mim, viria me chamar. — Respondeu George de forma casual.Mas aí eu disse, impulsivamente:— Então você saiu daquele jeito de propósito?A expressão de George mudou levemente.— Não, eu só ouvi o celular tocar e vim atender. Aconteceu de ser um momento inesperado...Sim, realmente foi.Mas, ao menos, ele estava em boa forma. Não foi uma visão ruim.A caminho da casa dos Martins, George não falou nada, e achei que ele estava nervoso.— Quando chegarmos, você só precisa dar um oi. Qualquer pergunta, eu respondo. — Orientei.George assentiu:— Certo.— E se Sebastião estiver lá e fizer algum comentário, você não precisa ser educado. — Acrescentei.George assentiu de novo:— Okay.— Ah, e sobre nossa história... Vamos dizer que nos conhecemos na cidade B e que você se interessou por mim e veio até aí por isso.Essa última parte me fez corar um pouco.— Não vou errar essa parte. — Respondeu George.— Hum? — Fiquei um pouco confusa com sua