Carolina recuou instintivamente, sem se acostumar com a proximidade das pessoas.— Carolina, somos amigas. Da próxima vez que tiver qualquer dificuldade, me avise, tá bom? — Sofia falou baixinho. — Eu não tenho amigas muito próximas. Você é minha melhor amiga agora… Pode ser?Carolina apertou os dedos, querendo dizer que não.— Carolina, não se preocupe. Na coletiva de amanhã, vamos apenas admitir os erros da Cátia. Não vamos mencionar você e não vamos expô-la novamente ao público. — Sofia antecipou o pedido de José, assim, quando a coletiva fosse ao ar, Carolina não acharia que a consideração vinha dele.Carolina não disse nada.Justiça tardia… Ela não sabia se ainda poderia ser considerada justiça.Mas era melhor que nunca chegar.— Carolina, a família vai mandar a Cátia para o exterior. Depois disso, vai ser difícil para ela voltar para a Cidade A. — Sofia se aproximou novamente. — Carolina, eu quero que você seja minha irmã. De agora em diante, em Cidade A, vou cuidar de você.Caro
No jardim da infância.— Alberto, seus pais ainda não vieram te buscar? — As crianças já estavam indo embora uma a uma.— O pai do Alberto não gosta mais dele. — Um grupo de crianças se reuniu e começou a provocar. — O pai do Alberto abandonou ele.— É mentira! — Alberto, usando um macacãozinho com alças, olhou para eles, muito irritado. — Não digam isso, meu pai gosta muito de mim!Mas Alberto estava mentindo.Na verdade, o pai dele não gostava dele nem um pouco.— É você que está mentindo! Minha mãe disse que ninguém gosta do Alberto, nem os adultos. Seu pai não gosta da sua mãe e muito menos de você! — O líder do grupo mostrou a língua para Alberto, zombando.— Você tá mentindo! — Os olhos de Alberto ficaram cheios de lágrimas, e ele avançou para brigar com as outras crianças.Mas o menino que o provocava era mais alto do que ele, e Alberto, com seu jeitinho de “bebê fofinho”, não tinha força para o enfrentar.— O seu pai abandonou você! Ninguém veio buscar você! — O menino debochav
José franziu o rosto e olhou para o relógio.Já era essa hora, e mesmo que Luísa não pudesse vir buscar o filho, Leandro e a governanta da família eram apenas enfeites?Ligou para Luísa, mas ela não atendeu.José ficou irritado e tentou ligar para a governanta da família Santos.— Senhor José, a senhorita Luísa está bêbada… Sim, sim, é isso.— E o filho dela? Ela decidiu abandoná-lo? — Perguntou José com a voz grave.— Ah? O jovem mestre? A senhorita Luísa ligou para o senhor Leandro, ele não foi buscá-lo?José, furioso, desligou o celular na hora.Será que Leandro estava morto?Nem para buscar o próprio filho?Tiago observava José com os olhos arregalados, ouvindo a conversa ao celular. Instintivamente, olhou para Alberto.Então era verdade… O pai dele realmente não o queria mais.— Papai, posso… O levar para casa? — Tiago perguntou baixinho.— Não dizia que não gostava dele? — José bagunçou o cabelo de Tiago, aproveitando para puxar alguns fios.— Ai! — Tiago fez uma careta de dor, m
Carolina voltou para casa e encontrou Tiago e Alberto brincando de barro na sala de estar.Ela ficou um pouco surpreendida. Tiago e Alberto estavam brincando juntos?— Mamãe! — Tiago gritou alegremente ao vê-la.Alberto abaixou a cabeça, parecendo um pouco culpado, e se escondeu ao lado do sofá. Antes, ele não gostava de Tiago nem da mãe dele, achava que eles eram ladrões e falava muitas coisas ruins.Mesmo crianças sabem o que é se sentir culpado.— Alberto está… — Carolina perguntou baixinho.Tiago sussurrou no ouvido dela:— Mamãe, o pai do Alberto não quer mais ele, então o papai trouxe ele para casa brincando comigo.Carolina ficou paralisada por um momento. Leandro não queria mais Alberto?Ela bagunçou o cabelo de Tiago com carinho, depois segurou sua mão e foi até Alberto. Se agachou ao lado dele e disse:— Vocês dois brinquem direitinho. Vou preparar algo gostoso para vocês comerem. O que você quer, Alberto?Alberto olhou para Carolina, surpreso.Por que a mãe dos outros era tã
