— Vá dormir. — Marcos soltou Carolina, com a voz rouca. Carolina, assustada, correu para o quarto e fechou a porta com força. Encostada no canto, Carolina deslizou lentamente até o chão. Ela mordeu os dedos com força, já não conseguia se controlar, suas mãos estavam dormentes e fora de controle. O que fazer... ela ainda não conseguia esquecer aquela noite. Parecia que nunca conseguiria escapar daquela sombra e daquele inferno. Aquelas pessoas a destruíram... Levantou a mão e puxou o cabelo, respirando cada vez mais rápido. Durante todos esses anos, ela já havia sentido ódio, raiva e até mesmo perdido o controle. Por que, por que fizeram isso com ela? O que ela havia feito de errado! Que direito ela tinha de escolher, por que toda a vingança recaía sobre ela? Ela estava louca para se vingar, queria arrastá-los para o inferno junto com ela. Mas a consciência... por que ela sempre a tinha? Por que ela deveria ser condenada, por que deveria se sentir triste, por q
Desde que a família Silva e Pedro não machucassem Tiago, ela poderia se esconder um pouco lá fora. — Marcos... ele te tratou bem? — Augusto já havia suspeitado que Carolina estava com Marcos. — Ele... me tratou bem. — Carolina pensou um pouco e falou novamente. — Ele realmente foi muito bom; na verdade, Marcos é uma pessoa... se você seguir o que ele quer, ele é bem generoso. Ela se lembrava de quando Marcos a perseguia, ele realmente a impressionava com dinheiro, comprando joias de milhões, dizendo “vou comprar” e “vou dar” sem pensar duas vezes. No entanto, depois de viver como uma rica por vinte anos na casa dos Silva, era difícil para Carolina ter sua visão de mundo distorcida por dinheiro. Carolina também entendia por que Rui estava tão obcecado em destruí-la, em arruinar tudo que ela tinha. Porque Rui sabia que todo o brilho dela vinha da família Silva. Então, ele achava que a família Silva tinha o direito de recuperar tudo. — Se você estiver se sentindo mal, volt
Carolina explicou desesperadamente, quanto mais ela explicava, mais nervosa ficava. Nos últimos anos, Carolina ficou cada vez pior em se explicar. Marcos segurou o pulso de Carolina e a puxou para perto. — Tudo bem... As palavras que Carolina queria dizer não saíram, olhando para ele em estado de choque.— Você pode pedir o que quiser, eu vou aceitar. — Marcos olhou para o pulso de Carolina, onde havia cicatrizes, marcas de cortes. — Foi difícil lá dentro...? — Marcos perguntou em voz baixa. Carolina sentou-se no chão à frente de Marcos, olhando para baixo, sem forças. Difícil? Não era tão difícil assim. Afinal, o inferno era interconectado. Lá fora ou lá dentro, era apenas a diferença entre o décimo oitavo e o décimo sétimo círculos do inferno. — Essas cicatrizes podem ser removidas. — Marcos olhou para Carolina. Carolina puxou o pulso de volta e cobriu com a roupa. — Não... não precisa. Por que fazer algo que só a enganaria? — Você não precisa mais ir para o
— Senhorita, você é... — O gerente correu para frente e perguntou. A mulher empurrou o gerente, olhou ao redor e, ao reconhecer Carolina, foi direto até ela. Pá! Um tapa alto ecoou, e todo o salão ficou em silêncio. Carolina levantou a cabeça, paralisada, e ao ver quem a havia agredido, virou-se instintivamente para correr. — Correr? — Cátia sorriu, encostada no bar, observando Carolina fugir. — Continue correndo, se você não se ajoelhar e me implorar hoje, eu vou vender seu filho para a favela. Os passos de Carolina hesitaram, e ela virou-se ofegante para olhar Cátia. — O que você quer... fazer...? — Não vai correr mais? — Cátia sorriu e se aproximou lentamente de Carolina. — Quem é você? — Alice, ainda recuperando-se do choque, se posicionou bravamente na frente de Carolina. — Como você pode agredir alguém assim? O gerente e a segurança também reagiram e correram para lá. — Vocês todos estão cegos? — Cátia levantou o queixo com arrogância, sua voz irônica. — Eu sou
