A última luz do dia desapareceu atrás das cortinas, deixando o quarto mergulhado em uma penumbra acinzentada.Os dias de inverno eram curtos e mal passava das cinco e meia da tarde, quase não se podia ver a luz do dia.Larissa estava encolhida na cama, exausta ao extremo, com a respiração pesada.Ainda havia vestígios de vermelhidão nos cantos de seus olhos, cílios úmidos, evidências de lágrimas não totalmente secas.Walter levantou a mão para alisar o centro de sua testa. Larissa estava tão exausta que, mesmo sentindo seu toque, não tinha ânimo para se mover.Walter deixou ela descansar, pegou um maço de cigarros e um isqueiro, se dirigindo até a janela para fumar.Realmente fazia muito tempo desde que ele sentiu essa sensação, mais envolvente do que a satisfação de assinar contratos de bilhões.Talvez fosse por causa dessa mulher, Larissa, que se tornou tão afiada desde que saiu, evitando ele como se ele fosse uma serpente venenosa, se recusando a se aproximar. Isso fez ele desejar c
Larissa perdeu a calma por não saber xingar. Quanto mais irritada ficava, menos conseguia, mordendo os dentes com força, enquanto seu peito subia e descia com raiva.Walter percebeu que ela, dessa forma, estava mais interessante do que em seu habitual ar frio e calmo. Ele a beijou, chamando ela: - Amor, coopere um pouco.O beijo dele tinha um sabor de tabaco misturado com notas herbáceas, que por si só já era suficiente para evocar memórias de uma casa com lareira acesa no inverno, despertando um sentimento quente e carinhoso. E o fato de ele a chamar assim não ajudava.Larissa respirava com dificuldade, se recusando a ceder à falsa ternura que ele exibia para satisfazer seus desejos carnais. Ela disse, com ódio: - Não me chame assim! Não é nojento?Walter também não gostava de conversar muito nessas horas. Mas o celular no chão tocava incessantemente, fazendo Walter se perguntar se Enrico tinha enlouquecido. No entanto, Larissa sentiu que algo estava errado. Se fosse Enrico,
Jéssica trouxe as roupas e Larissa se trocou rapidamente, sem sequer ter tempo de evitar Walter. Depois, abriu a porta do quarto e desceu as escadas apressadamente para deixar o hotel.Já era noite lá fora.Enquanto corria, pegou o celular para reservar uma passagem de avião.O voo mais cedo sairia em uma hora e meia, mas levaria uma hora até o aeroporto.Larissa respirou fundo, mantendo a calma. Enquanto reservava a passagem, solicitou um carro por um aplicativo de transporte.Era horário de pico e mais de trinta pessoas aguardavam na fila antes dela, sem conseguir pegar um táxi na rua.Larissa, sozinha, ficou de pé à beira da estrada numa cidade desconhecida, sob o manto da noite, com as luzes de neon das lojas iluminando seu rosto confuso.Um carro parou à sua frente.- Entre. - Era Walter.Naquele momento, Larissa não pensou em mais nada, abriu rapidamente a porta do carro e entrou.O carro partiu imediatamente em direção ao aeroporto.Walter olhou para o maxilar tenso dela e per
Larissa hesitou, sem querer incomodar Milena: - Não é necessário, minha casa fica perto da Estrela Advogados, posso pegar um táxi e chegar em meia hora.- Você não estava em viagem de negócios recentemente? E a Vivi voltou para sua cidade natal, seu apartamento deve estar sem ventilação há algum tempo, não será confortável para você. - Milena argumentou. - Venha comigo para a minha casa esta noite, amanhã iremos juntas ao hospital, será mais prático.Larissa hesitou, refletiu se seria inconveniente, uma vez que ela e Yuri eram casados.Milena percebeu o que ela pensava, hesitou um pouco e disse diretamente: - Briguei com meu marido recentemente e não voltei para casa, estou morando sozinha na minha própria casa.Diante disso, Larissa não recusou mais e ambas deixaram o escritório de advocacia juntas, indo para um condomínio a apenas dez minutos de distância.Larissa tomou um banho quente, vestiu um pijama emprestado por Milena e finalmente conseguiu se deitar para descansar.Mas a si