— Colocar as costelas na panela com água fria. — Carolina colocou as costelas na panela, aproveitando para ensinar José.— Da próxima vez, cozinho para você. — José falou com seriedade.Carolina ficou surpresa. José, interessado em culinária?Era algo raro.Se Sofia se casasse com ele, certamente seria muito feliz.Com um olhar abatido, Carolina abaixou os olhos e permaneceu em silêncio.— Carolina, seis anos atrás… Você tem certeza de que a pessoa naquela noite era o Marcos? — José respirou fundo e perguntou em voz baixa.Os dedos de Carolina congelaram por um instante, quase se queimando.— Eu não tenho certeza, esqueci.Ela estava com medo, tentando evitar o assunto. Sempre que aquela noite era mencionada, Carolina ficava visivelmente perturbada.— Carolina, naquela noite… — José queria saber o que Carolina realmente pensava sobre aquele evento.— Ah! — De repente, Carolina encostou na borda da panela, queimando o dedo e se afastando apressada.— Carolina. — José imediatamente quis
No Centro de Teste de Paternidade na Cidade A.O carro de Sofia estava estacionado logo na frente.— Senhorita, você estava certa. O José está realmente desconfiado. Ele procurou o Zé.Zé era amigo de infância de José e trabalhava naquele centro. Sofia tinha certeza de que José não confiaria em qualquer pessoa e, portanto, procuraria Zé.Com um sorriso frio, Sofia comentou:— Isso facilita bastante as coisas, não?Ela havia feito muito esforço para conseguir um fio de cabelo de José. Mas um homem como ele, comparado a um tigre, jamais permitiria que alguém arrancasse “suas garras”.Por isso, só restava a ela encontrar outra forma.— Faça como eu disse. — Sofia saiu do carro.O carro de Zé estava estacionado na entrada, e ela segurava um saco plástico contendo os fios de cabelo de José e Tiago enquanto caminhava em direção ao centro.De repente, ouviu um estrondo seguido do alarme de um carro.Zé olhou para trás.— Droga!Um homem estava segurando uma pedra enorme, que havia usado para
— Sr. José, não vai comer mais? — Carolina perguntou nervosa. — Será que a comida não estava do seu agrado?José balançou a cabeça.— Não…Não é isso. De repente, senti um desconforto no estômago. Vou atender uma ligação.No visor do celular, aparecia o nome Zé.Com o celular na mão, José entrou distraído no escritório, com a expressão sombria. Sua respiração estava um pouco acelerada, de repente, ele não queria mais saber a verdade.Seria melhor se a verdade nunca viesse à tona.Assim, ele poderia continuar se dedicando a reparar, da melhor forma possível, os danos causados à Carolina e Tiago.— José, o resultado saiu. Quer saber? — Zé anunciou pelo celular.A voz de José soou rouca:— Não quero saber.— Você não joga pelas regras, hein? — Zé riu. — Vai, fala logo que quer saber.— Tá bom, quero saber. Fala. — José apertava as têmporas com os dedos que estavam dormentes.— Se quer saber, me compre um Bentley novo. O meu foi destruído por um vândalo. — Zé reclamou com sarcasmo.Os olhos
Naquela noite, Alberto, uma criança deixada para trás, foi cruelmente abandonado pelos pais. Parecia que ninguém da família Rodrigues se importava com ele.Diziam que a família Rodrigues estava enfrentando problemas financeiros, e os pais de Leandro estavam ocupados demais para cuidar dos filhos.Leandro, ao que parecia, também havia bebido até cair e estava em alguma cama que não era a sua.Luísa, por sua vez, também estava bêbada, completamente apagada na casa da família Santos.Carolina não confiava nos empregados da família Rodrigues para levarem Alberto e, com cautela, implorou a José para deixar o menino ficar.Alberto, feliz, segurava a mão de Tiago. Ele estava animado, mas tentava não gritar de alegria.Afinal, crianças têm medo da solidão. Ter um amiguinho por perto fazia tudo parecer melhor.— Ainda bem que comprei uma cama infantil maior para o Tiago. — Comentou José, encostado no batente da porta, enquanto olhava o quarto infantil, que havia sido reorganizado. Ele bagunçou