Carolina explicou desesperadamente, quanto mais ela explicava, mais nervosa ficava. Nos últimos anos, Carolina ficou cada vez pior em se explicar. Marcos segurou o pulso de Carolina e a puxou para perto. — Tudo bem... As palavras que Carolina queria dizer não saíram, olhando para ele em estado de choque.— Você pode pedir o que quiser, eu vou aceitar. — Marcos olhou para o pulso de Carolina, onde havia cicatrizes, marcas de cortes. — Foi difícil lá dentro...? — Marcos perguntou em voz baixa. Carolina sentou-se no chão à frente de Marcos, olhando para baixo, sem forças. Difícil? Não era tão difícil assim. Afinal, o inferno era interconectado. Lá fora ou lá dentro, era apenas a diferença entre o décimo oitavo e o décimo sétimo círculos do inferno. — Essas cicatrizes podem ser removidas. — Marcos olhou para Carolina. Carolina puxou o pulso de volta e cobriu com a roupa. — Não... não precisa. Por que fazer algo que só a enganaria? — Você não precisa mais ir para o
— Senhorita, você é... — O gerente correu para frente e perguntou. A mulher empurrou o gerente, olhou ao redor e, ao reconhecer Carolina, foi direto até ela. Pá! Um tapa alto ecoou, e todo o salão ficou em silêncio. Carolina levantou a cabeça, paralisada, e ao ver quem a havia agredido, virou-se instintivamente para correr. — Correr? — Cátia sorriu, encostada no bar, observando Carolina fugir. — Continue correndo, se você não se ajoelhar e me implorar hoje, eu vou vender seu filho para a favela. Os passos de Carolina hesitaram, e ela virou-se ofegante para olhar Cátia. — O que você quer... fazer...? — Não vai correr mais? — Cátia sorriu e se aproximou lentamente de Carolina. — Quem é você? — Alice, ainda recuperando-se do choque, se posicionou bravamente na frente de Carolina. — Como você pode agredir alguém assim? O gerente e a segurança também reagiram e correram para lá. — Vocês todos estão cegos? — Cátia levantou o queixo com arrogância, sua voz irônica. — Eu sou
— Não exagere... — Alice ficou um pouco irritada. Cátia realmente estava sendo muito abusiva. — Carolina e o Presidente Nono só se conheciam antes, não tinham nenhum outro tipo de relação. Se você não acredita, pode ligar para o Presidente Nono. Cátia sorriu. Na verdade, ela não se importava se Carolina e Marcos tinham algo ou não. Ela só queria intimidar Carolina e se impor, e era só isso. — Senhorita Cátia, já informamos o Presidente Nono... é melhor você voltar para casa e resolver isso... — O gerente também estava um pouco assustado. Ele temia que algo sério acontecesse. Mas Cátia não estava disposta a deixar Carolina em paz. — Esses vídeos, eu os tenho todos guardados. Eu posso postar na internet para todo mundo ver, que tal? Carolina balançou a cabeça em pânico. — Não faça isso... — Se você não quer que eu poste, então se ajoelhe e me implore. — Cátia queria que Carolina se ajoelhasse como há cinco anos. Nos vídeos da viela, eles também forçaram Carolina a se ajoelh
Depois de muito tempo em silêncio, sem controle sobre suas ações, levantou a mão e agarrou a gola da camisa da Cátia, sua voz trêmula. — Tiago... é meu limite, não tente mexer com ele. Todos esses anos, ela se sentiu injustiçada, não disposta a se rebaixar, porque sabia que tinha culpa. Ela estava em busca de redenção. Mas isso não significava... Que ela poderia ser pisoteada sem piedade por essas pessoas para sempre. Cátia ficou paralisada por um momento. Naquela fração de segundo, ela ficou assustada com os olhos de Carolina, aquele olhar. — Ha... — empurrando Carolina com força, Cátia riu. — Uma bastarda vinda de uma favela, acha que merece estar no jardim de infância dos nobres Reis? O que você fez para conseguir essa vaga? Você acha que eu deixaria seu filho ficar naquele jardim de infância? Parece que você não sabe... a diretora da Rei é minha tia. O corpo de Carolina tremia intensamente. O jardim de infância que José encontrou para Tiago... era o jardim de infân