— Não exagere... — Alice ficou um pouco irritada. Cátia realmente estava sendo muito abusiva. — Carolina e o Presidente Nono só se conheciam antes, não tinham nenhum outro tipo de relação. Se você não acredita, pode ligar para o Presidente Nono. Cátia sorriu. Na verdade, ela não se importava se Carolina e Marcos tinham algo ou não. Ela só queria intimidar Carolina e se impor, e era só isso. — Senhorita Cátia, já informamos o Presidente Nono... é melhor você voltar para casa e resolver isso... — O gerente também estava um pouco assustado. Ele temia que algo sério acontecesse. Mas Cátia não estava disposta a deixar Carolina em paz. — Esses vídeos, eu os tenho todos guardados. Eu posso postar na internet para todo mundo ver, que tal? Carolina balançou a cabeça em pânico. — Não faça isso... — Se você não quer que eu poste, então se ajoelhe e me implore. — Cátia queria que Carolina se ajoelhasse como há cinco anos. Nos vídeos da viela, eles também forçaram Carolina a se ajoelh
Depois de muito tempo em silêncio, sem controle sobre suas ações, levantou a mão e agarrou a gola da camisa da Cátia, sua voz trêmula. — Tiago... é meu limite, não tente mexer com ele. Todos esses anos, ela se sentiu injustiçada, não disposta a se rebaixar, porque sabia que tinha culpa. Ela estava em busca de redenção. Mas isso não significava... Que ela poderia ser pisoteada sem piedade por essas pessoas para sempre. Cátia ficou paralisada por um momento. Naquela fração de segundo, ela ficou assustada com os olhos de Carolina, aquele olhar. — Ha... — empurrando Carolina com força, Cátia riu. — Uma bastarda vinda de uma favela, acha que merece estar no jardim de infância dos nobres Reis? O que você fez para conseguir essa vaga? Você acha que eu deixaria seu filho ficar naquele jardim de infância? Parece que você não sabe... a diretora da Rei é minha tia. O corpo de Carolina tremia intensamente. O jardim de infância que José encontrou para Tiago... era o jardim de infân
— Traga as gravações de segurança do clube para mim. Afonso, você chama a polícia, e vocês, parem ela. — José falou em um tom sério, olhando para o relógio. — Vocês têm dois minutos para pensar no que viram hoje, o que devem dizer e o que não devem. O gerente assentiu apressadamente, alertando as pessoas ao redor para não olharem mais e se retirarem rapidamente! Num instante, todos ficaram com medo de se meter em problemas e saíram correndo. Matilde suspirou aliviada e sussurrou no ouvido de Carolina. — Carolina... fui eu quem ligou para o Presidente Santos. Carolina não disse nada, continuando a olhar para o chão. — Presidente Santos... veja isso. — Afonso pegou o celular das mãos de um funcionário e ficou chocado. Cátia havia... postado o vídeo de cinco anos atrás em que ela humilhava Carolina na internet. José olhou para o celular, lançando um olhar cortante em direção a Cátia. Cátia recuou com medo. — José... o que você está fazendo? O que isso significa? Por que vo
A sociedade era assim, uma camada sobre a outra. Quando alguém tinha uma posição mais alta que a de Cátia, ela se tornava submissa e implorava por misericórdia. — Carolina... — Matilde se agachou ao lado de Carolina, falando em voz baixa. — Você não pode... continuar a aguentar isso. Essas pessoas não vão te deixar em paz. Você não percebeu isso após cinco anos na prisão? Carolina olhou para Matilde com um olhar apático, limpando o sangue do nariz de forma desajeitada. — Ela machucou meu filho... desta vez, eu não vou ceder. — Carolina respirou fundo, como se tivesse tomado uma decisão. Matilde assentiu, abraçando Carolina com carinho. — Ninguém pode nos proteger para sempre. A montanha pode desmoronar, a árvore pode cair. Mas, Carolina, você deve aproveitar todas as pessoas que pode, mesmo que esses homens apenas nos ofereçam benefícios temporários e apoio, você deve agarrar isso firmemente e subir passo a passo. A voz de Matilde era baixa, mas rouca. Esses anos, ela hav