Larissa queria perguntar mais sobre Igor, mas o guarda da prisão apressou ela:- O tempo de visita acabou, os familiares devem sair.Larissa teve que conter suas perguntas, se levantou e disse a Tiago: - Vou consultar um advogado sobre como lidar com isso. Cuide de sua saúde e não se preocupe, está tudo bem em casa, todos estamos ansiosos pela sua volta.Tiago assentiu, meio atordoado, repetindo: - Vocês estão bem, isso é bom... Está tudo bem...Quando Larissa deixou o quarto, Milena estava à sua espera do lado de fora.Ela foi direta: - Acabei de falar com os responsáveis pela prisão para entender o que aconteceu. Há outros presos que testemunharam que foi realmente Igor quem provocou seu pai, mas como ambos se agrediram, os dois serão punidos.- Qual será a punição?- Sete dias de confinamento solitário.Ou seja, a pena de Tiago seria estendida por alguns dias.Mas esse era o melhor cenário possível. Se a situação fosse mais grave, ele poderia ser julgado e a pena seria muito mai
Milena atendeu a ligação e, após escutar atentamente, disse:- Certo, encaminhe eles para a sala de recepção, estarei lá em breve.Percebendo que Milena estava ocupada, Larissa decidiu não atrapalhar:- Eu volto sozinha. Mas meu celular está sem bateria, o hospital deve ter carregadores portáteis para empréstimo, você pode me ajudar a conseguir um?Milena concordou prontamente:- Os carregadores ficam no balcão de atendimento. Vamos até lá.Larissa comeu rapidamente seu pão com leite e as duas seguiram para o balcão.Durante o caminho, Larissa comentou:- Preciso pensar em uma desculpa para não contar à minha mãe sobre o atraso na libertação do meu pai. A briga dele não pode ser revelada, ainda mais com ela internada.Milena concordou:- De fato, não é aconselhável contar a verdade agora.O dia estava nublado, com o céu cinzento e uma sensação fria no ar.Larissa olhou para o céu distante, sentindo um arrepio, e murmurou baixinho:- Se ela souber, certamente não aguentará.No Hospital
Por um breve momento, a atenção da irmã mais velha foi desviada pelo som do trovão lá fora, mas logo a seriedade da situação a trouxe de volta à realidade, graças à repreensão do médico.Ela gaguejou:- Não é perigoso ter um coração artificial?Mas agora, com a vida por um fio, o perigo parecia insignificante...Mesmo assim, até Lari hesitava em decidir se deveria optar por um coração artificial. Será que ela realmente poderia tomar essa decisão tão grave?E se, mesmo após a substituição, a mãe não resistisse? E com os custos da máquina e da cirurgia, uma soma tão elevada, Larissa ainda está disposta a assumir a responsabilidade?Inúmeros pensamentos tumultuavam a mente da irmã mais velha, se misturando com os alarmes assustadores no quarto do hospital, martelando em seus tímpanos.Ela tentou ligar novamente para o celular de Larissa, mas ainda estava desligado.O médico apressou:- Sua família já decidiu? Não podemos mais demorar!A irmã mais velha estava perdida, ela realmente não
Sra. Pires explica: - Sobre o assunto da disputa médica do seu pai, o Carlos Pires não ajudou naquela época? Algumas pessoas o viram preocupado com esse assunto, então, quando algo acontece, eles nos contam um pouco, considerando isso como um favor para nós.Ela olhou em volta e disse:- Melhor não ficarmos aqui falando, podemos atrapalhar alguém. Vamos até a cafeteria em frente ao hospital para conversarmos um pouco.Larissa pensou por um momento e concordou:- Tudo bem.Ao sair do hospital, Larissa percebeu que chovia lá fora.O motorista da Sra. Pires abriu um guarda-chuva, se oferecendo para protegê-las da chuva.Larissa pegou o guarda-chuva:- Deixe que eu faço isso.Ela abriu o guarda-chuva, cobrindo a si mesma e a Sra. Pires, e ambas caminharam em direção à cafeteria.Esta cena foi vista por Walter, que havia acabado de chegar à entrada do hospital. Seus olhos estavam escuros e frios.A cafeteria estava vazia naquela manhã.Elas se sentaram perto da janela e o garçom trouxe o