— Traga as gravações de segurança do clube para mim. Afonso, você chama a polícia, e vocês, parem ela. — José falou em um tom sério, olhando para o relógio. — Vocês têm dois minutos para pensar no que viram hoje, o que devem dizer e o que não devem. O gerente assentiu apressadamente, alertando as pessoas ao redor para não olharem mais e se retirarem rapidamente! Num instante, todos ficaram com medo de se meter em problemas e saíram correndo. Matilde suspirou aliviada e sussurrou no ouvido de Carolina. — Carolina... fui eu quem ligou para o Presidente Santos. Carolina não disse nada, continuando a olhar para o chão. — Presidente Santos... veja isso. — Afonso pegou o celular das mãos de um funcionário e ficou chocado. Cátia havia... postado o vídeo de cinco anos atrás em que ela humilhava Carolina na internet. José olhou para o celular, lançando um olhar cortante em direção a Cátia. Cátia recuou com medo. — José... o que você está fazendo? O que isso significa? Por que vo
A sociedade era assim, uma camada sobre a outra. Quando alguém tinha uma posição mais alta que a de Cátia, ela se tornava submissa e implorava por misericórdia. — Carolina... — Matilde se agachou ao lado de Carolina, falando em voz baixa. — Você não pode... continuar a aguentar isso. Essas pessoas não vão te deixar em paz. Você não percebeu isso após cinco anos na prisão? Carolina olhou para Matilde com um olhar apático, limpando o sangue do nariz de forma desajeitada. — Ela machucou meu filho... desta vez, eu não vou ceder. — Carolina respirou fundo, como se tivesse tomado uma decisão. Matilde assentiu, abraçando Carolina com carinho. — Ninguém pode nos proteger para sempre. A montanha pode desmoronar, a árvore pode cair. Mas, Carolina, você deve aproveitar todas as pessoas que pode, mesmo que esses homens apenas nos ofereçam benefícios temporários e apoio, você deve agarrar isso firmemente e subir passo a passo. A voz de Matilde era baixa, mas rouca. Esses anos, ela hav
Marcos olhou para Cátia, franzindo a testa. Ele se perguntou o que ela estava fazendo tão cedo em Cidade C. — Marcos, me ajuda. — Cátia chorou, tentando pedir ajuda a Marcos. Marcos lançou um olhar para Carolina e já entendeu que Cátia estava procurando problemas com ela. Instintivamente, ele caminhou rapidamente até Carolina e perguntou em voz baixa. — Ela te machucou? Carolina olhou para baixo, sem levantar a cabeça. A expressão de Marcos escureceu instantaneamente, e ele se virou para Cátia. — É assim que a família Reis educa suas filhas? Cátia olhou para Marcos com choque, sem acreditar. — Marcos... Eu sou sua noiva, você não vai perguntar nada e já me acusa? Foi ela que seduziu você primeiro, por que eu não posso bater nela? Carolina permaneceu em silêncio, sem dizer uma palavra. — Você precisa refletir sobre suas ações, se não, ninguém poderá te ajudar. — Marcos advertiu Cátia com um olhar frio, prometendo que depois ele resolveria isso com ela. — Marcos! Caroli
Foi só porque Marcos era o pai biológico de Tiago? Os dedos de José batiam levemente na cadeira, e em sua mente, a imagem do rosto pálido e sem cor de Carolina não saía. Ela disse que não conseguia ouvir do ouvido esquerdo... Ela disse que havia tentado se suicidar várias vezes. José respirou fundo e olhou para Afonso. — Descubra o que Carolina passou na prisão nos últimos cinco anos. — Presidente Santos... por que precisamos investigar isso? É realmente necessário? — Afonso não tinha nenhum juízo. Sentindo o olhar afiado de José, Afonso abaixou a cabeça e dirigiu. — Tudo bem, Presidente Santos. José massageou a testa, realmente precisava considerar encontrar um novo assistente. ... No caminho para o hospital, Carolina estava sentada no carro de Marcos, em silêncio. — Está doendo? — Marcos segurava uma bolsa de gelo, ajudando Carolina a aplicar gelo em seu rosto. Carolina tentou se esquivar, mas Marcos a prendeu em seus braços, limpando gentilmente o sangue do can